5 de Julho, 2012 Carlos Esperança
Argentina – o roubo de bebés e outras sevícias
A crueldade humana não tem limites e as ditaduras, convictas da sua impunidade, não hesitam nos crimes mais hediondos. Dois ditadores, Jorge Rafael Videla e Reynaldo Bignon, estão entre os 11 réus responsáveis pelo mais sórdido dos muitos crimes que o regime cometeu – a apropriação sistemática de bebés cujas mães eram sequestradas e, não raro, após o parto, lançadas ao mar a partir de aviões militares.
Casais inférteis, tal como na Espanha de Franco, tiveram os filhos que queriam, graças à sucessão de crimes e cumplicidades que nos deixam estarrecidos.
Sílvia Mónica Quintela foi sequestrada, grávida de 4 meses, com 28 anos de idade. Após o parto foi-lhe retirado o bebé e feita desaparecer enquanto o oficial Victor Gallo e a esposa, Susana Ines Colombo, assumiam a paternidade da criança que recetaram.
O regime assassinou adversários e compensou os cúmplices com os filhos dos pais que matava. Foram largas as dezenas de crianças a quem assassinaram os pais e converteram em filhos de cúmplices.
Não faltaram sacerdotes para abençoar as armas da ditadura e dar força aos homens que fizeram os voos da morte. Perante a angústia dos que quiseram saber quem foram os pais biológicos, a Igreja católica não ajudou. Pelo contrário, era contra a investigação.
A Argentina espera a condenação dos autores e cúmplices do roubo de bebés da ditadura. Não é só a Argentina, é o mundo civilizado que espera a justiça que a Espanha impediu com o afastamento do juiz Baltasar Garzón.