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Categoria: Religiões

19 de Junho, 2018 Vítor Julião

Como sabemos que os deuses são imaginários.

deuses

mitologia

Através do globo e através do tempo, os humanos amaram e adoraram milhares de deuses. Mas, se um deus fosse real e todos os restantes falsos, saberíamos. Considera três possíveis benefícios de acreditar em um deus:

1) ORAÇÃO
Os crentes em deuses falsos estariam constantemente reclamando que as suas orações nunca são respondidas, ao passo que os crentes em um deus real estariam exultantes com sua incrível taxa de sucesso.

2) COMUNHÃO
Os crentes de um deus falso lamentariam o fato de nunca sentirem a presença de seu deus, ao passo que os crentes de um deus real falariam com seu deus diariamente e teriam certeza disso.

3) ORIENTAÇÃO
Os crentes em um deus falso pediriam conselhos a deus, mas ainda tomariam muitas decisões ruins, enquanto os crentes de um deus real encontrariam seu deus habilmente orientando-os através dos obstáculos da vida.

Seria óbvio que os deuses eram reais e óbvios que os outros não eram. Mas, aqui está o interessante – não é óbvio. Todas as pessoas religiosas relatam esses benefícios, qualquer que seja o deus que eles adoram. Parece que todos os deuses funcionam igualmente bem!

Nós temos que concluir que, ou há milhares de deuses reais, ou não há nenhum. Mas como os deuses são tão diferentes e contraditórios em muitos aspectos, é impossível que todos os deuses sejam reais. Assim, podemos descartar a opção de que todos os deuses são reais e ficamos com apenas uma opção – nenhum é real.

O fato de que todos os deuses funcionam igualmente bem é uma clara evidência de que todos são igualmente imaginários. Os benefícios relatados de orações respondidas, comunhão e orientação podem ser nada mais do que imaginação com uma grande dose de viés de confirmação.

Existe alguma outra conclusão razoável?

 

Fonte: Bill Flavell

16 de Junho, 2018 Carlos Esperança

A ditadura e o clero português

Há folhetos que valem dezenas de páginas de um compêndio, panfletos que se tornam o libelo acusatório de um regime e da cumplicidade que o perpetuou, papéis que ficaram a atestar uma época, um regime e a Igreja de que o ditador foi o produto.

Para os que esqueceram as rezas das missas pela longevidade dos governantes e orações pias de agradecimento aos próceres do fascismo, aqui fica um documento para gáudio dos democratas e vergonha dos fascistas.

 

8 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Duvido da bondade da medida

El Gobierno austriaco lanza una ofensiva contra el “islamismo político” y cerrará siete mezquitas

La coalición de conservadores y ultraderechistas amenaza con expulsar a decenas de imanes financiados por Turquía.
Madrid / Viena El Gobierno austriaco ha lanzado este viernes una ofensiva contra el “islamismo político” y ha anunciado el cierre de siete mezquitas acusadas de difundir ideas extremistas. El Ejecutivo se plantea, además, la deportación de hasta 60 imanes que reciben salarios desde Turquía, una decisión calificada por Ankara de “islamófoba” y “racista”.
8 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Coimbra – 2018 — A bênção das pastas

Não há evidência estatística que prove que a bênção das pastas traga benefícios aos estudantes ou abra a porta ao primeiro emprego.

Não há ensaios duplo-cegos que provem a correlação positiva entre a fé e a preparação académica, entre a eucaristia e o conhecimento científico, entre as orações e o domínio das sebentas.

Tirando o colorido fotográfico de um bispo paramentado a rigor e estudantes com vestes talares, não há nos borrifos de água benzida, arremessados a golpes de hissope, a mais leve suspeita de que a benta humidade conserve o coiro da pasta ou do portador.

