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Categoria: Religiões

11 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

No 12.º aniversário do ataque às Torres Gémeas de Nova York

A galáxia terrorista que dá pelo nome de Al-Qaeda não é a mera associação criminosa com gosto mórbido pela morte, é uma nebulosa de fanáticos que creem no Paraíso e nas virgens que julgam aguardá-los no estado miserável em que chegam.

Não têm uma ideologia, uma lógica ou um objetivo claro, pretendem apenas agradar a um Deus de virtude duvidosa e ao profeta em defunção, desde o ano 632 da era vulgar.

A demência ganhou ímpeto em 11 de Setembro de 2001, nos ataques às Torres Gémeas de Nova Iorque e ao Pentágono, em 11 de Março de 2004, na estação ferroviária de Atocha, em Madrid, nas explosões em estâncias de veraneio, nas embaixadas dos EUA e no Metro de Londres, em 7 de Julho de 2005.

Por toda a Europa, seja a pretexto das caricaturas de Maomé ou de um livro considerado blasfemo, surge a violência enquanto a rua islâmica ulula e ameaça.

Não vale a pena iludirmo-nos com a bondade do Islão quando os clérigos pregam o ódio e apelam ao martírio. Os países democráticos não se libertam do complexo da culpa das cruzadas e da evangelização e tratam o terrorismo religioso com excessiva brandura.

Um templo onde se prega o ódio é um campo de treino terrorista. Um clérigo que apela à violência é um criminoso que deve ser julgado.

Os japoneses que viam Deus no Imperador, imolavam-se em seu nome mas, perdidas as fontes de financiamento e desarticuladas as redes de propaganda, abdicaram do suicídio e da imolação com aviões e torpedos que dirigiam contra alvos inimigos.

É tempo de conter a ameaça que paira sobre a civilização e a democracia, sem sacrificar o Estado de direito, sem abdicar das liberdades e garantias que definem a nossa cultura.

Mas não podemos hesitar na luta contra o financiamento e proselitismo ideológico que grassa entre fanáticos de várias religiões. Não são famintos em desespero, são médicos, pilotos e académicos que buscam o Paraíso através de crimes contra os infiéis.

É preciso contê-los.

al_qaeda

10 de Setembro, 2013 Carlos Esperança

A superstição, a remissão dos pecados e os negócios pios

Eu, ateu, me confesso.

Estou solidário com o papa na preocupação e condenação da aventura belicista contra a Síria. Reconheço-lhe a corajosa atitude no saneamento do banco do Vaticano (IOR) e na limpeza da Cúria, seja nas ligações à máfia ou no desmantelamento do lóbi gay, de que se queixou, não por ser gay, mas pelos interesses obscuros que representa.

Admiro o risco de vida que corre e a coragem de que precisa, mas não o levo a sério nos jejuns e orações, como armas da paz, do mesmo modo que não me atemorizo com maus olhados ou com as pragas que as ciganas rogam a quem não lhes deixa ler a sina.

Confesso que, tendo simpatia pelo atual papa, o exercício do múnus fortalece em mim a descrença, como se ainda precisasse de qualquer suplemento de ânimo para ouvir a voz da razão. Quem pode aceitar que a indústria dos milagres continue próspera sem a mais ténue explicação para a superstição que embrutece os crédulos? Que canonize um bem-aventurado de reputação dúbia, como João Paulo II, é uma opção de quem tem alvará para conceder a santidade. Não precisava de adjudicar milagres que ridicularizam a fé e não são benzina que limpe nódoas.

Como é possível que, após a abolição do Purgatório, retirado do catálogo das veniagas da fé, pelo antecessor, volte ao cardápio dos produtos pios, com desconto na estadia das almas penadas, se os vivos seguirem o papa no twitter?

Finalmente, só faltava o perdão dos pecados, outrora fonte de receitas da Igreja católica, passar por uma maratona pia, rumo ao santuário de Nossa Senhora do Carmo da Penha, em Guimarães. As peregrinações voltaram com direito ao perdão dos pecados.

Não há indulgência que perdoe tão atrevida promoção da crendice e do ensandecimento.

20 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Mensagem de um amigo

Por

A. J. Martinho Marques

Ando farto de chamar a atenção aos meus amigos que se pensam mais tolerantes e a quem eu chamo “ceguetas”. Ainda hoje ao almoço me irritei (eu que só saio de casa às vezes e ao almoço… e não me posso irritar) porque veio a velha teoria de “a culpa é dos americanos”.

Tive de regressar ao meu “estado antigo habitual” e dizer-lhe que “ser de Esquerda não é ser estúpido”, pelo contrário, “é ser tolerante mas não tolo, é defender ideias e não idiotices”.

