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Categoria: Religiões

20 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

Demência religiosa

Vale a pena ler esta notícia.
Claudio D’Amato

A Igreja Pentecostal Renascimento iniciou campanha que afirma que a bicicleta é um “ladrão silencioso da virgindade” das mulheres e adverte que “não é um veículo bíblico”. O pastor responsável pela iniciativa, Elias Ramirez, diz que a bicicleta aos poucos corrompe a castidade feminina.
“Continuo preocupado com a quantidade de princesas de Deus, que continuam a perder sua castidade com estes instrumentos do diabo. Ao longo de 200 anos, tomou centenas de milhões de almas que se enquadram às redes destes veículos de golpe espiritual”, afirmou o pastor, que conta com a distribuição de panfletos para difundir suas ideias.
“Já que eu vi que persistem na incredulidade, e que estão aqui, porque realmente, querem que a luz e a sabedoria que só tem quem recebeu o Espírito de Deus, eu sinto necessidade de revelar a verdade sobre o mundo infame e anticristão do ciclismo. Tenho 5 coisas que você nunca imaginou em suas aulas de spinning… além do perigo óbvio de destruir a virgindade das princesas de Deus”, disse Ramirez, de acordo com informações do site Los40.

Foto de Claudio D'Amato.
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19 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

O cardeal e a sexualidade

O atual bispo de Lisboa, Manuel Clemente, licenciado em História, cardeal por herança do direito adquirido por bula de 1737, que não ficou barata ao reino, parece ter obtido a mitra, o báculo e o anelão, mais por razões pias do que por inteligência ou bom senso.

Não tendo um bispo titular qualquer ascendência sobre outro de diocese diferente, foi na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que o dr. Clemente se pronunciou sobre o sacerdote da diocese do Funchal, que assumiu a paternidade cujo mérito lhe coube.

Diz o cardeal que o padre pode exercer o múnus, desde que renuncie a viver com a mãe da criança, de onde se conclui que o desempenho sexual não elimina o direito ao alvará canónico, apenas a coabitação com a mãe ou o conhecimento público. Como hipocrisia, não foi mera declaração pia, foi a exegese da doutrina católica.

O homem a quem o PR, fiel à fé e alheio à laicidade, beija a mão, afirmou ainda “ser completamente desaconselhável a entrada de jovens homossexuais nos seminários.” A discriminação, por motivos sexuais, de jovens ou idosos, é inadmissível num emprego profano, e torna-se ridícul e inútil o requisito heterossexual com interdição do exercício. É como sujeitar um animal carnívoro a uma dieta vegetariana.

Só faltou pronunciar-se sobre a sexualidade das freiras onde a jurisprudência canónica é parca. Apenas recordo uma decisão que forçou freiras de uma abadia, onde as gestações surgiram de violações, a optarem entre a entrega das crianças e a saída do convento.

Ao ouvir o Sr. «D. Manuel José Macário do Nascimento Cardeal Clemente», nome que o direito canónico lhe confere, para gáudio profano, quem pode resistir à recordação da paródia à «Ceia dos Cardeais»?

– …, Cardeal!

17 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

A beata hipocrisia

Cardeal de Lisboa admite padre com filho mas sem “vida dupla”

Padre Giselo Andrade quer continuar à frente da paróquia, depois de ter assumido paternidade de bebé

O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu esta quinta-feira que a igreja não deve abandonar o celibato dos sacerdotes católicos nem abrandar a sua apologia, considerando que esta é uma questão que diz respeito à doutrina, ao culto e à cultura.

13 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

As crenças e os crentes

Quem acreditou que o Sol girava à volta da Terra não foi, por isso, malfeitor. A ignorância da física quântica ou da energia atómica não torna ninguém indigno ou mau.

Quem crê que a Virgem Maria saltitou de azinheira em azinheira à procura da Lúcia ou que a beata Alexandrina de Balazar passou anos sem comer nem beber, em anúria, e a alimentar-se de hóstias consagradas, não comete um crime.

Quem reza ao franquista Escrivá de Blaguer, convicto de que o fascista se tornou santo com três milagres obrados em defunção, e lhe implora outro, não é delinquente.

Entendamo-nos de uma vez por todas. Os crentes são pessoas iguais aos ateus. O direito a acreditar na virgindade de Maria ou na virtude da bruxa da Lousã é um direito que os ateus defendem. Não significa que a bruxa não deva responder por burla e Fátima denunciada a uma associação de defesa dos direitos dos consumidores.

O que urge denunciar nas religiões ou no ateísmo, se for caso disso, é a publicidade enganosa, a coação psicológica, os terrores que infundem, os ódios que acicatam, as guerras que fomentam. Nenhum ateu persegue os crentes, apenas combate o que julga ser mentira.