Há, todavia, no circo da fé, genuína alegria, uma absoluta demissão do sentido crítico, a força poderosa do «porque sim», que impele os universitários de Coimbra para a missa na Sé Nova a pedir a bênção da pasta e a prometer que vão espalhar a felicidade.

Vão ao confesso dizer os «pecados» para que se preparam, segue-se a eucaristia antes da cerveja, despacham umas ave-marias e mergulham na estúrdia da semana de todos os excessos.

Deus é um aperitivo que a tradição manda, a festa é o ritual que o corpo e os sentidos exigem. O bispo leva Deus para o Paço episcopal enquanto os estudantes vão fazer a digestão da hóstia em hectolitros de cerveja ou acabar no banco do Hospital em coma, espécie de êxtase místico provocado por excesso alcoólico.

Até à data não há registo de qualquer lavagem gástrica por excesso de hóstias. Talvez a eucaristia tenha lugar no início dos festejos porque, no fim, não há estômago que ainda aguente.

Neste ano de 2018, houve um aumento da fé e vieram mais famílias do que era costume, a seguir a cerimónia fora do templo, através de um ecrã gigante. Os alunos começaram a festejar o fim do curso, de joelhos. Podem acabar de rastos.

5 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Sobre a eutanásia e as religiões

Por

Alfredo Barroso*

2) E as religiões, ai as religiões?! Juntaram-se uma porção delas numa “santa aliança” em defesa da vida, contra a morte assistida, afirmando que todos os que a praticam são criminosos e devem ser punidos. Todavia, quantas guerras santas, quantas carnificinas, quantos massacres, quantos banhos de sangue, quantos genocídios têm sido praticados por elas ou em nome delas ao longo da história da humanidade (HH, como Heinrich Himmler) e se prolongam, desgraçadamente, até aos nossos dias, sempre em nome duma verdade absoluta que querem fazer-nos crer que é a única, mas que difere conforme a religião que a reivindica?!

Por exemplo, há a verdade dos católicos de rito romano, assim como a dos católicos de rito bizantino, e a dos ortodoxos, e a dos protestantes, e a dos judeus, e a dos muçulmanos (e é óbvio que estou a esquecer-me de várias outras verdades), que a proclamam – como diria Camilo – com um grande “charivari de trompões fortes” e armas assassinas. Sabem o que disse o cristão renascido George W. Bush a propósito das invasões do Afeganistão e do Iraque? Eu cito: “Deus disse-me para ir para a guerra contra o Afeganistão e contra o Iraque!” E sabem o que disse Tony Blair, cristão subitamente fervoroso?

Eu cito: “Rezei a Deus quando tive de decidir se devia ou não enviar tropas do Reino Unido para invadir o Iraque!” Digo-lhes que fizeram os dois um lindo serviço, aparentemente decidido na cimeira-fantoche dos Açores, sob os auspícios da vergonhosa aliança política ibérica entre Durão Barroso e José María Aznar. Tudo gente que é contra a eutanásia, a interrupção voluntária da gravidez, a fornicação fora do casamento, o adultério da mulher mas não o do marido, e outros “sacrilégios” previstos, por exemplo, no catecismo da Igreja Católica – mas não hesitam em massacrar com bombas de “último modelo” milhares de civis inocentes (velhos, mulheres e crianças, como se costuma dizer) e em humilhar e torturar prisioneiros em prisões clandestinas situadas em países aliados, regra geral submetidos a regimes ditatoriais.

E já nem falo, por exemplo, das decapitações que se praticam na Arábia Saudita e pelo Daesh.

Eutanásia uma ova, Deus não quer! Assassínios, massacres, decapitações, isso sim, que se lixe Deus! E quantos não terão implorado o golpe de misericórdia nos campos de batalha ou nas cidades bombardeadas, conseguindo desse modo uma “morte assistida” praticada pelos soldados de Deus – tanto os das cruzadas cristãs como os da jihad islâmica. Meu Deus, meu Deus, porque os abandonaste? De facto, se Ele existe, parece que assiste a tudo isto impávido e sereno…

  • Político, escritor, jornalista, ex-governante, jurista.
4 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Laicidade

O niqab e da burka, proibidos em França desde 2010, em lei que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou não contrária à Convenção Europeia dos Direitos Humanos, foram agora, em 31 de maio, igualmente proibidos em locais públicos, pelo parlamento dinamarquês, por uma lei aprovada com 75 votos a favor e 30 contra.

