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Categoria: Religiões

23 de Janeiro, 2012 João Vasco Gama

Curas pela Fé

Alguns charlatães enriquecem à custa da Fé das pessoas, e usam entre outras ferramentas de persuasão as «curas pela Fé».

James Randi desmascara o célebre Peter Popoff:

E aqui Derren Brown explica alguns dos truques que são utilizados:

22 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

Jacob e as filhas de Labão

Por

Leopoldo Pereira

Sou fã das histórias bíblicas, que interpreto de acordo com o que vem expresso no famoso Livro Sagrado. Embora indesmentíveis, dado o respeito e veneração que os textos merecem, aí eu peco um bocado…

Óbvio que não estudei afincadamente a matéria, pelo que se cometer alguma gafe no decurso da narrativa, acreditem, faço-o sem intenção.

Jacob, filho de Isaac e Rebeca, neto de Abraão, viveu 147 anos, 17 dos quais no Egipto. Teve 12 filhos, de várias mulheres, tornando-se um deles (José) muito famoso, protagonista de uma das histórias que mais me encantaram; mas essa fica para depois.

Convém desde já salientar que as personagens citadas interagiam com Deus amiúde, mantendo por vezes conversas em directo, quer em sonhos quer ao vivo.

Desde os meus tempos de Liceu que nutria singular apreço por Jacob, devido a Camões. Lembro o célebre soneto em que o vate escreve: “ Sete anos Jacob servia……  Começa de servir outros sete anos”, terminando: “Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida”. A simpatia e até pena que Jacob me inspirava… varreram-se; Camões subestimou muita coisa acerca do traste que ajudou a imortalizar!

Esaú era irmão de Jacob e como primogénito herdava todos os bens e autoridade do pai. Ora esta situação, embora correcta, desfavorecia Jacob, de acordo com a lei local. Isaac, já muito velho, chamou Esaú para lhe dar a bênção, o que significava passar a pasta ao filho. As coisas não se processaram em segredo e Jacob, ajudado pela mãe, disfarçou-se de Esaú e o safado foi abençoado no lugar do irmão. Isaac (meio desconfiado) ainda perguntou duas vezes se estava falando com Esaú, mas o seu estado de saúde não lhe permitiu desmascarar o tratante. Quando Esaú regressou a casa e soube da trapaça, foi junto do pai para que o abençoasse também. Pelos vistos isso já não era possível e assim ficou na mó de baixo, deveras irritado com Jacob, a quem votou ódio de morte. Rebeca, temendo o pior, aconselhou Jacob a imigrar para Harã, onde residia o seu irmão Labão, dono de vários rebanhos.

O Chico-esperto rumou à terra do tio, tendo parado quilómetros antes junto a um poço, onde iam beber pessoas e animais. Poucos minutos volvidos surgiu um rebanho conduzido por uma bela pastora, a quem Jacob logo deu um beijo! A seguir apresentou-se e disse ser seu primo. Lá seguiram para casa de Labão, que deu mais beijos no Jacob e decidiu empregá-lo, como pastor, desafiando-o a estabelecer um salário. Então ele sugeriu trabalhar sete anos à borla, com a condição de no fim daquele prazo casar com a prima Raquel, por quem já estava apaixonado. Labão, judeu até à medula, achou o negócio interessante e nem pestanejou. Nestes sete anos não se sabe qual terá sido o comportamento dos priminhos, pastores apaixonados e a morarem na mesma casa, pois nada consta, mas sabemos que, findo o prazo estabelecido, Jacob reclamou o prémio. O tio, homem de palavra, organizou grande festa, fazendo crer a todo mundo que Jacob casava com Raquel. Só que ao chegar a noite e o momento da deita, Labão enviou para a cama do sobrinho Lia e não Raquel. Como era noite e “de noite todos os gatos são pardos”, Jacob “comeu gato por lebre”. Ao alvorecer viu melhor a companheira e… ninguém gosta de ser enganado! Levantou-se pesaroso, maldizendo a sua vida e reclamou junto do sogro; mas este, num à vontade do caraças, disse-lhe que a tradição era casar primeiro a filha mais velha. Percebendo que não valia a pena exercer o direito do contraditório, resolveu propor ao sogro novo acordo: Trabalhar mais sete anos de graça, a troco de Raquel. O tio-sogro logo aceitou e desta feita pagou adiantado; finda a semana de núpcias com Lia, entregou-lhe Raquel.

