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Categoria: Religiões

13 de Março, 2009 Ricardo Alves

Ratzinger afirma-se info-excluído. Acredite quem tiver fé…

Sobre o caso Williamson, o Papa dos católicos explica-se assim:

  • «Disseram-me que o acompanhar com atenção as notícias ao nosso alcance na internet teria permitido chegar tempestivamente ao conhecimento do problema. Fica-me a lição de que, para o futuro, na Santa Sé deveremos prestar mais atenção a esta fonte de notícias

Portanto, quer convencer-nos de que, no Vaticano, ninguém tem acesso à internet. Os seus assessores só usam os computadores para escrever cartas e fazer tabelas de contabilidade. Não há empresas de telecomunicações que lhes façam contratos, muito menos rede sem fios em toda a «cidade» do Vaticano. Não há agências noticiosas do Vaticano na internet. O site do Vaticano deve ser pirata. O canal do Vaticano no youtube é no gozo. O do twitter também não existe.

Enfim, admito que Ratzinger seja info-excluído. Mas tentar convencer-nos de que não sabia nada sobre o extremismo político-religioso dos lefebvristas (que conhece há pelo menos 20 anos), e que ninguém em toda a Praça de S. Pedro e arredores usa a internet para se informar sobre religião, é tomar-nos por parvos.

13 de Março, 2009 Carlos Esperança

Beato Carlos Encarnação e a toponímia

Já bastava a Coimbra que o pio edil Carlos Encarnação, desnorteado pela fé, tivesse crismado a Ponte Europa com o nome de uma rainha milagreira e santa, sobrinha-neta de outra, também Isabel e santa, húngara e pioneira no mesmo milagre.

A dificuldade da administração autárquica virou-o para a gestão toponímica. Rua a rua, beco a beco, onde pensa que arranca um voto, atira um nome novo à placa toponímica. É uma forma de conquistar votos à custa das paredes das casas e das ruas de Coimbra.

Nem a Irmã Lúcia poupou à fúria com que crisma piamente as artérias da cidade. Não deu, sequer, tempo à freira para se afirmar no ramo dos milagres, para a deixar prestar provas de beata e santa, arriscando-se a tornar obsoleta a placa onde a bem-aventurada ostenta, provisoriamente, apenas a profissão, o nome e, entre parêntesis, o hobby: «Rua Irmã Lúcia (Vidente de Fátima)».

Talvez para fazer o desmame da água benta e uma curta trégua ao incenso, resolveu agora o bem-aventurado Carlos Encarnação optar por um nome profano e dar folga à onda de santidade a que tem o nome associado. É o caso da Rua Maria José Maurício, ontem prometida aos microfones do Rádio Clube português.

Para os leitores do Ponte Europa aqui fica a biografia da homenageada: Era estudante de engenharia, tinha 20 anos e foi assassinada, por motivos passionais, num acto de demência, pelo antigo namorado.

Segundo Carlos Encarnação «A atribuição do nome da rua é, no fundo, uma forma de repercutir a reprovação destes actos».

Se os nomes das ruas servem para reprovar actos, só por modéstia se compreende que o Dr. Carlos Encarnação não tenha entrado ainda no património toponímico da cidade de Coimbra.

12 de Março, 2009 Carlos Esperança

Brasil – Aborto e excomunhão

Não está provado que o mau olhado de uma mulher de virtude seja menos danoso para a alma do que o anátema de um virtuoso bispo católico, mas sabe-se do terror que infunde num país supersticioso a fúria de um prelado que tem alvará para excomunhões.

Quando um bispo defende que uma criança de nove anos, violada pelo padrasto, grávida de gémeos, deve prosseguir a gravidez, arriscando a vida, diz apenas uma tolice, danosa para a inteligência e benéfica para a alma. Mas se esse prelado, desvairado pela fé, tudo faz para arriscar a vida da menina e sujeitá-la à morte é um velhaco.

José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, não aceita que uma criança de 33 quilos e 1,36 metros de altura não tem condições físicas nem psicológicas para ser mãe e queria obrigá-la a expiar o crime de violação de que foi a vítima.

Este bispo, que a idade e o múnus tornaram intolerante, foi nomeado em 1985, por João Paulo II, para substituir D. Hélder Câmara cuja grandeza ética e coragem cívica o tornaram uma referência mundial. Foi o início do regresso da Igreja católica ao Concílio de Trento cujo último episódio foi o abraço fraterno de Bento XVI aos bispos fascistas e anti-semitas sagrados por monsenhor Lefebvre.

Mas o que está em causa é a desumanidade do prelado a quem não tremeu o báculo nem tombou a mitra para excomungar os médicos que procederam ao aborto, para pouparem a vida da criança, e excomungar também a mãe da menina, que o autorizou.

Como não bastava o desvario pio do arcebispo brasileiro, veio em sua defesa o Vaticano para dizer ao mundo que a cegueira não é do bispo inclemente mas da fé que o sustenta, do Papa, que só conhece a compaixão do Santo Ofício, e dos cardeais da Cúria romana, que sobreviveram ao Iluminismo e à Revolução francesa.

A excomunhão é uma arma obsoleta nos países europeus, em desuso até em Malta ou na Irlanda, mas, não nos iludamos, o regresso à superstição traz de novo o espírito prosélito das Cruzadas e a misericórdia do Santo Ofício. Sob o camauro deste pontífice perduram as ideias medievais que lhe enchem a agenda destinada a seduzir os extremistas.

O arcebispo de Olinda e Recife, o Papa e os cardeais da Cúria romana não envelhecem, envilecem.

8 de Março, 2009 Carlos Esperança

Talibãs do vaticano

A cúpula do Vaticano sai em defesa da excomunhão dos médicos que realizaram um aborto de gémeos em uma menina de 9 anos, que havia sido estuprada por seu padrasto em Pernambuco. O argumento: “os gémeos eram inocentes”.

Neste Sábado (7), o jornal italiano La Stampa publicou declarações do presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, cardeal Giovanni Battista Re.

Para ele, a excomunhão dos médicos foi “justa”, mesmo que a interrupção da gravidez tenha sido um acto legal.

6 de Março, 2009 Carlos Esperança

Santo arcebispo

Arcebispo diz por que não excomunga o estuprador

Em resposta às críticas da opinião pública, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, disse que não excomungou o rapaz que engravidou a sua enteada de 9 anos porque aborto é mais grave do que estupro.