6 de Dezembro, 2008 Carlos Esperança
Ataque à laicidade
A Ministra da Saúde anunciou hoje em Fátima um acordo com as Capelanias Hospitalares em relação à assistência espiritual e religiosa nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde.
A Ministra da Saúde anunciou hoje em Fátima um acordo com as Capelanias Hospitalares em relação à assistência espiritual e religiosa nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde.
Lisboa, 04 Dez (Lusa) – O Vaticano justificou hoje a não ratificação da Convenção das Nações Unidas sobre deficientes, em vigor desde Maio, com o facto de o documento apontar o aborto como um direito, noticiou hoje a agência Ecclesia.
Os muçulmanos de Bombaim também foram vítimas dos recentes atentados, cometidos em nome do islão, mas são obrigados a repudiar os ataques, receosos de que os partidos hindus explorem a situação nas ruas e nas urnas.
O aparecimento de células terroristas formadas por hindus é o trágico sinal do contágio que os monoteísmos levaram ao país onde o exemplo de Gandi deveria ser o paradigma.
Seria criminoso responsabilizar todos os muçulmanos pela carnificina provocada pelos terroristas, mas seria ingénuo absolver a mais ignóbil das religiões monoteístas que, a partir de um texto bárbaro da Idade do Bronze, deu origem às religiões do livro.
A triste ideia do arcanjo Gabriel a ditar o Corão, entre Medina e Meca, durante 20 anos, a um pastor analfabeto e violento, deu origem à arrojada ideologia terrorista.
O Islão é um monoteísmo intransigente a que Maomé juntou uma poderosa ideologia militar para a sua propagação. As pessoas politicamente correctas ignoram a Guerra dos Trinta Anos e a paz de Westfália, que deixaram a Europa libertar-se da tirania da Igreja católica, e envergonham-se de afirmar que o Islão é uma cópia grosseira do cristianismo que ignora a cultura grega e o direito romano.
É preciso defender os islamitas de si próprios e de uma religião imprópria, incapaz de reformar-se, inapta para aceitar a modernidade, a paz e a democracia. Não estão em causa os milhões de muçulmanos que respeitam a vida humana e são pacíficos, mas é urgente perder o preconceito de denunciar a violência criminosa que escorre das páginas do Corão e da literatura dos hadiths.
A jhiad é um «dever de todos os muçulmanos, sob qualquer governante, seja ele ímpio ou devoto». E a defesa dos direitos humanos é um imperativo ético contra qualquer ideologia, religiosa ou secular.
Com o aproximar da Semana dos Seminários (9 a 16 de Novembro), D. Manuel Felício, bispo da Guarda, escreveu uma carta à diocese onde pede: “Temos de continuar a semear com generosidade para termos os padres necessários à nossa Igreja Diocesana”.
Os seminários esvaziam-se onde a liberdade e o secularismo avançam. O seminário da Guarda foi um alfobre de padres até meados da década de sessenta do século passado, hoje é um cemitério de recordações pias com fotos antigas de bandos tonsurados. Então albergava largas centenas de aspirantes ao sacerdócio, hoje é uma escola reduzida a 20 alunos que as hormonas e a vergonha compelem à desistência.
Os bispos pedem orações a favor das vocações mas o céu, farto de preces, há muito que deixou de ouvir apelos beatos e as angústias dos bispos. Deus é um mito cada vez mais desacreditado e os padres uma relíquia que a tradição mantém ocupados com baptizados e funerais.
A religião criada por Paulo de Tarso – o catolicismo –, facção do judaísmo, menos ferozmente monoteísta e menos fechada, tornou-se instrumento do Império Romano com Constantino. Este déspota sanguinário, que se proclamou o 13.º apóstolo, incumbiu Eusébio de Cesareia de criar um corpo homogéneo entre 27 versões dos evangelhos, na primeira metade do séc. IV. Tal literatura serviu de base à crença que Teodósio declarou religião do Estado em 380, interditando os cultos pagãos.
A repressão contra outros cultos atingiu o auge com Justiniano que aprovou a legislação cristã contra a heterodoxia. Os cristãos tornaram-se opressores e, em 529, foi interdita a liberdade de consciência.
É a manutenção dessa intolerância que está hoje confiada aos padres, intolerância que as outras religiões monoteístas cultivam com acrescida crueldade, em especial o Islão, que continua imune à laicidade, tendo passado ao lado da cultura grega e do direito romano.
É auspicioso que os homens, já que as mulheres estão afastadas do poder nas religiões patriarcais, em vez de se sentirem felizes nos seus vestidinhos de seda e rendas, optem por viver de pé e recusem passar a vida de joelhos. Assim, os padres católicos são uma espécie em vias de extinção. Neste caso não há que defender a biodiversidade.
Roma, 1 dez (EFE) – O Vaticano condenou a proposta da França para exigir a descriminalização universal do homossexualismo às Nações Unidas, apresentada pelo país como atual ocupante da presidência rotativa da União Européia (UE).
ROMA – O papa Bento 16 fez uma homenagem no domingo ao pontífice da época do nazismo Pio 12, que está no centro de uma controvérsia com grupos judeus que o acusam de dar as costas ao Holocausto.
Por
Kavkaz
Um sacerdote da Igreja Ortodoxa russa, 67 anos, resolveu pendurar na sua igreja, nos arredores de St. Peterburgo, um ícone com a imagem de Estaline a ser abençoado por santa Matrona de Moscovo.
A notícia soou como um escândalo. Foi falado na televisão em todo o país. Chamaram-lhe de satanista, sectante e ameaçado de ser expulso da Igreja Ortodoxa (as ameaças já conhecidas das igrejas).
