Loading

Categoria: Religiões

22 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Vaticano – O único Estado do mundo sem maternidade

O Vaticano ordenou que um sacerdote do norte da Argentina, padre Ariel Álvarez Valdés, doutor em teologia bíblica, deixasse de dar aulas universitárias e evitasse publicar artigos por não acreditar na existência de Adão e Eva, informou hoje a imprensa local.

Parece impossível que um especialista em teologia, a única ciência sem método nem objecto, duvidasse da existência de Adão e Eva. Haverá quem duvide que Jeová depois de ter feito o homem a partir do barro, de ter lavados os dentes por causa do mau hálito, de ter soprado e lhe ter dado vida, arrancou uma costela e fez a mulher?

Só os cépticos, agnósticos e ateus podem pensar que deus era suficientemente impuro para começar a procriação pelo método que hoje está em voga. Só os mal-formados se arriscam a imaginar um deus dos bons a assistir a fazer meninos e meninas como quem tira água de um poço com uma bomba. Só os inimigos do Vaticano desejam que o Papa renegue a Bíblia e diga coisas sensatas.

Deus não dorme, pela simples razão de nunca ter existido, mas o Papa vela. Perante a heresia de um padre que nega o primeiro casal humano e as relações incestuosas a que Adão e Eva sofridamente se entregaram para aumentar a prole e, depois deles, os seus filhos, a única decisão santa era calá-lo, um hábito comum aos dignitários de todas as religiões.

Um destes dias o Vaticano vai mostrar ao mundo as folhas de parra de que Adão e Eva se esqueciam com frequência para que o mundo pudesse ter chegado a seis mil milhões de habitantes. A partir desse dia ninguém mais porá em dúvida o método de fabrico do primeiro casal humano. Era um método menos divertido do que o actual mas muito mais imaginativo.

22 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Vaticano – os milagres continuam

As fábricas das multinacionais umas vezes fecham, outras não. A fábrica dos milagres do Vaticano está em plena laboração depois de JP2 ter convertido a velha Prefeitura da Sagrada Congregação para a Causa do Santos numa moderna linha de montagem para criar santos e certificar milagres em série.

Em Portugal, há dias, foi presa uma cigana por tentar extorquir cinco mil euros por um milagre e, nem sequer, almejava a santidade. Não tinha o alvará exclusivo do Vaticano e o método artesanal, em vez de ser apreciado, conduziu-a à enxovia. Bons milagres são aqueles que têm a chancela papal e como artista um cadáver enterrado com a extrema-unção.

Depois da canonização de Santo Escrivá de Balaguer, o pouco recomendável admirador de Franco, fundador e gerente do Opus Dei, já está na forja a beatificação do gerente que o substituiu à frente dessa monumental empresa que gosta mais de dinheiro do que do diabo diz o Opus Dei a respeito das almas.

«O Tribunal da Prelazia do Opus Dei encerrou, no último dia 7 de Agosto, em Roma, a fase introdutória diocesana da Causa de Beatificação de Dom Álvaro del Portillo, sucessor de São Josemaría Escrivá de Balaguer» – anunciou Rádio Vaticano, a voz do pastor alemão B16.

Com tantos santos e milagres não se percebem as desgraças que vão pelo mundo.

21 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Açores – Falta mão de obra especializada

Este ano, pela primeira vez, desde 1966, não foi ordenado nenhum padre.

O bispo de Angra, Sr. António Sousa Braga, está preocupado com o futuro do negócio. Este facto põe em causa a renovação das 172 paróquias das várias ilhas.

20 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Crimes religiosos

A tragédia quotidiana de crimes com motivações religiosas não pára. Há quem, em nome do respeito pelo multiculturalismo e pela fé individual, contemporize com a fanatização de crianças, através da catequese, e de adultos com enraivecidas homilias.

As catequistas da minha infância incutiam nas crianças o ódio aos judeus, comunistas, maçons e ateus, ao mesmo tempo que, com inflamada piedade, dedicavam as orações a um reles ditador que apelidavam de salvador da Pátria e cujas funções atribuíam a um desígnio divino.

A experiência pessoal ensinou-me a estar atento à educação deletéria de todos os beatos, particularmente dos religiosos, e a recusar as escolas do crime, que visam o proselitismo e a perseguição às liberdades individuais.

As religiões são associações de fiéis, idênticas aos partidos políticos e a colectividades, sujeitas ao primado da lei e ao escrutínio dos tribunais. Não se lhes pode permitir que, em nome de Deus, combatam o Estado de direito e defendam o racismo, a xenofobia e a violência. Não se lhes pode tolerar o terrorismo e o desprezo pelos princípios que regem as sociedades civilizadas nem que se tornem organizações totalitárias.

Ontem foi cometido mais um atentado, na Argélia, contra uma escola superior militar. Morreram mais de quarenta pessoas, quase todas civis, vítimas de um suicida islâmico que conduziu um veículo com explosivos que atingiram um autocarro de passageiros e vários automóveis que ali circulavam.

Se um partido político fizesse a apologia terrorista contra os adversários era ilegalizado. Mas a religião gera cumplicidades e medos que lhe permitem aumentar o poder e tornar a sociedade e a civilização reféns de um deus violento, cruel, vingativo e esquizofrénico semelhante aos homens que o criaram em períodos tribais, bárbaros e patriarcais .

É tempo de pôr cobro à demência prosélita dos crentes fanatizados, julgando e punindo os pregadores do ódio.

18 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

O judaísmo e a liberdade

Por muito que custe a democratas de várias religiões, não há democracias confessionais. Quando o clero de qualquer credo domina o aparelho de Estado, a separação de poderes caduca e o poder discricionário é uma constante ao serviço de Deus e da opressão.

