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Categoria: Religiões

8 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (6/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

 

A IURD e o negocio da  Fé

Os pastores brasileiros foram  a ponta de lança do evangelismo na Africa lusofona com a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) á cabeça. Criada em 1977 no Rio a Igreja do «bispo Macedo» teve um crescimento espectacular no Brasil onde conta cerca de 2 milhões de fieis, o que faz dela apenas a terceira das igrejas evangelicas deste pais.  Mas em Moçambique e Angola, onde chegou na decada de 90 ê de longe a mais visivel e influente.

Furiosamente hostil a Igreja Catolica  (que acusa de idolatria) mas tambem ao Islão (considerado demoniaco) a IURD combate tambem os «falsos profetas» na origem de algumas igrejas nativas (tocoista em Angola, zionistas em Moçambique). A sua maior força reside no «Evangelho da Prosperidade» e na promessa de por fim á  todos os males a traves da oração mas tambem da açao social e caritativa. «Deixa de sofrer» è o lema mais apelativo da IURD que  investe fortemente no «evangelismo eletrônico» para erradicar « doenças, maldições, depressão, insônia, a violência e o medo em nome de Jesus».

No último dia de 2012 a morte de 13 pessoas esmagadas pela multidão de cerca de 250 000 fieis que pretendiam assistir á «Vigilia da Virada – O dia do Fim» (autorizada) no Estadio da Cidadela de Luanda (com capacidade limitada á 70 000) levou as autoridades angolanas á suspender durante 90 dias todas as actividades da IURD.

Edir Macedo cuja fortuna pessoal  é avaliada em 1200 milhões de dólares só no Brasil e reside actualmente nos EUA tem sido acusado de burla, enriquecimento ilicito e fraude fiscal em ambos os paises. Jogadores de futebol (Pelé, Kaká, Edmilson, Galvão), artistas e politicos brasileiros (19 deputados eleitos nas listas do PRB) contam-se entre os mais famosos  propagandistas da «Universal».

 

8 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (5/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

 Islamofobia e homofobia

As legislações violentamente repressivas da homossexualidade recentemente aprovadas em vários países africanos como a Nigeria e Uganda são associadas à adesão dos respectivos presidentes Goodluck Jonathan e Yoweri Museveni a doutrina evangelica.

O primeiro realizou em 2013 uma peregrinação aos lugares santos de Israel e presidiu em Jerusalém uma «vigília pela Nigéria com Jesus»

O segundo que procura convencer a Etiopia, Quenia, Sudão do Sul e Tanzania de constituir uma «frente cristã de resistência contra o avanço do Islão» equipara a homossexualidade como uma doença que deve ser tratada como a Sida.

7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

S. Francisco Xavier

Faz hoje 508 anos que nasceu Francisco Xavier, destacado membro da Companhia de Jesus que, ao serviço de D. João III, evangelizou Goa, Molucas, Temate, ilha de Moro, Malaca e Japão.

Apóstolo do Oriente e Padroeiro das Missões são alguns epítetos do taumaturgo cujo prestígio resistiu à perda do Estado Português da Índia, designação que o salazarismo atribuiu aos restos de um império onde Portugal semeava a fé e recolhia especiarias.

O abandono a que foi votado o sarcófago do ilustre jesuíta e a falta de fé permitiram que o corpo, incorruptível durante mais de quatro séculos e meio, se encontre atualmente no estado de decomposição que a foto, com oito anos, documenta.

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7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As guerras da fé (4/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.

Angola e Islão

A noticia de que Angola se tornara o primeiro pais a proibir o culto muçulmano deu a volta ao mundo em novembro de 2013 e provocou uma tempestade de protestos diplomaticos e aplausos nas redes sociais. Obrigado a reagir o governo angolano articulou a sua resposta em duas partes. Por um lado reafirmou respeitar a liberdade religiosa, inscrito na constituição negando toda a intenção de proibir o Islão ou discriminar os muçulmanos. Por outro lado salientou a obrigação de respeitar e fazer respeitar do pais , válida para nacionais ou estrangeiros e em todos os dominios, incluidos os assuntos religiosos.

