Loading

Categoria: Religiões

23 de Julho, 2011 Carlos Esperança

O perigo dos fundamentalismos

Por

E – Pá

Norvège : un “fondamentaliste chrétien” inculpé… (in Le Monde) link

O fundamentalismo religioso persegue a Humanidade desde tempos imemoriais. Os fundamentalistas são por norma ultra-conservadores e levam a pratica da sua crença ao limite. Amiudadas vezes usam a violência para imporem as crenças ou para combaterem “infiéis”. Existem, praticamente, em todas as religiões sendo visíveis “essas atitudes” entre os adeptos do cristianismo, judaísmo e islamismo.O fundamentalista – qualquer que seja a sua filiação – acredita cegamente em dogmas religiosos, rejeita o diálogo e cultiva – pelo menos em relação aos outros – a intolerância. O “outro” é o símbolo do mal e, na sua concepção paranóica, constitui uma ameaça que urge combater ou destruir.Nos tempos modernos, os fundamentalistas estão apostados em esvaziar a sociedade e o Mundo do seu conteúdo cultural, deturpam a História e vivem à volta de falsas convicções. A sua principal e transcendente “ocupação” (e preocupação) é conceber e alimentar um clima de ameaça e, oportunamente, passar a acção. São pesadelo para Humanidade nos termos que a concebemos na Era Contemporânea. Tornaram-se párias da sociedade e, por isso mesmo, perigosos. Odeiam a secularização dos povos e a laicidade dos Estados. Vivem obcecados que “os fundamentos” da(s) sua(s) religião(ões) sejam destruídos pela liberdade que a evolução do saber, do conhecimento e a aceitação da modernidade acabaram por inculcar e transformar o Homem num ser civilizado.

Terá sido esta cascata de incongruências e ódios que “fundamentou” a tragédia norueguesa de ontem.

22 de Julho, 2011 Carlos Esperança

De um manual de maus costumes

Citado num comentário do DA por Rui Gomes

 

Pode dizer-se que o Antigo Testamento é uma obra meramente literária, como dizem, envergonhados, alguns crentes. Mas não é o que pensa o Vaticano:

Duas citações do «Catecismo da Igreja Católica» elaborado pelo cardeal Ratzinger:

«§121 – O Antigo Testamento é uma parte indispensável das Sagradas Escrituras. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada».
«§123 – Os cristãos veneram o Antigo Testamento como a verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaçou vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo Testamento o teria feito caducar».

18 de Julho, 2011 Carlos Esperança

Factos e documentos

Em 24 de Fevereiro de 1971 a Irmã Lúcia, reclusa das Carmelitas Descalças em Coimbra) escrevia ao Presidente do Conselho, Dr. Marcelo Caetano, implorando medidas legislativas sobre as vestes femininas:

não seja permitido vestir igual aos homens, nem vestidos transparentes, nem curtos acima do joelho, nem decotes a baixo mais de três centímetros da clavícula. A transgressão dessas leis deve ser punida com multas, tanto para as nacionais como para as estrangeiras.

(In Arquivos Marcelo Caetano, citados em Os Espanhóis e Portugal de J.F. Antunes  Ed. Oficina do Livro)

15 de Julho, 2011 João Vasco Gama

Milagres – II

No texto anterior referi que existe quem acredite em milagres que não violam as leis naturais. Aleguei que se trata de uma crença absurda, e explicarei porquê neste texto.

Imaginemos um universo com determinado conjunto de leis naturais. Nesse universo existirão fenómenos mais prováveis, e outros menos prováveis. Numeremos os fenómenos ordenando-os por ordem descrescente de probabilidade de ocorrência. Designemos como «raríssimos» os fenómenos mais raros.

Perante a ocorrência de um fenómeno «raríssimo» isolado, justificar-se-ia acreditar na ocorrência de um milagre? À partida parece que não, pois, por definição, será de esperar um determinado número de fenómenos raríssimos, de acordo com as leis naturais em causa.

