Loading

Categoria: Islamismo

2 de Novembro, 2011 Ricardo Alves

A besta islamista voltou a atacar

A redacção do jornal Charlie Hebdo foi incendiada esta madrugada, aparentemente com um cocktail molotov. A razão é óbvia: o jornal satírico francês lança hoje nas ruas uma edição (capa aqui ao lado) destinada a assinalar a vitória dos islamistas do Ennahda na Tunísia e o anúncio pelo CNT de que as leis líbias se basearão na chária. A edição apresenta o título «Charia Hebdo» e um novo editor: «Maomé» (lui-même). A redacção ficou totalmente destruída.

A sátira e o riso são tão importantes para o meu ateísmo como o ajoelhamento e a prece o são para os religiosos. Se os muçulmanos e os católicos não entendem assim, eu explico melhor: atacar o Charlie Hebdo é como pôr uma bomba em Meca ou em Fátima. Ou melhor ainda: na Europa, o anticlericalismo é um direito. Pôr bombas por causa de umas caricaturas é próprio de bestas que se levam demasiadamente a sério. Ou de fascistas (neste caso, da variante islamofascista). Se não gostam de rir, vão rezar. 
P.S. Agradeço aos leitores que informem na caixa de comentários da localização de alguns dos quiosques e papelarias que vendem o Charlie Hebdo para que todos possamos, em solidariedade, adquirir um exemplar (ou mais…).
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
25 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

Da Primavera Árabe ao inverno muçulmano

O júbilo da comunicação social dos países democráticos com a queda das ditaduras do Norte de África pareceu-me sempre exagerado. Não que a queda dos ditadores me deixe triste mas porque, em contexto religioso, pressinto os piedosos facínoras que se seguem.

Assustou-me a amnésia colectiva em relação à ascensão da Frente Islâmica de Salvação (FIS) na Argélia cujo pavor levou ao golpe de Estado que impediu a segunda volta das eleições em 1992, eleições que, a terem lugar, como estava previsto e era justo, dariam a vitória aos fanáticos religiosos. Não esqueço a onda de euforia que percorreu o Irão após a queda de Xá Reza Pahlavi, um déspota corrupto, com o regresso do exílio do aiatola Khomeini, com cheiro a santidade.

Não esqueço as palavras do infalível Pio IX que considerava o catolicismo incompatível com a democracia e a liberdade, nem as tolices do Corão que nas mesquitas e madraças intoxicam desde a infância as legiões de crentes.

Não conheço nenhuma religião que tenha lutado pela democracia e pela liberdade mas não faltam exemplos de ditaduras apoiadas pela fé e violências cometidas em nome do deus imposto. A vocação totalitária é comum ao cristianismo e ao islamismo mas, enquanto o primeiro foi moldado pela cultura grega, pelo direito romano, pela Reforma e pela pressão secular, o islamismo não conheceu o Iluminismo, a Revolução Francesa e a derrota dos seus próceres. O Papa foi derrotado por Garibaldi, o secularismo sobrepôs-se às sotainas e o pluralismo e a emancipação da mulher criaram a superioridade moral das democracias em relação às teocracias.

A decadência da civilização árabe, a pobreza e o atraso dos povos submetidos ao Corão, fizeram do Islão o mais implacável monoteísmo, uma cópia grosseira do cristianismo que legitima todos os poderes e as atrocidades praticadas nos países árabes e não árabes, nomeadamente no Irão e na Turquia.

Há a tendência de apelidar de moderado o proselitismo islâmico em curso na Turquia onde os pilares da laicidade – os militares e os juízes – vão sendo assassinados ou neutralizados. O legado de Kemal Atatürk vai definhando com o apoio e simpatia dos países europeus e dos Estados Unidos. Nos países islâmicos, até prova em contrário, não está em curso uma Primavera política, assiste-se à queda de ditadores laicos a substituir por ditadores pios. O Iraque, a Tunísia, o Egipto e a Líbia conquistaram a liberdade de votar democraticamente a supressão da democracia.

Como espero enganar-me!!!   E não ouvir falar da sharia como fonte de todos os direitos, isto é, de todas as iniquidades.

23 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

Acreditemos….

Embalada por um crescimento económico de 8% ao ano, a Turquia aspira se tornar um ator global. Para isso, precisa se credenciar como potência regional. Além de produtos, os turcos querem exportar o seu modelo de islamismo moderado. Esse modelo atrai, principalmente, os países da primavera árabe.

É o que explica o cientista político turco Dogu Ergil, da Universidade Fatih, que acaba de voltar de uma pesquisa de campo no Egipto e na Tunísia. Em entrevista ao Estado, ele analisa o endurecimento da Turquia com a Síria. “A Turquia não quer a queda de (Bashar) Assad, mas que ele implemente reformas. Caso contrário, a rebelião popular derrubará o regime. Isso causará muita instabilidade (em toda a região).”

Comentário: Apesar de não saber o que é o islamismo moderado (deixam construir templos de outras religiões e organizar associações de livres-pensadores?) espero que a demência do fascismo islâmico seja contida como foi a do cristianismo.

9 de Setembro, 2011 Carlos Esperança

As orações podem matar

Em Veneza os muçulmanos correm risco de vida para rezarem.

3 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

O Islão envenena a Turquia

Há muito que desconfio do comportamento beato do primeiro-ministro turco Recep T. Erdogan que a Europa e os EUA apelidam de islamita moderado.

Tenho dificuldade em compreender o que é um crente moderado de qualquer religião, em saber se é aquele que acredita em deus três dias por semana e descrê nos restantes, se é o que reduz as orações a metade das recomendadas ou se há quem, sendo crente, respeite e defenda os que acreditam numa religião diferente e os que duvidam de todas.

No caso de Erdogan duvido que a moderação o leve a aligeirar o jejum sem se abster de comer, beber ou ter relações sexuais do nascer ao pôr do Sol durante todo o Ramadão. Quem tenha lido o Antigo Testamento é obrigado a desconfiar de quem leva a sério a alegada vontade de deus: a violência, o racismo, a xenofobia, a crueldade e o espírito misógino. E o Corão é o mais implacável manual de violência e desumanidade das religiões do livro.

A Turquia tem vivido entre a vigilância da defesa da laicidade pelas Forças Armadas e o poder judicial e a tentativa de destruição da sociedade laica pelo partido confessional de Erdogan. Não há governo democrático sob a tutela militar e judicial mas o seu acesso ao poder pela via democrática não garante o respeito pelos direitos, liberdades e garantias que os Estados modernos  consagram.

A detenção de mais de 170 oficiais no activo e de 77 na reserva reforça o poder de Erdogan, eleito democraticamente, mas não garante a laicidade que tem vigorado na Turquia. Um dos mais poderosos exércitos da NATO pode transformar-se na guarda pretoriana do islamismo com a força das armas a abandonar Washington e a virar-se para Meca.