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Categoria: Religiões

26 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Glória a S. Josemaria Escrivá de Balaguer

João Paulo II, emigrante polaco residente no Vaticano, solteiro, papa católico de profissão, acumulou a função de criar bispos e cardeais com a obsessão de fabricar beatos e santos. Pelava-se por milagres e gratificava os autores sem prejuízo da fixação em Maria e uma adoração por virgens que a idade e o múnus se encarregaram de exacerbar.

Mas os santos da igreja católica lembram funcionários acomodados. Fazem um milagre para chegarem a beatos, outro para serem promovidos ao posto seguinte e abandonam o ramo.

Enquanto candidatos praticam a intercessão que lhes rogam mas desistem da vocação milagreira logo que abicham o lugar. E, quando se julgava que a intermediação tinha esgotado as vagas, João Paulo II rubricou alvarás de santo a largas centenas que se estabeleceram em nítida concorrência com os anteriores. Alguns destes fecharam a porta, que é como quem diz, foram apeados das peanhas onde enegreciam com o fumo das velas, se enchiam de fungos com a humidade ou se deixavam corroer pelo caruncho.

Com séculos de pequenos e honestos milagres, habituados à pedinchice autóctone e às lamúrias, quase sempre ao serviço de modestas comunidades que atendiam nos limites do razoável, perderam a aura e a devoção, submersos no tropel de novos e afidalgados ícones com vocação mediática. Migraram para as sacristias, acumulando pó a um canto, a delir a pintura e o préstimo, a desgastar as vestes e o respeito, em santa resignação.

Na religião há uma certa tendência para o sector terciário. Arrotear a fé, pescar almas, são tarefas pouco gratificantes. Transaccionar bulas para digerir carne à sexta-feira, vender indulgências, trocar santinhos, comercializar bênçãos, é negócio do passado. Agora, o que está a dar é o lucrativo sector milagreiro, em franca ascensão. Promover jubileus é um sucesso garantido para escoar imagens do promotor e providenciar a divulgação dos promovidos.

Não sei quanto valerá um dente de S. Josemaria Escrivá de Balaguer, com certificado de origem. Há-de andar por uma fortuna, a avaliar pelo êxtase que o primeiro a ser exibido provocou nos peregrinos durante as exéquias de promoção. Estou certo de que o mercado já está sortido de outras relíquias, nada restando do novel taumaturgo para exumar.

Pudessem os piedosos coleccionadores ter adivinhado o destino promissor post mortem deste servo de Deus e ter-lhe-iam recolhido em vida duas dezenas de unhas e trinta e dois dentes. E a perda irreparável da primeira dentição! Quem sabe se a premonição materna não terá acautelado o primeiro incisivo transformando um desvelo num tesouro, através deste estranho processo alquímico – a canonização – segredo transmitido aos sucessores de Pedro e usado em doses industriais por João Paulo II?!

Pudesse Teodorico Raposo ter deposto no regaço de D. Patrocínio uma relíquia de S. Josemaria, que nem sobrinho, nem tia, nem Eça sabiam que viria a existir, e a devota Senhora ter-lhe-ia perdoado as relaxações a que o sangue inflamado do tartufo o induzia, embevecida pelos eflúvios celestes que dimanam da raiz do canino de um santo assim.

Tivesse a premonição dos membros do Opus Dei adivinhado a santidade do fundador, que grossos cabedais e a longevidade papal lograram, e teriam hoje em armazém abundante recheio de numerosos têxteis tingidos por flagelações ou impregnados de outros fluidos.

A onda de devassidão que grassa no clero amargurou o papa – que fez do celibato dogma e da castidade virtude obrigatória –, sem que a providência o tenha poupado à divulgação da corja imensa de pederastas, muitos deles pedófilos, que exornam as dioceses da igreja romana.

E um padre que não respeita uma criança também não pouparia um anjo.

É, pois, necessário que floresçam santos como S. Josemaria cujas relíquias hão-de servir de benzina para desencardir a alma dos que sucumbem às tentações da carne.

Glória a S. Josemaria Escrivá de Balaguer nas Alturas e o poder na Terra ao Opus Dei.

Nota – Texto escrito em 8-10-2002 e publicado em livro.

Carlos Esperança

26 de Junho, 2008 Ricardo Alves

Liberdade de sentido único

O nosso amigo Ratzinger tem reflexões muito inspiradas sobre a liberdade. Agora, saiu-se com esta:

  • «O máximo da liberdade é o ‘sim’, a conformidade com a vontade de Deus. Só no ‘sim’ o homem chega a ser realmente ele mesmo; só na grande abertura do ‘sim’, na unificação de sua vontade com a divina, o homem chega a estar imensamente aberto, chega a ser ‘divino’.» (Zenit)

Ora bem: portanto, para o nosso amigo Ratz, a liberdade só é «máxima» se se conformar com a vontade de outrém. Se cada indivíduo puder dizer «sim» ou «não», por si e para si, a liberdade, sempre segundo Ratz, já não é liberdade.

