4 de Setembro, 2014 Carlos Esperança
A PERSIGNAÇÃO DOS FUTEBOLISTAS
Por
João Pedro Moura
Desde há uns 20 e tal anos, que um grande número de futebolistas, em Portugal e no estrangeiro, se persignam durante o jogo, mormente quando marcam golos.
Esse gesto impetratório de bênção, por parte dos futebolistas, até está mal feito, pois que, oficialmente, a persignação consta dum ato mais prolongado, em simultâneo com a prolação duma ladainha, que, obviamente, os futebolistas não cumprem, dada a rapidez com que se persignam…
E alguns persignam-se duas e três vezes seguidas, olhando para o céu com dedos em riste, quiçá, tentando vislumbrar algum sinal divinal…
Antes da revolução do “25 de abril”, quero dizer, no tempo em que as pessoas eram mais religiosas e frequentadoras das liturgias, os futebolistas não se persignavam, pois que não se viam tais cenas dentro dos campos.
Agora, é em massa!
Esta praga em Portugal foi introduzida pela chegada crescente de jogadores brasileiros, devotos fervorosos e praticantes de persignação, que conseguem contagiar os futebolistas portugueses, também atoleimados e néscios como os brasileiros, pelos vistos…
Mas, analisemos bem a essência da persignação futeboleira e tiremos ilações.
Com esse apelo impetratório, o futebolista visa, principalmente, a vitória da sua equipa…
Ora, rogar à divindade pela vitória da sua equipa, equivale a rogar pela derrota da equipa adversária!…
Ora, se a divindade é universal, não pode “ajudar” uma equipa em detrimento da outra!…
É conhecida a máxima religiosa e popular de “todos somos filhos de Deus”.
Portanto, pedir ou agradecer a um qualquer figurão da corte celestial que conceda a vitória a uma equipa, em desfavor doutra, é uma contradição antitética e doutrinária.
Esses futebolistas não são seres humanos no pleno uso das suas faculdades mentais de raciocínio e inteligência???!!!…
Há uns anos, a senhora Margarida Prieto, extremosa e piedosa esposa cristã do sr. Manuel Damásio, então presidente do Benfica, instalou um altar, perto dos balneários, com as habituais figurinhas estatuais do jardim da celeste corte, para “dar sorte” à equipa benfiquista. Mas, com o “azar” da equipa, que descia na classificação, o altar foi retirado, posteriormente…
E há quem agradeça, em Fátima, pela vitória da sua equipa no campeonato!…
Como é que estes néscios e crédulos têm o desplante de invocar a proteção divina para as suas vitórias desportivas, em prejuízo do interesse das outras equipas???!!!…
A não ser que, ao contrário do que eu disse atrás, não estejam “no pleno uso das suas faculdades mentais de raciocínio e inteligência”…