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Categoria: Religiões

21 de Julho, 2010 Fernandes

A Igreja e a Guerra Civil Espanhola

Freud não definia a religião como uma mera ilusão, mas como aquela forma de ilusão que satisfaz as exigências do sujeito, ou seja, como uma forma “interessada” da projecção do ego. Não deve pois surpreender-nos que no enorme leque humano que povoa as múltiplas moradas da Igreja, se encontrem indivíduos de boa fé que crêem encarnar a autêntica comunidade eclesial, que eles imputam ao “verdadeiro” Cristo. A estes crentes há que explicar-lhes que, o Nazareno não conheceu nem desejou a existência de Igreja alguma.

A Igreja é mestra na arte da “indução” à conspiração através de um extenso reportório de instrumentos de manipulação das consciências, começando pelo confessionário. A cumplicidade da Igreja Católica na guerra fratricida de 1936-39 em Espanha, foi total. 

Em 23 de Agosto de 1936, o bispo de Pamplona, Monsenhor Olaechea, declarava: «Não levamos a cabo somente uma guerra senão também uma cruzada». Havia-se encontrado a palavra “reveladora!”… o bispo de Segóvia foi um dos primeiros em manifestar a sua total adesão ao «movimento salvador»,” salvação e cruzada”, termos que a partir de então, serão o “selo eclesiástico” legitimador da matança.

Em Setembro de 1936, o Bispo de Salamanca, E. Pla y Deniel, na sua carta pastoral “As duas cidades”, estabelece o paralelo das duas “civitates” agostinianas com a ”Espanha legal” e a “Espanha insurrecta”. Em Toledo uma carta de I. Gomá, Primado de Espanha, termina com as seguintes palavras: «Governantes!, praticai o catolicismo se quereis fazer a pátria grande […] que nenhuma lei, nenhuma instituição, nenhum jornal, nenhuma opinião seja contra Deus e a sua Igreja em Espanha». Em Março do mesmo ano, o Arcebispo de Valladolid qualificava aquela guerra como «a mais santa de todos os séculos»; em Outubro, o Bispo de Granada afirmava: «encontramo-nos de novo em Lepanto», enquanto que uns meses depois o Arcebispo de Córdova valorizava aquela guerra entre irmãos como «a cruzada mais heróica que a história registava». E para terminar esta breve antologia, citemos o Bispo de Tuy: «não é uma guerra civil mas sim uma cruzada patriótica e religiosa». Do Bispo de Tenerife saiu a sentença: «De todas as guerras legítimas e santas registadas na história, nenhuma é mais legítima e mais santa do que esta».

O tema da Recristianização de Espanha havia-se apoderado obsessivamente da Igreja, do mesmo modo que, com a mesma crispação proselitista, o Papa Wojtyla lança a “Recristianização da Europa” . Ratzinguer na recente visita a Portugal fez questão de o reafirmar, como se de uma declaração de guerra se tratasse.

Um grupo de intelectuais da “Acção Católica Espanhola” acompanhados por outros sectores da imprensa católica, já haviam preparado o desígnio do Nacional Catolicismo como Modelo-Hispano da “Verdade Católica”. O Nacional Catolicismo não nasce da guerra civil, apenas a usa para explicar a sua natureza e dinâmica. À semelhança do que hoje é propalado pela mesma Igreja acerca dos conflitos que vivemos, também na altura afirmava ser o NC, o único capaz de “reconhecer e interpretar” tudo quanto acontecia, e capaz de “reconduzir” os factos dentro de uma visão coerente. «Só o NC está em situação de unificar as forças sociais e políticas que se encontram próximas de Franco», – afirmavam.

O NC corresponde à vontade indefectível da Igreja Católica para jogar um papel hegemónico incontestável em Espanha. O mesmo foi alcançado em termos ideológicos e em termos de poder de facto. A sua função repressiva manifesta-se na “obrigatoriedade” dos certificados de “boa conduta” que os párocos emitiam aos cidadãos para a sua apresentação às autoridades políticas nas zonas conquistadas, a fim de “depurar” a quantos haviam colaborado com os “vermelhos”. Esta colaboração abarcava não só actos, mas também ideias. Não é preciso referir que um certificado negativo passado pelo pároco, na melhor das hipóteses dava direito a prisão, mas geralmente a morte.

*Fonte: Ojea, Gonzalo Puente. – Elogio del Ateísmo.

