14 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança
Tentativa de salvar o negócio
“O papa comete um erro após o outro”
Teólogo e ex-colega de Bento XVI na universidade, o padre diz que o pontífice se cercou de pessoas que não o questionam.
“O papa comete um erro após o outro”
Teólogo e ex-colega de Bento XVI na universidade, o padre diz que o pontífice se cercou de pessoas que não o questionam.
(…) Talvez mal aconselhado ou porque a Cúria lhe sonegou informação, Bento XVI acabou, de qualquer forma, por provocar um incêndio que contribui para maior descredibilização da Igreja.
Neste contexto, o teólogo Hans Küng, pensando em Obama que, após Bush, abriu os Estados Unidos e o mundo a uma nova esperança, reconhece que na Igreja Católica as coisas são diferentes, “vendo muitos o Papa Bento XVI como outro Bush”.
O teólogo brasileiro Leonardo Boff, ex-colega de Joseph Ratzinger, classificou o Papa como “politicamente desastrado” e um “pastor medíocre” pela forma como geriu as declarações de bispos católicos sobre o Holocausto.
Hoje todos criticam o Papa. Dizem que é fascista e um anti-semita primário que envergonha a ICAR.
Além de injustos revelam vontade de reabilitar a Igreja, como se a vergonha do presente pudesse fazer esquecer a do passado. O Papa apenas interpreta, bem, uns livros hediondos – os Evangelhos.
As pessoas esquecem que a dissidência de Paulo de Tarso do judaísmo trouxe o anti-semitismo extremista do trânsfuga e o ódio implacável do prosélito.
Há quem, tal como o teólogo brasileiro, não se conforme com a manutenção do racismo e da xenofobia comuns a todas as religiões do livro. São pessoas estimáveis e não passam disso, apesar da sua inteligência, cultura e humanidade. Passam o tempo a dizer que a Bíblia não diz o que claramente diz, sem coragem para renegarem os livros de que a sua religião se reclama.
B16 tem razão. Os bispos, padres e crentes, discípulos do defunto e amaldiçoado monsenhor Lefebvre, são os verdadeiros seguidores cristãos. Os tolerantes, manchados pela modernidade e defensores da democracia, são apenas os hereges que o Vaticano II acolheu.
B16 não é obrigado a crer em deus, seria até admirável que cresse, à semelhança do seu supersticioso antecessor, mas cabe-lhe defender os horríveis livros que sustentam o negócio da fé. Quem desconfia da Bíblia, acaba a duvidar do martírio de deus.
HILLA, Iraque (AFP) — Trinta e duas pessoas, na sua maioria mulheres e crianças que seguiam em peregrinação para a cidade santa xiita de Kerbala, sul do Iraque, morreram nesta sexta-feira num atentado executado por uma mulher.
1 – Para os trogloditas da fé, os infiéis não são apenas os que têm um deus diferente mas os que se reclamam de um ramo familiar diferente do profeta;
2 – No islão a emancipação da mulher, a igualdade em relação aos homens, começa pelo martírio, no suicídio e no assassinato. Mau começo.
Os leitores hão-de compreender que um sexagenário não pudesse, por razões de saúde, aguentar a Vida Privada de Salazar, apresentada pela SIC. Não mo permitiu a tensão e o pudor mas, do que vi, tratava-se de homem de paixões à espera do tálamo e do coito e, do que sei, o tálamo foi o País e do coito sem mulher todos fomos vítimas.
O macho ibérico com cio foi a caricatura do biltre misógino.
Ainda vi o ar dengoso do antigo seminarista a salivar desejos. Resisti à viagem fatal aos recônditos femininos, às transfusões de saliva e à pressa de percorrer os corpos.
Salazar foi certamente o Presidente do Conselho enviado pela Providência – segundo a Irmã Lúcia disse ao Cardeal Cerejeira –, sem se perceber o que terão feito os portugueses para merecerem tamanho castigo. Não, não era ele que controlava a PIDE, apenas era partidário de uns safanões dados a tempo, por prevenção e pedagogia.
Enquanto em Timor, Angola e Cabo Verde torturavam os adversários é de crer que o mariola estivesse a ferver de desejos em S. Bento; quando na rua dos Lusíadas foi assassinado o escultor Dias Coelho o ditador estaria a tomar banho depois da cópula; se o Rosa Casaco tinha ido à caça do general Humberto Delgado, como se de um coelho se tratasse, ele fazia o que os coelhos também sabem, no lupanar de S. Bento.
Enquanto a guerra colonial consumia jovens e devolvia estropiados o ditador tinha as botas à entrada do quarto e fazia amor. Não faria amor, que é um acto a exigir sentimento e humanidade, ninguém dá o que não tem, apenas podia servir-se e aliviar.
A guerra em que andei não existiu, são coisas de velho, rancores inexplicáveis, uma falsa memória de quem inventou palavras, Tarrafal, S. Nicolau, Aljube, Caxias e Peniche. Não houve queimadelas de cigarros, estátua, torturas, pancada, tudo criações de comunistas e afins, degredo, fome, prisões e tribunais plenários. Não. Enquanto os inimigos da Pátria, a soldo de Moscovo perpetravam crimes infames, vis e cavilosos, o ditador saltitou de fenda em fenda até sucumbir numa fenda enorme – uma banheira – a metáfora oportuna para o cio que o corroeu.
