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Categoria: Catolicismo

28 de Abril, 2010 Ricardo Alves

É um sacerdote católico quem o diz

O sacerdote católico Mário de Oliveira, padre sem paróquia mas livre e sem papas na língua, fala de Ratzinger e das «aparições» de Fátima.

  • «Enquanto teólogo ele sabe, como todo os teólogos – e nós não encontramos nenhum teólogo convicto que defenda Fátima – que do ponto de vista da teologia é absolutamente impossível haver aparições. Do ponto de vista da fé cristã é impossível poder falar-se alguma vez de aparições. Impossível. E ele como teólogo sabe isso e apesar disso vai lá. Contra a sua própria teologia, vai como que canonizar, por um véu de canonicidade, de autenticidade, sobre uma mentira que são as aparições de 1917, com uma agravante que não havia nos anos anteriores. (…) a visita de Bento XVI a Fátima ainda é uma agravante, que o devia levar a ter um pouco de pudor. Porque as três crianças de Fátima, em 1917, foram vítimas – não em termos de pedofilia, de sexo – também do clero de Ourém que organizadamente inventou aquela historieta toda. E a encenou e a representou, servindo-se das três crianças. Desse universo de crianças, duas acabaram por morrer e a que sobreviveu foi sempre sequestrada até à morte.»

E pede a demissão do Papa-Ratz.

  • «(…) como foi a instituição que os formou – mal – e tomou conhecimento quando eles cometeram esses actos e escondeu-os para bem do nome da Igreja, e não fez nada: em última instância quem tem de se demitir é o Papa. Tem obrigação moral de ser o primeiro a dizer: “Eu demito-me, e agora sigam o meu exemplo.” Enquanto o não fizer, não tem moral para demitir ninguém.»

Pode-se ler na íntegra aqui.

27 de Abril, 2010 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_ 26_04_2010

Na sua homilia de hoje, no DN, João César das Neves (JCN) parece apavorado com a legalização do casamento gay, convencido definitivamente da sua obrigatoriedade ou servindo-se do pretexto para não falar dos escândalos que inundam a sua Igreja.

Qual profeta, ungido na sacristia de uma paróquia rural, JCN afirma que «Aquilo que chocará o futuro são sem dúvida as tentativas radicais e atabalhoadas na legislação da família», motivo que o levou a intitular o sermão «A construção de um monstro».

Considera a lei do aborto de 2007, responsável pelo morticínio de milhares e insurge-se contra o que chama «enorme fraude política de usar um referendo não vinculativo sobre a despenalização do aborto” para o legalizar, omitindo que o anterior, igualmente não vinculativo e menos participado, suspendeu a legislação legalmente votada na A.R..

Depois de uma frase pia, de ressonância apocalíptica, « O aborto é apenas um aspecto, de longe o mais sangrento, da vasta investida recente contra a vida», atira-se à “lei da procriação medicamente assistida” de 2006 exibindo um desvelo pelo embrião humano superior ao que alguma vez lhe mereceram as crianças que morrem vítimas da fome, da guerra e das doenças que o seu omnipotente deus consente.

«As leis do divórcio de 2008 e uniões de facto de 2009 constituem enormes atentados à instituição familiar, só comparáveis à campanha de 2010 pelo casamento do mesmo sexo», – diz o microfone da Igreja católica ligado às segundas-feiras no DN.

JCN encara a educação sexual como uma imposição de «ideologia frouxa e lasciva» às crianças e jovens e ruge contra as praias de nudistas. Depois mistura coisas diferentes: divórcio (quererá proibi-lo?), uniões de facto e filhos fora do casamento, a que atribui a baixa natalidade, esquecendo que pior, para a reprodução, é a castidade.

JCN considera a legislação familiar portuguesa, em linha com o que se passa na Europa, um plano malévolo digno de Nero, Napoleão e Hitler, esquecendo as paixões que os dois últimos despertaram em altos dignitários da sua Igreja.

Enfim, JCN é uma poderosa vacina contra a Igreja de que é prosélito.

26 de Abril, 2010 Ricardo Alves

ICAR em queda na Alemanha

O número de alemães que pagam o «imposto de igreja» está em queda acentuada. As notícias mais recentes indicam várias dioceses em que o número de renúncias a permitir que parte do imposto estatal seja captado pela ICAR triplicou ou quintuplicou.

