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Categoria: Religiões

19 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

A vaca que Deus quis

Por

Leopoldo Pereira

Seguindo a cronologia dos acontecimentos: Deus – Adão – Noé – Abraão – Moisés – Jesus – Maomé – E por aí adiante, até chegar a mim. Abraão foi um homem que morreu de muito velho e ao longo dos anos manteve várias conversas com Deus; infelizmente só algumas chegaram até nós. Sabe-se que Deus tardou a convencer-se de que o ancião abraçara a Sua causa, podia tratar-se de um infiltrado e testou-o, sugerindo que Lhe sacrificasse o filho. Abraão não O desiludiu, mas na hora H apareceu um anjo a safar a criança. Consta que o menino apanhou um monumental cagaço e nunca mais perdoou ao pai (não está provado), como nunca ficou provada a existência do próprio Abraão. Que importa…

Convém relembrar que tais práticas eram comuns a múltiplas religiões: Animais sem alma e com alma sacrificavam-se quotidianamente aos Ídolos, fossem estes quais fossem. Portanto não vamos levar a peito o premeditado assassínio do filho, um gesto assaz corajoso.
Certamente por ter sido um privilegiado da Divindade e ter dado provas extremas de fidelidade ao Supremo, as três religiões monoteístas veneram-no identicamente. Nalguma coisa haviam de estar de acordo! E bem, se a minha opinião conta.

Voltando às oferendas aos Deuses, os humanos passaram a fazê-lo em dinheiro, artigos de prata e ouro, também em géneros, deixando morrer a tradição dos sacrifícios de vidas humanas (excetuando a jihad) e a vida de outros animais (para o fim visado).

No tempo em que Abraão por cá andou, as mentalidades estavam longe de atingir o grau de cultura dos nossos dias; não havia touradas de morte, assaltos à mão armada, pirataria, raptos de crianças, enforcamentos e assassínios por atacado (em nome de Deus), enfim, uma tristeza.
Para compensar mantinham a fogueira acesa 24 horas por dia, junto aos principais templos, onde os mais pobres assavam uma pomba (em louvor do Senhor) e os mais ricos uma vaca, de preferência animais vivos e saudáveis.
A propósito e evitando possíveis comentários menos corretos, especialmente oriundos de infiéis que não leem os Livros Sagrados, decidi copiar na íntegra uma passagem do Alcorão:

“67 – Recordai-vos de quando Moisés disse ao seu povo: Deus manda-vos que sacrifiqueis uma vaca. Perguntaram: Estás a zombar de nós? Respondeu: Procuro refúgio em Deus para não estar entre os ignorantes! Disseram: Suplica por nós ao teu Senhor, para que nos indique qual há-de ser a sua cor. Respondeu: Ele diz que deve ser uma vaca amarelo-puro, de maneira que com o seu aspeto alegre os que a vejam. Disseram: Suplica por nós ao teu Senhor para que nos mostre como deve ser ela. Para nós, as vacas são todas iguais. Por certo que nós, se Deus quiser, seremos esclarecidos. Respondeu: Ele diz que deve ser uma vaca não humilhada pelo trabalho da terra nem pela rega do campo; deve estar sã, sem estigmas. Disseram: Vieste agora com a verdade. Sacrificaram-na, mas estiveram a ponto de não o fazer.”

O texto, como geralmente sucede, é de uma eloquência inigualável, deixando a milhas de distância qualquer Nobel da Literatura, pelo que seria ousadia sequer tentar um comentário à narrativa, que inclui (atenção) citações de Deus.
Espero que as interpretações não degenerem, pois os maldizentes bem podem especular com os termos “vaca” e “loira”. Demais o Povo parece estar numa de gozo para com o velhote…
Só estou a avisar.

L. Pereira, 17/08/2014

18 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

A Al-qaeda católica usa a censura como arma

José Saramago, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Lídia Jorge, Vergílio Ferreira são alguns dos escritores censurados na lista de livros da Opus Dei.