E, assim, se vão criando condições para a amnésia colectiva.
Ratzinger conhecia a Fraternidade São Pio X e os seus (ir)responsáveis bispos, quanto mais não fosse porque foi ele próprio que, há duas décadas e enquanto prefeito da «Congregação para a Doutrina da Fé», tentou impedir o afastamento destes católicos tradicionalistas. Sabia portanto o que estava a fazer. Pode não ter adivinhado todas as consequências, mas sabia quem eram, e o que pensam, as ovelhas que voltariam ao redil.
Portanto, a verdadeira questão é o porquê destas re-comunhões. A resposta mais óbvia é que considera os católicos tradicionalistas parte da sua ICAR, da igreja que imagina e que deseja. E as opiniões políticas e históricas dos lefebvristas, provavelmente, não o chocam intimamente por aí além. Outra resposta é que Ratzinger deseja criar um contrapeso aos «católicos progressistas». E está a consegui-lo. Por compreender isto, Hans Kung pede a demissão do Papa e Leonardo Boff chama-lhe «pastor medíocre» e «politicamente desastrado», e sugere também o afastamento de Ratzinger. Para azar deles, Ratzinger parece preferir uma ICAR mais pequena mas mais coesa.
Nota final: Williamson não é o único anti-semita dos bispos reintegrados. Outro desses bispos, Tissier de Mallerais, já proclamou que «os judeus são os mais activos artesãos da vinda do anti-Cristo». Esse mesmo Mallerais já anunciou a intenção dos lefebvristas de «converter Roma». (E o próprio Lefebvre era crente no «complô judaico-maçónico-comunista».)
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
B16 não compartilha, no entanto, do evolucionismo radical. Em visita à Alemanha em Setembro de 2006, criticou o que chamou de “essa parte da ciência que se empenha em buscar uma explicação ao mundo na qual Deus é supérfluo”.
Joseph Ratzinger considerou na ocasião “irracionais” as teorias que consideram a existência da humanidade um “resultado do acaso” e destacou que, para os cristãos, “Deus é o criador do céu e da terra e que para entender a origem do mundo é preciso ter Deus como ponto de referência”.
Desde o Concílio Vaticano 2º que a ICAR aceita a laicidade no sentido da autonomia «administrativa» do Estado perante as igrejas (mas só porque insistimos muito, mesmo muito, durante séculos) mas, todavia, continua sem aceitar a laicidade no sentido da autonomia ética da sociedade perante a cultura cristã. Os mais mediáticos dos conflitos contemporâneos entre política e religião, da legalização da IVG aos casamentos entre homossexuais, têm aqui a sua origem.
A laicidade, ao contrário do que argumentam equivocadamente os clericais, não é simples «autonomia administrativa», ou seja, separação entre registo civil e ficheiros canónicos, entre poder democrático e cargos de nomeação do Vaticano, entre receitas públicas e remunerações do clero. É também a distinção entre regras legais para todos, e conceitos morais para os que são religiosos.
A ICAR tem todo o direito de não casar homossexuais. Tem também o direito de os excomungar. Já duvido de que tenha o direito de despedir alguém a quem pague salário – por esse alguém ser homossexual.
A laicidade garante a liberdade de expressão para todos. Até para os que gostariam de a restringir, ou que a ela se opuseram historicamente. A ICAR pode portanto bradar contra os casamentos entre homens, ou entre mulheres, ou entre pessoas estéreis. Está no seu direito. Como nós estamos no nosso ao criticar os argumentos apresentados e a sua fundamentação. Por exemplo, que «detrimento» resulta para as famílias existentes do reconhecer-se novos tipos (legais) de família? Ou qual será o prejuízo para a «crise» de uma medida legislativa que cria novas famílias? Ou ainda, porque será a «família homossexual» mais «antropologicamente errada» do que o celibato? Finalmente, será que não compreendem que o que se deve mesmo dizer às novas gerações é que «sejam o que quiserem»?
Evidentemente, tudo isto me parece pouco relevante. Apesar de se anunciarem indicações de voto especificando os partidos políticos «catolicamente correctos», já vai sendo tempo de ignorar a ICAR nestes debates. Nos dois referendos sobre a IVG, mostraram a sua inigualável capacidade de envenenar o debate público com panfletos terroristas, imagens sanguinolentas, manipulação de crianças, abuso das plataformas públicas que lhes oferecem (geralmente, para outras finalidades) e, não esquecer, as atoardas sobre as famigeradas «leis naturais». Querem fazê-lo em eleições legislativas? Se sim, convém recordar que há limites legais às intervenções de sacerdotes em campanhas eleitorais. Mas o melhor é mesmo arredarem, porque já não há pachorra.
A terminar, não posso deixar de registar como uma novidade positiva as declarações de dirigentes do PS sobre este assunto. Não vi a mesma clareza aquando dos referendos à IVG. Só falta que Pedro Silva Pereira diga que a ICAR não deve meter o bedelho nesta questão. Mas não deve tardar, penso eu…
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
Madrid, 09 Fev (Lusa) — José Samarago aproveita a recente visita a Espanha do secretário de Estado do Vaticano para, no seu blog, criticar o que considera ser a “displicência com que o papa e a sua gente tratam o governo” espanhol.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.