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Categoria: Religiões

18 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR prepara central de compras

Os bispos portugueses estão a estudar a criação de uma central de compras comum a todas as dioceses que garanta poupanças e economias de escala, revelou hoje o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Falando no final das Jornadas Episcopais que foram dedicadas à «gestão e liderança», D. Jorge Ortiga explicou que agora os bispos deverão reunir com «os seus conselheiros mais próximos para definir o que se pode fazer para motivar os padres para esta nova maneira de gestão» partilhada dos recursos.

A gestão dos cartórios paroquiais, instituições de solidariedade, centros paroquiais ou equipamentos eclesiais devem ser assim partilhados com os leigos, levando os padres a concentrarem-se mais no trabalho pastoral.

«Uma paróquia ou uma diocese não são comparáveis com uma empresa», mas pode haver «alguma aprendizagem» com os modernos meios de gestão, defendeu o presidente da CEP.

Por isso, os bispos vão apostar na «concentração de efectivos» e na criação de uma «central de compras», optimizando também o trabalho dos funcionários.

«É preciso formar as pessoas para novas responsabilidades», salientou D. Jorge Ortiga.

Por seu turno, o secretário-geral da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), Líbano Monteiro, que ajudou à realização das jornadas, mostrou-se muito satisfeito com a adesão dos bispos às propostas de modernização administrativa das estruturas da Igreja Católica.

Durante os três dias das jornadas em Fátima, os bispos fizeram trabalhos de grupo e ouviram os «mais modernos ensinamentos de gestão», procurando ter «uma visão da gestão e do mundo empresarial».

O objectivo final é sempre «melhorar a gestão das dioceses para melhorar o serviço da evangelização», salientou o responsável da ACEGE.

«As dioceses são independentes entre si», mas a meta é «conciliar o trabalho em comunhão para ganhar economias de escala», pelo que está em estudo a criação de uma central de compras comum para serviços vários, entre os quais os seguros, referiu Líbano Monteiro.

Esta solução irá permitir «descontos imediatos nos produtos comprados», que serão também «fiscalizados por especialistas», conselheiros das dioceses nas decisões a tomar.

Líbano Monteiro defendeu, também, que as delegações de competências dos padres para os leigos devem estar inseridas numa nova orgânica interna da Igreja que garanta mecanismos de controlo.

«Ninguém pode delegar sem controlar», pelo que é necessário «uma cultura diferente de organização» interna, salientou o secretário-geral da ACEGE, recordando a importância da formação dos quadros da Igreja e dos leigos.

Estes conselhos vão ao encontro da posição da própria CEP, que se tem apercebido que «há uma mudança cultural e eclesial» nas dioceses.

D. Jorge Ortiga recorda que estas alterações que estão a ser estudadas já procuram responder ao apelo à mudança feito pelo próprio Papa Bento XVI ao episcopado português.

«A transformação deve ser um dinamismo permanente perante objectivos concretos e específicos», promovendo uma «reorganização profunda das dioceses» do ponto de vista da gestão dos recursos humanos e financeiros, sustentou o arcebispo de Braga.

Mas D. Jorge Ortiga salientou que esta «não será uma mudança do ponto de vista pastoral», até porque as «dioceses são diferentes e têm capacidades diferentes».

No entanto, «há hoje uma panóplia de responsabilidades que é preciso assumir» ao nível da gestão de cada diocese que «podem ser partilhadas», com uma maior participação dos leigos.

«Importa cada vez mais descobrir essas pessoas, confiar e delegar com alguma coragem responsabilidades de gestão», afirmou, considerando que o exemplo deve partir de cada paróquia.

Aí, «o padre não deve fazer tudo, deve delegar as competências», considerou o prelado.

Fonte: Sol, 18 de Junho de 2008.

18 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Resposta ao leitor Alexandre Pinto

O respeito pelos crentes, quer acredite ou não, é sincero, tal como o desprezo pela crença. Há fortes evidências de que deus foi criado pelo homem e nenhuma em sentido contrário.

Ainda ontem, num frente a frente com Frei Bento Domingues, no Rádio Clube Português, respondendo a uma afirmação minha, dizia o tolerante frade, mais ou menos isto: «Bem, isso do Antigo Testamento… é para esquecer»,

Citar Bento Domingues ou Anselmo Borges, como fez Alexandre Pinto, é andar à procura de excepções numa instituição que se esforça por tornar obrigatório (repito, obrigatório) o ensino da Religião Católica nas escolas públicas, que reivindica capelanias militares e hospitalares, que doutrina criança de seis ou sete anos e baptiza lactentes, que chantageou o Governo quando o ministro Salgado Zenha permitiu o divórcio aos casais que tinham um casamento católico.

Em questões de tolerância a ICAR não é modelo.

E, quanto à bíblia (refiro-me aos 4 evangelhos, aqueles que resultaram da encomenda do imperador Constantino a Eusébio de Cesareia, para criar um corpo homogéneo entre as 27 versões) basta reparar no anti-semitismo violento que os inspira e na crueldade dos castigos propostos, para se ter a certeza de que a religião é uma criação humana que reflecte os costumes bárbaros da época em que foi criada.