A Dinamarca, que acaba de juntar-se a outros países europeus, teve a reação adversa da Amnistia Internacional à aprovação da proposta de lei, afirmando que a medida é uma violação ao direito das mulheres.

É difícil fugir das nossas próprias contradições e exonerar das tomadas de posição todos os preconceitos. Neste caso, agora, como no passado, apoio a posição dinamarquesa e discordo da AI, convencido de que a referida lei defende a liberdade.

Contrariamente a muitos dos meus amigos e leitores, não sou apenas contra a exibição dos adereços pios de natureza islâmica, sou igualmente contra a exposição das vestes de freiras, padres, bispos, frades, etc., em espaços públicos onde apenas as fardas militares, policiais ou de bombeiros devem ser as exceções e, eventualmente, músicos das bandas. Não aos médicos e enfermeiros de bata, advogados de toga ou juízes de beca.

Ignoram muitos, ao que parece a própria Amnistia Internacional, que, por cada mulher que deseja usar o niqab ou a burka, há dezenas constrangidas a fazê-lo, incitadas pelos maridos, muitas vezes com fins provocatórios. O vestuário religioso não é um adereço da moda, é apanágio de sociedades tribais que subjugam e humilham a mulher.

Discordo dos juramentos para cargos públicos sobre livros ditos sagrados, e defendo a liberdade de ordenação de padres ou a sagração de bispos, que os torna funcionários de um Estado estrangeiro, sem obrigação de jurarem a Constituição da República. Respeito a liberdade religiosa.

A razão por que as repartições públicas não devem ostentar símbolos religiosos é a que permite celebrar nos templos a liturgia, sem bandeira nacional ou foto do PR, e encerrar os ritos sem o hino nacional. É a separação do Estado e das Igrejas.

Enquanto os países não assimilarem que a laicidade é uma necessidade de sobrevivência civilizacional, a chantagem religiosa é uma espada de Dâmocles aguçada nas madrassas e sacristias.

Não tenho o monopólio da verdade, mas a necessidade da laicidade é a minha convicção mais profunda e consolidada. A neutralidade religiosa não permite chantagens pias nem subsídios do erário público às religiões.

Não venham com a limitação dos direitos das mulheres em países civilizados, perante as comunidades que os restringem. O Estado deve impor a vacinação e o ensino, e limitar o acesso à compra de armas, e o exercício desse direito não pode ser considerado como limitação das liberdades individuais.

Há quem invoque a liberdade para oprimir a mulher e esqueça que houve escravos que recusaram a liberdade, mas a abolição do esclavagismo foi um avanço civilizacional.

1 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Decisão dinamarquesa

Dinamarca proíbe uso de burqa ou niqab em locais públicos

A Amnistia Internacional já reagiu à aprovação da proposta de lei, afirmando que a medida é uma violação ao direito das mulheres.
Dinamarca proíbe uso de burqa ou niqab em locais públicos
Reuters

A Dinamarca juntou-se a vários países europeus e proibiu o uso de burqas ou niqabs (cobertura integral do corpo ou véu que tapa a cara, respectivamente) em locais públicos. Segundo a agência Reuters, citada pela Sábado, o parlamento dinamarquês aprovou esta quinta-feira uma proposta de lei com 75 votos a favor e 30 contra.

D1A – Só quem não sabe que, por cada mulher que deseja usar o símbolo religioso, há dez que são obrigadas, é que pode estar contra esta decisão.

