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Categoria: Catolicismo

14 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

A igreja católica portuguesa e as declarações infelizes de um cardeal

Por

Alexandre Castro

A Igreja Católica, desde que se tornou a religião oficial do Império Romano, sempre foi uma religião de poder. O Papa ainda reproduz, nos dias de hoje, nos paramentos e no cerimonial, os tiques dos imperadores. Na sua longa história de dois mil anos, sempre se aliou às aristocracias e às classes possidentes. Foi na Península Ibérica onde ela mais se enraizou com o poder político, que ia sempre outorgando-lhe regalias e privilégios.

Aliou-se ao invasor germano (os Visigodos), que delegou nela a administração da coisa pública. Na Alta Idade Média, eram os bispos que, na prática, governavam, tomando as principais decisões políticas e religiosas nos concílios ibéricos. Na Reconquista, era vulgar ver os bispos nos campos de batalha ao lado dos reis cristãos, batalhando contra o mouro infiel.

Nos Descobrimentos, para evangelizar os novos povos e alargar a sua influência por todos os novos continentes descobertos, atrelaram-se aos navegadores e aos conquistadores dos impérios coloniais, numa aliança espúria entre a espada e crucifixo.

No crucial século XVI, os dois reinos ibéricos, o de Portugal e o de Espanha, foram o principal esteio dos papas no lançamento e consolidação da Contra- Reforma, saída do concílio tridentino. Foi nessa altura, que se instituiu a Inquisição e o Tribunal do Santo Ofício, para queimar os hereges, os apóstatas e os praticantes clandestinos do judaísmo, semeando no país o medo e o terror. Nos séculos seguintes, apesar de alguns contratempos e sobressaltos, ganhou força institucional e espiritual nestes dois países, que atingiu o seu máximo esplendor na aliança com os fascismos ibéricos, o de Salazar e o de Franco.

Após o 25 de Abril, a igreja católica portuguesa constituiu-se num baluarte da contra-revolução, sendo muito interventiva no processo político e usando como arma o púlpito, o confessionário, a fábrica dos milagres do santuário de Fátima e outros processos secretos, pouco recomendáveis.

Afastado o “perigo comunista”, recolheu-se discretamente para os seus espaços de intervenção, mas não deixou de, na sombra, ir urdindo e reforçando o seu poder e sua discreta influência. Durante séculos, teve o monopólio do ensino em Portugal, que lhe serviu de eficiente veiculo para a intensiva doutrinação das elites e da população em geral, monopólio esse que só interrompido abruptamente pelo marquês do Pombal (sec. XVII), por Joaquim António de Aguiar, o Mata-Frades (sec. XIX), e pelos republicanos (sec. XX). A sua influência foi profunda na formatação da mentalidade dos portugueses, principalmente nas zonas rurais do norte do país, onde primeiro se iniciou a Reconquista Cristã.

Na atualidade, e perante a bárbara ofensiva contra o povo português, através de um iníquo plano para os empobrecer, levada a cabo pelo governo PSD/CDS, a soldo dos interesses do capitalismo financeiro internacional, a igreja católica remeteu-se a um silêncio cúmplice, apenas quebrado por uma ou outra voz mais ousada. Mais uma vez, a igreja católica está ao lado dos poderosos, não levantando a voz, como seria o seu dever, na defesa dos mais desprotegidos.

Não admira, pois, que o patriarca Policarpo, e já é a segunda vez que isto acontece, venha a terreiro aplaudir implicitamente a imposição de sacrifícios monstruosos aos portugueses. Ignorando que a igreja utiliza a rua para as suas manifestações da Fé, insurge-se contra aqueles que na rua exercem o seu legítimo direito à indignação e ao protesto.
É bom que o patriarca tenha presente que o bispo de Lisboa, na sequência do golpe palaciano desencadeado pelo Mestre de Aviz, e que deu origem à revolução de 1383-85, foi atirado da torre da Sé, pela populaça enfurecida, que lhe não perdoou a sua aliança com Leonor Teles, a rainha viúva de D. Fernando, que queria entregar o trono português ao rei de Castela.

