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Categoria: Religiões

19 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

A fraude do Iraque e o Iraque das fraudes

Na impossibilidade de levar a julgamento os crentes que, nas Lajes, traíram a verdade, o direito e a ética, para executarem o plano gizado previamente pela dupla Bush/Dick Cheney, o desprezo seria o lenitivo para a raiva e o nojo que sentimos, mas os efeitos colaterais não nos deixam em paz.

A ditadura de Saddam, ao contrário das outras da região, era a única que tinha um cristão ministro e garantia o carácter laico do Estado. Judeus e cristãos suportavam a ditadura mas não eram molestados por causa das crenças. Agora já são residuais e estão condenados a desaparecer com a saída das tropas de ocupação.

Destruído o país, após a matança que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino terrorista e o Irão emergiu como potência islâmica e nuclear.

Da promessa de democratização, usada para consumo da opinião pública, não mais se ouviu falar. Aparecem referências à nova Constituição que integra o Islão que, como toda a gente sabe, estima igualmente a democracia e a carne de porco.

A ordem que Bush recebeu, de deus, saldou-se num  crime contra a humanidade, onde não faltaram a tortura, prisões arbitrárias e a destruição maciça de um país soberano.

Bush, desonrado, regressou ao Texas onde pode agora voltar ao álcool e à oração; Blair converteu-se ao catolicismo e aos negócios; Aznar anda por aí a dizer inanidades e ao serviço do Opus dei; só Barroso ainda flutua à espera de que a Constituição europeia mencione o cristianismo. Os outros cúmplices desapareceram e só Berlusconi está no Governo para escapar à prisão e encantar ao Papa.

A infâmia da agressão ao Iraque tem sido denunciada mas faltava  ainda a mãe de todas as torpezas, a mãe de todas as corrupções, a mãe de todas as pulhices, depois de Saddam ter perdido a mãe de todas as batalhas: EUA alvo de inquérito por corrupção no Iraque.

A denúncia feita pelo The New York Times, considera que o dinheiro desaparecido pode ultrapassar 50 mil milhões de dólares e que o valor real pode nunca ser esclarecido.

Que outro epitáfio para a catastrófica administração de um fanático evangélico?

18 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Saraiva Martins e os «anormais». Opinião de um leitor

Por

José Moreira

Ontem à noite 2009/02/17, o cardeal Saraiva Martins declarou, na Figueira da Foz, que a homossexualidade não é normal. Não discuto esse assunto com sua excelência reverendíssima. Estou certo de que sabe, acerca disso, infinitamente mais do que eu. Tem obrigação disso, aliás. De acordo com notícias que têm vindo a lume, estará mais próximo do que eu de casos que envolvem homossexualidade e pedofilia. Mas noto um ligeiro avanço das posições da Igreja: já não disse que ser homossexual é uma opção… Apenas foi dizendo que é uma “anormalidade”. Será…
Mas o cardeal vai mais longe ao dizer que Deus criou homem e mulher e que, portanto, assim é que as coisas serão normais. Lindo. E como todos sabemos que tudo o que a a Bíblia diz está cientificamente comprovado, não há que duvidar. Aliás, de vez em quando encontram-se pessoas com aspecto de terracota, prova inequívoca da sua origem: o barro. Só que o senhor cardeal não criou Adão e Eva defeituosos, com cancro, etc. E todos sabemos de crianças que nascem defeituosas, com tumores cerebrais e com outras doenças. Serão, também, “anormais”? Deveremos discriminá-las?

O cardeal estava particularmente inspirado, ontem. Pois até «defendeu como situação “ideal” uma colaboração sincera entre a Igreja e o Estado “na formulação de certas leis”, como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo.» “na ‘mouche’! Eu acho que esse tipo de saudosismo dum passado ainda muito recente só lhe fica bem. Ai, os bons tempos em que Salazar não legislava sem ouvir o seu particular amigo Cerejeira… Mas olhe, senhor cardeal, esses tempos já lá vão. Talvez um dia voltem, sei lá… Provavelmente essa “colaboração sincera” signifique que os diversos estados também tenham uma palavra a dizer nas decisões da Igreja. Sim, porque a Igreja também faz as suas leis, não é verdade? e os estados são chamados a colaborar? Ou a colaboração entre a Igreja e o Estado é só quando interessa à igreja?

