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Categoria: Catolicismo

18 de Setembro, 2010 Ricardo Alves

Milhares de manifestantes contra Ratzinger

Em Londres, ter-se-ão manifestado milhares de pessoas contra Ratzinger, contra o reconhecimento do Vaticano como Estado, contra o encobrimento dos crimes de abuso sexual, contra os ensinamentos católicos em matéria de sexualidade e contracepção, e pela laicidade, pela liberdade e pelos direitos humanos. (Ver a reportagem na BBC.)

17 de Setembro, 2010 Ricardo Alves

Hitler e a ICAR

Tradução

«Porque é um católico obrigado a votar na lista parlamentar de Adolf Hitler? Porque no estado Nacional Socialista intrinsecamente e através da Reich-Concordata

  1. A Fé é protegida,
  2. a paz com a Igreja está assegurada,
  3. a moralidade pública é preservada,
  4. o Domingo é permitido,
  5. as escolas Católicas são mantidas,
  6. a consciência Católica não é dificultada,
  7. um Católico tem direitos iguais perante a lei e na vida da nação,
  8. as organizações e associações Católicas, enquanto servem fins exclusivamente religiosos, caritativos e culturais, podem trabalhar livremente.

Portanto um Católico é obrigado a votar no dia 12 de Novembro [1933]

Referendo: Sim

Eleição parlamentar: Adolf Hitler»

Fonte: National Secular Society

Nota: trata-se da primeira eleição em que apenas se apresentaram candidatos nazis (o referendo era para sair da Sociedade das Nações), e que foi ganha com 92%.

Comentário: estes nazis são os mesmos que Ratzinger acusou ontem de «[desejarem] erradicar Deus da sociedade». E levaram-no a sério.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

17 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

O papa, o nazismo e o ateísmo

Desprezo o Papa, todos os papas, com a mesma intensidade com que a Aura Miguel e o João César das Neves amam este ou qualquer outro. Mas uma coisa são estados de alma e outra os factos.

Sou incapaz de desejar a alguém o que a ICAR fez a judeus, bruxas, hereges e a todos os que contrariassem os seus interesses. Não vou remexer nos crimes que desde Paulo de Tarso e Constantino se cometeram em nome de um judeu que dizem ter morrido pela salvação do mundo e nem a si próprio conseguiu salvar-se. É hoje uma referência para as multinacionais da fé que vivem da sua alegada divindade como os homeopatas do valor terapêutico das mezinhas.

O que um ateu não pode consentir é que o ex-inquisidor compare o ateísmo ao nazismo, esquecendo que a sua Igreja já excomungou o ateísmo, o comunismo, a democracia, a liberdade e o livre-pensamento e nunca o fez ao nazismo ou ao fascismo. O próprio Estado do Vaticano, a última ditadura europeia, foi obra de Benito Mussolini que, entre outras manifestações de tolerância, tornou o ensino da religião católica obrigatório nas escolas públicas.

Uma Igreja que apoiou Franco, Pinochet, Mussolini, Salazar, Videla, Somoza e o padre Tiso perde autoridade para condenar sinistros assassinos  como Estaline, Mao,  Pol Pot,  Ceauşescu ou Kim Il-sung cuja esquizofrenia sanguinária os levou a cometer crimes em nome de uma crença política e não do ateísmo.

Bento XVI, que foi cúmplice do encobrimento de crimes cometidos pelo seu clero, que mantém o IOR como offshore do Vaticano, que se apoia no Opus Dei, Legionários de Cristo e na seita fascista dos sequazes de monsenhor Lefebvre, não tem autoridade para difamar os ateus a quem a liberdade deve mais do que à sua Igreja.

Pode continuar a canonizar os admiradores de Franco, os colaboradores da CIA e outros defuntos que, em vida, foram pouco recomendáveis. Pode exibir relíquias falsificadas e vender ao mundo os milagres engendrados numa repartição pia mas não pode insultar os ateus sem receber o troco que merece.

16 de Setembro, 2010 Ricardo Alves

Protestar o Papa

Os britânicos preparam-se para receber Ratzinger com uma manifestação de Hyde Park Corner (local com tradição na liberdade de expressão) até Withehall, e que terminará com um comício em Downing Street (em frente da sede do governo). Com várias organizações presentes, os oradores previstos para o protesto incluem o cientista e activista ateu Richard Dawkins, Terry Anderson da National Secular Society (a associação laicista britânica), Peter Tatchell (um militante histórico dos direitos dos homossexuais), o jornalista e laicista Johann Hari, o padre católico homossexual Bernard Lynch e a laicista iraniana e ex-muçulmana Maryam Namazie.

Esta visita acontece num momento em que o laicismo atinge, pela primeira vez em décadas, um pico de reconhecimento público, gerado pela progressiva secularização da Europa e pela ofensiva do islamismo radical. Nunca fomos tantos.

Ouça-se Polly Toynbee, da British Humanist Association.

  • «Where once secularism and humanism were relics of a bygone religious age, its voice is important again. But pointing out the blindingly obvious need to keep faiths in their private sphere has united religious gunfire against secularists. All atheists now tend to be called “militant”, yet we seek to silence none, to burn no books, to stop no masses or Friday prayers, impose no laws, asking only free choice over sex and death. Religion deserves its say, but only proportional to its numbers. No privileges, no special protection against feeling offended.»

