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Categoria: Religiões

5 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A Interrupção Voluntária da Gravidez e a violência do preconceito

A legalização não se destina a aprovar a IVG, pretende apenas descriminalizar o ato. A legislação permissiva não incentiva ou promove o recurso à IVG, apenas modifica a lei, a fim de evitar que mulheres sejam empurradas para a clandestinidade do vão de escada, com risco da própria vida e de perseguições policiais.

Ninguém encara levianamente um problema cujas repercussões físicas, e psicológicas são especialmente gravosas para quem vive o desespero de uma gravidez indesejada ou impossível.

São quase sempre mulheres pobres que se sujeitam ao vexame de exames ginecológicos impostos, que veem a sua vida íntima devassada, que suportam a desonra do julgamento e conhecem as agruras do cárcere. As ricas resolvem o problema e os pruridos éticos no intervalo das compras em cidades cosmopolitas.

Em S. Salvador uma mulher encontra-se grávida de um feto anencéfalo e a alternativa joga-se entre a morte de mãe e feto ou 50 anos de cárcere para a mãe.

O que está em causa não é a posição ética sobre a interrupção voluntária da gravidez, é saber quem renuncia, ou não, à perseguição das mulheres, quem quer vê-las na cadeia, quem pretende juntar ao trauma da IVG a punição da enxovia.

Em Portugal também a IVG era proibida na ditadura. Já em democracia, ainda o PSD e o CDS, em maioria, votaram contra, em casos de risco de vida para a mãe, malformação do feto e violação. Salvaram a honra do PSD Jaime Ramos, Helena Roseta e Natália Correia, de quem me recordo, e poucos mais. O CDS foi igual a si mesmo. Implacável.

O divórcio era proibido há trinta anos, Camilo esteve preso por adultério e, no entanto, as sociedades modernas souberam distinguir o crime do pecado, o direito canónico do Código Penal e separar as convicções pessoais do ordenamento jurídico.

Defender o direito à IVG é defender a saúde da mulher. Para que o aborto clandestino deixe de ser a chaga atual em países dominados pelo clericalismo. Para que se resolva um problema que aflige milhares de mulheres. Para que as pobres não sejam ainda mais infelizes. Para que nenhuma mulher seja presa pela incúria dos que se abstêm.

Para não sentirmos vergonha ao sabermos que uma jovem mulher salvadorenha está em risco de vida ou sob ameaça de 50 anos de prisão.

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4 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Patologias da religião vistas por um padre

Por

Padre Anselmo Borges, DN

1-Não tem faltado aqui, nestas crónicas, a denúncia das patologias da religião. Como ser insensível ao sofrimento das vítimas da pedofilia do clero? Vítimas de escrúpulos, vítimas da humilhação intelectual, vítimas da intolerância religiosa, de um deus mesquinho e escravizador… O historiador católico Jean Delumeau escreveu: “As minhas investigações convenceram-me de que a imagem do Deus castigador e vingativo foi um factor decisivo para uma descristianização cujas raízes são antigas e poderosas”.

Parece que, enquanto pôde, o clero controlou a vida sexual dos fiéis, a ponto de outro historiador, Guy Bechtel, afirmar que a fractura entre a Igreja católica e o mundo moderno se deu na teoria do sexo e do amor, com uma confissão inquisitorial centrada na actividade sexual.

Será preciso lembrar os homens e mulheres que foram assados nas fogueiras da Inquisição e não só, porque tinham ideias novas? E houve o medo-pânico da mulher, que se chegou a acusar de manter relações sexuais com o diabo. E os livros considerados heréticos também foram queimados. E houve as cruzadas, as guerras de religião, a missionação forçada. Pio VI condenou essa “detestável filosofia dos Direitos do Homem”. Pio IX condenou expressamente a evolução como uma aberração. No século XX, o teólogo E. Drewermann escreveu: “Há 500 anos, a Igreja recusou a Reforma; há 200, o Iluminismo; há 100, as ciências naturais; há 50, a psicanálise. Como viver com tantas rejeições?”

(…)

2 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A loucura dos homens e a maldade de Deus

Morrer devido à gravidez ou cumprir 50 anos de prisão por abortar

Dilema de Beatriz, impedida de abortar sob pena de ser acusada de homicídio agravado, levantou uma onda de indignação em El Salvador.

Uma mulher gravemente doente e grávida de 20 semanas de um feto anencefálico – sem parte do cérebro – corre risco de morte devido à proibição do aborto em El Salvador. Beatriz, que já apelou ao Tribunal Constitucional do seu país e ao Tribunal Iberoamericano de Direitos Humanos (CIDH), espera agora que o Governo abra uma exceção para que possa abortar.

