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Categoria: Religiões

1 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

O pecado original

Por

C. F. – Leitor do Diário Ateísta

Esta iluminura medieval mostra Adão e Eva a sair do Paraíso.
Estão muito incomodados!

Adão aponta para Eva, a acusá-la da culpa. Vejam a cara da Eva, muito envergonhada! Mas ela pouca culpa teve, foi o diabo e o deus que a enganaram de forma muito cruel… O que podia fazer uma inocente mulher que nem sabia o que era sexo?

É claro, depararam com algum anjo. Não acredito que estejam a falar com o próprio deus, já que este os tinha repudiado momentos antes.
Eles conseguem, apesar de muito inexperientes, tapar as vergonhas com as parras.

Eva, essa, só tem de tapar a sua vagina, porque praticamente não tem seios e o traseiro também é muito escorrido, não é muito atraente. Ao menos que a vagina seja bonita… Ela é a mãe da humanidade, caramba!

Bem. Afinal não têm de se preocupar. Ao sair do Paraíso nunca mais tiveram que falar mais com deus e com o pessoal do Céu. Pelo menos durante mais nove meses não existiu mais gente na Terra. Até ao dois anos de idade do primeiro filho também não tiveram de se preocupar. Puderam andar à vontade, todos nus…

E a vantagem de poderem ter sexo, finalmente, compensou as dores de não viverem no Paraíso, onde isso, estupidamente, e por crueldade de deus, não era possível…

 

 

26 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

Nigéria – O Islão é pacífico…

Na Nigéria, lenta e metodicamente, o ódio religioso vai semeando a morte. Não é um assunto que preocupe especialmente a comunicação social, apesar de ataques frequentes às igrejas cristãs. Na última semana mais de 200 pessoas foram mortas, vítimas do ódio sectário de muçulmanos exaltados.

Em África há um duelo entre o islão e o cristianismo radical. O islão é apoiado pela Arábia Saudita e está a impor-se nos países do Sahel (Senegal, Mali e Níger) enquanto o cristianismo evangelista progride na África do Sul, Costa do Marfim, Benim e Libéria, graças à ajuda financeira dos EUA e das grandes igrejas evangelistas.

A Nigéria tornou-se um palco do duelo entre dois monoteísmos, islâmico e cristão, em luta pela hegemonia religiosa em África. Ao contrário do que sucedia até 1990, quando todas as religiões coexistiam nas cidades nigerianas, hoje o norte encaminha-se para o exclusivismo muçulmano, ansiando a sharia, e o sul abraça o cristianismo, acentuando as clivagens tribais e ameaçando as religiões minoritárias e as tradicionais.

O Ruanda foi vítima de um genocídio porque, entre outras razões, a demência religiosa excitou as rivalidades tribais entre tutsis e utus, levando à chacina de meio milhão de pessoas, a violações em massa e a centenas de milhares de refugiados. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram partido em ambos os lados na orgia de sangue e crueldade que trouxe para a ribalta dois países – o Uganda e o Ruanda –, pelas piores razões. Parece esquecida a tragédia quando o terrorismo do mais implacável dos monoteísmos – o Islão – recrudesce na Nigéria.

Todas as religiões são pacíficas, se o Estado for laico e se a repressão política contiver o totalitarismo religioso. Cada religião considera falsas todas as outras e, decerto, todas têm razão, mas cabe aos Estados defender a liberdade religiosa negada pela vocação fascista dos vários credos que à coexistência preferem o confronto.

O proselitismo é uma perversão que urge erradicar. Christopher Hitchens, recentemente falecido, tinha razão: Efetivamente, deus envenena tudo.

23 de Janeiro, 2012 João Vasco Gama

Curas pela Fé

Alguns charlatães enriquecem à custa da Fé das pessoas, e usam entre outras ferramentas de persuasão as «curas pela Fé».

James Randi desmascara o célebre Peter Popoff:

E aqui Derren Brown explica alguns dos truques que são utilizados:

22 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

Jacob e as filhas de Labão

Por

Leopoldo Pereira

Sou fã das histórias bíblicas, que interpreto de acordo com o que vem expresso no famoso Livro Sagrado. Embora indesmentíveis, dado o respeito e veneração que os textos merecem, aí eu peco um bocado…

Óbvio que não estudei afincadamente a matéria, pelo que se cometer alguma gafe no decurso da narrativa, acreditem, faço-o sem intenção.

Jacob, filho de Isaac e Rebeca, neto de Abraão, viveu 147 anos, 17 dos quais no Egipto. Teve 12 filhos, de várias mulheres, tornando-se um deles (José) muito famoso, protagonista de uma das histórias que mais me encantaram; mas essa fica para depois.

Convém desde já salientar que as personagens citadas interagiam com Deus amiúde, mantendo por vezes conversas em directo, quer em sonhos quer ao vivo.

Desde os meus tempos de Liceu que nutria singular apreço por Jacob, devido a Camões. Lembro o célebre soneto em que o vate escreve: “ Sete anos Jacob servia……  Começa de servir outros sete anos”, terminando: “Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida”. A simpatia e até pena que Jacob me inspirava… varreram-se; Camões subestimou muita coisa acerca do traste que ajudou a imortalizar!