É daí que nascem as objecções morais dos ateus às religiões que tendem a perpetuar a crueldade que a nossa consciência reprova. Quanto às objecções intelectuais, resultam da ausência de qualquer evidência de que sejam verdadeiras. Não é por acaso que todas as religiões consideram as outras falsas. Nós, ateus, apenas consideramos falsa mais uma do que todos os crentes.      

Quanto ao retrocesso do Professor Ratzinger, vai desde a liturgia (voltou a fazer ajoelhar os frequentadores da eucaristia), à beatificação dos mártires espanhóis numa tentativa de branquear os assassínios de Franco com a cumplicidade ou o silêncio do Opus Dei. A reintegração, à sorrelfa, dos seguidores de monsenhor Lefèbvre, que estavam excomungados, diz bem da deriva reaccionária do actual pontificado. As indicações dadas aos bispos espanhóis na luta contra a legislação sobre a família, do Governo democrático. As posições dos seus órgãos de comunicação têm sido um apelo ao golpe de estado que só a União Europeia e os tempos tornam difícil.

Não sei como explicará o Vaticano que um herege, excomungado, actualmente a residir no Inferno, o bispo Lefèbvre, arranja um salvo-conduto para o Céu ou onde arranja uma agência de transportes que conduza a alma entre as duas localidades.

Finalmente, o Diário Ateísta não procura ofender crentes mas não desiste de desacreditar os que se reclamam de uma fé para a qual não apresentam provas. É uma questão pedagógica.  

Carlos Esperança

16 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Sobre o ateísmo militante

Há ateus que não aceitam que outros se associem ou se preocupem com os mitos. Por que motivo se nega ou merece atenção o que, com elevado grau de probabilidade, não existe?

Respondem melhor os exemplos do que a argumentação.

Ninguém se incomoda com Neptuno porque não se adora, não se nega a omnipotência de Osíris porque caiu em desgraça, não se leva a sério Zeus porque ninguém esfola os joelhos num ritual teofágico a devorá-lo em corpo e sangue.

Mas o deus abraâmico tem poder para fanatizar crianças e manter abertas escolas de terrorismo. Que interessa que não exista, se os efeitos da sua alegada existência são cruéis e devastadores?

Não interessaria se Cristo existiu ou não, se dormiu com Maria de Magdala ou com o apóstolo João, se atravessou o Mar Morto sobre as águas, antes de lhe furarem os pés, mas a verdade é que, em sua defesa, se destruíram templos, queimaram livros e pessoas, fizeram guerras e, ainda hoje, há quem obrigue crianças a ir à missa, a rezar o terço, a frequentar a catequese e a temer o Inferno. E combatem-se os regimes democráticos por não permitirem que se torne obrigatória a propaganda da religião nas escolas públicas!

Os que submetem os mitos ao crivo da razão não acreditam que em Fátima houve um anjódromo onde um anjo aterrou para meter conversa com a Lúcia, ou que uma virgem saltitou de azinheira em azinheira para mandar rezar o terço a três inocentes criancinhas. Mas reparem, meus dilectos, no negócio a que o ardil deu origem, nas consequências no ataque à República e no apoio à ditadura salazarista, a pretexto de umas cambalhotas que o Sol deu, para um público seleccionado, na Cova da Iria.

Ainda hoje morrem peregrinos a caminho de Fátima para pagar promessas e ali deixam, outros, o óbolo certos de subornar o deus dos padres que lhes aliviam as algibeiras.

Se o clero das várias religiões deixar de formatar mentalidades, abandonar o objectivo da conquista do poder, renunciar ao proselitismo e abdicar de impor normas de conduta, o ateísmo perde o seu objectivo. Enquanto houver uma «ciência» chamada teologia, sem método nem objecto, os ateus têm o dever de combater o que julgam mentira, explicar o que pensam ser embuste e alertar para os perigos a que a luta pelo mercado da fé expõe as populações do planeta.

Os ateus não combatem os crentes, desmascaram crenças.

Carlos Esperança

16 de Junho, 2008 Carlos Esperança

As preces e a justiça

Quando um crente, entorpecido pela fé e vencido pela angústia, balbucia ave-marias e pede a deus que o cure da moléstia que o apoquenta, não se lembra de lhe pedir contas pela doença que o atingiu, mas ajoelha-se e rasteja para que o alivie.

Quando vai para um exame e solicita uma classificação alta, não procura a justiça, pede que prejudique outro que estudou ou sabe mais e se deixe subornar por dois pais-nossos.

Se concorre a um emprego e promete uma bilha de azeite para conseguir a única vaga que está a concurso, não procura que a avaliação do mérito, deseja que a oração seja tida em conta e que o azeite baste como suborno.

Se faz uma maratona de joelhos à volta da capelinha das aparições, junto à azinheira que serviu de poiso a uma virgem (história pouco provável), esfola a pele e jorra sangue, ou é masoquista ou dirige-se a um deus violento que gosta de o ver de rastos a perder a saúde e a dignidade.