A minha posição para com os crentes é a mesma que tenho para com os drogados. Tolerante com estes e vigoroso contra quem produz e trafica a droga.

As hóstias que cada um deglute, as missas que consome, os terços que reza, as ladainhas que debita, o incenso que aspira ou a água benta com que se borrifa, são direitos que os países livres consagram e defendem. E defendem ainda o direito de mudar de religião e o de abdicar de qualquer uma.

As Igrejas não podem nem devem, na minha opinião, servir-se do aparelho de Estado, ameaçar, perseguir ou perturbar a opinião pública no seu proselitismo. E, naturalmente, têm o direito de combater o ateísmo, pela palavra, o mesmo que assiste aos ateus para desmascarar a burla religiosa.

É do confronto dialético de posições divergentes que nasce a luz, não é da palavra de Deus bolsada pela voz de clérigos ou vertida na violência dos livros sagrados.

6 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

João César das Neves – Talibã romano, no DN

«Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá» (Êxodo 35:2).

João César das Neves, pávido com as labaredas do Inferno, esquece a Bíblia e o sábado para divulgar a vontade do seu Deus, decifrada nas mais arcaicas sacristias.

Neste último sábado, 4 de novembro do ano da graça do calendário gregoriano, regressa à homilia contra a IVG, exaltando as ‘Caminhadas pela Vida’, desse dia, equiparando a IVG a “barbaridades extremas: guilhotina jacobina, holocausto nazi, ataque atómico ao Japão, massacres arménio e tutsi, entre tantos outros [sic]”.

O devoto misógino nunca se conformou com o fim da pena de prisão para mulheres que abortam por malformações fetais, violação ou risco de vida. Como poderá resignar-se à liberalização do aborto quem é capaz de ver na ejaculação um genocídio?

Talvez escreva estes textos pios depois da missa das sextas-feiras em que a ‘Comunhão e Libertação’ o expõe a longas inalações do turíbulo onde, por lapso, ardam outros pós, em vez de incenso.

Na pungência de tais odores, JCN vocifera contra “as crueldades cometidas no aborto, na eutanásia, na procriação assistida e em tantos outros atentados à vida e à família”, sem jamais perceber que o planeamento familiar, os contracetivos e a despenalização contribuíram para a drástica redução do aborto, em Portugal.

Para JCN, “um aborto é sempre um acto objectivamente abominável, arrancando à força um feto do seio da mãe grávida”, ainda que salve a vida materna ou condene à gestação de um anencéfalo. Com a sanha de Maomé ao toucinho, JCN afirma que esta “sociedade está apática, senão abertamente cúmplice, perante as crueldades cometidas no aborto, na eutanásia, na procriação assistida e em tantos outros atentados à vida e à família”.

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5.3.)

4 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

Geografia do fascismo islâmico

País do autor do ataque, Uzbequistão vê ascensão de islamismo radical.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – País de origem do autor do ataque de Nova York, o Uzbequistão viu surgir, a partir da década de 1990, um movimento islâmico radical que se espalha atualmente, com cidadãos envolvidos em atentados em várias partes do mundo.

Continue a ler AQUI.

3 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

Subsídios do Estado a empresas privadas

Correio da Manhã de 3/11/2017

Papa Francisco em Fátima custou 560 mil euros

Santuário apresentou ontem as contas do Centenário das Aparições. Em sete anos (2010-2017), foram gastos 2,1 milhões

E pergunta o ateu Túlio:

Estão ai contabilizadas as horas que custaram aos portugueses a PSP, GNR, FORÇA AÉREA, horas extras, alimentação, deslocação – de e para Fátima – embora deva ser reconhecido que uma multidão de “fiéis” deixou algum dinheiro em sandes e bugigangas nas lojas?

1 de Novembro, 2017 Carlos Esperança

Religião e terrorismo

De forma metódica e recorrente, lobos solitários, envenenados por um manual terrorista que alegadamente o Arcanjo Gabriel ditou a um beduíno analfabeto e amoral, espalham a dor e o luto nos países civilizados.

Na cosmopolita cidade de Nova Iorque, perto do memorial do World Trade Center, um fascista islâmico dirigiu uma carrinha contra quem andava numa ciclovia movimentada de Manhattan, assassinando oito pessoas e ferindo 11.

Nova Iorque tem tudo o que um fanático religioso detesta, embrutecido por um livro da Idade do Bronze. É uma cidade imensa onde a diversidade de costumes e culturas são o seu apanágio, o santuário das artes, da música e da tolerância que os beatos odeiam, um expoente da civilização que nos distingue da barbárie.