29 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Se me provarem que é falso, vou a pé a Fátima

 

– No Texas, a Constituição (Artigo I, Secção 4) permite claramente a discriminação de ateístas em cargos públicos, «ninguém será excluído de uma posição pública com base nos seus sentimentos religiosos, desde que reconheça a existência de um Ser Supremo».

– O protestantismo evangélico é responsável pelos crimes cometidos contra médicos e enfermeiros que trabalham em clínicas onde se pratica a interrupção da gravidez;

– As tentativas de assassinato de Salman Rushdie, para cumprimento da fatwa proferida pelo aiatola Ruhollah Khomeini, e a obsessão dos bons muçulmanos em cumpri-la, são provocadas pela demência da fé;

– As tentativas de assassinar o cartoonista Kurt Westergaa por causa das caricaturas de Maomé devem-se à mesma cegueira religiosa;

– Os atentados das Torres de Nova York, do Metro de Londres, dos comboios de Atocha e numerosos outros crimes têm a assinatura perversa do Corão;

– Os atos terroristas do sionismo contra crianças e mulheres indefesas, o longo historial de horrores referidos no Livro Negro do Cristianismo e a continuada demência fascista do Islão político – atualmente o mais implacável e execrável dos monoteísmos –, mostram bem que deus não é bom e é um detonador do ódio e a mais totalitária das referências.

Efetivamente, deus envenena tudo.

28 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Insistir no Islão radical é insinuar que há outro (2)

Se há quem verdadeiramente me comova, pelo sofrimento desnecessário, é a população muçulmana, vítima dos preconceitos religiosos e da impossibilidade da apostasia, um direito inalienável em democracia e um crime punido com pena de morte nas teocracias.

Os monoteísmos baseiam-se em textos bárbaros, uma herança hebraica de origem tribal e patriarcal. Paulo de Tarso, na sua cisão com o judaísmo, havia de criar a seita à qual Jesus foi alheio, tendo nascido e morrido judeu e circuncidado. Por razões políticas, foi o execrável Constantino, que a si próprio se designou o 13.º apóstolo e que, sem abdicar do mitraísmo, fez da seita cristã a religião que aglutinou o Império Romano.

O ódio aos judeus vem daí, esse ódio que os trânsfugas consagram à ideologia ou grupo donde provêm. O antissemitismo é filho desse ódio irracional, com interesses à mistura, e que serviu para tornar mais dramático um fenómeno de natureza secular, o nazismo.

Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Atos dos Apóstolos têm, na contabilidade de Daniel Jonah Goldhagen (in A Igreja católica e o Holocausto) cerca de 450 versículos explicitamente antissemitas, «mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».

Mas o  mais implacável dos três monoteísmos havia de surgir apoiado pelo impulso belicista e a violência das tribos nómadas do deserto através de uma cópia grosseira do cristianismo – o Islão. Desde crianças que as madraças e mesquitas fanatizam as pessoas e ensinam o que aquele rude condutor de camelos – Maomé – pretende delas. No fundo, pretende que todos se convertam ao Islão e «os que não quiserem, matai-os».

Quem esquece a euforia da rua islâmica quando Salman Rushdie foi condenado à morte ou os editores de «Versículos Satânicos» foram assassinados? Quem esquece os gritos ululantes pela morte de turistas infiéis ou dos passageiros dos comboios que seguiam para a estação de Atocha? Quem ignora o êxtase pio pelo desabar das Torres de Nova York ou pelos desacatos provocados pelas caricaturas do Profeta?

Preciso de repetir diariamente o asco que merece o sionismo, outra demência piedosa, para poder alertar para os riscos do Islão, que só produz petróleo e terrorismo?  Algum leitor gostaria de ver uma criança levada à excisão do clitóris, de assistir às chicotadas públicas em mulheres, com gente em delírio, à decapitação de apóstatas ou à lapidação de uma mulher para quem a violação conta como adultério da vítima?

É necessário repetir a tragédia que foram as Cruzadas, a evangelização dos índios, as fogueiras da Inquisição ou as perseguições aos judeus para poder execrar essa maldição medieval que um condutor de camelos, analfabeto e pedófilo, legou à posteridade?

O Islão não é apenas a pior das ideologias com poder, é a mais implacável máquina de tortura e humilhação contra as populações que oprime, sobretudo, mulheres.