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Categoria: Religiões

7 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

O código penal e a fé

Para desgraça da humanidade já basta que os crentes acreditem nas tolices dos livros sagrados e aceitem como vontade divina uns ditos que reflectem o pensamento de sociedades tribais, da Idade do Bronze, com forte pendor patriarcal.

Não se discute o direito à crença, mas não se podem abandonar à demência fascista de uma religião a democracia e os direitos humanos. Os princípios humanistas das sociedades herdeiras do Iluminismo não se compadecem com os deuses vingativos e cruéis que os homens primitivos criaram à sua imagem e semelhança.

A crença é tão legítima como a descrença e a anti-crença. Cabe ao Estado manter uma neutralidade absoluta para garantir aos cidadãos as suas convicções particulares, sem as partilhar.

As religiões devem ser tratadas como todas as outras associações, sem limites ao direito de reunião e tendo como único limite a lei. Naturalmente, os tratados internacionais que os países civilizados assinam não podem ser suspensos para grupos de indivíduos ou para qualquer religião. A democracia só se tornou possível quando o poder divino foi substituído pelo poder do povo através do sufrágio universal.

Em Espanha, um grupo de crentes tentou matar uma mulher, acusada e julgada por ter cometido adultério, o que, a ser verdade, pode deixar um profeta verde de raiva e um deus a ruminar vingança mas não é crime.

Os trogloditas não executaram a sentença porque a mulher fugiu e denunciou-os. Dos nove detidos, sete ficaram em prisão preventiva sob acusação de associação criminosa e tentativa de homicídio.

Agora precisam de aprender que nos países civilizados a decisão dos juízes supera a de Alá e que o código penal é incomparavelmente mais respeitável do que o Corão.

6 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

Desabafo de um leitor

Por

A. C. Simões

Que a Igreja Católica e o seus Senhores dêem o exemplo de não se meterem com quem nada quer com Ela e com Eles sob pena de começarem a ser também hostilizados! Tal como os islamitas também o Vaticano tem tentado e até conseguido criar Estados teocráticos sob a sua batuta e continua a querer firmar as fortes ventosas dos seus fortes tentáculos. Está na altura da Sociedade Portuguesa dizer basta. Religião é religião e que se fechem com as suas ovelhinhas como fazem todas as outras confissões religiosas em Portugal!

Sinto-me asfixiado neste País.

Para cada lado que me viro, vejo construções e símbolos católicos. A marca dos Senhores do Vaticano está enraizada nos escritos, nas construções, nos ditos, nas ameaças de castigo divino senão se seguirem e cumprirem as determinações continuamente injectadas pelos oficiais, sargentos e praças do exército vaticanês, etc.

É urgente acabar-se de vez com a cordata. Quem vive em Portugal deve reger-se só pelas leis portuguesas e a Igreja Católica e os seus oficiais, sargentos e praças devem pagar impostos como qualquer cidadão.

6 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e os escândalos sexuais

Igreja Católica na Irlanda e a polícia encobriram abuso sexual infantil, diz relatório.

Relatório devastador sobre abuso de crianças por padres de 1975 a 2004 acusa a igreja e a Garda de conluio para acobertar o escândalo.

A força policial Irlandesa foi conivente com a Igreja Católica encobrindo os abusos sexuais contra crianças, cometidos pelos clérigos de Dublin, em grande escala, de acordo com um relatório de condenação sobre décadas de crimes sexuais cometidos por padres no país.

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5 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

Espanha – Bispo fascista provoca a democracia

Compreende-se que a memória dos homens seja curta mas não se aceita que a dos povos se apague.

Espanha foi o laboratório da experiência fascista onde um general indigno derrubou o Governo legítimo e estabeleceu uma das mais ferozes ditaduras, exercendo o poder com a maior das brutalidades.

Nos anos de 1936 a 1939 foi grande a violência e o desprezo pela vida, dos dois lados da barricada. Depois da guerra, os sublevados persistiram na orgia de terror, com a conivência da Igreja católica, com torturas e assassinatos em massa, com requintes de crueldade.

A Alemanha nazi e o salazarismo foram os esteios dessa brutalidade que ceifou a vida a milhares de republicanos, anarquistas, comunistas e inocentes apanhados no vendaval do ódio e na crueldade do franquismo.

Foram dramáticos estes 70 anos em que numerosas crianças, com identidade falsificada, foram criadas por fascistas depois de lhes terem assassinado os pais. As valas comuns guardam cadáveres de republicanos e a memória da maior tragédia espanhola do século XX.

Em nenhum outro lugar a cumplicidade entre o fascismo e a Igreja católica atingiu tão grande identidade. Só recentemente alguns bispos pediram perdão pelo silêncio sobre os padres republicanos assassinados pelo franquismo. Os republicanos foram abatidos a tiro, aos fins de semana, como animais, nas praças de touros e o terror foi levado a todos os recantos de Espanha.

Depois deste horror vivido quotidianamente durante a longa ditadura fascista, mais de trinta anos volvidos sobre a democracia,  Jose António Reig Pla, bispo de Alcalá de Henares, em Espanha, celebrou a Eucaristia de domingo diante de uma bandeira franquista.

Ficamos sem saber se é mais um provocador que não se adapta à democracia ou se é um bispo que reflecte a natureza fascista do catolicismo espanhol.

4 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

O cardeal, o céu e a homofobia

Um cardeal da cúria romana precisa decerto de muitos jejuns, ave-marias e sacrifícios pios para ornamentar o toutiço com o barrete cardinalício. Há muitos bispos dispostos a perder a cabeça por semelhante adereço. Não basta que passem horas a ler o breviário, a dizer missas e a besuntar crianças com os óleos do crisma, é preciso que o papa, ajudado pelo Espírito Santo, veja, nesse prelado, carisma para lhe conceder o barrete.

São insondáveis as razões que levam um pontífice a ornamentar a cabeça de um clérigo com o barrete cardinalício. A inteligência e o bom senso não são para aí chamados.

A invenção do Céu, do Inferno, do Purgatório e do Limbo não foram apenas respostas a problemas de ordem teológica, foram instrumentos criados para alimentar o negócio da fé. Agora, apenas persiste o Céu, como derradeiro condomínio, quando se reduzem os interessados no sector imobiliário da eternidade.

A crença em Deus e no Paraíso vai-se aligeirando, mas há sempre um bispo que, apesar disso, resolve excluir alguns crédulos e exonerá-los da bem-aventurança eterna.

O cardeal mexicano Javier Barragan resolveu excluir os transexuais e homossexuais do Reino dos Céus. É curioso que o Paraíso tenha como paradigma a monarquia. Podia ser uma República, mas a caverna divina ainda não evoluiu para formas democráticas.

O deus do cardeal Barragan é um poço de contradições. Na sua omnipotência cria os transexuais e homossexuais e, depois, nega-lhes a companhia que promete aos que o não são.

Não é o desvario de um cardeal da Cúria que surpreende, é a quantidade de pessoas que ainda o leva a sério. Um ancião com vestidos garridos, preso ao báculo, a fazer gestos cabalísticos, produz um espectáculo divertido mas um velho oráculo que sabe quem vai para o Céu e quem fica em terra é um cobrador de bilhetes a informar que o veículo está cheio.