A organização da Igreja Católica tem uma listagem de 33 573 livros proibidos, com diferentes níveis de gravidade, sendo que nos três níveis mais elevados encontram-se 79 obras de escritores portugueses, revela o Diário de Notícias. José Saramago e Eça de Queirós são os mais castigados pela “lista negra”.

18 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

O drama pungente dos Yazidis

No norte do que foi o Iraque, que os cruzados de Bush, Blair, Aznar e Barroso deixaram à mercê das lutas tribais e de ódios religiosos, num país com balcanização adiada, há um povo que pratica uma exótica religião curda, de vetustas raízes indo-europeias e que crê na metempsicose.

São pobres e, ao contrário dos prosélitos, não procuram converter ninguém, passando as almas entre si por herança geracional, numa síntese de crenças com resquícios de islão, cristianismo, zoroastrismo, judaísmo e maniqueísmo, uma sopa de culturas que parece fundir as mais diversas crenças numa fé restrita para uso doméstico.

Podem encontrar-se comunidades na Arménia, Turquia ou Síria mas estão a desaparecer na emigração ou agarradas aos rebanhos no Monte Sinjar, onde os trogloditas do Estado Islâmico desejam assassiná-los, porque a pequena seita ligada ao iazdanismo, resistiu ao Islão durante séculos ou, tão só, porque o gosto do sangue é o cimento da restauração de um anacrónico califado de crentes sectários e tementes ao profeta misericordioso.

Enternecem-nos os olhos brilhantes das crianças de olhar vago, os milhares de yazidis em busca de água, o apego de muitos às cabeças de gado, a recusarem a fuga que uma aliança improvável de iraquianos, curdos, americanos e iranianos lhes oferecem através de um corredor adrede preparado.

Os yazidis não odeiam americanos nem judeus, não tomam partido pela Ucrânia ou pela Rússia e talvez desconheçam mesmo o drama da Palestina e as guerras pelo domínio do petróleo. O pequeno povo cuja pátria é a comunidade e a sua identidade um arcaísmo só por milagre pode salvar-se da barbárie que lavra na latitude onde há séculos sobrevivem e não lhes permitem continuar.

Ai de nós, que nos achamos civilizados, se deixarmos que trucidem um pequeno povo, porque com ele também expiramos na diversidade e humanidade que reclamamos.

13 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

A 13 de agosto na Cova da Iria – Peregrinação dos emigrantes

A Senhora de Fátima, a República e o salazarismo

Engana-se quem pensa que a Senhora de Fátima é apenas um dos avatares da Virgem Maria, personagem mítica com mais heterónimos do que Fernando Pessoa.

A Senhora de Fátima foi a criação clerical de um instrumento contra a República e uma imagem de marca do povo que a monarquia legou beato, analfabeto e supersticioso, um epifenómeno contra a laicidade, a democracia e o secularismo.

A «Senhora mais brilhante do que o Sol» iniciou a carreira de pitonisa na Cova da Iria, depois de vários fracassos em locais mais instruídos e urbanizados. Foi em 13 de maio de 1917 que apareceu, pela primeira vez, no ermo que a promoção pia transformou num dos mais concorridos destinos turísticos.

A Senhora começou por atrair a atenção de três pastorinhos, sendo a Lúcia a que ouvia e via, a Jacinta a que só ouvia e o Francisco que não ouvia nem via. Os rapazes são lentos a despertar os sentidos. Começou por dizer-lhes que Deus se encontrava muito zangado, que queria toda a gente a rezar o terço, e anunciou-lhes, em exclusivo, um imprevisível acontecimento, o fim da guerra em curso, como se o que tem início jamais tivesse fim.

Em 13 de outubro, perante vasta assistência, a Senhora de Fátima, excelente trepadora de azinheiras, fez um número privativo, só replicado nos jardins do Vaticano, à mesma hora, para conhecimento especial do Papa: pôs o Sol a rodopiar em tons de prata fosca, um episódio acrobático que assombrou a assistência.

Após 1926, consolidada a ditadura, e com o enviado da Providência no Governo, como a Lúcia havia de dizer ao cardeal Cerejeira, referindo-se a Salazar, a Senhora de Fátima dedicou-se à Rússia, que confundia com a URSS, cuja conversão rogava, através da reza do terço, e à defesa do regime, no plano interno, com a mesma prescrição e posologia.