Confusos? Não vale a pena. George Orwell explica, no clássico 1984: «Liberdade é escravidão».

(Ricardo Alves)

25 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Portugal lembra fundador do Opus Dei

Amanhã, dia 26 de Junho, a Igreja celebra a festa litúrgica de S. Josemaria Escrivá de Balaguer. Em todo o mundo* serão celebradas missas em honra deste santo da Igreja.

Seguem-se os locais e horários das missas portuguesas:

– Braga – 26 de Junho às 19h00 – Catedral

– Coimbra – 26 de Junho às 19h – Igreja de Nossa Senhora de Lourdes

– Fátima – 26 de Junho às 11h00 – Basílica do Santuário

– Faro – 28 de Junho às 09h30 – Igreja de S. Pedro

– Lamego – 26 de Junho às 18h30 – Sé

– Lisboa – 26 de Junho às 19h00 – Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Missa presidida por D. Anacleto Oliveira, Bispo Auxiliar de Lisboa

– Porto – 26 de Junho às 19h00 – Igreja da Trindade

– Setúbal – 28 de Junho às 18h00 – Igreja de Nossa Senhora da Atalaia

– Viseu – 26 de Junho às 18h30 – Sé. Missa presidida por D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu

 Comentário: Nove missas são insuficientes para o admirador do ditador Franco.

* Por precaução foram excluídos os países árabes.

CE

24 de Junho, 2008 Carlos Esperança

O Vaticano, a paz e o proselitismo

Para implementar os seus planos, o Vaticano usou a combinação do chauvinismo religioso e nacional na Croácia. Isso ficou particularmente claro durante a existência do Estado Independente da Croácia em 1941-1945. A Igreja Católica Romana praticamente colaborou com os sicários croatas.

(…)

A Croácia ofereceu três possibilidades aos sérvios: converterem-se ao catolicismo, tornarem-se escravos em campos de trabalho ou simplesmente morrer. As consequências de todos esses eventos históricos podem ser vistas nas atuais relações entre as nações sérvia e croata.

CA

24 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Diário Ateísta feito pelos leitores

Ideia requintada:

1. A Bíblia é um livro reservado. As suas mensagens têm de ser interpretadas e isso é trabalho de teólogos/exegetas.

2. Prolixo. Tem de tudo; aquilo que se chama erotismo e/ou pornografia; histórias complicadas de vidas anfractuosas, crimes e guerras (algumas sagradas ou em nome do divino), sacrifícios ou oferendas radicais (de vidas humanas), tudo para satisfação do senhor deus.

3. Algumas páginas são míticas: mitos antigos, mitos copiados ou adaptados, concepções raramente “personalizadas”. Falas de videntes e profetas na tradição das religiões. Os evangelhos corrigidos e sucessivamente adaptados estão estilizados. A última emenda que se gerou da polémica dos irmãos de Jesus que passaram a primos nas redacções actuais… Não se prescinde do execrando satã que faz parelha com o deus do amor, do coração, da redenção e doutros parâmetros para consumo do metabolismo insaciável da ignorância (que devora tudo o que são pequenos “faits divers”, histórias de encantar) e encontram eco, sobretudo, nalguma imaginação vicariante do que é concreto e positivo. A guerra do senhor com satã é épica e ganha o que, aqui e acolá, convém às sagas e aos exorcismos…

4. Tão vasto que certamente muitos seminaristas o não leram todo e, muito menos, as encafuadas em poeira, freiras de carnes flácidas e entregues aos prazeres sáficos ou de masturbações delirantes… em deus! Essa vastidão interdita o seu conhecimento global e daí, como Os Lusíadas, menos complicado, também era lido por trechos seleccionados… Nunca o canto das sereias e ninfas encantadas para não desencadear conflitos com a melhor moral…
5. De tudo o que fica escrito sua reverência o que queria era prolongar a catequese impingindo aquilo que agora se quer que se repita na ‘máxima’ de que a repetição gera verdades mesmo que sejam dessa comida gordurosa e indigesta para a ignorância mais atrasada… Essa matreirice não pegará. Aliás o testemunho de Carreira das Neves desmistifica o valor sagrado da Bíblia. Valha-nos alguma honestidade de uns poucos que ainda privilegiam o que há de sagrado na verdade e não na ‘verdade’ do hipotético sagrado.

a)      GT

22 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Fujam, vem aí a bíblia…

D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, considera que a Bíblia deveria ser estudada na escola “não por razões religiosas, mas por motivos culturais”. Reconhecendo que para o homem de hoje a Bíblia tem uma mensagem “distante”, manifesta que os “grandes símbolos do passado não estão ultrapassados culturalmente”.