Há quem pense que a esquizofrenia da fé se resume aos celerados suicidas islâmicos, quem julgue que a violência contra a mulher e as liberdades individuais são apanágio dos regimes muçulmanos, que o ódio à carne de porco e ao álcool seja exclusivo do Corão.

Vale a pena recordar as homilias do Portugal salazarista contra a minissaia e o fato de banho, antes da invenção diabólica do biquíni e da perda de influência que a progressiva secularização trouxe.

Quem visitou o Vaticano na década de setenta sabe como os guardas do Papa vigiavam o corpo feminino e era aí próspero o negócio de aluguer de capas opacas para proteger a santidade do local e ocultar os joelhos e ombros nus das mulheres.

Polícias religiosas de vários Estados islâmicos obrigam as pessoas a abrir a boca para lhes espiarem o hálito e descobrirem transgressões à fé.

Seja qual for a religião, desde que detenha o poder, não consente liberdades individuais nem tolera o que diz serem transgressões à vontade do seu deus.

Não é novidade, para quem anda atento às malfeitorias da fé, que as patrulhas de judeus ortodoxos impõem a sua lei nas ruas de Israel. Um jovem de 19 anos, David Biton, foi agredido de forma selvagem porque se atreveu a dar um passeio, na última sexta-feira à noite, acompanhado por raparigas da sua idade, algo intolerável para os «guardiães do recato» que aterrorizam os habitantes de uma região da Cisjordânia onde vivem 40.000 colonos ultra-ortodoxos. Basta verem um rapaz e uma rapariga, nem que sejam irmãos, para ficarem nervosos.

Os decotes ou vestidos transparentes afligem Jeová de tal modo que imensos panfletos são distribuídos na cidade para que o decoro, tal como os extremistas o consideram, seja rigorosamente observado. Uma jovem, agora com medo de sair de casa, foi abordada por um desconhecido que lhe atirou ácido porque «a cara era demasiado bonita». O pecado da menina de 14 anos foi ter passeado de calções pela cidade.

Em Betar Illit há pessoas apavoradas. Fala-se de vínculos organizativos e financeiros entre os esbirros que zelam pela moralidade e a autarquia. O edil, Meir Rubenstein, um extremista ortodoxo, nega, mas é um homem que não cumprimenta as mulheres com um aperto de mão… para não se contaminar.

Estes dados, extraídos de uma reportagem de Ana Carbajosa, hoje publicada no El País, vêm acompanhados da denúncia de que o Estado central não costuma imiscuir-se em assuntos destas comunidades e que a polícia só actua em casos muito extremos.

Sem resistência, no judaísmo, tal como no cristianismo ou no islão, a religião acaba por capturar os direitos, liberdades e garantias que as democracias consagram.

18 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Candidatos à Presidência dos EUA confessam-se em público para ganharem votos

Nos EUA da América os dois candidatos a Presidente, Barack Obama e John McCain, marcaram presença num fórum televisionado para todo o país sobre fé e valores. Enquanto Barack Obama confessava publicamente que a sua maior falha teriam sido as drogas e o álcool, McCain lamentava a sua falha no primeiro casamento. O candidato democrata Obama manifestou o seu apoio ao direito ao aborto ou às uniões civis para o casais gays e lésbicos, enquanto o candidato republicano McCain referiu ser contra, o que está em sintonia com o que manda a chefia da Igreja Evangélica dos EUA.
Depois da confissão pública parece não terem sido obrigados a rezar qualquer oração para expiarem as “falhas”, como costumam fazer os “pecadores”… e a Igreja Evangélica permitiu essa falha ?
Esta ida ao confessionário público mostra-nos que os candidatos à Presidência dos EUA não sabem separar a Religião da Política e submetem-se ao controlo da Igreja Evangélica sobre o seu passado, como se fosse este a definir a política da Casa Branca no futuro. A religião deve ser um assunto individual e não ser matéria de Estado. O importante será informar os eleitores do que um candidato fará se chegar a Presidente.

a) kavkaz (Leitor habitual)

14 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

As alegrias do diabo

«Aquilo que as mulheres usam nos jogos Olímpicos é a pior roupa que é possível vestir. É uma invenção do Diabo (…), nunca as mulheres apareceram tão despidas como surgem nas Olimpíadas», fulminava segunda-feira um dos elementos da hierarquia religiosa saudita, Muhammad Al-Munajid, numa entrevista à televisão Al-Majd.

 

Para este clérigo não há dúvidas de que «a exposição do corpo feminino nesta escala global é uma grande alegria para Satanás».

 

Fonte: Diário de Notícias, hoje, pág. 41

13 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Fátima em crise

O alegado fracasso da peregrinação dos emigrantes não se pode atribuir à crise económica pois, como é sabido, a crise económica, a doença e a fome são os melhores ingredientes para relançar a fé.

A redução da clientela deve-se à falta de milagres e à praia, à melhoria dos níveis de instrução e ao cansaço das missas e das procissões, à secularização e à falta de padres que animem os supersticiosos a desfazerem-se dos cordões de ouro e de outros artefactos do vil metal.

É certo que a concorrência de Lourdes, onde o Vaticano vê uma oportunidade para combater a laicidade das instituições francesas, faz mossa na Cova da Iria. Acontece ainda que o comunismo, contra o qual se especializou o santuário de Fátima, deixou de ser uma ameaça e a República cujas leis levaram a Virgem a visitar o local e o Sol a fazer ginástica olímpica, ou seja, a Terra a dar cambalhotas para que o Sol parecesse andar a brincar com a Física, a República – dizia – é hoje uma realidade incontestável.

Fátima, vítima de um marketing obsoleto, com o Papa a beneficiar a com concorrência, arrisca-se a terminar como a Senhora da Nazaré, sem peregrinos, sem milagres e sem negócio.