Loading

Categoria: Religiões

19 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Uma pesquisadora de milagres. A indústria não pára

Irmã Célia Cadorin, 84 anos, é uma espécie de detective da fé que conta com o apoio do cepticismo da ciência para encontrar milagres. Seu trabalho, minucioso e de mais de cinco décadas, é reunir documentos, relatos e pacientes que comprovam curas milagrosas creditadas à santidade de brasileiros.

As pesquisas da religiosa já sustentaram, por exemplo, a decisão do Vaticano em canonizar Frei Galvão e Madre Paulina.

17 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Deus é omnipotente…

A Conferência Episcopal da Holanda manifestou hoje “dor e vergonha” diante dos resultados de uma investigação que fala em milhares de crianças vítimas de abusos sexuais em instituições católicas, no país, entre 1945 e 2010.

Num comunicado citado pela Rádio Vaticano, os bispos holandeses e os representantes das congregações religiosas reconhecem a culpa dos autores destes atos, mas também das autoridades eclesiais que não agiram no “interesse prioritário” das vítimas, às quais apresentam um pedido de desculpas, que estendem às famílias.

 

14 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Franco e o Vale dos Caídos

Creio que foi do El País que traduzi estas doridas palavras:

« O que não se pode tolerar mais é que numa democracia como a espanhola se perpetue a homenagem monumental a um genocida (mais de 114.000 execuções premeditadas e ordenadas ao mais alto nível, a maior parte depois da vitória, prisões e depurações maciças impostas retroactivamente aos republicanos, sequestros de crianças, etc.), quem mais sequestrou à força a vontade dos espanhóis durante mais de três décadas».

Nota: A Igreja católica foi cúmplice dos crimes deste pio facínora – Francisco Franco.

 

8 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

O regresso das religiões e o retrocesso democrático

Paulo VI, João XXIII e João Paulo I, que o Senhor logo foi servido de chamar à sua divina presença, foram papas que se esforçaram por fazer esquecer as cumplicidades de Pio XII com o fascismo e que pareciam conduzir a Igreja católica para a modernidade. O concílio Vaticano II, pela primeira vez na história do catolicismo, admitiu a liberdade religiosa embora sabendo que todas as outras religiões eram falsas.

João Paulo II e Bento XVI, em linha com o fundamentalismo muçulmano entraram num caminho de retrocesso, num proselitismo exacerbado e no regresso à ingerência política nos países onde julgam maioritária a sua Igreja.

O secularismo e a laicidade pareciam garantir que o poder das Igrejas não voltaria a crucificar a liberdade. Talvez por isso, as revoltas nos países muçulmanos foram vistas pela Europa como auroras da liberdade quando já havia sinais de que podiam ser o seu crepúsculo.

A civilização árabe fracassou e conduziu à miséria e ao atraso civilizacional os países onde o Corão é ensinado nas madraças e recitado nas mesquitas. O Islão é o ópio que seduz as populações submetidas aos governos corruptos onde a caridade se exerce por intermédio da religião. São centenas de milhões de vítimas da fé.

Na Tunísia, em Marrocos e no Egipto surge agora uma onda de fanatismo que despreza os mártires que lutaram pela liberdade e derrubaram as ditaduras e já reclama a chária, a recordar-nos que das eleições livres municipais de 1990 até as legislativas de 1991 a Frente Islâmica de Salvação tinha o apoio generalizado dos argelinos para impor uma teocracia que os militares impediram com mais uma ditadura laica.

A Líbia e o Iémen são dois países onde as eleições livres, quando as puderem realizar, se limitarão a mudar de ditador  e a transformar países sem quaisquer direitos em países onde quaisquer direitos serão impedidos pelo Islão.

A Arábia Saudita e o Irão são para os países oprimidos o modelo de opressão desejado. Quem nunca conheceu a democracia só sonha com ditaduras alternativas e o poder tribal e teocrático parece fascinar quem entrou na espiral da miséria e da violência.

A Turquia, contrariamente ao que pensam os optimistas, está a sofrer um processo lento e eficaz de re-islamização ao mesmo tempo que o protestantismo evangélico avança nos EUA, os governos dos países cristãos ortodoxos tomam posse em nome da Santíssima Trindade e o Vaticano negoceia Concordatas e interfere nos países onde se infiltrou.

Os sionistas e os fundamentalistas simétricos, do Hamas e do Hezbolá, não dão tréguas. Forçoso é concluir que Deus podia ter sido uma ideia interessante mas acabou por ser um insuportável pesadelo com milhões de crentes.

 

5 de Dezembro, 2011 Eduardo Patriota

“Oração não recupera drogado”, diz psicóloga

Recentemente, o Conselho Federal de Psicologia do Brasil fez um estudo sobre os cuidados oferecidos em instituições de tratamento de usuários de drogas em todo o Brasil e apontou graves irregularidades em cinco unidades de Mato Grosso.

Entre os problemas, os pacientes são obrigados a assistir a cultos religiosos, independente de sua orientação, e, em alguns casos, há castigos como suspensão da alimentação, isolamento e trabalho sem direito a descanso.

No caso do Lar Cristão Ala Feminina, que fica em Cuiabá, as internas não são obrigadas a “ser crentes”, mas devem seguir todas as regras baseadas na religião; quando essas regras são desobedecidas, as usuárias ficam sem refeição até o momento em que obedecerem.

Ana Luiza Castro, membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos e do Conselho Federal de Psicologia, acredita que usar drogas não é um crime e que as políticas públicas não devem “combater” os usuários, só os traficantes. A psicóloga disse ainda que não crê na eficácia dos tratamentos realizados pelas instituições religiosas. “Eu nunca vi nenhum caso de alguém que se recuperou só com orações e isolamento. Isso é um problema”.

4 de Dezembro, 2011 Carlos Esperança

Os pescadores de Caxinas e a Senhora de Fátima

A população de Caxinas guarda memórias amargas de vidas perdidas nas ondas do mar. É uma terra de viúvas e mães chorosas, cuja sobrevivência depende da coragem dos homens que se fazem ao mar em frágeis embarcações. Não há famílias sem parentes e amigos perdidos na faina.

Aos 83 pescadores afogados nos últimos 30 anos, por incúria de governantes, escassez de meios de protecção e fúrias súbitas do mar, quis o acaso que resistissem ao frio, ao pânico e à fome, seis pescadores que viram afundar-se o pesqueiro em que seguiam da balsa salva-vidas onde se abrigaram.

Não é vulgar resistir 60 horas sem comida, com temperaturas baixas, apenas com água. Raramente sobrevivem nestas condições. Desta vez houve lágrimas de alegria por um acaso feliz, para compensar o desespero que as famílias e amigos viveram.

Foi exagerado o circo mediático montado pela comunicação social e o oportunismo da Igreja católica que estimulou a fé na Senhora de Fátima, especialista na salvação das almas sem méritos conhecidos no salvamento de vidas. Até o bispo se dispôs a ir rezar uma missa de acção de graças pelos seis sobreviventes.

Santa hipocrisia! Que aproveitamento da dor e angústia das famílias que o medo fez devotas! O bispo vai abanar a mitra e exibir o báculo enquanto aproveita as genuflexões para dar a beijar o anelão. Ao contrário dos abutres aparece para festejar a sobrevivência dos seis pescadores. Se tivessem morrido, lá estava o padre Domingos Araújo que já fez o funeral de mais de 80 pescadores mortos pelo mar nos últimos 34 anos.

Há quem viva das tragédias humanas. Os padres e os cangalheiros estão na primeira linha.