Comentário: Depois da experiência do Corão, o Vaticano ameaça com a bíblia.

CE

21 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Para canonizar o «Papa de Hitler»…

Pio XII salvou no mundo mais judeus do que qualquer outro na história”: foi o que afirmou aos microfones da Rádio Vaticano Gary Krupp, expoente da comunidade judaica norte-americana e presidente da Fundação Pave the Way, que este no Vaticano na última quarta-feira para encontrar o Santo Padre na conclusão da audiência geral junto com outros judeus sobreviventes ao Holocausto.

Pergunta: Quanto custou a mentira?

CE

21 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Os conventos e a liberdade

Há direitos irrenunciáveis. O patrão que coaja os trabalhadores a abdicarem dos direitos sindicais, viola as leis do Estado e torna nulo o contrato. Não se podem recusar direitos consagrados na Constituição nem renunciar às liberdades inerentes à condição humana.

A entrada para um convento é a renúncia à liberdade e à autodeterminação individuais. Pode ser gratificante a assoalhada no Paraíso, divertidos os jejuns ou deliciosos no gozo masoquista os cilícios, mas não podem ser deixados nas mãos de uma seita, à mercê da madre superiora ou do prior de um convento.

Imagine-se uma jovem, destroçada nos afectos ou perturbada por êxtases místicos, que decide entrar num convento e renunciar à liberdade. Como pode uma decisão emocional converter-se em prisão perpétua sem que o Estado democrático indague periodicamente da sanidade mental e da ausência de constrangimentos sobre a vítima?

Claro que deus gosta de ociosos que passem a vida na contemplação. Os papas apelam a que se renuncie aos prazeres da vida para se dedicarem à castidade e à oração. Não sei quem terá ouvido deus a lamentar-se do método que os humanos descobriram para se reproduzirem ou envergonhado com o prazer que dá. Desconheço quem foram as testemunhas da obsessão divina pelas roupas femininas e quando começaram essas prisões que muitas vezes serviram para manter indivisa a propriedade transmitida ao primogénito.

O que está em causa é a possibilidade, remota que fosse, de haver no ambiente lúgubre de um convento alguém que os constrangimentos internos ou as ameaças hierárquicas impedissem de se libertar da severa pena da prisão perpétua pelo único crime de crer num deus cruel, violento e vingativo.

Não há Estado democrático sem defesa dos direitos, liberdades e garantias a que está obrigado. Os conventos devem ser periodicamente visitados por assistentes sociais, médicos e psicólogos. Os cidadãos precisam de quem os defenda, inclusive de si próprios, amortalhados em vida sob a máscara sombria do hábito conventual.

Carlos Esperança

20 de Junho, 2008 Carlos Esperança

A fé é a paciência

Um crente é o cinéfilo capaz de ver o mesmo filme, todos os Domingos, durante a vida. Há casos de devoção diária, independentemente do actor, dos figurantes e da parte do corpo que o artista exiba para a plateia.

Não se julgue que a repetição embota o espírito crítico ou reduz a acuidade dos sentidos. O créu distingue a água benta da outra e vê, na hóstia consagrada, o corpo e o sangue de Jesus. No paladar e na visão a fé leva vantagem ao ateísmo.

Um indivíduo com fé é capaz de pagar em orações uma bagatela divina, louvar o ente que julga superior por o ter poupado à morte no desastre que lhe levou o filho, por lhe ter curado a doença com que escusava de o ter massacrado, por lhe ter dado o privilégio de pertencer á única religião verdadeira.

Os crentes são assim, fáceis de compor, benevolentes para com o deus que lhes coube e para os padres que vivem dele. Não toleram a apostasia, a blasfémia e a heresia porque se julgam na obrigação de defender os interesses de quem julgam omnipotente.

Um crente verdadeiro já não precisa de sacrificar um filho, como fez o palerma Abraão, basta-lhe levá-lo ao banho ritual do baptismo e, aos sete anos, entregá-lo ao padre e às catequistas. Pode nunca ser um cidadão, mas sai da igreja a recitar orações e a odiar os crentes das outras religiões e, sobretudo, os que não acreditam nas propriedades terapêuticas da confissão, penitência e eucaristia.

Em zonas tribais, em sítios onde não chega a civilização nem a polícia, deus exige aos crentes uma série de obrigações que, num país moderno, os levaria à enxovia. Mas que interessa a prática de manifestações tribais, a amputação de membros, a humilhação das mulheres e a decapitação de infiéis se deus se rebola de gozo enquanto recolhe o mel e fabrica virgens para compensar os que conseguirem transporte para o Paraíso? 

Carlos Esperança