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Categoria: Religiões

6 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Tolerância e insulto

A tolerância não é o forte das Igrejas nem uma tradição religiosa. Pelo contrário, são os interditos que moldam o espírito dos pastores e o ódio é o sentimento que habita as sotainas, a expressão do deus de há 6013 anos que alimenta os parasitas da fé.

A frequência com que os crentes se dizem insultados leva-nos a crer que é a vocação censória que os corrói. Os católicos sentem saudade dos autos de fé e do poder temporal dos papas. O Islão não desiste de impor ao mundo a repugnância pelo toucinho e o desprezo pelas mulheres nem que, para isso, tenha de recorrer ao terrorismo, enquanto os judeus das trancinhas agradecem a deus por não os ter feito mulheres.

Onde as religiões dominam o aparelho de Estado não há liberdade para descrer. Os beatos que se dizem insultados sempre que os ateus abrem a boca não imaginam que igual sentimento deveriam sentir os ateus quando ouvem um bispo, rabino ou mullah.

O clero sente-se insultado com as descobertas científicas e indigna-se com a liberdade. Não aceita que cada um escolha a mentira de que gosta ou a verdade que prefere.

O autocarro ateísta é um espinho cravado no coração dos que se conformam com a ameaça do Inferno e não aprovam mensagens que libertam. Não percebo que a dúvida ofenda quem quer impor as suas certezas.

Um homem, qualquer homem, vale mais do que qualquer deus ou do que todos os deuses juntos.

Eu seria incapaz de insultar alguém com a ameaça de lhe desabençoar a água benta ou de lhe misturar água no vinho das galhetas mas não faltam os que me ofendem com a ameaça de rezarem por mim.

5 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

Bispo católico processado na Alemanha

O bispo católico tradicionalista Richard Williamson, recentemente re-incomungado por Ratzinger, vai ser processado judicialmente, na Alemanha, por «incitação ao ódio racial» e por negação do «Holocausto». A pena máxima para estes crimes é de cinco anos de prisão. Simultaneamente, há rumores de que o governo argentino, incomodado com a presença de Williamson no seu país, prepara também uma acção judicial.

Pessoalmente, sou contrário a leis que penalizem o mero discurso, mesmo que fascista e factualmente errado, como é o caso. No entanto, concedo que na Alemanha o negacionismo, particularmente quando vindo da ICAR, possa colocar um problema de ordem pública.

Hipocritamente, Ratzinger e os seus insistem que «não sabiam» do anti-semitismo de Williamson antes da divulgação da famosa entrevista à televisão sueca. Há razões para duvidar, quanto mais não seja porque as diatribes de Williamson encontram-se pela internet, quer defendendo que os judeus têm «vocação para o domínio mundial», e que as «nações ex-cristãs» só devem «culpar o seu próprio Liberalismo por permitirem a livre circulação na Cristandade aos inimigos de Cristo» (os judeus), quer garantindo a autenticidade dos «Protocolos dos Sábios de Sião», quer ainda rejeitando a liberdade religiosa, quer considerando Ratzinger (em 1999) um «inimigo terrível da Igreja Católica» (em quem não se podia «confiar»), quer recomendando que as mulheres não vão à universidade, quer contra a mistura de sexos nas escolas, quer argumentando que a ICAR mentiu sobre o «terceiro segredo de Fátima», quer dizendo que o 11 de setembro foi orquestrado pelo governo dos EUA. Portanto, não acredito que B16 não conhecesse a fera que voltava ao redil.

Embora a imprensa refira os dislates negacionistas de Williamson, tem-se abstido de evidenciar que entre os lefebvristas há quem defenda que a a Inquisição «deve ser reabilitada», e que os católicos «não têm nada de que se envergonhar no trabalho passado deste santo tribunal». Seria interessante que os jornalistas portugueses confrontassem a ICAR portuguesa (incluindo os seus lefebvristas) com estas (e outras) tomadas de posição.

Note-se ainda que um teólogo católico abandonou a ICAR em protesto contra a decisão papal de levantar a excomunhão aos lefebvristas, que qualifica de «grupo extremamente reacionário e profundamente anti-semita que simpatiza com ditadores e regimes direitistas». Um protesto usando a táctica oposta foi feito por um grupo católico que ordenou mulheres sacerdotisas («padresas»?), que pediu também a sua desexcomunhão. Não creio que as católicas feministas tenham o mesmo acolhimento caloroso que Ratzinger proporcionou aos fascistas da Sociedade Pio X. E do lado dos «católicos progressistas» portugueses houve-se um ensurdecedor silêncio.