A lei angolana determina que todas as confessões religiosas carecem da autorização do Ministerio da Justiça para realizar actividades públicas. Para tal precisam de ter mais de 100 mil membros adultos e presença em mais de dois terços do território nacional. Há actualmente 83 confissões religiosas reconhecidas e mais de 1200 pendentes de autorização entre as quais oito islamicas. A inclusão de uma desta numa lista de 194 associações cujos pedidos de autorização foram indiferidos tera estado na origem do «malentendido» segundo o ministro dos negocios estrangeiros George Chicoti.

O fecho e/ou destruição de «mesquitas» e as perseguições de que seriam objeto os muçulmanos segundo o porta-voz da Comunidade Islamica de Angola David Já – que diz representar mais de 800 mil fieis – se devem a outras legislações como o controlo das migrações, o comercio e a construção ilegal ou a utilização de edificios (lojas,armazens,garagens) previstos para outros fins.

 

7 de Abril, 2014 Carlos Esperança

As Guerras da Fé (3/6)

Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.
A islamização de Africa entre realidades e fantasmas

A Nigeria , maior pais africano pela população e a pujança economica, está no epicentro de uma competição entre cristãos e muçulmanos pela conquista de Àfrica. A evoluição da situação é seguida com interesse e apreensão no resto do continente e no Ocidente. As consequencias da implosão deste país seriam dramaticas para todos, a começar obviamente pelos nigerianos.

A 27 de fevereiro 28 chefes de estado e de governo africanos estiveram em Abuja para o encerramento das celebrações do centenario da unificação do norte, maioritariamente islamita, e o do sul cristão e animista, abos sob protetorado britanico desde a Conferencia de Berlim. A efemeride é considerada como a data do nascimento da actual Nigeria que alcançou a independencia em 1960.

Convidado de honra, o presidente frances François Hollande aproveitou a oportunidade para reafirmar o apoio da França e do Ocidente ao Presidente Goodluk Jonathan na sua luta contra Boko Haram, e aos governos da região no combate contra o «terrorismo islamista».

No mesmo tempo os serviços de informação franceses afirmavam ter detactado a presença, na Nigéria, do ex-numero dois da Seleka Noureddine Adam que fugira de Bangui apos a destituição de Djotodia. A eventual decisão deste oficial centrafricano formado na academia de policia do Cairo que comandou a guarda pessoal do sultão de Abu Dhabi e serviu nas forças especiais israelitas de por as suas competencias, relações e meios financeiros ao serviço de Boko Haram seria segundo a fonte um passo mais no sentido da criação de um «eixo do Mal» islamista atravessando Àfrica do Atlantico ao Corno de Africa, ameaça que obseda os estrategas ocidentais desde o inicio da guerra no Mali ( ver Africa 21, a Guerra no Deserto).

Ameaça djihadista sobre a Nigeria

Mas estará realmente em curso uma «guerra» entre muçulmanos e cristãos pelo controlo total da Nigeria e a expulsão dos vencidos? A maioria dos investigadores duvidam desta interpretação e a propria imprensa nigeriana é muito reservada. De facto não passa uma semana sem que os grandes media internacionais relatem mais um massacre «atribuido» aos terroristas de Boko Haram contra civis inocentes, cristãos reunidos em igrejas para o culto dominical ou adolescentes queimados vivos no incendio de uma escola.

A oposição nigeriana acusa o Presidente Jonathan de deixar as tensões etno-religiosas agravar-se para granjear apoios politicos externos e fazer esquecer a corrupção e a concentração da riqueza gerada pelo petroleo nas mãos da elite dirigente , verdadeiras causas da instabilidade social e politica ameaça fazer implodir a Nigeria. Lembra que as mesmas acusações dirigidas contra os muçulmanos nortenhos então no poder estiveram na tentativa de secessão do sul , maioritariamente cristão, conhecida sob o nome de guerra do Biafra (1967-1970) e que causou mais de um milhão de mortos.

