“Por esses dias caminhei por Assis, e em alguns lugares de oração assisti a profanação. Vi budistas dançando ante o altar, onde em lugar de Cristo, havia sido colocado Buda, a quem se reverenciava e oferecia incenso” (Cardeal Sílvio Oddi).
Quem diria que a toda-poderosa Igreja estaria em perigo no país verde. A sucursal romana de Armagh, que manipulou vergonhosamente o Estado (enfraquecido após o processo de independência), para se apoderar do ensino e da saúde, que pregou a moral bacoca, que apoiou a censura até bem dentro do século XX, que congregou os exércitos beatos para pugnar contra leis dignificadoras do bem-estar humano (proibição constitucional do aborto em 1983, p.ex.) e pela a lei, bastante recente, de criminalização da blasfémia, levou a machadada final com os escândalos de ocultação de pedofilia que viram a luz do dia nos últimos anos.
Com tudo isto, conseguiu que os irlandeses sentissem no âmago que a sua consciência nacional, supostamente católica, tinha sido brutalmente traída. Descobriram que, se as bases que a sustentavam eram assim tão anacrónicas, ignaras e frágeis e isso não os tornava menos irlandeses, então é porque, na realidade, não precisavam delas para nada.
Pedindo emprestada uma expressão ao meu colega Ludwig, as últimas décadas, que aproximaram a Irlanda da Europa laica e levaram o desenvolvimento e o progresso ao país, mostraram também aos irlandeses que tinham sido dominados tempo demais por uma série de «tretas». Felizmente, agora dizem «basta» ou, simplesmente, ignoram o que é perdigotado da catedral de St. Patrick.
«Se a Irlanda se quiser tornar numa nova Irlanda, ela tem primeiro que se tornar europeia», escreveu James Joyce. Se o escritor a pudesse ver agora…
Aguardo palpites dos leitores.
São tão profundas as modificações que se adivinham no mundo árabe que é impossível o regresso ao passado. As alterações da região apanharam o mundo de surpresa. Nem os EUA, nem a Europa, nem os próprios regimes se deram conta da pressão social que teve a primeira explosão em Tunes e percorreu o mundo árabe, com particular veemência no Egipto.
Os árabes são o único povo que no seu conjunto nunca conheceu a democracia. É difícil saber a dimensão das alterações produzidas pela globalização e a influência do turismo, mas não é difícil adivinhar a revolução dos costumes que o contacto com outros povos e o acesso à Internet vieram provocar.
A região nunca mais será a mesma. Resta saber se a religião permanece inalterável e as mesquitas e madraças não se sobrepõem ao cosmopolitismo e ao saber universitário. O vice-presidente egípcio já ameaçou pôr termo às manifestações numa tentativa de salvar o regime e o próprio Mubarak, que ainda mantém o poder, com o único sacrifício da herança dinástica que reservava para o filho.
O facto de ser a primeira vez que cristãos, muçulmanos, livres-pensadores, mulheres e jovens se unem numa aspiração comum – o derrube da ditadura –, pode ser o prenúncio de uma convivência que não seja vigiada pelas mesquitas e pela polícia e converter a Praça Tahrir no símbolo da liberdade árabe.
Apesar do perigo islâmico, da instabilidade que afectará a própria Europa e da extensão das convulsões árabes, vale a pena apostar nesta revolução de natureza democrática.
Sabemos que o petróleo e a religião são uma mistura explosiva. Resta saber se vencerá a onda democrática em curso, como a que varreu os países da Europa do Leste, após a queda da URSS, ou o retrocesso violento como o que substituiu o execrável Xá do Irão por uma abominável teocracia.
O nascimento do primeiro ‘bebé-medicamento’ em França, que poderá salvar um dos irmãos que sofre de uma grave doença de sangue hereditária (beta-talassemia), foi condenado pelo Cardeal André Vingt-Trois, provocando uma polémica no país.
A Igreja da Cientologia é fascinante. Porque não há nada que os cientologistas façam de criticável que não seja praticado, em maior ou menor grau, por outras comunidades religiosas. O génio de Hubbard (e é esse o lado fascinante da cientologia) consistiu em seleccionar todos os piores aspectos de cada uma das centenas de organizações religiosas do mundo, juntá-los e exacerbá-los. O resultado é uma organização que, embora ridícula, é perigosa para os seus membros (e para a sociedade em geral, se algum dia tentarem meter-se na política).
Vejamos como todas as práticas cientologistas consideradas «questionáveis» existem noutras comunidades religiosas:
(Verifica-se assim que a Igreja da Cientologia não é essencialmente diferente das outras Igrejas. Só é mais completa.)
Seria liberticida imaginar leis para combater a Cientologia. E seriam atingidos, fatalmente, outros movimentos religiosos. Como qualquer outro mal social, a Cientologia só marginalmente se combate com leis. Combate-se principalmente, tal como a toxicodependência, a homofobia ou o sexismo, pela denúncia e pelo exemplo.
O site Xenu.net continua o seu longo trabalho de reunir material crítico sobre a Cientologia. Recomendo também este artigo recente, muito completo.
Extremistas indonésios atacam três igrejas e lincham seguidores de uma minoria islâmica
Os ataques dos últimos dias revelam o crescente protagonismo dos grupos integristas no país com maior população muçulmana do mundo.
Uma horda de muçulmanos extremistas incendiaram duas e saquearam outra no centro da ilha de Java (Indonésia), enfurecidos por entenderem que um tribunal decretara uma pena demasiado leve a um cristão condenado por blasfémia, segundo a polícia.
O incidente aconteceu dois dias depois de outra turba ter linchado a três homens da seita islamista ahmadi, considerada herética, um facto que provocou críticas à passividade do Governo do país com a maior população muçulmana do mundo, após difusão das cenas do brutal ataque na televisão.
AGENCIAS / EL PAÍS – Yakarta / Madrid – 08/02/2011
Fonte: Imagens de apostasia
“Por esses dias caminhei por Assis, e em alguns lugares de oração assisti a profanação. Vi budistas dançando ante o altar, onde em lugar de Cristo, havia sido colocado Buda, a quem se reverenciava e oferecia incenso” (Cardeal Sílvio Oddi).
A religião continua nos mostrando exemplos de humanidade, compaixão, justiça e respeito à vida.
Uma adolescente de 14 anos morreu após ter recebido 80 chibatadas em Bangladesh, como punição por ter tido um relacionamento com um primo que era casado. Hena Begum foi acusada de ter mantido uma relação sexual com seu primo de 40 anos de idade, que era casado. Ele também foi condenado a receber cem chibatadas, mas conseguiu fugir.
O ocorrido foi o seguinte. Ao ouvir gritos de socorro de Hena, moradores locais chegaram a acudir a adolescente. Os jornais bengalis informaram que em vez de tomar uma ação contra o autor do suposto estupro, os religiosos trancaram a jovem dentro de um quarto. No dia seguinte, o mesmo imã e representantes do Comitê da Sharia, o código de leis muçulmanas, acusaram Hena de ter cometido atos de ”sexualidade imoral” fora do casamento.
Na quarta-feira, um grupo de moradores de Shariatpur foi às ruas em protesto contra a fatwa e contra os autores da sentença. ”Que tipo de justiça é essa? Minha filha foi espancada em nome da justiça. Se tivesse sido em um tribunal de verdade, minha filha jamais teria morrido”, afirmou Dorbesh Khan, o pai da adolescente.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.