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Categoria: Religiões

2 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Diário Ateísta – Pedido de excomunhão

De uma leitora que reside em França, cujo nome omito por não ter autorização para o publicar recebi o seguinte:

«Não sei se já ouviu falar do “Manifesto para a excomunhão voluntária” que circula na internet e na blogosfera francesa.
Tomei a liberdade de o traduzir para português e pergunto-lhe se seria possível publicá-lo no vosso blog».

Aqui fica:

Porque ninguém pediu a minha opinião no dia em que o padre me baptizou.

Porque, actualmente, contesto as posições de Bento XVI relativamente à contracepção.

Porque recuso ser assimilado/a a uma seita que condena as mães porque elas quiseram proteger as suas filhas de uma gravidez indesejada.

Porque recuso o obscurantismo.

Porque escolho a vida real e não uma ideia de vida que começaria antes das doze semanas de gravidez.

Porque reconheço o Holocausto e não suporto que um bispo que o negue não seja excomungado.

Porque não posso pertencer a uma Igreja que não reconhece a realidade da SIDA.

Porque utilizo métodos contraceptivos e por isso estou fora da lei canónica.

Porque não quero continuar a aparecer no ficheiro dos baptizados, por não me reconhecer nesta Igreja que só sabe condenar.

Decidi pedir hoje mesmo a minha excomunhão.

Se quiserem manifestar a vossa oposição ao dogmatismo e ao radicalismo católico que aumentam em Roma, enviem o vosso pedido à paróquia que vos baptizou e divulguem este manifesto.

2 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Lúcia com milagre encomendado

Enviado de Roma irá reunir em Coimbra todas as fontes que provem a santidade da carmelita.

O padre Ildefonso Moriones, postulador do processo de beatificação da Irmã Lúcia, virá, em Maio, ao Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, para a segunda reunião da Comissão Histórica que vai agregar toda a informação necessária para o processo de beatificação da carmelita. Esta comissão, composta por sete elementos, reuniu-se ontem e foi, segundo o cónego Alberto Gil (vice-postulador do processo de beatificação da Irmã Lúcia), “o primeiro encontro entre os peritos de História convidados, e serviu mais de informação, pois, em Maio, nova reunião juntará, aqui no Carmelo, o postulador e esta comissão histórica”.

Comentário: Não faltam peritos em milagres. A indústria criou novos técnicos.

29 de Março, 2009 Ricardo Alves

Religião e pena de morte

Segundo algumas pessoas que conheço que foram católicas, uma das maiores fixações dos catequistas é convencer os catequizados de que a nossa vida não é nossa, «a Deus pertence». Recordei-me disto quando escrevi sobre a correlação entre países islâmicos (e ditaduras comunistas) e a aplicação da pena de morte. É que se a nossa vida não é nossa, mas de «Deus», não apenas se compreende que a eutanásia ou o suicídio sejam inaceitáveis (até crime…), como se entende que a pena de morte exista e seja aplicada. É que não existe ninguém melhor para interpretar a vontade de «Deus» do que o clero, e quando esse clero aplica a «lei divina» (ou «lei natural», como dizem às vezes), está certamente habilitado para retirar a vida em nome do seu verdadeiro possuidor: o «Deus» abraâmico dos catequistas e do Corão.
28 de Março, 2009 Carlos Esperança

Liberdade em risco

O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou anteontem, dia 26, uma resolução que condena a difamação religiosa, passando a considerar o acto como uma violação aos direitos humanos e pedindo que os governos legislem no sentido de protegerem as religiões contra as críticas.

A proposta apresentada pelo Paquistão e co-patrocinada pela Venezuela – dois países de sólidas tradições democráticas, um islâmico e outro cristão –, foi aprovada por 23 votos a favor e 11 contra, num conselho formado por 47 países.

Esta vitória muçulmana, uma religião com lúgubres tradições no respeito pelos direitos humanos, arrepia quem defende o livre-pensamento. A Liga Islâmica defende o Corão em toda a sua crueldade: lapidação, amputação de membros e decapitação de infiéis. Não Pode zelar pela igualdade de sexos, laicidade do Estado e emancipação da mulher.