O professor Bakary Sambé, investigador do Centro de Estudos das Religiôes de Saint Louis do Senegal insurge-se contra « a manipulação dos simbolos religiosos para fins politicos» lembrando que a preocupação dos dirigentes africanos deve estar centrada na luta pelo desenvolvimento e contra a pobreza em vez de «satisfazer os aliados ocidentais ou se submeter a ideologias politico-religiosas vindas do Oriente».

Esta visão è partilhada pelo politologo frances Jean-François Bayart (autor de obras de referencia sobre a Africa pos-colonial) que procura desmitificar a alegada «islamização de Africa».

Na opiniáo do Prof. Bayart « se o salafismo (pratica rigorista do Islão alheia as tradições dos muçulmanos africanos) têm o vento em popa na região o mesmo acontece com é o evangelismo que conhece uma forte progressão no Golfo da Guiné em detrimento da igreja catolica (…) Esta combinação entre salafismo muçulmano e evangelismo cristão é particularmente evidente na Nigeria».

Sem negar a realidade da progressão do Islão em Africa subsariana (onde o numero de muçulmanos passou de 50 milhões em 1960 para 250 milhões em 2010, segundo o Pew Forum) e do terrorismo islamico que fez o seu aparecimento na região em 1998 com os ataques contra as embaixadas americanas no Quenia e na Tanzania, a objetividade obriga a recolocar ambos fenomenos no seu contexto historico e a evitar todo o amalgama caro aos seguidores da teoria do «choque das civilisações» enunciada por Samuel Huntington sob pena de fazer o jogo dos fundamentalistas cristãos e islamistas.

O fantasma da islamização

Há séculos que o Islão faz parte da cultura africana mas ao sul do Sara a sua progressão têm travada pelo cristianismo importado pelos colonizadores europeus. O movimento acelerou nas últimas decadas sem alterar significativamente o equilibrio entre as duas grandes religiões monoteistas á escala do continente. Ambas cresceram em virtude do crescimento demografico galopante e em detrimento dos cultos tradicionais africanos . Raros são actualmente os africanos urbanos e escolarizados que não professam uma das «religiôes do livro» – Biblia ou Corão – mesmo se permanecem fieis a ritos relacionados com as crenças ancestrais.

A Nigeria é o paradigma: quinta maior nação islamica do mundo com 77 milhões de muçulmanos é tambem um dos tres paises africanos onde vivem o maior numero de cristãos.

Longe de ser um factor de tensão as grandes irmandades muçulmanas oriundas da Africa ocidental desempenharam um papel estabilizador, favorecendo o comercio e atenuando as clivagems ligadas ás origens de cada individuo e relacionadas com as linhagens, as castas e a escravatura. O Senegal, muçulmano a mais de 90% teve como primeiro presidente o cristão Leopoldo Cedar Senghor, o poeta de «negritude» e na Costa do Marfim o muito catolico Houphouet Boigny favoreceu a imigração de trabalhadores oriundos dos paises muçulmanos vizinhos a quem concedeu o direito de voto.

A primeira grande alteração surgiu nos anos 90 em consequencia de factores não religiosos: adoção da democracia pluralista com o aparecimento de formações politicas de base etnico-religiosa; programas de estabilização estrutural impostos pelo FMI que devastaram os sistemas sociais vigentes em muitos paises africanos nomeadamente o ensino e a saude pública. des politiques d’ajustement structurel des années 1990 qui ont dévasté les systèmes sociaux: l’école et la santé publique en Afrique. Os politicos foram buscar junto das petromarquias árabes meios de financiamentos alternativos e financeiros que o Ocidente lhes negava e estas aproveitaram a abertura para alargar as suas redes caritativas redes, construir mesquitas e financiar um ensino coranico muito diferente do ensino público, laico e mixto.

Este investimento continua até hoje sem que aparentemente o Ocidente se preocupe de saber que tipo de Islão estão á propagar os «investidores» árabes entre os muçulmanos africanos e os novos convertidos, apesar das provas evidentes do apoio da Arabia Saudita, Qatar, Koweit ao salafismo militante e combatente no norte de Africa.
Confundir Islão com o jihadismo serve a causa da Al-Qaida

A «guerra ao terrorismo islamico» decretada no Ocidente e o medo e o odio ao Islão destilados pelos evangelicos entre os cristãos africanos podem fazer o jogo da al-Qaida e aumentar o numero de djihadistas.