A História às vezes repete-se. E da segunda vez, normalmente, é uma comédia. E eu não me queria rir de ver D. Policarpo atirado da torre da Sé de Lisboa pelos indignados deste país. Sou contra os atentados contra a vida, seja qual for o pretexto.

 

10 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

Para quando, em Portugal?

Igreja italiana começa a pagar imposto imobiliário em 2013

A igreja italiana vai começar a pagar impostos sobre as actividades imobiliárias geradoras de lucros a partir de 2013, incluindo algumas propriedades isentas até agora, anunciou nesta terça-feira o governo italiano em comunicado.

A igreja deverá pagar uma taxa sobre todos os bens imobiliários que têm uma actividade rentável (restaurantes, hotéis, entre outros), mesmo em caso de utilização mista do edifício, comercial e religiosa.

8 de Outubro, 2012 Miguel Duarte

Passagem do filme “In defense of secularism”, seguida de debate

No próximo dia 17 de Outubro, nos encontros Ateístas e Humanistas de Lisboa, irá ser passado o documentário “In Defense of Secularism”, seguida de debate. Convidamos todos os interessados a participar e a vir conhecer o grupo (temos reuniões mensais).

Apresentação:

É a separação entre a Igreja e o Estado efetiva em todos os países europeus? É a laicidade um valor fundador da União Europeia?

Através deste documentário vamos discutir estes temas e o papel da Igreja em três países da União Europeia: Roménia, Irlanda e Itália.

Refeição (a participação no evento custa 7 Euro e inclui a refeição):

  • Pão e azeitonas
  • Folhado de atum e muffins de cenoura e frutos secos (opção vegetariana)
  • Salada
  • 1 Bebida (sumo ou cerveja mini)

Confirmações
Por forma a que se possa garantir um número de jantares adequado e uma disposição correta da sala, solicitamos que pff confirme a sua presença até dia 16, através do nosso grupo no meetup:

http://encontros.humanismosecular.org/events/71911062/

8 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

B16 – Um papa medieval

A dimensão das asneiras prova a infalibilidade. O ridículo dos milagres atesta a origem divina. O autoritarismo do Sapatinhos Vermelhos prova que o Espírito Santo disse aos cardeais em quem deviam votar.

Na ICAR o Espírito Santo tem sido abandonado nas orações e no respeito. Deixaram de lhe fazer festas, endossar pedidos e dirigir orações. Até a iconografia sacra o ignora.

A pomba caiu em desgraça. Foi ela que avisou Maria da gravidez indesejada. A Virgem, na sua divina ignorância, acreditava no método das temperaturas e, para preservar a fé, que é um dom do Espírito Santo, este voou até à Terra para a avisar da prenhez.

Mas a Igreja é como as mercearias. Desfazem-se dos monos e lançam no contentor do lixo os géneros avariados. Foi o que aconteceu ao Espírito Santo, sem devotos, preces, aparições ou festas litúrgicas.

Hoje, vale mais uma santinha de Balazar que passa anos sem comer, nem beber e em anúria, factos que o Papa JP2 confirmou, do que o Espírito Santo, apesar da linhagem aristocrática das velhas religiões donde o importaram e dos recados que fazia a Jeová.

Com o andar dos tempos restam os santos autóctones de que a IÇAR já fez stock e umas Virgens de origem duvidosa e pouco dadas a milagres, para entreter os crentes e nutrir o clero.

Deus é cada vez mais uma referência exótica com reles cotação na bolsa de valores da superstição. O latim ainda vai alimentar o Vaticano e restituir o brilho às missas.

4 de Outubro, 2012 Carlos Esperança

O que a religião faz às pessoas

A ideia de que o aborto auxilia o sofrimento da mulher estuprada é falsa, assim como é falso que o filho de um estupro seja alguém condenado à infelicidade.

