25 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança
Ateus e falsos ateus (2)
As Igrejas têm um ror de prosélitos a defender-lhes as manhas e a publicitar as virtudes dos seus deuses. Têm gente à espera de bilhete para o Paraíso, capaz de dar a vida, própria e alheia, para ouvir as sinfonias que os padres prometem com o som de harpas tocadas por anjos.
Os crentes têm certezas sobre coisa nenhuma enquanto os ateus têm dúvidas sobre todas as coisas. Por isso, os crentes repetem tautologicamente as afirmações de que não têm provas enquanto os ateus duvidam de provas sem confirmação.
Os crentes são dados a rituais, suportam as genuflexões, inalam em êxtase os odores pios e acreditam que a água benta é diferente da outra. Os ateus têm a pituitária alérgica ao incenso e a pele avessa à água benta.
Mas há seres híbridos que, para defenderem as Igrejas e os seus dogmas, se dizem ateus para servirem de polícias da fé. Afirmam que os ateus não devem associar-se, que não têm o direito de criticar quem crê, que devem deixar à solta a mentira e o embuste.
Estes avençados do divino julgam que o ser imaginário lhes pagará a pia mentira com uma assoalhada para a alma, seja lá isso o que for, pelos bons serviços que julgam prestar ao negócio da fé e à indústria dos milagres.
Bem-aventurados os pobres de espírito.