7 de Julho, 2009 Carlos Esperança
Crime religioso no Sul das Filipinas
O ataque à bomba contra a catedral de uma cidade do Sul das Filipinas é mais uma manifestação de intolerância, proselitismo e violência religiosa.
A confirmar-se a autoria da guerrilha independentista islâmica – como é referido pela polícia – é a reincidência no nacionalismo vesgo e o espírito totalitário que são apanágio das religiões.
O Papa perguntou, quiçá de forma retórica: “quando é que os homens vão aprender que a vida é sagrada e que só pertence a Deus”? Não tendo a sua Igreja tradição exemplar na defesa da paz e do pluralismo dificilmente compreenderá que é exactamente o conceito de pertença que leva o deus de cada um a exigir que se tire a vida a quem insiste em ter um deus diferente.
Já no ano passado a Frente Moro de Libertação Islâmica, em reacção a uma decisão judicial, ocupou aldeias de maioria católica e provocou centenas de mortes. Este é o ódio sectário de quem não se satisfaz com o deus em que acredita e que exige a conversão alheia, numa raiva beata que alastra e corrói a paz.
Neste caso são as vítimas católicas que merecem a solidariedade dos países laicos e democráticos enquanto o fascismo islâmico é réu do proselitismo demente que embrutece os crentes com promessas de rios de mel doce e dezenas de virgens à espera no Paraíso.
Qualquer código penal devia prever como factor de agravamento de pena a motivação religiosa dos crimes. Para isso é preciso que a laicidade se aprofunde e a separação das Igrejas dê lugar a Estados laicos.