21 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Papa e Patriarca russo unidos contra protestantes

A ocasião desse pronunciamento foi numa colectiva realizada em Moscovo, ontem, véspera da viagem oficial do Patriarca de Moscovo e de Todas as Rússias à Ucrânia, de 20 a 28 deste mês. Segundo o jornal Vaticano, L’Osservatore Romano, o patriarca de Moscovo reiterou o mesmo ponto de vista com o Santo Padre, em especial sobre a defesa dos valores comuns.

Sobre muitas questões públicas e morais – afirma o jornal da Santa Sé – a visão de Bento XVI coincide totalmente com a da Igreja Ortodoxa Russa. Isso oferece a oportunidade para promover os valores cristãos em sintonia com a Igreja Católica, sobretudo nas organizações e nos encontros internacionais.”

20 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Mourinho e o bruxo queniano

O bruxo queniano Mzee Makthub, num excelente golpe publicitário que o fez saltar para a comunicação social internacional, afirmou que o treinador lhe tinha pedido ajuda para triunfar no Real Madrid.

Quem se distinguiu pelo seu trabalho e competência profissional e se tornou celebridade mundial, não pode dar importância a um bruxo. É bem pior processá-lo do que ignorá-lo, pior a emenda do que o soneto.

Mas admitamos que Mourinho é demasiado sensível ao obscurantismo e nutre particular aversão ao mundo esotérico de bruxos, quiromantes e outros primatas de virtude. Nesse caso é natural que processe o impostor para o desmascarar, para o expor ao ridículo dos simples que ele engana e dos crédulos a quem extorque o óbolo.

Mas surpreende que Mourinho, homem inteligente, não se limite a invocar a dignidade profissional posta em causa por uma improvável consulta a um bruxo e acrescente a fé católica como igualmente ferida.

O segundo argumento é claramente contraproducente. Santo Agostinho acreditava que as bruxas eram o produto das uniões proibidas entre sedutores demoníacos de mulheres, os íncubos, tal como a maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média. *

Nem o facto de as freiras verem, num estado de confusão, semelhanças entre o íncubo e o padre confessor ou o bispo e que ao acordarem se sentiam conspurcadas como se se tivessem misturado com um homem, como escreveu um cronista do século XV, nem isso, levava o Santo Doutor, a pôr em dúvida uma crença que foi comum à maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média.

Mourinho, para além de ter de provar em tribunal que não foi ao bruxo, o que é fácil, terá de demonstrar que é impossível a um bruxo ajudar um treinador não o sendo a D. Nuno curar o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, aos pastorinhos desentrevarem a D. Emília dos Santos, ou à Irmã Lúcia prever a agressão a um homem vestido de branco (ou com vestido branco) – João Paulo II.

Em milagres e premonições, os católicos deviam ser mais prudentes pois falta-lhes autoridade para descrer de bruxas (normalmente, uma especialidade atribuída pela Igreja a mulheres). Se não existissem não teriam sido queimadas pela Santa Inquisição.

* (Carl Sagan, no seu livro «Um mundo infestado de demónios», pág. 126)

19 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_19-07-2010

João César das Neves (JCN) tem pela Associação para o Planeamento Familiar (APF) o horror que Maomé nutre pelo toucinho e pelas aulas de educação sexual a aversão dos talibãs pelos infiéis. Não reconhece a acção meritória da APF na prevenção de gravidezes indesejadas e de doenças sexualmente transmissíveis.

Por muito que sofra JCN a reprodução humana faz-se pelo método tradicional e está de tal modo popularizado que não é fácil substituí-lo pela inseminação artificial, como se tornou prática corrente na veterinária.

Na sua homilia de hoje «Uma questão de educação», no DN, JCN apelida a APF de “guardiã nacional da ortodoxia erótica” e, mais uma vez se bate, por caminhos ínvios, contra a educação sexual nas escolas. Nem a tragédia da SIDA o demove dos seus conceitos fundamentalistas.

A defesa da família, como única entidade idónea para ministrar a educação sexual, é um álibi para a banir da escola. Para JCN a sexualidade é um erro da natureza que aliou o prazer à prossecução da espécie. O bem-aventurado considera que o pudor devia impor silêncio sobre tudo o que respeite à sexualidade, mas a prudência manda o contrário.

A estranha obsessão de JCN pelo sexo, mantida ao longo dos anos, expõe o militante ao ridículo. Para ele a moral sexual é a que os padres definem e o exemplo a seguir o que é praticado pelo Vaticano, por sinal o único Estado do mundo onde a reprodução é oficialmente proibida.

