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Categoria: Islamismo

19 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Deferência e cumplicidade com as crenças

Nenhum credo tem o monopólio da violência e da crueldade, mas só a repressão política sobre as crenças irracionais, que a fé perpetua, conseguiu erradicar o tormento que a «vontade divina» infligiu, desde sempre, aos povos dominados pelo clero das diversas religiões.

Não foi a bondade das crenças ou a dos seus zeladores que contribuiu para abolir o esclavagismo, a tortura, a pena de morte, a discriminação da mulher, os autos-de-fé e muitas outras tradições que causaram indizível sofrimento ao longo dos séculos.

As cruzadas, a jihad e o sionismo não são tragédias devidas à má interpretação de textos ditos sangrados, foram e são a dolorosa consequência de serem levados a sério.

A crença hindu de que o casamento de uma viúva é um acto abominável e de que devia acompanhar o defunto para a pira funerária, desafiando a lei, aumentam um intolerável sofrimento à desgraça da divisão em castas e ao carácter sagrado das vacas.

A lapidação de um casal de alegados adúlteros, no Afeganistão, acrescenta, à tragédia que representa a retoma do poder pelos talibãs, o recrudescimento de crenças que a dignidade humana e a liberdade individual não podem consentir.

Este caso não é um acto bárbaro isolado, faz parte dos códigos morais e da tradição de países como a Arábia Saudita, Nigéria, Sudão, Somália, Iémen, Iraque, Paquistão e outros. É um hábito milenar em diversos países islâmicos, praticado em público, para gáudio das multidões. São vários os países, desde o Egipto à Turquia, onde vastos sectores da opinião pública anseiam pelo restabelecimento da sharia com a mesma desvairada fé e incontido júbilo com que os cristãos queimavam bruxas e hereges.

Pio IX afirmou que a religião era incompatível com a liberdade e o livre-pensamento, tal como pensam hoje mullahs, aiatolas e, quiçá, o seu actual sucessor, mas o mundo não pode ficar á mercê do deus que o clero quer impor contra a herança do Iluminismo.

18 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

A islamofobia é uma forma de racismo

Os EUA dividem-se entre os que concordam com a aprovação, no final de Julho, do projecto de construção de um centro muçulmano próximo ao chamado Marco Zero, em Nova York, e os que a abominam. Recorde-se que foi nessa zona que ficaram reduzidas a escombros as Torres Gémeas que serviram de túmulo a milhares de pessoas, vítimas da demência fanática da Al-Qaeda, em 11 de Setembro de 2001.

Apesar da proibição de religiões concorrentes nos países onde o islão tornou decadente uma civilização outrora pujante, não podem os países democráticos proceder de igual modo nem um Estado de direito julgar as intenções de quem não tem qualquer acusação ou antecedentes criminais.

Assim, Obama revelou uma vez mais coragem e coerência, que o tornam uma referência ética e política, ao defender a construção do centro islâmico, enquanto Ibrahim Hooper, director de comunicação do Conselho de Relações Islâmicas Americanas (CAIR), se queixa do aumento das manifestações xenófobas contra o Islão.

Mandaria o bom senso que o líder islâmico tivesse avaliado os sentimentos, certamente primários, dos que se opõem à decisão que a ética, o direito e a liberdade não podem impedir. Mandaria a reciprocidade que escrevesse aos líderes dos países onde se aplica a sharia a denunciar o seu carácter terrorista. Mandaria o respeito pelo estado laico que renunciasse ao carácter prosélito da sua religião e à pregação dos versículos terroristas, xenófobos, misóginos e homofóbicos que os crentes, na sua simplicidade, acreditam que o arcanjo Gabriel ditou em árabe a Maomé, com a mesma convicção com que Bush cria que a Bíblia tinha sido ditada a Moisés, em inglês.

O proselitismo dos que não se contentam em conquistar o Paraíso, e querem obrigar os outros, é um detonador de ódios e guerras que urge prevenir.

13 de Agosto, 2010 Ricardo Alves

Os dilemas que o Islão coloca

Construir uma mesquita tão próxima do local em que se ergueram as «torres gémeas» demonstra alguma falta de sensibilidade, mas a liberdade de construir locais de culto deve ser tão ampla quanto possível.

12 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

O adultério, a religião e a justiça

O recente fuzilamento de uma viúva afegã, grávida, sob a alegação de adultério, é de tal modo repulsivo que não pode deixar alheados os povos civilizados. O crime foi, aliás, precedido de duzentas chicotadas, uma tortura cuja crueza revolta e envergonha pessoas civilizadas.

A repressão sexual é uma perversão comum aos três monoteísmos e a forma de domínio mais comum, sendo as mulheres as vítimas predilectas do carácter misógino do deus do Antigo Testamento.

Sempre que as Igrejas conseguem influenciar o poder secular aparecem as penas contra o adultério. O caso de Camilo Castelo Branco, preso por adultério, está ainda presente em todos os que preferem a literatura profana aos livros pios. Só a laicidade consegue pôr cobro à demência beata que devora o clero dos monoteísmos abraâmicos.

A violência da fé não se satisfaz em fazer de cada crente um capacho do seus deus, é um instrumento de repressão, violência e sofrimento sobre quem teve a fatalidade de nascer na sua zona de influência.

A Tora (seis séculos a. C) e o Talmude (200 d. C. + 500 d. C., o Antigo e o Novo Testamento, O Corão (632) e a Sunnah (séc. IX) têm em comum o carácter misógino mas diferem em relação ao álcool, à carne de porco e na defesa do véu e da burka. No islão as proibições atingem o fulgor demente, onde até urinar com o jacto virado para Meca é proibido.

Hoje, o mais violento e implacável dos monoteísmos é o islão. Não há desculpas que possam justificar os horrores cometidos pela sharia. A tradição serviu quase sempre como álibi para os piores crimes e os maiores desvarios. É altura de combater no campo cultural as crenças que envenenam os fiéis e desgraçam os que vivem na área da sua influência.

21 de Julho, 2010 Ricardo Alves

Réplica ao ateísmo «religiosamente correcto»

Há quem, sendo descrente, fique incomodado com a crítica da religião. E que não suporte que se fale do Islão com a mesma ausência de pruridos com que se fala do catolicismo. Mas, que eu saiba, o cristianismo não se resume, nem é caracterizado, por António Vieira, Leonardo da Vinci e os quakers. E para criticar o Ratzinger não temos que ressalvar estes últimos.