Pensam que o desventurado pastor se quedou pela Raquel? Pois sim, não largou a Lia, nem as empregadas desta e as da Raquel, com a desculpa de Raquel ser estéril. Foi tendo vários filhos e quem mais tirou partido da situação foi Lia, que estava lá para as curvas. A certa altura Deus teve compaixão de Raquel e permitiu que tivesse um filho, a quem puseram o nome José. Tudo seguiu numa boa, com várias peripécias estranhas pelo meio, até que Jacob decide voltar à terra natal, alegando desejar viver com suas mulheres e filharada de forma independente. O sogro, que vira os negócios prosperarem com a prestimosa ajuda do genro e do Deus dele, não acolheu a ideia de ânimo leve, mas lá acabou por dar o braço a torcer. Porém Jacob, cuja moralidade está mais do que definida, não se foi sem levar consigo muitas ovelhas e cabras, tudo resultado do seu trabalho e de uma habilidade tão engenhosa que me ultrapassa. Acertou com o sogro o seguinte: Ficar só com os cordeiros negros e as cabras malhadas, que deviam ser em reduzido número, como se depreende. Depois multiplicou de forma astuciosa e para mim inexplicável, o rebanho negro e malhado, recorrendo a varas que colocava em paralelo quando os animais copulavam. Na cópula… os animais assimilavam as riscas (varas). Perceberam? Eu também não. A verdade é que Jacob enriqueceu muitíssimo e quando saiu de Harã já era um homem abastado, com ovelhas, cabras, camelos, jumentos, servos e servas. Não fui só eu a duvidar do truque mágico das varas, pois consta que os outros filhos de Labão diziam à boca cheia que o cunhado enriquecera à custa dos bens do sogro!

Homem rico e devoto, também manifestava certa inclinação pela edificação de altares, mas nada comparado com a tara do vovô.

Deus abençoou Jacob.

Face à bênção divina, escusado será dizer que as ameaças de Esaú caíam por terra, mas nunca fiando e Jacob tinha medo de enfrentar o mano velho! Como estratégia separou grande quantidade de gado para lhe ofertar e assim o amolecer, o que conseguiu.

Entretanto, talvez como treino para o que desse e viesse, lutou quase toda a noite com um homem. Tentou saber quem era esse homem, mas só lhe foi dito que lutou bem, que era um vencedor nato e que a partir daquele momento passaria a chamar-se Israel, pois também tinha lutado com Deus. Perceberam quem era o Adversário na luta???

Possivelmente o “Povo Eleito” escolheu o nome Israel para designar a sua pátria, distinguindo o parcialmente aqui descrito Jacob, que não tem muito de que se gabar.

L. Pereira, 17/01/12

21 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

O ateísmo e a intolerância pia

Não compreendo como pode uma opção filosófica despertar tanta azia nos crentes de qualquer religião, tanto ódio e ranger de dentes nos clérigos e rancor nos bispos e aiatolas.

Os bispos, depois de terem perdido o alvará das fogueiras, ainda excomungam ateus, e os aiatolas, com habitat favorável, recorrem às fatwas e procuram separar a cabeça do tronco a todos os hereges, apóstatas ou simples apreciadores de presunto e vinho tinto.

Até o patriarca Policarpo, um bispo português tido por tolerante, já chamou ao ateísmo «a maior tragédia do nosso tempo», esquecendo guerras, epidemias, fome e catástrofes naturais. Não admira, pois, que o cardeal Saraiva Martins, um rural que foi chefe de repartição no Vaticano, onde rubricava milagres e criava beatos e santos, tivesse em 2008 presidido à peregrinação de 13 de maio, a Fátima, « contra o ateísmo».