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

15 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Que laicidade?

Para salvar a alma do autarca

12 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A missa na aldeia_1 (Crónica)

Os sinos da igreja intimavam os paroquianos para a missa. O templo ia enchendo, homens à frente, mulheres atrás, os menos pobres nas primeiras filas, sempre conforme à hierarquia e à tradição. Uns minutos antes das nove ouvia-se a moto do padre Farias que já tinha despachado a missa das oito em Casal de Cinza e ainda o esperava a das dez noutra paróquia.

Entrava sempre com o ar mal disposto de quem sentia o penoso serviço de Deus como condenação, em paróquias pobres, de gente rude, sem instrução nem banho. Ainda há dois dias ali estivera para ouvir em confissão os pecadores mais aflitos ou com hábitos mais frequentes da eucaristia. Não tardariam a chamá-lo de novo para levar o viático a um desgraçado que já não descolava da cama nem para a santa missa.

O latim deixava estarrecidos os crentes pelo carácter esotérico que assumia aos castos tímpanos de quem até o português, para lá de algumas centenas de palavras, soava a latim ou parecia língua estrangeira criada por Deus para confundir os homens nas obras da Torre de Babel.

A homilia era breve e as ameaças repetidas. Trabalhar ao domingo deixava o Senhor furioso, comer carne à sexta-feira era veneno para a alma de quem não tivesse a bula, a côngrua andava atrasada por parte de alguns paroquianos, a trovoada tinha dizimado as searas, era certo, mas a culpa não lhe cabia a ele, padre Faria, que cuidava das almas, a moto não se movia a água nem o mecânico a consertava a troco da absolvição dos pecados. No entanto, o mais injurioso para Deus e arriscado para a alma era trair a castidade pela qual a Santa Madre Igreja tanto zelava.

Dita a missa, antes de deixar sair os paroquianos, fazia avisos: pedia a quem encontrasse uma burra que avisasse o dono, lembrava às freguesas que as crianças podiam ficar em casa se não se calassem na missa, que todos os cristãos podiam baptizar um recém nascido em perigo de vida, in articulo mortis, sem necessidade de despachar estafeta a exigir a sua presença, com risco de não estar ou de lhe minguar a disponibilidade.

Recordo as pias mulheres, embiocadas no xaile e lenço negro, a debitar ave-marias, sem me ocorrer que vivessem o drama de D. Josefa que Eça nos apresenta «toda sossegada, toda em virtude, a rezar a S. Francisco Xavier – e, de repente, nem ela soube como, põe-se a pensar como seria S. Francisco Xavier, nu, em pêlo».

Já não me surpreende que a Ti Celesta, transida de frio e carregada de fome, de fé e de filhos, sempre com aquela tosse que irritava o padre e merecia das outras mulheres o diagnóstico de tísica, se debatesse com o mesmo problema da D. Josefa de «O crime do padre Amaro», talvez em situações mais graves.

A bondosa D. Josefa acrescentava à nudez fantasiada do santo outro pecado que a torturava: «quando rezava, às vezes, sentia vir a expectoração; e, tendo ainda o nome de Deus ou da Virgem na boca, tinha de escarrar; ultimamente engolia o escarro, mas estivera pensando que o nome de Deus ou da Virgem lhe descia de embrulhada para o estômago e se ia misturar com as fezes! Que havia de fazer?”

Com a Celeste a consumição era maior, embora alheia à metafísica. A tosse e a expectoração apoquentavam-na durante a eucaristia e o padre Farias já a tinha ameaçado de lhe recusar o sacramento apesar da devoção com que cumpria os deveres canónicos e a regularidade com que paria um filho por ano.

Mal o corpo e o sangue do Cristo lhe eram pousados na língua, em forma de alva rodela de pão ázimo, logo as secreções lhe acudiam à boca parecendo acalmar à medida que o alimento espiritual aconchegava o tracto gastrointestinal, acalmando o jejum e o catarro, seguindo o curso fisiológico.

Depois, enquanto o padre desaparecia sobre a moto, entre nuvens de pó, ficavam os homens a falar da vida, as mulheres regressavam a casa a fazer contas à vida e os garotos enganavam a fome com uma bola de trapos, sem pensar na vida.

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A procissão ainda vai no adro

Pedofilia

Bélgica. 13 vítimas de abusos sexuais de padres suicidaram-se

Relatório sobre pedofilia na Igreja Católica revela 475 denúncias de abusos. A maior parte dos crimes prescreveu

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Chile – A evocação de um crime

Amigos do peito e da hóstia

Faz hoje 37 anos. Um obscuro general derrubou o Presidente eleito do Chile, Salvador Allende, e deu início a uma longa e sinistra ditadura que permanece como paradigma da crueldade, do arbítrio e da barbárie.

Solidário com os muitos milhares de desaparecidos, torturados, presos e assassinados, o Diário Ateísta recorda o frio e piedoso torcionário Augusto Pinochet.

Para que não se esqueçam os algozes.