19 de Julho, 2010 Carlos Esperança

O Islão é demência adquirida

O Islão é uma cópia grosseira do cristianismo sem a influência da cultura helénica e do direito romano. É a crença inspirada no Corão, um livro medonho que a tradição atribui ao arcanjo Gabriel que o ditou em árabe a um pastor analfabeto e rico, entre Medina e Meca, ao longo de duas décadas.

Reflexo de sociedades tribais e de poder patriarcal, o islamismo exerce o poder, todo o poder, em numerosos países, sendo responsável pela violência que aí se pratica e pelos crimes que o clero exerce em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso.

O mais implacável monoteísmo só exige crer em Deus, o beneficente, o misericordioso, rezar cinco orações diárias virado para Meca, dar esmolas, fazer jejum no mês do Ramadão e, se possível, ir em peregrinação a Meca, uma vez na vida. Com estes cinco pilares da fé qualquer crente tem um lugar garantido no Paraíso.

O fracasso da civilização árabe e a pobreza dos povos submetidos à violência de Deus, o beneficente, o misericordioso, tem exacerbado a fé e aumentado a influência religiosa. A sharia é o reflexo da tragédia dos povos vergados à vontade de Deus, o beneficente, o misericordioso, um arremedo de direito que condiciona todos os momentos e actos das vítimas da crença. Uma muçulmano não tem direito à apostasia, só à pena de morte por abandonar o beneficente, o misericordioso.

Nem todas as patifarias do direito islâmico, de natureza teocrática, resultam do Corão e dos seus versículos. Os interesses políticos podem tornar ainda mais cruel a vontade do Profeta que tem a particularidade de ser o último (o primeiro foi Adão) e de não poder haver outro, depois, nem qualquer possibilidade de Deus voltar a falar.

É com esta fé esquizofrénica que vários povos aplicam a sharia. A excisão do clítoris, a amputação de membros, a lapidação de mulheres, chicotadas públicas e outras torturas, são penas habituais onde a forca e a decapitação são as formas mais expeditas e menos cruéis de assassínio legal.

O Irão, a Mauritânia, o Sudão, o Iémen, a Arábia Saudita, a Nigéria e a Somália aplicam também a pena de morte à homossexualidade, abominação que os monoteísmos odeiam.

Nas madraças e mesquitas fanatizam-se crianças e instila-se o ódio à modernidade  e ao livre-pensamento e os europeus, que reprimiram o seu clero para poderem ser livres, são benevolentes com a barbárie sob a pretexto do multiculturalismo e o álibi da tradição. A Europa, secularizada, é vítima do proselitismo religioso de que não sabe defender-se, com uma esquerda demasiado cobarde e incapaz da lucidez para avaliar a malignidade intrínseca das religiões e uma direita xenófoba com a obsessão do mito da identidade nacional.

Espero que as associações ateístas que surgem entre europeus ex-muçulmanos possam ser a chave para a solução dos países infectados pala alienação islâmica. É com elas que devemos aprender a lidar com a intolerância e a combatê-la dentro dos limites do Estado de direito e no respeito pelas liberdades, direitos e garantias dos cidadãos.

15 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Nem o sobrinho poupou…

A vítima do ex-bispo de bruges, que renunciou em Abril após admitir ter abusado de um menino “do seu entorno próximo” , é na verdade o próprio sobrinho do religioso, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal “New York Times”. O caso – que, pela primeira vez levou um bispo europeu a deixar o cargo por pedofilia – abriu as portas para centenas de denúncias envolvendo a Igreja Católica belga: em apenas dois meses, cerca de 500 denúncias, a maioria de homens, foram registradas.

O sobrinho, que hoje tem cerca de 40 anos, mas não teve sua identidade revelada, sofreu abusos do bispo, Roger Vangheluwe, dos 10 aos 18 anos. Durante 25 anos, a vítima reuniu documentos e entrevistas para provar suas alegações e tentou fazer com que a Igreja belga tomasse providências em relação às suas acusações, de acordo com um padre aposentado, Rik Devillé.

14 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Artista denuncia censura

O Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, decidiu encerrar, um mês antes do previsto, uma instalação inspirada nas relações entre a Igreja Católica e o regime nazi. A direcção do monumento nacional diz que a exposição foi mal recebida pelos visitantes, o que motivou a medida, mas o artista que concebeu a obra fala num caso de censura.