Já agora, eu pergunto: será que a (provável) lei que aceita o casamento homossexual vai obrigar a Igreja a celebrar esses casamentos? Certamente que não! Então, a Igreja tem toda a liberdade para NÃO celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Se o Estado quiser fazê-lo, o que tem a Igreja a ver com isso?

Já agora, uma outra pergunta: será que os/as homossexuais são todos ateus? Olhe que não, senhor cardeal, olhe que não. Há muitos que são católicos.

Isso, senhor cardeal, ser homossexual católico, é que não é normal.

18 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

ICAR – Regresso ao passado

Não foi só a missa que regressou ao latim e os bispos fascistas ao seio da Igreja católica. É a agenda conservadora e obscurantista que está de volta pela mão de Bento 16 e sob o patrocínio do Opus Dei.

Os anúncios, em quadros de avisos e sites de igrejas, foram recebidos com entusiasmo por alguns e cautela por outros. Mas certo, certo, é que voltam em força, ao mercado, as velhas indulgências que escandalizaram Lutero.

Também regressa a arma medieval – a confissão –  que permitia à Igreja policiar as almas e controlar a sociedade embora nunca tenha sido abandonada. Os crentes é que se afastaram.

Bento 16 não desiste de uma certa forma de proselitismo. O apelo à confissão, feito no último Domingo, é disso a prova:  Os pecados que cometemos “distanciam-nos de Deus, e se não são confessados humildemente confiando na misericórdia divina, chegam até mesmo a produzir a morte da alma”. Cá está a ameaça do Inferno, o medo como veículo da fé, a confissão como detergente do pecado. (Ver os dois últimos posts).

A insistência nos milagres é mais uma manifestação do obscurantismo a que os dois últimos pontificados regressaram. Nuno Álvares Pereira vai ser canonizado com o ridículo da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina, olho queimado com óleo de fritar peixe. «Urbano II fez uma excepção para quem há mais de 200 anos era prestado culto e reconhecido, pelo povo, a santidade», excepção que D. José Policarpo, bispo e cardeal-patriarca de Lisboa, tinha já confirmado aplicar-se-lhe, quando o processo foi reaberto a 13 de Julho de 2004, afastando o ridículo e a galhofa. Mas este Papa não tolerou a canonização administrativa.

Faz mais o papa pela descrença do que todas as associações ateístas.

18 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Indulgências de novo à venda

Os anúncios, em quadros de avisos e sites de igrejas, foram recebidos com entusiasmo por alguns e cautela por outros. Mas, em termos gerais, uma imensa geração de católicos romanos os ignorou por não fazer idéia do que significava o título “bispo anuncia indulgências plenárias”.

Nos últimos meses, dioceses de todo o mundo vêm oferecendo aos católicos um benefício espiritual que havia saído de moda décadas atrás – indulgências, uma forma de amnistia para as punições que os aguardariam no Além.

Isso serve como lembrete sobre o poder da Igreja para mitigar as consequências do pecado.

Comentário: É o regresso ao obscurantismo.

17 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

Enquanto o teólogo Hans Küng afirma que o Papa comete um erro após o outro, os judeus temem que regresse ao anti-semitismo do Novo Testamento, a senhora Merkel se sobressalta e a comunicação social de todo o mundo anatematiza o velho prefeito da Sagrada Congregação da Fé, ex-Santo Ofício, aparece finalmente um irredutível devoto.

João César das Neves (JCN), na sua habitual homilia no DN, vem em socorro de Rätzinger que sofreu com a excomunhão de monsenhor Lefebvre e dos seus sequazes e que, ao tempo, a quis evitar.

JCN tem direito a defender o Papa, sendo certo que o defenderia se ele actuasse ao contrário do que tem feito, porque se move pela devoção, procura a salvação da alma em vez da análise e confunde a fé com a verdade. Para o devoto era-lhe indiferente que, para reintegrar bispos racistas e xenófobos, o Papa tivesse regressado à missa em latim ou a impusesse em aramaico.

Não é o bispo fascista Richard Williamson que está em causa – como afirma –, é o chefe da Igreja católica que o reintegrou não podendo desconhecer as suas reiteradas manifestações negacionistas e anti-semitas. Não cessaram os motivos da excomunhão nem se alterou a conduta extremista dos membros da  Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Segundo JCN «A Igreja (…)  procura reconciliar-se com todos os que ao longo dos séculos foram abandonando a comunhão católica», mas esquece os progressistas que a própria Igreja silenciou ou a quem interditou o múnus bem como o facto de ser o cristianismo uma cisão do judaísmo.

