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Categoria: Catolicismo

14 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

Jesus, esse familiar irresponsável

Por

Kavkaz

É com naturalidade que verificamos a alegria dos pais quando os filhos nascem. E também achamos natural a ajuda constante que eles dão aos filhos desde pequenos até à idade adulta. Os filhos são a continuação da família e é com naturalidade que os veremos a apoiar os pais na velhice, naquele período em que os pais já não podem fazer mais nem pelos filhos, nem por si próprios. Este é o desejo normal.

A Bíblia relata-se uma história anormal. Descreve-nos uma pessoa com problemas e conflitos com a sociedade em que vive. Trata-se de Jesus com pai biológico que nunca viu. A mãe dele vivia casada com o padrasto de Jesus. Foi o padrasto, carpinteiro de profissão, e a mãe quem pagaram as contas do sustento e educação de Jesus. O apregoado pai, “Deus”, não contribuía para o sustento do filho que fez, de forma inexplicada e sem aviso, à mulher do carpinteiro. Jesus cresceu revoltado, talvez por desconhecer o pai biológico e que nunca se dignou mostrar-lhe a cara. E Jesus queria tanto conhecer o pai, como é natural numa criança. Ele faria tudo para o conhecer, até morrer mais cedo. Esta criança viveu sempre revoltada e aos 33 anos era um adulto desestruturado.

Jesus vivia uma vida sem emprego conhecido e estável, uma vida boémia com amigos e mulheres do seu tempo. Assim, aos 33 anos ainda não tinha conseguido constituir a própria família, ter filhos e educá-los, ver crescê-los, participar e ser responsável pela sua própria família. Jesus não conseguiu nunca ser um exemplo de chefe de família. Era ainda o mesmo menino obcecado por conhecer o papá escondido algures e que lhe mandava recados em pensamento. Traspassava-lhe a ideia de proteger e salvar tudo e todos de algo terrível que poderia acontecer, desde que fossem judeus. Esta ideia fixa levou-o até às últimas consequências… Convenceu-se de que a sua morte seria a vontade do pai biológico, “Deus”, portador de um ego muito elevado e que apreciava os sacrifícios humanos. E apesar de não ser ético nem moral um pai desejar a morte dos próprios filhos, ele assumiu tal ideia como verosímil e caminhou voluntária e conscientemente para a própria condenação à morte às mãos de um poder local já cansado dos conflitos que ele provocava deliberadamente. Poderia ter evitado a própria morte, emancipando-se das ideias macabras do pai ausente, mas aceitou ficar na história e ser um mito, um “mártir”. Morreu crucificado por vontade de “Deus”, o pai biológico distante.

A sua morte foi chorada pela família, pelos companheiros de aventuras, pelas mulheres que o amavam. Choravam porque sabiam que já não poderiam contar mais com ele toda a vida. Se assim não fosse, não chorariam.

Em pior situação ficaram os verdadeiros pais de Jesus, os que o tinham acarinhado, alimentado, educado, que depositaram tantas energias, esforços, gastos, desejos e esperanças para fazer dele um homem. Debalde! A velhice chegaria e Jesus não estaria para os apoiar nos momentos mais difíceis dos pais velhotes. Ai, aquela cabeça no céu irresponsável…

8 de Agosto, 2012 Carlos Esperança

A Igreja católica francesa entra no combate político

Nem o facto de ser uma promessa eleitoral do novo presidente, amplamente sufragado pelo eleitorado, demove a Igreja católica do combate contra a legalização do casamento entre indivíduos do mesmo sexo e o direito à adoção de crianças.

Da agenda da Igreja faz igualmente parte a luta contra o debate sobre a eutanásia, já anunciado pelo presidente François Hollande, mas sem qualquer intenção afirmada pelo Governo.

Num país onde a laicidade é uma realidade indiscutível desde 1905, o que tem evitado à França guerras religiosas, vêm agora os bispos entrar no campo da política e das leis da família com o proselitismo de que estavam arredados há mais de um século. A ameaça de uma missa nacional foi a primeira atitude do presidente da Conferência Episcopal, o cardeal André Vingt-Trois, que a marcou para 15 de agosto próximo, dia da Assunção da Virgem ao céu, evento de que se desconhece o meio de transporte, a data, o itinerário e os locais de partida e de chegada.