31 de Maio, 2018 Carlos Esperança

Do mural do Faceboock de Alfredo Barroso*

FREIRA ESPANHOLA “EMBARAZADA” DIZ QUE FOI O ESPÍRITO SANTO

Uma freira (‘monja’) espanhola de 29 anos de idade, do ‘Convento de las Rosalinas’, em Valhadolid, causou grande reboliço ao descobrir-se que está grávida (‘embarazada’) de três meses. Mas a surpresa ainda foi maior quando ela, negando ter tido uma aventura amorosa com algum padre ou algum visitante do convento, garantiu que a criança cresceu de forma mágica no seu ventre e sem qualquer relação sexual prévia.
«Não quero pecar por imodéstia, nem ofender o Santo Padre, mas isto só pode ter sido obra do Espírito Santo, não há outra explicação possível, visto que não conheço nem alguma vez conheci homem em toda a minha vida. O Espírito Santo deve ter-me visitado em sonhos e fecundou-me. Não estou a dizer que sou uma nova virgem Maria, isso só o Vaticano é que poderá confirmar» – disse ela a quem a quis ouvir.
Em Roma há muito cepticismo perante tais afirmações e já está em marcha o processo de investigação dos movimentos desta «monja rosalina». Segundo parece já têm em vista um suspeito, nada mais nada menos do que o padeiro que todas as manhãs vai entregar o pão ao convento. Será que o malandro do padeiro se chama Espírito Santo? 😂😍😋

Foto de Alfredo Barroso.
* Alfredo Barroso, escritor, jornalista, político e ex-governante.
28 de Maio, 2018 Carlos Esperança

O referendo da Irlanda e a IVG

A chegada de Trump à presidência dos EUA não foi apenas uma catástrofe para a paz, o ambiente e a ordem internacional, é um estímulo ao retrocesso civilizacional, com riscos acrescidos por um indivíduo impreparado, narcisista e imprevisível.

Não há campo onde a influência deletéria do país mais poderoso da Humanidade não se faça sentir. A escalada da extrema-direita, a explosão de nacionalismos agressivos e o recuo dos direitos humanos são a face visível de ressentimentos ocultos que explodem agora numa apoteose reacionária que augura os piores receios.

Enquanto a fome, a guerra e a miséria produzem milhões de mortos e de deslocados, por todo o mundo, as ditaduras ameaçam os países que julgavam perpétuas as democracias, e assiste-se, nos costumes, à progressão das forças mais obscurantistas.

Dos EUA aos países sul-americanos, da Ásia à Europa, há uma escalada misógina, que se abeira da patologia islâmica ou do fundamentalismo de Malta. Na Eslováquia e na Polónia reforçam-se grupos que se opõem aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, num ataque à sua autodeterminação sexual e ao retorno à criminalização da IVG.

É por isso que o referendo da Irlanda, com a massiva participação e expressiva maioria, favorável à liberalização do aborto, foi uma vitória histórica no país onde a IVG, mesmo nos casos de malformações fetais, incesto ou violação, é punida com penas de prisão próximas das dos homicídios.

A vitória da modernidade, onde ‘mulheres caídas’, leia-se ‘prostitutas e mães solteiras’, eram votadas a um aviltante ostracismo, é o triunfo de uma nova mentalidade nascida na ruína de uma Igreja ferida por sucessivos escândalos, e o triunfo dos direitos da mulher.

A mobilização sem precedentes do eleitorado e a amplitude do SIM à despenalização do aborto foi a resposta irlandesa à ofensiva ultraconservadora que grassa contra os direitos reprodutivos da mulher.

O resultado deste referendo, sendo um alívio para as mulheres irlandesas, é a vitória da igualdade de género, num percurso longo e doloroso que devia envergonhar os homens.

Quando uma religião exulta com a castidade e exalta a virgindade, execra a sexualidade e transforma a fonte da vida na fossa do pecado.