Se o Islão, secundado por outras religiões, visse cumprida a resolução aprovada, nos países laicos, a democracia seria a primeira vítima. Não pode ser delito denunciar a moral anacrónica, delito é pactuar com os crimes que as religiões cometem, com a ignorância que cultivam e a superstição a que sujeitam os seus crentes.

Se o cristianismo considera o Antigo Testamento como parte da Bíblia é cúmplice do racismo, da xenofobia e da crueldade, inspirados naquele livro hediondo.

Ridicularizar o bispo que atribuiu a destruição de Nova Orleães a castigo de Deus, pelos pecados dos homens, talvez venha a ser difamação religiosa mas é um acto de higiene. Acusar o Papa Bento XVI de troglodita por mentir em relação à eficácia do preservativo e, sobretudo, por condenar a sua utilização, é um dever de quem apoia o combate contra a disseminação da epidemia e não pode intimidar os que combatem a sida.

Duvidar da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus por intercessão de santo Pereira pode virar delito e a gargalhada ser punível com prisão. Negar que o arcanjo Gabriel soubesse árabe e tivesse ditado o Corão a Maomé pode tornar-se perigoso mas a sanidade mental exige que não se acredite em anjos.

A religião que permite e impõe os casamentos combinados, que legaliza matrimónios de meninas de 9 anos, discrimina as mulheres, assassina infiéis, adúlteras e apóstatas passa a merecer respeito e a poder retaliar contra quem aprecie presunto e vinho do Porto.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU, em vez de proteger os Direitos Humanos, como lhe compete, fragilizou-os de forma beata e deu razão a extremistas violentos e perigosos.

É preciso estar atento à escalada religiosa que devora os direitos que a nossa civilização conquistou. A Idade Média durou mais do que devia e o regresso é intolerável.

26 de Março, 2009 Carlos Esperança

A Igreja católica abandona a Europa (2)

Por

E – Pá

A Europa é sempre um Continente muito difícil…
Tem uma carga histórica muito pesada, não perdoa hesitações identitárias, uma cultura muito detalhada e em permanente agitação, não suporta o imobilismo e economicamente procura afincadamente a estabilidade, a segurança e o desenvolvimento sustentado e detesta o espírito de El Dorado.

Por isso, muitos povos, em determinados períodos da sua história preferiram virar-lhe as costas. Depois, regressam ao seu berço civilizacional, como filhos pródigos.

Sucedeu isso a Portugal nos séc. XV/XVI, altura em que voltámos as costas à Europa e partimos para África e Oriente. É a conhecida epopeia dos Descobrimentos.
Só regressaríamos em pleno ao convívio europeu, muitos séculos depois, no início do sec. XIX, a reboque da Revolução Francesa, em plena revolta liberal.

A ICAR bateu-se na Europa durante milénios. Está exangue. Foi a Reforma, a Contra-Reforma, o Iluminismo, os movimentos liberais, a ascensão burguesa, o movimento operário, o sindicalismo, as mudanças sociais da era industrial , as lutas entre republicanos e monárquicos, etc.

Provavelmente, tem melhores oportunidades em África e no Continente sul-americano e novos terrenos para o seu múnus, isto é, dilatar a Fé. Já que o Império feneceu.

Ao virar as costas à Europa, estará a reciclar histórias da caminhada europeia, onde sempre houve apogeu e declínios. E a ICAR, na Europa, está em franco declínio.

Lançou o balão de ensaio de Lourdes, segura Fátima (mais o anterior do que este), mas não chega.
A ambição da ICAR é universal e, neste momento, nesse aspecto está, gravemente, comprometida.

Mas Bento XVI não tem “golpe de asa” para esta mudança.

Haverá, com certeza, preparativos prévios, esta é a minha premonição.