E se ocorressem fenómenos «raríssimos» com muito mais frequência do que aquela que se esperaria? Por definição, isso implicaria que as expectativas estavam erradas. Que o conhecimento das leis naturais que presidiu às espectativas não era adequado, e que isso explica que no mundo natural o fenómeno seja mais comum do que na nossa imagem do mundo natural. O corolário disto é que caso o nosso conhecimento das leis naturais espelhasse o funcionamento das mesmas, esta situação seria impossível. Nesta situação o alegado «milagre», porque natural, pode ser estudado como toda a natureza é estudada – através dos métodos empíricos das ciências naturais. A ocorrência do «milagre» acima do esperado apenas significa que o nosso conhecimento das leis naturais era desadequado.

Novamente, passo a expor exemplos. A Amélia encontrou no aeroporto a sua amiga Rita. Este fenómeno não teria nada de extraordinário, não fosse dar-se o caso de já não falar, pensar nem ver Rita há duas dezenas de anos, e ter pensado nela precisamente dez minutos antes de ver. Amélia vê nesta situação a prova de que «não existem coincidências». Nesta situação existem duas possibilidades.

Uma é que o nosso conhecimento das leis naturais nos permita estabelecer uma estimativa do número de vezes em que esta situação ocorre (alguém pensar num amigo em que já não pensa ou vê há mais de dez anos, e encontra-la nos trinta minutos seguintes), e essa estimativa ser adequada, sendo Amélia (entre outros) a feliz contemplada – a alguém tinha de calhar a lotaria, e existem coincidências.
A outra é que o nosso conhecimento das leis naturais seja desadequado. Este tipo de situações é muito mais comum do que aquilo que as nossas estimativas permitiriam prever, o que evidencia mecanismos que desconhecemos. Sendo mecanismos naturais, estão acessíveis ao estudo empírico, e uma vez estudados e conhecidos seria possível estabelecer uma nova estimativa, desta feita adequada.

O Jeremias sofre de um cancro, e os médicos consideram que a probabilidade de cura é praticamente nula. Jeremias reza a Nuno Álvares Pereira, pedindo que este interceda por Deus para ser curado. Os médicos não consideram que a oração altere a probabilidade de cura, e desta forma não alteram a sua estimativa de probabilidade. O cancro de Jeremias acaba por regredir e desaparecer. Podemos considerar três possibilidades.

Uma é que o conhecimento das leis naturais seja adequado: a reza não altere a probabilidade de cura, e a estimativa do número de pessoas curadas na situação do Jeremias corresponda ao número (reduzido) daquelas que de facto são curadas.
A segunda é que o conhecimento das leis naturais seja desadequado, independentemente do efeito da oração. Rezem ou não, pessoas como o Jeremias a serem curadas são muito mais comuns do que os médicos imaginariam, o que significa que os mecanismos de funcionamento desse cancro deveriam ser melhor compreendidos.
A terceira é que os médicos estejam equivocados quando pensam que a oração de Jeremias não alterou a sua probabilidade de cura. De acordo com as leis naturais «verdadeiras», uma pessoa na situação do Jeremias que reze convictamente tem uma probabilidade de cura superior às estimativas dos médicos. Como todo este mecanismo é natural e observável empiricamente (até porque verifica-se estatisticamente), a ciência acabará por refazer as suas estimativas de cura, consoante o paciente reze de forma sincera ou não.

Claro que em quaquer destes casos a palavra «milagre» parece desadequada para descrever o fenómeno raríssimo em jogo. Se a ocorrência do fenómeno se deve a uma mera coincidência sem significado, expectável precisamente na frequência com que ocorre, ele não merce tal designação. Mas, por outro lado, se o espanto pela ocorrência do fenómeno se deve apenas a uma espectativa errada em relação à frequência da sua ocorrência, devida a um conhecimento deficiente e incompleto das leis naturais, o fenómeno não é hoje mais milagroso do que era o trovão ou as cheias do Nilo para os antigos. Um dia será estudado e compreendido.

