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Categoria: Catolicismo

25 de Março, 2010 Ricardo Alves

Ratzinger sabia… e protegeu o criminoso

Segundo um artigo publicado hoje no New York Times, Ratzinger recebeu em 1996 duas cartas do arcebispo do Wisconsin alertando para um sacerdote que já abusara sexualmente de cerca de duzentas crianças surdas. O que aconteceu? Aconteceu que Tarcisio Bertone, então vice de Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé, tentou abrir uma investigação canónica (e portanto meramente interna), mas bastou uma singela carta a Ratzinger do padre (internamente) acusado  para o processo ser engavetado por Bertone. O padre morreu em 1998, aparentemente sem remorsos de qualquer espécie.

Este caso, provavelmente apenas um entre as dezenas ou centenas de que Ratzinger terá tido conhecimento durante o quarto de século que passou à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, permite concluir que Ratzinger soube de crimes de abuso sexual de menores, e que nada fez para denunciá-los às autoridades civis. Antes pelo contrário, protegeu o criminoso. Agora, na recente carta irlandesa, pede «perdão» (o que não serve rigorosamente para nada) e fala em «cooperar com as autoridades civis». Mas a verdade é que ele próprio ainda não começou a cooperar, e é pouco crível que não tenha conhecimento de casos que ainda possam ir a tribunal. Afinal, há apenas cinco anos, em 2005, ainda era ele o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Se realmente quer ser um homenzinho e assumir responsabilidades, Ratzinger tem muito que contar.

Outra conclusão que se impõe é que a obrigação de manter segredo, dentro da ICAR e perante os tribunais civis, sobre crimes de abuso sexual de menores cometidos por padres, ainda se mantinha em vigor nos anos 90. Ninguém pode garantir que já não esteja em vigor hoje (Ratzinger reafirmou-a em 2001). E os bravos jornalistas portugueses poderiam ter a coragem de perguntar aos bispos e padres portugueses o que fariam perante casos destes. Ou investigar casos semelhantes, por exemplo na Madeira.

24 de Março, 2010 Ricardo Alves

Um bispo fora do tabuleiro

Na Irlanda, o bispo John Magee deixou de o ser: o Papa católico aceitou o seu pedido de renúncia.

Ignora-se se o bispo, do qual se sabe que atrasou as investigações sobre abuso sexual de menores, já terá cooperado com as autoridades civis sobre os crimes do clero.

Adenda: não há nenhum jornalista português que queira investigar o estranho silêncio sobre o caso do padre Frederico? Afinal, como fugiu da prisão?

22 de Março, 2010 Ricardo Alves

«Que dirá Deus da sua Igreja?»

Artigo de opinião de Manuel António Pina no Jornal de Notícias.

  • «Trata-se de uma organização que habitualmente enche os ouvidos dos fiéis de moralismo sexual (basta ouvi-la falar de divórcio, casamento homossexual, aborto) e que, enquanto isso, encobria milhares de abusos sexuais de crianças praticados no seu seio. Agora, quando já não é possível continuar a encobri-los, o Papa vem de novo pedir “desculpa”, mas omitindo qualquer sanção quanto a abusadores e encobridores (ele próprio terá participado nesse encobrimento quando arcebispo de Munique e Freising). A hipocrisia foi ao ponto de, um dia depois, o Papa ter exortado os católicos a não se assumirem como juízes “dos que cometem pecados”. É em alturas assim que um ateu como eu lamenta que não haja um Deus que julgue gente desta.»
21 de Março, 2010 Ricardo Alves

As responsabilidades e a fuga

O mito central do cristianismo pode ser lido como uma alegoria sobre a transferência de responsabilidades. Segundo a interpretação mais difundida, Jesus Cristo teria morrido pelos «pecados» da humanidade inteira, «pecados» que não cometera e pelos quais não era responsável. Obviamente, os «pecados» incluem desde comportamentos inócuos e até banalizados na nossa civilização (como relações sexuais consentidas entre adultos), até actos que serão sempre crime em todas as sociedades (como o homicídio). Há duas formas diferentes de encarar o sacrifício crístico: ou se o entende como um heróico exemplo a seguir, e portanto deve-se assumir a responsabilidade pelos próprios actos e até pelos de outrém (e estar disponível para sofrer as consequências), ou pelo contrário transferem-se as responsabilidades para uma entidade transcendente («Cristo morreu por nós, e só a Deus prestamos contas»).