Se reza a santa Bárbara quando ouve os trovões ou à senhora de Fátima para que lhe dê sorte, é um/a supersticioso/a à espera de que o acaso resolva a sua vida.

O hábito mesquinho de pedir, a deus e aos santos, favores para uso próprio, é uma tara que resultou na cunha com que na vida se mendigam favores. É esta falta de carácter, este dobrar da espinha, esta pusilanimidade que transforma os cidadãos em pedintes e os homens em penitentes.

A ética republicana repudia o conluio mesquinho com deus e os seus desdobramentos politeístas: filho, espírito santo, virgem Maria, anjos, santos e restante fauna do zoo celestial.

Séculos de madraças cristãs, judaicas ou islâmicas, onde a catequese formata crianças de tenra idade, ilude e fanatiza, transformaram a humanidade em bandos de beatos cujas paixões e ódios estão na base de guerras tribais onde os infiéis são fiéis do lado oposto.

Carlos Esperança

15 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Regresso ao passado

Depois da reabilitação da missa em latim e do reaparecimento das túnicas de renda, Bento XVI recuou um pouco mais até aos antigos hábitos litúrgicos ao dar hoje a comunhão aos fiéis ajoelhados em genuflexórios.

Este regresso a uma prática actualmente caída em desuso ocorreu durante uma missa ao ar livre celebrada pelo Papa em Brandisi, no sul de Itália, perante 70.000 pessoas.

Bento XVI já tinha procedido assim a 22 de Maio, na basílica de São João de Latrão, em Roma, por ocasião da sua anterior missa pública, mas o acontecimento teve menos repercussão por haver menos pessoas presentes.

 Os fiéis escolhidos para comungar das mãos do Papa deverão doravante ajoelhar-se à sua frente num genuflexório e receber a hóstia na boca.

Desde a reforma litúrgica subsequente ao concílio Vaticano II (1962-65), o uso corrente era que os fiéis recebessem a hóstia de pé e nas mãos antes de a levarem à boca, embora pudessem optar por recebê-la na boca, mas de pé.

A genuflexão, nunca proibida, continuou no entanto a ser praticada nas paróquias mais tradicionalistas.

«Estou convencido da urgência de dar de novo a hóstia aos fiéis directamente na boca, sem que a toquem» e do «regresso à genuflexão no momento da comunhão em sinal de respeito», afirmou o Papa a 22 de Maio.

As modificações litúrgicas introduzidas por Bento XVI nos últimos meses vão todas no sentido de um regresso aos costumes caídos em desuso depois das reformas do Vaticano II.

Fonte: Sol, 15 de Junho de 2008.

14 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Quatro séculos de obscurantismo e repressão

No dia 14 de junho de 1966, o Vaticano aboliu seu Index librorum prohibitorum, com a lista dos livros proibidos aos católicos, instituído em 1559.
Na Antigüidade, se uma obra fosse contra os preceitos dos magistrados, eles ordenavam sua destruição. Com a invenção da imprensa, entretanto, a publicação em série de obras indesejadas passou a ser proibida pela censura. Em 1487, Inocêncio 8º promulgou a primeira constituição papal, em que instituiu a censura prévia.

 

Comentário: Em Portugal, a ditadura salazarista manteve a censura até ao dia 25 de Abril de 1974.
13 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Padres querem um cardeal mais duro

As negociações entre a Igreja Católica e o Governo para a regulamentação da Concordata, da lei do divórcio e das novas regras para os ATL (Actividades dos Tempos Livres) estão a criar divisões dentro da própria Igreja.

Segundo o SOL apurou junto de fontes eclesiásticas, muitos padres gostariam que o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, fosse mais activo e «mais duro» na defesa de alguns princípios. Por considerarem que o diálogo de bastidores com o Executivo não está a ter resultados. Mas numa carta que escreveu, no mês passado, às dioceses de Lisboa, o patriarca deixou claro que é adepto do «diálogo», defendendo que a «hierarquia católica não segue normalmente o caminho de pressionar o Estado na praça pública».

Fonte: Sol, 13 de Junho de 2008.

10 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Direita suíça contra minaretes

Uma campanha contra a construção de minaretes na Suíça reuniu 103 mil assinaturas, superando o mínimo necessário para o pedido de realizaçã de um referendo nacional.

As assinaturas devem ser encaminhadas para a Procuradoria Geral no início de Julho, a fim de serem examinadas.

A campanha, lançada há um ano pela direita suíça, tenta incluir na Constituição a proibição de construir novos minaretes (as torres de mesquita onde se chamam os fiéis para as orações) e já causou polémica no país e no estrangeiro, em particular por parte de alguns muçulmanos.

De acordo com os que votam a favor da proibição, onde se encontram diversos políticos do primeiro partido suíço, o minarete como edifício não tem caractér religioso, sendo na verdade um símbolo de reivindicação de poder.

Com a proibição, alegam, vai se conseguir «negar qualquer tentativa de construir ambientes islâmicos» de introduzir na Suíça um «sistema legal orientado para sharia» [lei corânica].

No território suíço só duas mesquitas dispõem de minarete, em Genebra e Zurique.

Fonte: Sol, 09 de Junho de 2008.