Desistiu então de surgir aos pastorinhos e dedicou-se a visitar comunistas arrependidos, sobretudo os que não aguentaram torturas da Pide e entregaram camaradas. Conseguiu libertá-los da prisão e arranjar empregos, mimos que os conversos retribuíam com velas acesas à janela nos dias 13 de maio e de outubro de cada ano.

A Senhora de Fátima, entrava nas celas de presos políticos que tinham confessado tudo, a confissão é um alívio, e dizia-lhes que tinham sido enganados e deviam arrepender-se. Foi assim que o pai de um antigo e influente dirigente do PSD abjurou as ideias falsas, como alguns outros, e substituiu a foice e o martelo pelo terço e a cruz, a Internacional pelo Ave e a clandestinidade pelo sossego do lar.

A Senhora de Fátima pode ter sido clonada em outras latitudes de hegemonia católica mas a legítima, a original, com toque rural e determinação prosélita, é 100% nacional.

A AR, por reverência às maratonas pias que soem fazer-se ao santuário, resolveu criar, em 27 de junho de 2014, o Dia Nacional do Peregrino, devoção do PSD/CDS, ofuscada pela abstenção dos deputados do PCP, BE, 26 do PS e esconjurada com 4 votos contra do PS. O parlamento, que recusara o Dia Nacional do Cão, meritória iniciativa do PSD, elegeu então, por larga maioria, o dia 13 de outubro, desobrigados os deputados pios de votarem de joelhos e mãos postas.

Exultaram as sacristias e o santuário, com devotos comovidos com os votos da AR.

10 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

A Turquia, a Europa e a democracia

Erdogan, primeiro-ministro turco, alcunhado de muçulmano moderado, pela UE e EUA, casado com uma devota que, se tira o véu islâmico é apenas para cumprir as obrigações conjugais, cumpre hoje a ameaça, há muito feita, a disputa das eleições presidenciais.

São as primeiras eleições por sufrágio universal e, a partir daqui, o presidente passa a ter um enorme poder, ao contrário do anterior com uma função praticamente honorífica.

Não está em causa o modelo político nem a validade da vitória previamente assegurada pelo apoio das mesquitas ao futuro presidente no país que dispões das mais numerosas Forças Armadas da Nato, fora dos EUA. A derrota da laicidade está acautelada depois de os militares e os magistrados que eram o seu garante, terem sido lenta e eficazmente afastados, presos ou assassinados.

Hoje começa a destruição do legado de Mustafa Kemal Atatürk. A Turquia fica à mercê de um «muçulmano moderado» que ontem afirmou no seu último comício eleitoral: «Se Deus quiser, uma nova Turquia nascerá amanhã. Uma Turquia forte vai renascer das cinzas». «Vocês elegeram o partido do povo a 3 de novembro [2002] e, se Deus quiser, vão eleger o presidente do povo, amanhã». «Chegou a hora do fim da velha Turquia e das suas políticas partidárias».

Todos sabemos do horror divino à democracia e ao pluralismo. Há 77 milhões de turcos em risco de submissão aos cinco pilares do Islão. A Europa não precisa de ser invadida pelos turcos, basta a lepra da fé alastrar pelos interstícios da sua sociedade secularizada, laica e democrática.

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8 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

Islão e perseguições religiosas

Não podemos andar sempre a acusar o cristianismo dos mesmos crimes nem confiar na sua irrevogável bondade. A laicidade submeteu politicamente o clero e podemos dizer que o mundo seria mais pacífico se fosse cristão ou, pelo menos, não islâmico.

Hoje é o Islão que está em demência mística, que quer impor ao mundo o anacronismo do seu livro sagrado e a violência tribal herdada dos árabes nómadas do século VII.

Sem desprezar as mesquitas e as madraças, os jihadistas usam hoje as novas tecnologias para atrair adolescentes e intoxicar jovens. A enorme quantidade de europeus instruídos, caucasianos, capazes de trocarem a civilização pela barbárie, não deixa de aumentar. Há jovens, de ambos os sexos, atraídos pela violência e embrutecidos pela fé.

