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Categoria: Religiões

24 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Bento 16 deixou Espanha

B16 deixou Espanha convencido de que Jesus Cristo é o único redentor da humanidade e a mãezinha dele a rainha dos Céus dos católicos romanos.

A humanidade existia há muitos milénios quando JC foi promovido a «redentor», sem que  a vinda desse judeu, que provocaria mais uma religião, estivesse na origem de uma vida para além da morte na qual o próprio papa teria dificuldade em acreditar se não fossem tão fartos os proventos.

A reincidente visita de Ratzinger a Espanha insere-se na obsessão de recristianizar uma Espanha onde o medo da Igreja e do franquismo conseguiu pôr um povo de joelhos. A sua intromissão na política interna é uma evidência que a raiva contra as leis da família pôs a descoberto. Foi uma ajuda ao PP para as eleições que se avizinham.

O ditador vitalício do Vaticano não pediu perdão ao povo espanhol pela colaboração da sua Igreja com a ditadura franquista, com os seus crimes e com a onda de terror que, durante anos, percorreu Espanha.

O Vale dos Caídos, construído pelos escravos que estiveram do outro lado da barricada, na guerra civil, é um monumento à maldade e espírito vingativo do clero romano. Não é preciso absolver os crimes praticados pelos republicanos para condenar a conduta do catolicismo durante e após a guerra civil.

Os dois últimos papas, com as canonizações provocatórias, não fizeram mais do que dar o aval aos que se comprometeram com uma das mais sangrentas ditaduras europeias.

O regresso do Papa ao bairro do Vaticano deixa a Espanha com ar mais respirável.

20 de Agosto, 2011 João Vasco Gama

O secularismo torna as pessoas mais éticas?

«Os não crentes são frequentemente mais educados, mais tolerantes, e sabem mais a respeito de Deus que os crentes. Novas pesquisas têm tentado perceber o que se passa na mente do sempre-crescente grupo de pessoas conhecido como os “nadas”.»

Estas palavras não são minhas, são a minha tradução da introdução de um artigo da Spiegel, denominado «O secularismo torna as pessoas mais éticas?», que recomendo vivamente a quem se interessa por estes temas.

16 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Oração (2) – Comentário oportuno de um leitor

Por

João Pedro Moura

Orar é pedir uma benesse ao seu deus, é pedir um favor, é pedir algo feliz, que contrarie uma infelicidade vigente.

Mas, então, o tal deus não sabe o que se passa, não vê a desventura, não difunde a ventura?! Pelos vistos, tem que se pedir… É como um médico ou outra qualquer pessoa ver um acidentado, em premência de socorro, e esperar que a vítima peça ajuda…

Enfim, quem vira as costas a uma vítima cai na alçada do código civil de qualquer país……Mas tem que se impetrar a deus por ajuda…As secas, as chuvas torrenciais, os acidentes de viação e aviação, os terramotos e maremotos são consequência da estrutura da matéria biológica, geológica e climatológica, matérias essas criadas por deus, segundo os crédulos.

Logicamente, é deus o responsável por tudo, pois tudo antevê… há biliões de séculos…Pelo que, pedir a deus qualquer coisa é sumamente ridículo e estúpido!Imaginemos a cena burlesca do pedido: – Meus Deus, estamos a passar uma seca enorme… já chega… manda-nos uma chuva!Ou…Meu Deus, manda-nos uma seca, porque já estamos há muito tempo com chuva!Ou…Deus meu, rei dos reis, salvador da Humanidade, faz-me regenerar a minha perna (ou o meu braço…), que foi amputada! Ora, será que deus não sabe o que a pessoa precisa?! Então, para que é preciso pedir?!Pedir a deus é a mesma coisa que lhe pedir que modifique as condições que ele criou. Mas, então, se ele é deus, faz algum sentido pedir-lhe que modifique coisas?!É a mesma coisa que esperar de deus uma resposta do género: – Ah, está bem, eu não tinha reparado. Já vos mando uma chuvada (ou uma seca…)Ou…- Ah, certo, não tinha reparado, já te vou regenerar a perna (ou o braço…) amputada… Donde se infere que a oração não serve para nada e é tratar deus como um ignorante, que não sabe o que faz e precisa de pedidos para conhecer o que se passa e que contrariem o que ele provocou… Bem digo eu, que a religião é a coisa mais estúpida do mundo e …arredores!…

13 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Fátima – A peregrinação dos emigrantes

Enquanto Madrid espera o Papa e a vasta clientela que dará animação aos restaurantes, albergues e casas de diversão, a ICAR recebe hoje, em Fátima, emigrantes, em número mais reduzido e com esmolas mais contidas.