O terrorismo é hoje uma das maiores ameaças à civilização, a espada suspensa sobre as nossas liberdades e o húmus onde cresce a xenofobia e o ódio que alimenta os partidos de extrema-direita. E é isso que esses trogloditas querem no seu proselitismo insano, convencidos de terem à espera rios de mel e 72 virgens que de pouco lhes serviriam no estado em que normalmente ficam.

Só é possível combater o terrorismo islâmico com apoio dos próprios muçulmanos, que são as suas principais vítimas, mas é urgente vigiar as mesquitas e madrassas onde os clérigos combatem a liberdade e impedir os guetos onde o comunitarismo se instala.

Há quem não queira ser atropelado, explodido e morto por terroristas que apostaram na destruição de uma civilização que o ocaso da sua os faz odiar. Temos de impedi-los.

Maldito seja Deus. 

31 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

500.º aniversário das Teses de Lutero – 31 de outubro de 2017

Há quinhentos anos, Martinho Lutero enviou as famosas 95 Teses anexadas a uma carta a Alberto de Mainz, Arcebispo de Mainz, tornando-se este monge agostiniano na principal referência da Reforma Protestante.

Ter posto em causa dogmas da Igreja católica e, sobretudo, a autoridade do Papa, foi a heresia que fez mais pelo progresso e pela emancipação do pensamento do que todas as verdades aceites até aí.

É hoje irrelevante que o Paraíso se possa comprar a retalho ou por junto, que os pecados possam ser perdoados em euros ou orações, que o Papa seja infalível ou mero CEO de uma multinacional da fé. Uma heresia é sempre mais fecunda do que qualquer verdade absoluta. E a forma de conquistar o Paraíso, para os que sonham com uma vida para além da única e irrepetível que nos cabe, é mera opção de quem tem fé.

Depois de Lutero, excomungado pelo Papa, que viu prejudicados os seus negócios com as indulgências e fugir-lhe a clientela, agora repartida por outras obediências, a Europa ganhou o hábito de pensar e, sobretudo, a capacidade de contestar as ideias feitas.

Lutero não perdeu os tiques autoritários do clero nem se curou do antissemitismo que o cristianismo transporta ao atribuir aos judeus a morte do seu Deus, mas transmitiu para o futuro o espírito crítico como hábito e a reflexão como método.

Não cabe a um ateu julgar o intelectual que abriu novos caminhos à fé, mas enaltecer o homem que acabou por abrir novos horizontes para a razão.

Seria injusto deixar passar uma data que marcou a História e esquecer o homem que fez História.

28 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

A Bíblia está em vigor

Sempre foi assim!…

O recente Acórdão da Relação do Porto é uma pequena viagem da jurisprudência entre o tribunal de Felgueiras e o da Relação, com inquietante unanimidade, num país onde a norma do Código Penal de 1886, que prescrevia a saída da comarca por seis meses para o homem que matasse a mulher “em flagrante de adultério”, só foi revogada em 1975.

Há quem veja na indignação face à jurássica mentalidade de vários juízes um exagero, quando uma mulher foi injuriada, assediada, metida à força num veículo e agredida com “um pau comprido com a ponta arredondada, onde se encontravam colocados pregos”, por dois indivíduos primitivos, o marido e aquele com quem manteve, durante meses, um relacionamento amoroso.

Parece uma viagem de regresso, de ‘maio de 68’ a ‘28 de maio’ (1926), conduzida por beneditinos a caminho do Santo Ofício, certos de que existirá em qualquer época um Torquemada na defesa da moral e dos bons costumes.

Omite-se que a vítima não recorreu do vexame a que foi sujeita, da injustiça que sofreu, da dor que suportou, com feridas profundas, a sangrar por dentro, enquanto os algozes ficaram em liberdade porque a alegada opinião pública ou os códigos de um “manual de maus costumes” da Idade do Bronze tornam socialmente compreensível e tolerável o que rejeita a Constituição de um país laico e civilizado. Foi uma Procuradora que, sem êxito, recorreu da iniquidade com que não podemos conformar-nos.

Esperava não voltar a este revoltante assunto, mas o respeito pela igualdade de género e a decisão da PGR (talvez juridicamente inatacável) de impedir o recurso para o Tribunal Constitucional de uma decisão em que o julgador se permitiu humilhar a vítima por um ato que não é crime e, por isso, foi benevolente para os algozes pelo crime que o é.

Os discursos do Presidente do STJ e do Presidente da Relação são ininteligíveis para um leigo. Palavras da 4.ª figura do Estado, Ataíde das Neves, são o chumbo derretido numa ferida: «A intensidade e violência das críticas não será [sic] um serviço prestado às vítimas, mas a todos aqueles que, sentados nas bancadas ou chorando lágrimas de crocodilo, fazem o jogo da discriminação e da perda de confiança na justiça».

Eu estou sentado, e aquela mulher? Ah! Sempre foi assim…

É a vontade de Deus.