Das mulheres vítimas de estupro que engravidaram e deram à luz, e que tive oportunidade de entrevistar, nenhuma se arrepende de não ter abortado, todas são unânimes em dizer que estariam morrendo de remorsos se tivessem matado o filho, e todas nutrem pela criança uma afeição especial.

Continue a ler esta loucura pia

26 de Setembro, 2012 Carlos Esperança

A ICAR está cada vez mais obsoleta

A ICAR, incapaz de inovar, para manter fiel a clientela, acaba por regressar aos velhos truques numa sociedade alfabetizada. Os milagres muito batidos, o aparecimento da Virgem (a obsessão pela virgindade é esquizofrénica) a uns pobres de espírito a quem transmite recados do seu divino filho, visitas do Cristo, ele próprio, a uns inocentes a quem faz pedidos patetas e um ror de prodígios capaz de adormecer crianças e imbecilizar adultos, são os truques em que reincide para manter a quota de mercado e alargar a base de apoio.

Nem ao menos se lembra de encomendar hóstias com sabores às pastelarias diocesanas, perfumar a água benta com aromas testados à saída da missa pela pituitária dos devotos, temperar a água com que batiza as crianças, evitando o choro e o resfriado, ou inovar a música e ultrapassar o cantochão. Até os chocalhos que anunciam a passagem da hóstia pelo sacrário estão desafinados e distorcem o som com o verdete acumulado.

Bem sei que o passado pouco recomendável de muitos papas, bispos e padres não ajuda à propagação da fé e à frequência do culto. O livro de referência – a Bíblia – tão arcaico e cruel, tão cheio de incoerências e maldições, não ajuda o prestígio de Deus, acusado de ser o seu autor.

Que resta, pois, à ICAR, perdido o medo do inferno, desinteressados homens e mulheres do destino da alma, incapaz de conter o consumo de carne de porco à sexta-feira, sem clientes para as bulas e com o dízimo caído em desuso?

Cada vez se encontra em maiores dificuldades para introduzir no código penal o pecado como crime. Não consegue para os pecados veniais uma simples coima nem para os mortais uma pena de prisão. A blasfémia é ignorada em juízo, o divórcio é facilitado e o adultério deixou de interessar o Estado. Apenas o aborto consegue ainda, em países de forte poder clerical, devassar a vida íntima das mulheres e submetê-las ao vexame de um julgamento e ao opróbrio da prisão. Mesmo a apostasia, que é para os pios doutores da ICAR, uma ofensa imperdoável, é uma prática corrente e um direito inalienável.

Assim, resta à ICAR vociferar contra o preservativo, atirar-se à pílula como São Tiago aos mouros e execrar a investigação em células estaminais. Já poucos lhe ligam quando apostrofa a eutanásia, afronta a proibição do ensino da religião nas escolas do Estado ou injuria os casamentos homossexuais.

Os padres vão enegrecer ao fumo das velas, abandonados pelos crentes, proibidos de ter uma companheira que lhes alivie a solidão, enquanto os bispos e o papa satisfazem o narcisismo com a riqueza e o colorido dos paramentos. Acabam por descrer da virtude da Igreja, da bondade do seu Deus e a renunciar à salvação da alma.

25 de Setembro, 2012 Carlos Esperança

É preciso topete

O secretário de Estado do Vaticano vai receber esta terça-feira o prémio internacional ‘Conde de Barcelona’ das mãos do rei de Espanha, num reconhecimento à sua ação pessoal e ao empenho da Igreja nos países afetados pela crise.

O galardão, na sua quarta edição, distingue personalidades e instituições que se tenham destacado pelo seu contributo no mundo da comunicação e foi instituído pela fundação homónima, ligada ao jornal ‘La Vanguardia’, sob a presidência do rei Juan Carlos I.

Comentário: A Igreja católica, além de parasitar o Estado espanhol a quem fica demasiado cara, nunca deixou de interferir nos assuntos internos do País. Mas não admira que uma monarquia que o genocida Franco deixou em herança se ajoelhe perante o Vaticano.