Esaú era irmão de Jacob e como primogénito herdava todos os bens e autoridade do pai. Ora esta situação, embora correcta, desfavorecia Jacob, de acordo com a lei local. Isaac, já muito velho, chamou Esaú para lhe dar a bênção, o que significava passar a pasta ao filho. As coisas não se processaram em segredo e Jacob, ajudado pela mãe, disfarçou-se de Esaú e o safado foi abençoado no lugar do irmão. Isaac (meio desconfiado) ainda perguntou duas vezes se estava falando com Esaú, mas o seu estado de saúde não lhe permitiu desmascarar o tratante. Quando Esaú regressou a casa e soube da trapaça, foi junto do pai para que o abençoasse também. Pelos vistos isso já não era possível e assim ficou na mó de baixo, deveras irritado com Jacob, a quem votou ódio de morte. Rebeca, temendo o pior, aconselhou Jacob a imigrar para Harã, onde residia o seu irmão Labão, dono de vários rebanhos.

O Chico-esperto rumou à terra do tio, tendo parado quilómetros antes junto a um poço, onde iam beber pessoas e animais. Poucos minutos volvidos surgiu um rebanho conduzido por uma bela pastora, a quem Jacob logo deu um beijo! A seguir apresentou-se e disse ser seu primo. Lá seguiram para casa de Labão, que deu mais beijos no Jacob e decidiu empregá-lo, como pastor, desafiando-o a estabelecer um salário. Então ele sugeriu trabalhar sete anos à borla, com a condição de no fim daquele prazo casar com a prima Raquel, por quem já estava apaixonado. Labão, judeu até à medula, achou o negócio interessante e nem pestanejou. Nestes sete anos não se sabe qual terá sido o comportamento dos priminhos, pastores apaixonados e a morarem na mesma casa, pois nada consta, mas sabemos que, findo o prazo estabelecido, Jacob reclamou o prémio. O tio, homem de palavra, organizou grande festa, fazendo crer a todo mundo que Jacob casava com Raquel. Só que ao chegar a noite e o momento da deita, Labão enviou para a cama do sobrinho Lia e não Raquel. Como era noite e “de noite todos os gatos são pardos”, Jacob “comeu gato por lebre”. Ao alvorecer viu melhor a companheira e… ninguém gosta de ser enganado! Levantou-se pesaroso, maldizendo a sua vida e reclamou junto do sogro; mas este, num à vontade do caraças, disse-lhe que a tradição era casar primeiro a filha mais velha. Percebendo que não valia a pena exercer o direito do contraditório, resolveu propor ao sogro novo acordo: Trabalhar mais sete anos de graça, a troco de Raquel. O tio-sogro logo aceitou e desta feita pagou adiantado; finda a semana de núpcias com Lia, entregou-lhe Raquel.

Pensam que o desventurado pastor se quedou pela Raquel? Pois sim, não largou a Lia, nem as empregadas desta e as da Raquel, com a desculpa de Raquel ser estéril. Foi tendo vários filhos e quem mais tirou partido da situação foi Lia, que estava lá para as curvas. A certa altura Deus teve compaixão de Raquel e permitiu que tivesse um filho, a quem puseram o nome José. Tudo seguiu numa boa, com várias peripécias estranhas pelo meio, até que Jacob decide voltar à terra natal, alegando desejar viver com suas mulheres e filharada de forma independente. O sogro, que vira os negócios prosperarem com a prestimosa ajuda do genro e do Deus dele, não acolheu a ideia de ânimo leve, mas lá acabou por dar o braço a torcer. Porém Jacob, cuja moralidade está mais do que definida, não se foi sem levar consigo muitas ovelhas e cabras, tudo resultado do seu trabalho e de uma habilidade tão engenhosa que me ultrapassa. Acertou com o sogro o seguinte: Ficar só com os cordeiros negros e as cabras malhadas, que deviam ser em reduzido número, como se depreende. Depois multiplicou de forma astuciosa e para mim inexplicável, o rebanho negro e malhado, recorrendo a varas que colocava em paralelo quando os animais copulavam. Na cópula… os animais assimilavam as riscas (varas). Perceberam? Eu também não. A verdade é que Jacob enriqueceu muitíssimo e quando saiu de Harã já era um homem abastado, com ovelhas, cabras, camelos, jumentos, servos e servas. Não fui só eu a duvidar do truque mágico das varas, pois consta que os outros filhos de Labão diziam à boca cheia que o cunhado enriquecera à custa dos bens do sogro!

Homem rico e devoto, também manifestava certa inclinação pela edificação de altares, mas nada comparado com a tara do vovô.

Deus abençoou Jacob.

Face à bênção divina, escusado será dizer que as ameaças de Esaú caíam por terra, mas nunca fiando e Jacob tinha medo de enfrentar o mano velho! Como estratégia separou grande quantidade de gado para lhe ofertar e assim o amolecer, o que conseguiu.

Entretanto, talvez como treino para o que desse e viesse, lutou quase toda a noite com um homem. Tentou saber quem era esse homem, mas só lhe foi dito que lutou bem, que era um vencedor nato e que a partir daquele momento passaria a chamar-se Israel, pois também tinha lutado com Deus. Perceberam quem era o Adversário na luta???

Possivelmente o “Povo Eleito” escolheu o nome Israel para designar a sua pátria, distinguindo o parcialmente aqui descrito Jacob, que não tem muito de que se gabar.

L. Pereira, 17/01/12