23 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança
Islão democrático – uma perigosa utopia
Qualquer governo laico é mais tolerante do que uma teocracia. Com exceção da Coreia do Norte, a mais impenetrável das ditaduras, não conheço tiranias mais abomináveis do que as clericais.
Dizer que há muçulmanos complacentes é um truísmo que não oferece dúvidas, mas ver o Islão como uma doutrina tolerante é desconhecer a intoxicação que, desde tenra idade, é feita às crianças nas madraças e o ódio que as mesquitas destilam contra os infiéis.
Todos sabemos que o Antigo Testamento é a fonte dos monoteísmos e da violência que encerram, que o Deuteronómio e o Levítico não são mais humanos do que o Corão, que os cristãos não eram melhores no extermínio dos seus infiéis – os judeus e muçulmanos –, do que estes últimos no proselitismo com que pretendem aniquilar os judeus e os cristãos.
Na terça-feira e ontem milhares de afegãos protestavam diante da maior base americana no Afeganistão, perto de Cabul, acusando as tropas estrangeiras de terem queimado exemplares do Alcorão. Não sei se é verdade, o que é lamentável, ou mero pretexto e não pretendo discutir aqui, agora, os erros dos países democráticos na ocupação do Afeganistão e, sobretudo, do Iraque, nem o apoio ao sionismo. Refiro-me ao islão, o mais implacável dos monoteísmos, que não desiste do proselitismo demente.
No Egito, a Irmandade Islâmica, vencedora das eleições, quer um presidente próximo do islamismo, expressando uma clara recusa ao apoio do candidato liberal Amr Moussa na eleição presidencial. Na Líbia e na Tunísia as forças democráticas são incapazes de conter o proselitismo que usa as eleições democráticas contra a democracia.
O cristianismo também foi assim e surgem indícios de que não enjeitaria novas cruzadas e a reabilitação do Santo Ofício, mas a secularização dos países onde é dominante e a repressão sobre o clero obrigou-o a ceder à laicidade imposta pelos estados modernos.
Nos países islâmicos a primavera árabe caminha para o previsível fracasso, seguindo o percurso inverso da Europa. O pensamento politicamente correto apresenta a Turquia como exemplo do islamismo moderado, esquecendo a lenta e progressiva perseguição aos setores laicos com que o atual governo vai liquidando a herança de Atatürk.
Quando houver exemplos de países em que os islamitas no poder renunciem à sharia, aceitem a apostasia, respeitem a liberdade de expressão e de culto, e a igualdade entre homens e mulheres; quando os preceitos que observam não forem impostos, nesse dia o islamismo deixa de ser um perigo para a paz e para a liberdade.
Até lá, considero que os princípios do Corão estão na base do fascismo islâmico que pretende submeter o mundo, à semelhança do que pretendeu o cristianismo quando os navegadores portugueses e espanhóis levavam a cruz numa das mãos e na outra a espada.