Refira-se finalmente que os membros do grupo ex-cismático são claros quanto aos seus propósitos: «temos a intenção de converter Roma, isto é, trazer o Vaticano para as nossas posições». Trata-se de um regresso entendido por quem regressa como uma reconquista. Nada, repita-se, que o Diário Ateísta não tivesse previsto já em 2005. À época, os católicos insultaram-nos. Afinal, tinhamos razão.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

5 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

ICAR e obscurantismo

Basta pesquisar na NET para ver como se envergonhavam do cardeal Ratzinger os católicos que acusavam o Diário Ateísta de serem tratados como se fossem iguais a ele. Era com desprezo que se referiam ao censor anacrónico, envergonhados da imagem que transmitia da sua fé.

Aconteceu que a pomba e o Opus Dei lhe impuseram a tiara e o camauro quando lhe deviam dar a reforma. Não viram no frio pastor alemão a raiva que o corroía, o ódio que acalentava e a saudade que sentia do poder temporal dos papas.

Este papa, Ratzinger de seu nome, com o pseudónimo de Bento 16, é capaz de ir ao Inferno buscar o bispo Lefebvre para onde a excomunhão – se alguém acreditasse na alma e em excomunhões –, o devia ter enviado, e devolvê-lo ao Paraíso enquanto lhe encomenda um milagre para o colocar nos altares da tenebrosa seita que fundou.

Não se pense, porém, que foi o nazismo que o moldou, que o converteu no feroz anti-semita que cria e reabilita bispos que negam o Holocausto e semeiam a superstição. B16 é um intelectual que conhece a história da ICAR e descobriu na Bíblia o apoio para o seu anti-semitismo, a mesma Bíblia que deu origem ao cristianismo e à demência da ideologia nazi.

B16 sabe que Cristo era judeu e viveu dos milagres e da pregação – ocupação frequente naquele tempo. Sabe que foi Paulo de Tarso que fez a cisão do judaísmo e que, como todos os trânsfugas, se virou contra o judaísmo. O cristianismo transformou o assunto interno do judaísmo numa tragédia deicida que fomenta o ódio e o racismo.

Adenda: Este padre não foi excomungado.

5 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Intolerância religiosa

Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]

A igreja católica espanhola condenou como “blasfémia” e “ofensa à liberdade religiosa” a campanha publicitária de algumas associações ateias, que consiste num cartaz nos autocarros públicos, a dizer que “provavelmente Deus não existe”.

Decididamente, continua a haver sectores católicos ultraconservadores que não aceitam que a liberdade religiosa não consiste somente no direito de ter religião e de exaltar Deus, mas também no direito de não ser crente e de contestar a existência de Deus. Mal para eles: o espaço público deixou definitivamente de ser um monopólio religioso.

In Causa Nossa

4 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Vaticano – Dono da ética

ROMA – O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella, condenou a decisão da justiça italiana de permitir a interrupção da alimentação artificial de Eluana Englaro e ratificou que “estamos diante de um caso de eutanásia em todos os efeitos”.

Comentário: Como Estado totalitário o Vaticano não se limita a impor a sua vontade aos crentes, quer decidir sobre a consciência dos outros.

4 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O que é a teologia?

A palavra teologia acompanha na formação outras que designam ciências como, por exemplo, a fisiologia, a geologia ou a biologia, mas, ao contrário destas, falta-lhe o método e o objecto para ser ciência.

Assim, a teologia é uma ciência sobre coisa nenhuma ou, na melhor hipótese, um capítulo da mitologia. No entanto, há licenciaturas e doutoramentos no ramo, gente que vive desse saber exotérico que mais parece um curso de marketing para a promoção de deus.

Um biólogo é biólogo, ponto final. Já um teólogo é cristão, católico, muçulmano judeu ou outra coisa qualquer. A teologia é uma espécie de licença para interpretar o que dizem os livros da CRC (Conservatória do Registo Celeste).

Há teólogos perigosos que levam a sério o livro de serviço da sua religião mas também há pessoas de bem que passam o tempo a dizer que os livros não dizem o que realmente dizem. Infelizmente os primeiros estão na moda.

2 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O Vaticano, os lefebvrianos e o anti-semitismo

Ao reintegrar os seguidores do bispo tradicionalista Marcel Lefebvre na Igreja Católica, o papa Bento 16 reabilitou um movimento com posições anti-semitas e antidemocráticas, cujo centro espiritual fica na Siuça.

Comentário do DA: Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Actos dos Apóstolos têm, na contabilidade de Daniel Jonah Goldhagen (in A Igreja católica e o Holocausto) cerca de 450 versículos explicitamente anti-semitas, «mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».