Depois de, exaltadamente, lhe chamar a atenção para o facto e o perigo de a Europa estar a ser apertada numa tenaz islâmica com pontas em Marrocos e já a partir da Alemanha, que abarca todo o Mediterrâneo, de lhe ENSINAR o que foi os turcos terem estado às portas de Viena, no que consistiu a batalha de Matapan, e sei lá mais quê que eu disse, acabei por referir o caso da Argélia, com um início igual a este do Egito e que só acabou (adormeceu) depois das autoridades respetivas terem usado a mesma atuação dos fundamentalistas: degolá-los!

Pôrra, não custa muito aceitar que não se pode pactuar com assassinos de novos e velhos, polícias, militares ou simples cidadãos, crianças, velhos, indefesos, que discordam (às vezes nem isso!) deles!!!

Ainda me irrito mais com a “teoria dos coitadinhos”, e porque cometem estes crimes horrendos em nome de um merdas de um deus misericordioso.

Ainda bem que pensas assim. Não deixes de esclarecer quando e quem quiseres do que verdadeiramente está em jogo.

Abraço.

19 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

O catolicismo, o islamismo e a democracia

Pio IX, a quem a epilepsia impediu uma carreira militar, seguiu o caminho da teologia, e foi, mesmo para a época, o exemplo do extremismo reacionário. A encíclica «Syllabus errorum» é um catálogo de condenações, desde o panteísmo ao naturalismo, do racionalismo ao socialismo, sem esquecer o comunismo, a maçonaria e o judaísmo.

O roubo de uma criança, Edgardo Mortara, aos pais judeus, com a alegação de que uma criada a batizara em segredo, para ser educada na religião católica, não o impediu de ter um milagre adjudicado por João Paulo II, que o promoveu a beato, mas ficou como uma das nódoas mais negras da Igreja católica. Não o salvam do opróbrio os dogmas criados: a infalibilidade papal e a virgindade de Maria.

Para Pio IX, a Igreja católica era incompatível com a liberdade, a democracia e o livre-pensamento, valores aprovados no concílio Vaticano I, uma reedição do de Trento. A História acabou por desmenti-lo e a excomunhão da modernidade é um mero detalhe na nódoa do seu pontificado. Sabemos hoje que a repressão sobre o clero e a imposição da laicidade transformou os países cristãos em berço da democracia.

O Islão vive hoje os piores preconceitos do catolicismo de há 150 anos. No Egito, onde, enquanto escrevo, ardem igrejas, assiste-se a uma orgia de sangue. Depois do golpe de Estado de 3 de julho, que pôs termo a 1 ano de governo dos Irmãos Muçulmanos, nunca mais houve paz e a Irmandade Muçulmana, que tinha ganho as eleições, está em vias de ser proibida, voltando à situação a que Nasser a remetera em 1954, à clandestinidade e à repressão, situação de que tem larguíssima experiência, com uma imensa e sólida rede de proteção médica, assistência social e educação, organizando-se de novo através das mesquitas e universidades donde tinha saído da clandestinidade para a vitória eleitoral.

A pressa na imposição da sharia e o aumento da violência contra cristãos que resistiam à islamização, bem como contra a sociedade urbana, laica e secularizada, foi a detonadora do movimento militar que derrubou o presidente Mohamed Morsi, que jamais respeitou os limites que a constituição lhe impunha. Não era, aliás, pessoa para compreender que a democracia é também, e sobretudo, o respeito pelas minoria, minudência inaceitável para o Islão, totalitário e prosélito.

Curiosamente, o presidente turco, Tayyip Erdoğan, que a Europa e os EUA teimam em considerar um islamita moderado, seja isso o que for, não teve um conselho para Morsi durante a sua deriva islamizadora, mas não lhe fata agora com o apoio na sua defesa.

No Egito repete-se a dolorosa experiência argelina de 1994 quando o governo derrotado declarou guerra à Frente Islâmica de Salvação (FIS), com a débil condenação da Europa e dos EUA, que respiraram de alívio.

Não sei o que nos reserva o futuro, onde o terrorismo religioso não pode ser consentido nem a fé do crentes reprimida. Para já, sob os auspícios da esquizofrenia da fé, o medo e a desconfiança vão miando a possibilidade da democracia onde o fascismo islâmico alastra.

17 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Dias de cólera e de demência

No Egito trava-se um combate cruel e sanguinário. De um lado encontram-se os que foram apeados do poder a que acederam democraticamente, odiando a democracia; do outro, os que o conquistaram por um golpe de Estado e repudiam a submissão à sharia.

Há quem pense que a democracia confere à maioria o direito discricionário e que tudo é permitido, mas não há democracia onde os direitos das minorias não forem respeitados.

Entre a força das armas dos militares e as hordas de fanáticos islâmicos não se brinca à democracia e à incerta laicidade, é a geoestratégia global que arma os militares e excita os Irmãos Muçulmanos. Por entre uma confrangedora orgia de sangue e violência.

E não acusem os suspeitos do costume desta manifestação de intolerância fascista.