Espera-se que a guerra declarada não ultrapasse as orações e as homilias e que a liturgia não inclua fogueiras nem a crueldade com que a Igreja católica combateu os albigenses. A França, graças à laicidade, conseguiu terminar com os banhos de sangue provocados pelas guerras religiosas.

Manifestar a sua posição perante os paroquianos amigos da hóstia e da missa é o direito que a França assegura a todos os cidadãos mas incitar o povo contra o cumprimento de promessas eleitorais, num Estado que «não reconhece, não remunera nem subvenciona nenhum culto», é um provocação que remete para a intolerância islâmica que intoxica os crentes nas madraças e mesquitas que a França tem sabido conter.

A França não exige à exótica monarquia vaticana que se reja por regras democráticas mas não consentirá à única teocracia europeia que interfira na política da República.

29 de Julho, 2012 Carlos Esperança

A virgem Maria (R)

A Virgem Maria, farta das companhias e do Céu, onde subiu em corpo e alma, aborrecida do silêncio e da disciplina, cansada de quase vinte séculos de ociosidade e de virtude, esgueira-se às vezes pela porta das traseiras e desce à Terra.

Traz a ladainha do costume, a promoção do terço de que é mensageira e ameaças aos inocentes. Poisa em árvores de pequeno porte, sobe aos montes de altitude moderada e atreve-se em grutas, pouco recomendáveis para a virgindade e o reumatismo, sempre com o objectivo de promover a fé e os bons costumes, de abominar o comunismo e anatematizar os pecados do mundo.

A receita é sempre a mesma: rezar, rezar muito, rezar sempre, que, enquanto se reza não se peca. Não ajuda a humanidade mas beneficia o destino da alma e faz a profilaxia das perpétuas penas que aos infiéis estão reservadas no Inferno.
Surpreende que, sendo tão vasto o mundo, a Virgem Maria só conheça os caminhos dos seus devotos e abandone os que adoram um Deus errado e odeiam o seu divino filho que veio ao mundo para salvar toda a gente.

Fica-se pela Europa, em zonas não contaminadas pela Reforma, aventura-se na América Latina, eventualmente visita a África e nunca mais voltou a Nazaré e àqueles sítios onde suportou os maus humores do seu divino filho e as desconfianças do marido. Ficando-lhe as viagens de graça, por não precisar de combustível, não se percebe que não volte aos sítios da infância, não vá em peregrinação ao Gólgota, não deambule pela Palestina e advirta aqueles chalados de que o bruto e ignorante Maomé é uma desgraça que se espalhou pela zona como outrora a peste, que a única e clara verdade é o mistério da Santíssima Trindade.

Por ter hora marcada ou para não se deixar seduzir pelas tentações do mundo, a virgem Maria regressa ao Céu, depois de exibir uns truques e arengar uns conselhos, sem dar tempo a que alguém de são juízo a interrogue, lhe pergunte pela saúde do marido e do menino e lhe mande beijos para os anjos e abraços aos bem-aventurados que estão no céu.

Um dia a Virgem Maria, com mais tempo e autonomia de voo, encontra um ateu e fica à conversa. Há-de arrepender-se dos sustos que prega, das mentiras que divulga e chegar à conclusão de que o terço faz mal às pessoas, estimula o ódio às outras religiões e agrava as tendinites aos fregueses.

26 de Julho, 2012 Carlos Esperança

Jesus visitou o Vaticano e continua misógino

O novo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), D. Gerhard Müller, afirmou que a exclusão das mulheres da ordenação sacerdotal na Igreja Católica deriva da “vontade” de Cristo.

“Muitas declarações sobre a admissão das mulheres ao sacramento da Ordem ignoram um aspeto importante do ministério sacerdotal: ser sacerdote não significa ganhar uma posição”, refere o arcebispo alemão, de 64 anos, em entrevista hoje publicada pelo jornal do Vaticano.