O sacerdote ao conhecer as reacções sentiu-se mal, perdeu os sentidos e foi hospitalizado. Ficou em estado de coma. Os médicos lutam para lhe salvar a vida.
Uma história de perseguição religiosa com mais uma vítima da religião!
CIDADE DO VATICANO – As leituras não bíblicas ou não autorizadas pelo Papa devem ser evitadas nas missas, afirmou nesta sexta-feira o cardeal Francis Arinze, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Por
Onofre Varela
Óscar Wilde disse: “Os homens da Igreja não pensam. Continuam a dizer aos 81 anos o mesmo que diziam aos 18”.
Lembrei-me desta frase bem humorada e plena de verdade irrefutável, ao ter conhecimento da organização de um debate subordinado ao tema “Ciência e Religião: uma relação (im)possível?”, organizada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a ter lugar na próxima 4ª feira (3 de Dezembro), pelas 21 horas, nas instalações da Faculdade, ao Campo Alegre.
A mesa redonda terá como moderadora a jornalista Sandra Inês Cruz, e como oradores os Professores Catedráticos Alexandre Quintanilha e António Amorim, o sacerdote Jesuíta Alfredo Dinis e o vice-presidente da Associação de Médicos Católicos António Sarmento.
É sempre de louvar e aplaudir a realização de iniciativas como esta, para que seja mais aberta a discussão e se possa, até, a partir dela, tirar o ateísmo (que está, inequivocamente, ao lado da Ciência) da sarjeta para onde as sociedades teístas o empurraram.
Devo dizer, no entanto, que o tema proposto para debate é recorrente e, em regra, o resultado final é um empate. O que não quer dizer que há 50% de razão para cada lado! É impossível dizer-se que Ciência e Mito estão ao mesmo nível! Mas o discurso académico dos religiosos é demasiado elástico e moldável e, no limite, o Homem criou Deus porque teve necessidade de um objecto deífico, e a própria religiosidade é alvo de estudo por várias disciplinas científicas. Esta verdadeira ligação da Religião à Ciência (e o facto de o Homem ser um animal religioso) pode ser a responsável pelo empate.
Tive conhecimento deste debate através da Associação Ateísta Portuguesa que foi contactada pelos organizadores no sentido de conseguirem a indicação de uma personalidade religiosa para participar nele. A minha primeira reacção a tal pedido foi anedótica porque considerei ser o mesmo que pedir à claque dos Dragões que indique um bom benfiquista!… Depois de me despojar do tom anedótico e encarar o caso com mais seriedade (não é que o humor não seja sério…) fiquei a pensar que, se em vez do título “Ciência e Religião” para o debate, a proposta fosse “Ateísmo e Religião”, os organizadores não iam conseguir sacerdotes que se sentassem junto de ateus e o debate não se realizava. Primeiro porque a frase de Óscar Wilde está cheia de actualidade. E depois porque (por isso mesmo), a Igreja não aceita participar numa mesa redonda com ateus, porque isso seria encarar a ideia da inexistência de Deus, o que, está bom de ver, nenhum bispo aceitará nem autoriza um sacerdote a fazê-lo.
E devo dizer que têm toda a razão! Se eu fosse frade franciscano faria o mesmo! A Igreja não pretende alimentar tal discussão porque o discurso dos ateus intervenientes podia acordar as mentes de alguns religiosos, e a Igreja pretende conservar essas mentes assim mesmo… adormecidas.
Esta minha ideia tem razão de ser e enquadro-a nestes dois exemplos:
1º – O programa “Herman Zap!” (que Herman José apresentou na RTP em 1996) fez comédia com a última ceia de Cristo, pelo que foi repudiado pela Igreja, e a Rádio Renascença promoveu uma petição no sentido de reivindicar a supressão do programa. Numa mesa redonda televisiva moderada pelo jornalista José Manuel Barata Feyo para debater aquele caso mediático, a Igreja recusou o convite, embora fosse ela (ou a sua rádio) que se manifestou contra Herman. O único padre presente no programa foi Frei Bento Domingues que teve o cuidado de referir estar ali particularmente e não em representação da Igreja.
(Ver desenvolvimento deste caso no meu livro “O Peter Pan Não Existe – Reflexões de um Ateu” editado pela Caminho em Janeiro de 2007.
Págs.188 a 191).
2º – Quando o Papa João Paulo II agonizava, fui convidado para participar numa conversa televisiva na RTPN, com os padres Mário Oliveira e Rui Osório, onde se discutia se o Papa deveria, ou não, renunciar ao cargo (tema perfeitamente desinteressante para um ateu!).
Na circunstância abordei a inexistência de Deus e Rui Osório quase que teve um colapso. Protestou pela minha intervenção e, numa atitude inédita, preparava-se para abandonar o programa. Sou amigo dele, ele foi meu chefe de redacção no Jornal de Notícias, e nunca o vi assim, tão alterado! Fiquei a pensar que a hierarquia lhe ía bater por ter aceitado participar numa discussão onde se negou Deus!… Ao contrário, o padre Mário Oliveira concordou comigo e acabou por dizer que os religiosos têm muito a aprender com os ateus. Talvez o dissesse porque já não tem nada a perder… a Igreja já o expulsou da instituição há muito tempo…
Salvo melhor análise, parece-me que estas atitudes provam a fuga da Igreja ao debate. Fuga que não pode ser mantida eternamente, e estou para ver as diferenças do discurso quando ela tiver, por força das circunstâncias, de sentar o cu fantasiosamente religioso, ao lado de outro cu realisticamente ateu.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.