Que levará estas cabeças mitradas a tamanho ódio misturado com o sonho pueril de que as orações demovam o patrão do abandono a que os votou? A ICAR, tal como as outras multinacionais da fé, dão-se mal com a concorrência e têm especial rancor a quem lhes rouba quota de mercado.

Será difícil compreender que não há a mais leve suspeita da existência do ser hipotético que alimenta o negócio da fé ou que esse ser jamais fez prova de vida?

À míngua de argumentos usam o medo da morte, a fanatização das crianças e a frágil saúde dos mortais para venderem a vontade de um deus inventado na Idade do Bronze, à imagem e semelhança dos homens desse tempo, para perpetuar a violência tribal e o carácter tribal de populações que julgavam ser o povo eleito.

É preciso uma máquina de propaganda gigantesca e um poder económico colossal para manter vivos os preconceitos e a superstição herdada de há milhares de anos.

19 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

A Igreja católica e os feriados

A ICAR esqueceu depressa que os feriados nacionais, a que chama religiosos, foi uma conquista devida ao conluio com o salazarismo e que a sua importância política se deve em grande parte à elevação a Estado do bairro do Vaticano, não por vontade divina mas por cedência de um amigo do papa, do peito e da hóstia, – Benito Mussolini.

A notícia de que o 5 de Outubro, data emblemática na fundação do regime que nos rege, se manteria, após negociações em sede de concertação social, levou a ICAR a reagir à intenção com a ameaça de que o Executivo também teria de cortar menos um feriado religioso.

«Se o Governo desistir dos dois feriados civis, compreenderá que a regra que apresentou de cedência de dois para cada lado, esperamos que seja também só um feriado religioso que peça à igreja», afirmou o porta-voz da Conferência Episcopal à TSF.

Não foi na defesa dos trabalhadores que a Igreja católica exerceu a chantagem, foi na manutenção de um feriado que assinala a improvável Assunção de Nossa Senhora ao Céu, evento de que se desconhece a data, o itinerário e o meio de transporte.

A Conferência Episcopal Portuguesa silenciou todos os crimes da ditadura e ignorou a perseguição aos bispos António Ferreira Gomes e Sebastião Resende, mas vem agora, depois da vergonhosa cedência do Governo português com a Concordata, ameaçar o Estado laico com a exigência de lhe impor feriados em datas exclusivas dos católicos, violando o princípio da separação do Estado e das Igrejas e ferindo a laicidade.

A Igreja católica não está ao nível do Estado democrático e consentir que a teocracia do Vaticano discuta em pé de igualdade com um Governo sufragado é abdicar da soberania e transformar o País em sacristia.

16 de Janeiro, 2012 Ricardo Alves

«Faz parte da vossa religião permitir que um homem e uma mulher se sentem juntos num café, por exemplo?»

Resposta: «não». Quem assim responde é porta-voz do partido Al-Nour – que teve uns 25% dos votos nas eleições parlamentares egípcias. Temia-se que a Irmandade Muçulmana ganhasse estas eleições. E ganhou-as, com uns 48% dos votos. Mas o Al-Nour foi a surpresa: com quase um em cada quatro dos votos expressos, surgiu como o segundo maior partido. Trata-se de um partido salafista, que pretende aplicar a chária à moda da Arábia Saudita. Ainda mais integrista, portanto, do que a Irmandade Muçulmana.
Este resultado não é mau, é péssimo. Se na Tunísia os islamistas venceram sem maioria absoluta, no Egipto terão dois terços dos deputados. E em Marrocos, o novo Primeiro Ministro é também um islamista. Num ano, passámos portanto da Primavera árabe ao Inverno islamista. Como diz o porta-voz que «tenta olhar para a cara [da jornalista] o menos possível» e promete mandar as mulheres para casa e os cristãos para o gueto: «chegou o tempo da verdade, e de mostrar aos outros o verdadeiro islão». Alá que os carregue.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]