Na Alemanha, é possível ao contribuinte indicar a comunidade religiosa à qual deseja que parte (8%-9%) do seu imposto seja afecto. As comunidades religiosas beneficiárias são a Igreja Luterana, a ICAR e a Comunidade Judaica. Este «imposto de igreja» permite saber quantos contribuintes pertencem a cada uma das principais comunidades religiosas.

Segundo uma sondagem, 26% dos católicos alemães poderão deixar de contribuir desta forma para a ICAR alemã, que retira 70% do seu financiamento do «imposto de igreja».

23 de Abril, 2010 Ricardo Alves

Já não sobram bispos

Demitiu-se agora o bispo belga Roger Vangheluwe, que assume os seus crimes: «Quando ainda não era bispo e também durante algum tempo depois de ser, abusei sexualmente de um jovem da minha entourage próxima. A vítima ainda está marcada».

Depois das duas demissões noticiadas anteontem, parece indesmentível que a ICAR optou por queimar o que houver para queimar, o mais depressa possível. Esperando que a crise dure o menos possível e que não sobre nada para denunciar. É uma fuga para a frente. Para ser credível, deveria ser acompanhada das denúncias dos casos que ainda não prescreveram.

23 de Abril, 2010 Ricardo Alves

O «Público» lava mais branco

O jornal «Público» tem um sub-site especial sobre a visita do Papa-Ratz. Encontram-se ali artigos pró e contra, de católicos e de ateus, testemunhos de pedófilos e das suas vítimas, e textos do Papa e dos seus críticos, num fantástico exercício de contraditório e pluralismo como só um jornalista tão «isento» como António Marujo – que recebeu duas vezes o Prémio Templeton – seria capaz.

A ler até cair de sono. O que deve demorar. Muito.

22 de Abril, 2010 Ricardo Alves

A ausência de autoridade ética da ICAR

A António Marto, bispo de Leiria-Fátima da ICAR, pertencem as declarações mais chocantes produzidas por um católico português sobre o escândalo do encobrimento eclesiástico de crimes de abuso sexual de menores. Disse António Marto: «A nossa lei, tanto quanto me consta, não obriga, como a francesa ou a inglesa, a denunciar os casos à Justiça civil, mas, se tal se colocar, fá-lo-emos». O som das declarações é particularmente impressionante pela frieza e indiferença de António Marto (e pode ser ouvido aqui).

Não vou entrar na discussão do que a lei obriga ou não a fazer. Desejo que a lei seja igual para todos, e dificilmente concebo que alguém possa saber de um crime grave (abuso sexual de menor ou homicídio, por exemplo), sem sentir a obrigação ética de o denunciar. O «remorso e a vergonha» não chegam.

Todavia, grande parte dos portugueses consideram a ICAR uma «autoridade moral». Mas como se pode considerar uma autoridade ética quem não afirma claramente a obrigação de denunciar um crime de sangue, em particular quando as vítimas, por serem crianças, podem não compreender os seus direitos?

Era a esta questão que eu gostaria que os católicos honestos respondessem.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

19 de Abril, 2010 Carlos Esperança

Um (perene) desassossego…

Vitral comprometedor

Por

E – Pá

“Le diocèse de Rotterdam a signalé à la police, vendredi 16 avril, le cas d’un prêtre catholique néerlandais soupçonné d’abus sexuels, qui a été suspendu de ses fonctions.” Le MONDE.Fr -Reuters 16.04.10

Por que razão este caso referente a um clérigo prevaricador é notícia?
– Porque é a excepção!

Mas, também, porque a ICAR vem insistindo em classificar os crimes de pedofilia cometidos pelos seus clérigos como “pecados”, ou seja, transgressões de preceitos religiosos passíveis de obtenção de canónicos “perdões”, de estratégicas transferências de funções, em suma, de sistemáticas “ocultações”…

A ICAR enquanto não enveredar, na prática, pela abordagem destes crimes dentro de um enquadramento baseado nos códigos de Direito Civil dos Países, onde exerce o seu “apostolado”, não terá sossego.

Até lá, pode continuar a sua hipócrita e inconsequente “atitude de vitimização” que, por esse caminho, não colherá qualquer “indulgência” dos povos, nem das instituições civis.
Não vivemos nos tempos das catacumbas…