Ratzinger publicou ontem o seu documento sobre os abusos sexuais cometidos por padres irlandeses. A «imprensa amiga» tenta convencer-nos de que «assumiu a responsabilidade». Nada mais falso: Ratzinger nada disse, por exemplo, sobre a carta que ele próprio escreveu em 2001, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, a exigir o «segredo clerical» para as denúncias de abuso sexual de menores dentro da ICAR. Nessa época, não recomendava a colaboração com tribunais civis. Também não assumiu, que eu saiba, a responsabilidade por um caso em que teve responsabilidade directa: o acolhimento de um padre pedófilo em Munique quando aí era arcebispo. (mais…)

21 de Março, 2010 Carlos Esperança

ICAR desmorona-se

Bento XVI expressa “vergonha” da Igreja e quer que padres irlandeses sejam julgados na justiça.

O Papa Bento XVI expressou ontem “vergonha” e “remorso” pelo “desconcertante problema” do abuso sexual de crianças e jovens vulneráveis por parte de membros da Igreja Católica irlandesa. Mas o “profundo desgosto” do Papa não cala a revolta das vítimas.

Pergunta: A carta do Papa, sobre pedofilia pia, a ler nas missas, torna esta cerimónia exclusiva para maiores de 18 anos?

20 de Março, 2010 Carlos Esperança

ICAR sob fogo. Papa comprometido

New York Times’

Psiquiatra de padre pedófilo afirma que alertou Igreja sobre trabalho do religioso com crianças.

A arquidiocese alemã dirigida pelo então cardeal Joseph Ratzinger nos anos 1980 ignorou repetidos alertas de um psiquiatra responsável por tratar de um padre acusado de abusar sexualmente de meninos, informa reportagem desta sexta-feira do jornal “New York Times”.

Segundo o doutor Werner Huth, ele avisou a Igreja que o reverendo Peter Hullermann não deveria ser mantido em trabalhos com crianças. Sob autorização do futuro Papa Bento XVI, o padre havia sido transferido para Munique para passar por tratamento psicológico.

– Eu disse ‘pelo amor de Deus, ele precisa desesperadamente ser mantido longe de trabalhos com crianças’ – disse o psiquiatra ao jornal. – Eu fiquei muito triste com toda essa história.

20 de Março, 2010 Carlos Esperança

As aparições de Međugorje- a ICAR cutuca onça com vara curta

fonte: www.wikipedia.org

Por

Rui Cascão

A história de Međugorje é quase exactamente a de Fátima, Lourdes e outros embustes desse calibre. Há umas criancinhas católicas e manipuláveis do mundo rural, há umas oliveiras e uma senhora vestida de branco. Depois os clérigos tentam aproveitar-se da “aparição” para objectivos políticos- em Fátima para dinamitar a 1a República, em Međugorje para lutar politicamente contra o SKJ (Liga dos Comunistas da Jugoslávia) que estava no poder na Jugoslávia. Aliás, a coincidência entre as aparições de Međugorje (em 1981) e a morte do Marechal Tito (em 1980) e o início da desagregação da República Federativa Socialista da Jugoslávia, dificilmente se tratará de mera coincidência.

Međugorje localiza-se na Herzegovina, região de população mista croata (predominantemente católica), bosníaca (predominantemente muçulmana), e sérvia/montenegrina (predominantemente ortodoxa), a 20 km de Mostar. Foi uma das regiões em que a limpeza étnica da guerra civil bósnia foi mais acentuada e mais sangrenta (lembremo-nos da destruição da ponte de Mostar, património da humanidade).

A Bósnia e Herzegovina, apesar da paz que foi alcançada, esta paz ainda está longe de estar consolidada. Se a ICAR avançar com a homologação deste embuste naquela região tão sensível, isso terá um impacte significativo na degradação das relações entre as diversas populações da região. Gostaria de saber se este renovado interesse da ICAR por Međugorje se deve a irresponsabilidade ou se é doloso.

A Bósnia e Herzegovina não precisa deste tipo de iniciativa, nem de turismo religioso. Necessita sim de iniciativas e projectos que criem pontes e laços entre os vários grupos étnico-culturais, que contribuam para a redescoberta pelos bósnios dos aspectos culturais que os unem, em vez de valorizar aqueles que os dividem.