São aliciados, na sua generosidade, pelos fins humanitários com que os enganam, como sucedeu, por exemplo, com uma jovem de 14 anos que no sábado passado pensava fazer a viagem sonhada, para se juntar aos príncipes barbudos: Ceuta – Melilla – Marrocos – Turquia e, finalmente Iraque. Foi recrutada por telemóvel e presa em Marrocos. Só foi travada porque a polícia de Ceuta foi célere, perante a notícia do desaparecimento.

O caso de duas adolescentes aliciadas em Espanha merece especial ponderação por ser a primeira vez que a jihad atraiu uma menor. O que surpreende é a complacência com que a Europa trata Erdogan, o Irmão Muçulmano que continua a ser tratado por «moderado» e que, apesar dos escândalos que o envolveram, a ele e à família, será o novo presidente da República. As mesquitas estão eleitoralmente ativas na Turquia.

O drama dos cristãos iraquianos, a violência e morte a que os sujeita o bárbaro califado, é objeto de pequenas notícias na comunicação social ocidental, interessada em defender o petróleo e arredada dos problemas da liberdade e dos direitos humanos.

A passividade e displicência da opinião pública são excelente contributo para difusão do primarismo dos cinco pilares.

7 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

O Islão é um anacronismo violento

Quarenta crianças de minoria yazidi morrem em ataque jihadista no Iraque

Combatentes assumiram controle de reduto histórico da minoria.

O ataque jihadista forçou dezenas de milhares de pessoas a fugir.

Os defensores dos direitos dos yazidis e líderes desta comunidade consideraram que a existência desta pequena comunidade de língua curda em sua terra ancestral estava agora em perigo.

Famílias deslocadas da minoria yazidi são vistas em Sinjarl nesta segunda-feira (4) (Foto: Ari Jala/Reuters)
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6 de Agosto, 2014 Carlos Esperança

Como se comporta um fascista católico

Zeca Portuga • há 7 horas
Hey putos… eu regressei!

Chamo-me Zeca Portuga.

Custou a encontrar esta Tasca. Quando saí da cá, os ateístas pastavam noutras terras e reuniam-se noutra Tasca – em espanhol, salvo erro, “tasca” diz-se “bodega” (se estiver errado, leve-se na devida conta que eu sou um campónio, muito pouco letrado).

Acho que “Bodega” é um termo mais condizente com o conteúdo deste local. Mas, por agora, ficamos assim – isto é uma Tasca… e não se fala mais nisso.

Para muitos não careço de apresentações, para outros, frequentadores mais novos desta Tasca, teremos tempo de conversar.

Vejo que os ateuólicos foram despejados da anterior tasca e reúnem-se, agora, em novo vespeiro.

É o que acontece a quem é socialmente indigno, civilizacionalmente indesejado e humanamente pouco recomendável – abreviadamente, nojento.

Antes de conhecer a fauna nova do covil não me alongarei em comentários.

Previno desde já os incautos de que esta gentalha não é de fiar – aparecerão muitos comentários falsificados (feitos por burlões e vilmente por eles assinados, mas usando o meu nome); outros comentários serão crivados (e cravados) pelo honestíssimo lápis azul do Mestre Escola, especialista em redacções da quarta classe, cujo semblante de remosoros é caracterizado por “relhar” os dentes de raiva quando tem que engolir as verdades dos crentes.

Referia-me, “tá claro”, ao tasqueiro chefe, o Ilmo. Esperança – um iluminado da família dos “luzecus”, digo, dos pirilampos (pirilampo é mais “abichanado”).

Até já camaradas!

PS.: Que bem prega frei Tomás!… Mas… acho que ele enganou-se no estabelecimento comercial… ou no público alvo!

Nota: Este comentário, e os que se seguirem, não respeitam o Acordo Ortográfico de 1990, pois o Zeca Portuga não celebrou acordo com ninguém, nem passou procuração com poderes para tal!