S. João Crisóstomo considerava bordéis as sinagogas e o imperador Constantino odioso o povo judeu. Não foram os nazis os primeiros a instituírem o gueto e a obrigarem os judeus ao uso de um distintivo amarelo. Coube ao Papa Paulo IV, no séc. XVI, essa infâmia.

Bento 16 precisava bem de demarcar-se do anti-semitismo, pela origem do seu nascimento, a circunstância da sua adolescência e a tradição da sua fé.

E não o fez.

Por muito que custe a JCN.

16 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Ainda há quem o ature?

Cidade do Vaticano, 15 Fev. (EFE).- O papa Bento XVI incentivou hoje os fiéis, em seu discurso prévio à oração do Angelus dominical, a confessarem seus pecados, porque, caso contrário, ocorre “a morte da alma” . (Leia mais)

15 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Carta aberta a Galileu Galilei

“Eppur si muove!”

Galileu, hoje é o teu dia de anos. Na sabedoria dos teus 445 anos deves agradecer ao Papa a missa com que celebra o teu aniversário. Não sejas ingrato, repara bem, é a primeira a que tens direito em séculos de defunção, é de borla e talvez em latim para não atrapalhar o teu entendimento com o italiano moderno. E é missa solene, daquelas que só se rezam por mortos poderosos.

Foste um felizardo, Galileu Galilei, não foste queimado vivo como Giordano Bruno que também escreveu heresias e a quem ainda querem derrubar a estátua. Não, eu não falei da estátua, daquela horrível tortura a que o Santo Ofício, a PIDE e outras polícias recorriam, referia-me à figura inteira, em pleno relevo, que representa um homem, pode ser em bronze, granito, terracota ou mármore, sim, ou dessas que o Santo Ofício usava para queimar quando lhe fugia o herege.

Eu sei que não sabes, como pode um cadáver saber, mas 350 anos depois da morte, o teu processo foi reaberto e bastaram sete anos para te reabilitarem. Hoje a Terra já é redonda, mesmo para o Vaticano, e gira, mesmo com este Papa, e passas a ter uma estátua nos jardins do Vaticano. Não digas que não é grande a misericórdia dos ungidos do Senhor!

Já lá vão dez anos depois de te absolverem e tu, desagradecido, não curas um cancro a uma freira nem a moléstia da pele a um médico do Opus Dei, és um ingrato, podias frequentar os altares, não faltaria quem te rubricasse o prodígio nem um padre postulador para te elevar à santidade, podias até virar colega de S. José Maria Escrivà.

Não rias, é vulgar importar do Inferno um excomungado e exportá-lo para o Paraíso. A agência de viagens celeste faz mudanças, não calculas como evoluíram os transportes, o ex-prefeito da Sagrada Congregação da Fé, como agora se designa o santo Ofício, é o Papa e já nomeou uma escolta para transferir Monsenhor Lefebvre.

Hoje, Galileu Galilei, já não há incompatibilidade entre a ciência e a fé, esta é que ainda abomina a primeira, mas já se sabe que deus, na sua infinita sabedoria, no desenho inteligente que concebeu no estirador celeste, andou a espalhar fósseis para pôr à prova os que duvidam que, há exactamente 6013 anos, criou do barro Adão e Eva e do nada fez todas as coisas.

Galileu Galilei, larga o túmulo e, da tua Florença, corre a Roma e agradece ao papa a missa solene e a estátua e diz-lhe que há 367 anos que deixaste de incomodar a fé com as tuas heresias e que, nunca mais, farás uma descoberta que prejudique o brilho da tiara e o conforto do camauro.

15 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O Islão é tolerante

Duas décadas após a sentença do ayatollah Khomeini contra Salman Rushdie, o Diário de Notícias (site inexistente) foi entrevistar um muçulmano moderado, tradutor e poeta, António Barahona , convertido ao islamismo, em Moçambique, há quarenta anos.

«Rushdie quis o escândalo de uma forma perversa» – diz este paladino da fé que, na altura, provocou escândalo por, de certo modo, ter justificado a «fatwa», termo da jurisprudência islâmica onde o Código Penal e o Código do Processo Penal são inúteis porque a lei é a vontade de Maomé aplicada pelos aiatolas.

Para quem tem ilusões sobre o carácter perverso do Islão, vale a pena ler duas das 5 respostas de António Barahona.

Liberdade de expressão, o que é isso?