Fátima tem a maior área coberta da religião, em Portugal. Foi um centro de propaganda da ditadura depois de ter sido um instrumento de luta contra a República. A guerra fria deu-lhe uma enorme importância e converteu o local num centro de recolha de esmolas onde o dinheiro e o ouro abundaram. Hoje, a crise da fé e da economia tornam o sítio menos rentável, apesar das campanhas papais de marketing.

Também é verdade que os pastorinhos nunca conseguiram fazer um milagre de jeito. São mais os peregrinos que morrem na estrada do que os estropiados que se curam. Os joelhos dos devotos sangram nas maratonas beatas à volta da capelinha das «aparições» e as orações aliviam os crentes mas não produzem efeitos.

Não sei como os laboratórios farmacêuticos não usam a ave-maria como placebo nos ensaios duplo-cegos com que testam os medicamentos.

O paganismo é hoje um detonador da fé que se cultiva na Cova da Iria. Ninguém quer saber de deus, apenas a virgem é a mascote que recebe oferendas, obriga a sacrifícios e a quem se pagam promessas.

Ainda se vêem velhos combatentes com a farda da guerra colonial a agradecer o retorno à Pátria. Se foi a virgem Maria que os protegeu deve haver 13 mil defuntos a sofrer em silêncio a desatenção da dita senhora que aparece em locais improváveis para alimentar a superstição e manter o negócio da fé.

11 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Mutilação genital feminina

Os países democráticos e civilizados mantém uma estranha condescendência para com os crimes cometidos em contextos étnicos ou religiosos. A violência contra as mulheres faz parte de uma velha tradição misógina de que as religiões são herdeiras. Entre as barbaridades de que as mulheres são vítimas conta-se, em algumas comunidades, a mutilação genital feminina, um atentado contra a autodeterminação sexual que, com um sofrimento atroz, lhes rouba a satisfação sexual e, não raro, a vida.

Pode dizer-se que a mutilação genital feminina não é uma aberração do Corão nem um crime de natureza africana mas é em comunidades negras e sempre em contexto familiar islâmico que o crime tem lugar no seio da família.

A tradição é a mais abjecta desculpa para a complacência com a perpetuação de crimes que deviam ser perseguidos com o empenhamento das forças policiais, a vigilância cívica dos cidadãos e o rigor do código penal.

Será difícil erradicar, a curto prazo, a ignóbil tradição nas zonas africanas onde perdura, mas é inaceitável que meninas de famílias oriundas dessas zonas sejam sacrificadas em Vale da Amoreira, na Moita, em Portugal.

Apesar de considerada internacionalmente como grave violação dos direitos humanos, a OMS estima em mais de 140 milhões as vítimas submetidas a tal barbaridade e que cerca de três milhões se encontram todos os anos em risco, como recentemente revelou o Diário de Notícias.

Que tais crimes possam ter lugar em Portugal, que a impunidade os possa perpetuar e as autoridades os ignorem, é uma infâmia que envergonha Portugal e o torna cúmplice, também neste caso, da grosseira violação dos direitos humanos.

8 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Espanha seculariza-se

A velha Espanha dos Reis Católicos, Fernando e Isabel, alérgicos ao banho e entusiastas das missas, hóstias e fogueiras, perdeu 10% de católicos nos últimos 10 anos.

São menos de 10% os espanhóis que suportam a missa dominical e o PDG do Vaticano desdobra-se em visitas de propaganda sem conseguir o entusiasmo com que nos séculos XV e XVI assavam e deportavam judeus ou nos tempos recentes, de Francisco Franco, perseguiam os não crentes.

O número de casamentos civis ultrapassou o dos religiosos, quase metade dos jovens não confia na Igreja católica e o número de baptizados diminui rapidamente.

A maior instrução do povo, a consciência da cumplicidade do clero com o impiedoso assassino Franco, as canonizações de bem-aventurados pouco recomendáveis e o reaccionarismo dos dois últimos pontífices devem ter concorrido para o alheamento da religião.

A mais devota nação católica está a caminho de uma secularização firme e irreversível. A laicidade é já hoje um paradigma da sociedade urbana da velha Espanha cheia de sotainas e com as igrejas abarrotar de crentes.