O absurdo está em querer que o fenómeno seja ao mesmo tempo extraordinariamente raro, e ao mesmo tempo suficientemente comum para que a sua ocorrência repetida seja ainda mais extraordinária. O problema é que se é «suficientemente comum» para isso aconteça, então não é tão «extraordinariamente raro».
Este paradoxo só poderia ser resolvido se o fenómeno, por hipótese, levasse à conclusão de que quaisquer leis naturais que a ciência pudesse encontrar seriam sempre insuficientes para explicar a realidade – nunca se conseguiria, por melhor que se conhecesse a natureza, fazer corresponder as expectativas da realidade (esquema 2) à ocorrência de eventos na realidade (esquema 3) – mas isso implica, por definição, que o «milagre» em causa seria sobrenatural.

Por fim, deve dizer-se que grande parte do espanto com ocorrências percepcionadas por alguém como raras, mas que na verdade mais comuns do que aquilo muitos esperariam, deve-se não ao desconhecimento actual a respeito das leis naturais (que existirá), mas sim aos enormes erros de estimativa desse alguém. Na verdade, por várias razões que a selecção natural explica, mas também devido a alguma ignorância sobre estatística, este tipo de erros nas estimativas são relativamente comuns. O próximo vídeo, que aconselho vivamente, desenvolve esta questão:

14 de Julho, 2011 João Vasco Gama

Religião e obediência

Este artigo é sobre as qualidades que os pais mais valorizam nas crianças, se a obediência ou a autonomia. O autor relacionou as respostas a esta pergunta com uma série de variáveis sócio-culturais, tais como sexo, rendimento, religião, idade.

Considerei particularmente curiosas as conclusões relativas à religião: «Formulei a hipótese de que pessoas que eram fundamentalistas religiosas teriam maior propensão para valorizar a obediência e menor propensão para valorizar a autonomia e que pessoas com maior probabilidade de frequentar a igreja teriam as mesmas propensões. Os dados sugerem que isto é verdade.»

1 de Julho, 2011 Abraão Loureiro

Como legalizar o consumo de droga? Através da religião!

História, doutrina , igreja do Santo Daime
A historia da Doutrina Santo Daime começa com o nascimento de Raimundo Irineu Serra, em São Vicente do Ferré no dia 15/12/1892 no Estado do Maranhão. Irineu um negro alto com 2 metros de altura, filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, o fundador da Doutrina Santo Daime.

E se os portugueses aderirem à Igreja do Santo Daime e abrirem filiais pelo país? Ler notícia aqui

28 de Junho, 2011 Eduardo Patriota

Galinha mutante levanta debate religioso em Israel

 

E eu pensando que já tinha visto de tudo…

Uma família judia ultra-ortodoxa mostrou nesta terça-feira (28) uma galinha de quatro patas que nasceu em sua casa, no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém. A rara ave levantou um debate religioso sobre seu rótulo de alimento “kosher”, aquele que é considerado puro e por isso é permitido na alimentação de judeus.

Segundo a crença, um animal que tenha órgãos sobressalentes seria considerado impuro (“treif”), mas há quem defenda que isso só é verdade no caso de as patas extras estarem ligadas de alguma forma à bacia da ave, como as patas normais.

Por conta disso, alguns defendem que só se saberá se a carne da galinha é “kosher” ou “treif” depois que o animal for abatido, e sua estrutura, analisada.

Isso prova uma coisa e abre uma dúvida:

Prova que todos judeus ultra-ortodoxos faltaram às aulas básicas sobre biologia, DNA, replicação celular, etc. E a dúvida é: será que esse tempo todo os judeus estavam comendo alimentos proibidos? Será que isso explica os infortúnios deste povo ao longo da história?

22 de Junho, 2011 João Vasco Gama

Razões para não acreditar

Alguns deístas apresentam Deus como uma abstracção infalsificável.
No que diz respeito a tal abstracção, tenho boas razões para nela não acreditar, com esta exposta por Bertrand Russel:

«Da minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol numa órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, sendo que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos.
Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com toda a razão pensariam que estou a dizer tolices.
»

Não obstante, no que diz respeito a várias religiões teístas, em particular o cristianismo, tenho razões muito mais fortes não acreditar nas alegações feitas – a sua própria inconsistência interna, a incoerência entre as várias alegações associadas a cada uma destas religiões.

O video que se segue explica de forma muito clara e competente algumas das principais.
Tive muito prazer em vê-lo e quero por isso partilha-lo com todos:

Texto também publicado no Esquerda Republicana.