24 de Março, 2009 Carlos Esperança

Fátima e a vocação totalitária da ICAR

25 anos depois
Consagração ao Imaculado Coração de Maria renovada em Fátima
Amanhã, 25 de Março, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria será renovada no Santuário de Fátima

A consagração do mundo ao imaculado coração de Maria não deve causar piores danos do que a inscrição obrigatória num clube de bairro a qualquer pessoa que não saiba da existência do clube nem da vontade da direcção em fazê-lo sócio.

O que surpreende, neste desvario litúrgico, é o abuso de incluírem nessa cerimónia esotérica pessoas que não se revêem na religião que a promove e, sobretudo, aqueles que ignoram a  existência de Maria e o benefício da consagração ao coração em vez de ser aos rins, ao fígado, ao baço, aos intestinos ou a qualquer outra víscera não menos imaculada.

Depois fica a dúvida sobre o prazo de validade da consagração. Segundo a notícia, trata-se de uma renovação após 25 anos. Quanto ao tétano sabem-se os prazos e a razão do reforço da vacina mas quanto às consagrações canónicas não há ensaios clínicos nem comparações com o placebo.
Não virá mal ao mundo desta prepotência eclesiástica da ICAR. Entre o mau olhado de uma pobre bruxa que faz pela vida e a consagração em Fátima dos que ganham a vida há dois mil anos, não há grande diferença nem perigos acrescidos.

Recordo-me de ter sido obrigado a ir à missa de consagração do Curso da Escola do Magistério, sob pena de não me ser concedido o diploma, mas nessa altura a ditadura fascista só permitia que fosse professor quem desse garantias de prosseguir os superiores interesses do Estado. E, nesse tempo, o salazarismo e a ICAR dormiam na mesma cama, duas ditaduras inseparáveis num único sistema totalitário.

Talvez por isso ainda hoje reaja ao totalitarismo beato de quem, sem me consultar, me inclui em consagrações e outras cerimónias pias. À minha revelia.

23 de Março, 2009 Carlos Esperança

Hospitais da Universidade de Coimbra

Convite para andar de joelhos

Gabinete de Comunicação, Informação e Relações Públicas

Hospitais da Universidade de Coimbra, EPE

Avª Bissaya Barreto e Praceta Prof. Mota Pinto 3000-075 Coimbra

telef. 239.400.472-ext 15144 fax 239. 483.255

23 de Março, 2009 Carlos Esperança

Ratzinger e o proselitismo

O porta-voz do Vaticano, Frederico Lombardi, disse que a morte por esmagamento dos dois jovens angolanos no Estádio dos Coqueiros, em Luanda, causou “dor e desconcerto” ao papa Bento 16 e à comitiva papal.

Não é legítimo pôr em causa o pio sofrimento do Papa, indiferente à sorte de 23 milhões de infectados pela sida, mas sensibilizado pela legião de fãs. Certamente que a forma exótica como se veste, os adereços que usa em palco e a coreografia da missa, destinada a centenas de milhares de curiosos, o convertem numa estrela Pop capaz de provocar a histeria colectiva que produziu os acidentes. Ainda assim, foram em menor número dos que habitualmente são atropelados a caminho de Fátima nos dias das peregrinações.

Uma só morte, em particular de um jovem, é motivo de compungimento mas não podemos exagerar na tristeza.

No dia em que, em Luanda, morreram dois jovens que desejavam ver um exótico artista a fazer sinais cabalísticos, faleceram em África centenas de jovens vítimas da fome, da sida e do paludismo, sem missa, incenso ou água benta.

O Papa, depois de solicitar aos africanos para que deixassem a bruxaria e se tornassem católicos, transformou, à sua frente, no Estádio dos Coqueiros, água de Luanda em benta e rodelas de pão ázimo em corpo e sangue de um deus que foi homem há dois mil anos e era filho biológico de uma pomba e de uma mulher virgem.

Não há pessoas normais que seja capazes de descobrir a diferença. A aldrabice dos outros é um excelente pretexto para incitar à mudança de fornecedor.