A peregrinação anual dos muçulmanos à cidade saudita de Meca começou na quarta-feira, dia 24/10, com o Youm el Tarueya (Dia da Reflexão), dedicado ao descanso, à reza e à meditação. A estimativa é que Meca acolha cerca de 1,6 milhão de muçulmanos vindos de outros países e 750 mil da Arábia Saudita.
Nota: Hoje, num canal da TV, um mullah apelava a que raptassem os ocidentais. As religiões são, de facto, pacíficas.
Há cerca de quatro anos o único país laico do mundo muçulmano resolveu flexibilizar o uso do véu islâmico nas universidades, onde era interdito, esquecendo que por cada mulher que deseja usar tal adereço há centenas que são obrigadas.
O ocidente e, sobretudo, certa esquerda, viram no gesto um ato de liberdade religiosa e esqueceram os juízes assassinados porque tinham subscrito o acórdão que legitimava a interdição, crime que o primeiro-ministro disse compreender.
Desde então a piedade não deixou de crescer enquanto a Europa e os EUA juram que há um islamismo moderado – o da Turquia –, por oposição ao que segue o Corão.
Todos conhecemos a obsessão de Deus pela roupa feminina e a predileção pelo homem, a ponto de o ter feito primeiro, e dele, depois, uma espécie de subproduto – a mulher.
O santo doutor, Paulo de Tarso, intérprete encartado do Criador, pregou a misoginia que agradava a Deus e deliciava os homens, avaros do poder. A mulher, cuja igualdade foi reclamada por homens contaminados pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa, e por ela própria, é ambiciosa mas a vontade divina é interpretada pela legião de profissionais que a estudam e promovem. E são os únicos com alvará para transformar a água normal em benta.
Foi a cópia grosseira e ampliada da misoginia judaico-cristã que levou os estudantes de teologia do Afeganistão à criação do ministério da Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício.
À semelhança do que já se passa na Europa, que parece esquecer a Guerra dos 30 Anos e a carnificina a que a Paz de Vestfália pôs termo, a separação do Estado e da Religião, na Turquia, é uma herança de Atatürk que vai sendo liquidada.
O uso do véu não é o alegado desejo que as mulheres islâmicas querem ver satisfeito, é um ato de liberdade que qualquer homem muçulmano quer obrigatório. Estão em causa a laicidade, a liberdade individual e, sobretudo, a igualdade de género.
O catolicismo considerava o cabelo e a voz das mulheres coisas obscenas. Maomé, mais ousado, considerou o corpo todo. É por isso que, num país que impôs o laicismo à força, se exige agora a autorização do véu que terminará na imposição da burka.
O véu islâmico não é um mero símbolo religioso, uma tradição que possa ser subvertida por um estilista, é o símbolo da humilhação da mulher, a condição imposta pelo Corão. A mulher é, como se sabe, propriedade do homem e um direito irrenunciável que agrada ao Profeta e dá imenso jeito aos homens, que dele não abdicam.
Só surpreende a cumplicidade dos países democráticos no regresso ao obscurantismo.
Ataques antissemitas põem França em alerta contra islamismo radical
Ministro do Interior diz que jovens convertidos a grupos islâmicos radicais representam uma ‘real ameaça’ para países europeus
A França está em estado de alerta contra o islamismo radical após recentes ataques antissemitas no país. Uma rede suspeita de atividades terroristas foi desmantelada no sábado, e o governo afirma que as operações policiais vão continuar.
As forças políticas representadas na Assembleia encarregada da redação da nova Constituição egípcia concordaram em manter o artigo dois, que estipula que “os princípios da lei islâmica são a fonte principal da legislação”, noticiou a agência Mena.
Além da preservação da cláusula tal como está redigida na Constituição anterior, de 1971, os partidos concordaram em criar um novo artigo que refere que aqueles princípios incluem toda a jurisprudência da sharia, a lei islâmica, e os fundamentos da Suna, as tradições do profeta Maomé.
Diário de uns Ateus – Onde para a primavera árabe?
Um ministro do governo paquistanês ofereceu uma recompensa de 100.000 dólares pela morte do autor de um filme ofensivo para o Islão que provocou violentos protestos em vários países muçulmanos.
“Anuncio hoje que esse blasfemo que insultou o profeta sagrado, se alguém o matar, dou-lhe um prémio de 100.000 dólares” (cerca de 77.000 euros), afirmou o ministro dos caminhos-de-ferro, Ghulam Ahmed Bilour.
A fúria que ataca os crentes de uma religião não se distingue da que aflige o adepto de um clube de futebol ou o fanático de um partido político.
Cada religião considera falsa todas as outras e falso qualquer outro deus que não seja o seu – e certamente todas têm razão –, o que faz de qualquer crente um ateu em relação à religião dos outros. Aliás, o ateu só considera falsos mais uma religião e mais um deus. No fundo, todos somos ateus.
Nas sociedades democráticas não há razão para persistir um crime tão anacrónico como a blasfémia. Era pior – e mantém-se em sociedades teocráticas –, a apostasia. Hoje é um direito inalienável, tão respeitável como as crenças, as descrença ou as anti-crenças. A liberdade de expressão é um valor maior do que as idiossincrasias pessoais ou coletivas.
A civilização árabe é uma civilização fracassada e o Islão, uma cópia grosseira do cristianismo, é o lenitivo de povos desesperados e submetidos à violência tribal. Com o seu primarismo, exerce um notável efeito mimético que contaminou a Turquia, o Irão, os berberes e franjas caucasianas na Europa e nos EUA. O proselitismo cristão, contido pelas democracias, depois de sangrentas guerras religiosas e da derrota do clero, persiste nas teocracias, apoiado por uma implacável máquina de intoxicação, entrincheirada nas madraças e mesquitas, e no carácter belicista com que os crentes são acirrados.
Na estrada de Damasco onde Paulo de Tarso teve a ideia de fazer a cisão do judaísmo, globalizando o deus autóctone, de matriz hebraica, não mais circulará o cristianismo, que ele inventou, e que Constantino utilizou para cimentar o Império Romano, ainda que ele próprio, no seu íntimo, se mantivesse fiel ao mitraísmo.
Nos países árabes restam pouco mais de 15 milhões de cristãos, metade dos quais no Egito onde a vitória democrática dos Irmãos Muçulmanos augura a sua erradicação. No Iraque já houve milhão e meio de cristãos, número que baixou nos últimos 30 anos e se acentuou depois de quatro abomináveis cruzados (Bush, Blair, Aznar e Barroso) terem anuído ao pedido que Bush garantiu ter-lhe sido feito por Deus e da prova da existência das armas de destruição maciça que os dois primeiros mostraram aos dois últimos.
O alarido da rua islâmica regressa ciclicamente quer o pretexto sejam as caricaturas de Maomé, um livro de Salman Rushdie ou um filme artesanal, independentemente de quem o provoca e da origem dos interesses que podem estar ligados à geopolítica ou à luta pelo petróleo.
Seja qual for a razão, quaisquer que sejam os patifes que lhe deem origem, não se pode tolerar que as mutilações, os ataques às embaixadas, as lapidações e as decapitações prossigam, para gozo de Maomé e divertimento pio.
A civilização e a barbárie têm fronteiras que nenhum deus pode franquear e a liberdade exigências incompatíveis com os dementes que se imolam para assassinar infiéis a troco de 70 virgem e rios de mel doce. Não há ressentimentos ou pretextos que o justifiquem.
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