Requiem by a young painter é uma obra do artista plástico Filipe Marques, feita em 2000, após a visita ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Um conjunto de retratos de oficiais nazis, parcialmente destruídos, foi disposto em volta do retrato do Papa Pio XII.

Comentário: Tudo o que comprometa a  ICAR tem indignação avençada.

12 de Julho, 2010 Carlos Esperança

O Islão é pacífico

Grupo islâmico reivindica autoria de atentados no Uganda

O grupo somali al-Shabab reivindicou, esta segunda-feira, a autoria do duplo atentado que, na noite de domingo, matou, pelo menos, 74 pessoas em Kampala, capital do Uganda.

«A al-Shabab é responsável pelas duas explosões no Uganda. Agradecemos aos mujahedeens que executaram o ataque», afirmou Ali Mohamud Rage, porta-voz do grupo terrorista, citado pela BBC.

11 de Julho, 2010 Carlos Esperança

O Vaticano e a agenda reaccionária de Ratzinger

À semelhança do islão e do cristianismo evangélico, o catolicismo, sob a égide dos dois últimos pontífices, tem desenvolvido uma agenda ultra-conservadora com que pretende restaurar o obscurantismo a que condenou os países que reprimiu.

Desde o negócio dos milagres, à prática de exorcismos e às beatificações e canonizações de alguns bem-aventurados resgatados do opróbrio dos seus actos para as peanhas dos templos, com a designação de santos, tudo tem servido ao Vaticano para imbecilizar os mais crédulos e afastar os mais lúcidos.

Nesta caminhada beata as coisas começaram a correr mal, e cada vez pior, com os casos de pedofilia, que acontecem em qualquer instituição mas só as menos transparentes se esforçam por ocultar. O «Santo súbito», João Paulo II, de quem o marketing fez estrela pop e que gozava de credibilidade, acaba infamado, de nada lhe valendo o milagre que obrou. Protegeu pedófilos, ocultou os crimes e envolveu-se nas trafulhices bancárias do Banco Ambrosiano e, como já está documentado, no branqueamento de dinheiro do IOR, sem que o actual Papa possa negar os documentos publicados em Vaticano, S. A..

Mas a mais sórdida das vidas pertence ao fundador dos Legionários de Cristo, o padre Marcial Maciel que o Vaticano queria fazer rapidamente santo. JP2 nutria uma enorme ternura e uma ilimitada gratidão pelo dinheiro que recebia.

Ora, o padre Maciel era pederasta, ladrão e morfinómano, pecados que não o coibiriam de fazer dois milagres e virar santo. Vinte seminaristas violados eram um mero detalhe na vida de quem tinha conquistado um império para a ICAR, uma holding eclesiástica com 15 universidades e 48 mais, no México, para as classes populares, 177 colégios, 133 mil alunos, 20 mil empregados, 3.450 sacerdotes e religiosos e um milhar de consagradas (ramo feminino de religiosas sem hábito); um braço laico, Regnum Christi, com 75 mil membros divididos em células; e uma enorme quantidade de seminários, comunidades, institutos, casas de retiro e formação, acampamentos, clubes juvenis e de debate, órgãos de comunicação e imóveis em 45 países, entre os quais os que abrigam nove colégios, duas escolas infantis e uma universidade, em Espanha.

Não admira que o inefável e infalível JP2, na comemoração dos 60 anos sacerdotais do padre Maciel, o recebesse no Vaticano com estas palavras:  «A minha afectuosa saudação dirige-se antes de tudo ao querido padre Maciel, a quem de bom grado, acompanho com os meus mais cordiais desejos de um ministério sacerdotal cheio de dons do Espírito santo».

Azar! Não lhe bastavam os seminaristas para acalmar a concupiscência deste piedoso padre que pregava obsessivamente a castidade e a pobreza mas viaja sempre em classe executiva e frequentava hotéis de luxo. Abandonado pelo Espírito Santo, uma filha e a respectiva mãe, que os legionários de Cristo julgavam ser da família (e eram!!!) vieram complicar-lhe a canonização.

O nojo de uma vida de crápula vem hoje em «El País semanal» ao longo de uma dúzia de páginas, donde são retirados os dados deste artigo. Para felicidade de B16 as fortunas que foram extorquidas pelo padre Maciel pertencem à Legião de Cristo, holding de vício e crime que é propriedade da ICAR.

FONTE: Los legionarios se confiesan – El país semanal