Como analizou o investigador alemão de origem egicia Abdelasiem el Difraoui no seu livro «al Qaida pela imagem» a organização criada por Ben Laden è eximia na utilização das novas tecnologias para recrutar novos combatentes e candidatos ao martirio entre jovens que nunca foram muçulmanos praticantes ou recem-convertidos, fazendo-os creer na existencia de uma conspiração mundial contra o Islão. Quantos destes jovens africanos ou europeus se terão sentido impelidos a participar na «guerra santa» contra os «cruzados» e os seus aliados ao ver outros jovens exibir como trofeus nas ruas de Bangui pernas e braços de muçulmanos esquartejados, ou cenas de canibalismo apresentadas como justas retaliações?

As proximas «guerras de religões» se vieram a acontecer não terão nada a ver com as do passado porque al-Qaida e o djihadismo têm muito pouco de comum com o Islão tal como é praticado pela esmagadora maioria dos muçulmanos de todas as obediencias , que são as suas principais e mais numerosas vitimas. E os evangelicos interpretam e utilizam a Biblia como arma para combater todas as outras fés, incluidas cristãs.

São duas novas ideologias totalitarias , frutos podres da globalização, da pobreza e da ignorancia e que aspiram a dominar o mundo. O choque entre ambas seria …apocaliptico e deve ser impedido a todo o custo. Não pela repressão mas pela solução dos problemas que realmente afectam a maioria dos africanos e da humanidade.

2 de Abril, 2014 Carlos Esperança

A política e a religião

Acusa-se o Governo de indiferença social, de ser um bando de ultraliberais cuja agenda conduz ao desmantelamento do Estado, com a Saúde, a Educação e a Segurança Social reduzidas a estilhaços.

Trata-se da calúnia de quem pretende alfabetizar à força quem ganharia a glória celeste pela sua ignorância, de quem troca a fé pela sabedoria e a metafísica pela ciência. Não se dão conta os arautos da sabedoria de como a ciência prejudica a virtude, a abundância a penitência e as proteínas o jejum?

Há quem prefira um médico a um padre, aulas de religião às de matemática, assistentes sociais a capelães militares, hospitalares e prisionais. Felizmente, há quem, ao mais alto nível, se preocupe com o destino da alma face ao egoísmo que privilegia a saúde.

O Governo não condena os velhos à penúria, apenas os defende dos bifes, que lesam a função renal, dos netos que lhes invadem a casa, sob o pretexto do desemprego dos pais, e das guloseimas que fazem subir o açúcar e a HTA. Há pessoas, com mais de 70 anos, que teimam em viver, como se as pensões fossem amigas da Segurança Social.

O Governo não tem capacidade para pagar as dívidas da Madeira, os prejuízos do BPN, do BPP, os calotes municipais, pareceres jurídicos de escritórios de amigos e lugares de assessores para jovens que passaram a vida nas madraças juvenis dos partidos, cansados de colar cartazes e de caluniarem adversários na NET, com perfis criados a preceito.

Urge entender que a esperança de vida compromete o bem estar dos governantes e, não podendo estes abdicar das suas mordomias, é necessário reduzir drasticamente a nefasta esperança de vida. Espero que a troika, depois das eleições, exija ao Governo a solene promessa de reduzir um ano de vida a cada português para equilibrar o que aumentou a cada trabalhador.

Não podendo a Segurança Social acompanhar a esperança de vida o equilíbrio deve fazer-se à custa da última.

A teimosia dos velhos, que se agarram à vida, é antipatriótica. A longevidade é uma doença cujo combate já começou. O Governo sabe que o desmantelamento do SNS é duplamente benéfico. Basta deixar sobreviver alguns idosos para visitar em épocas eleitorais e fingir apego aos velhos.