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Categoria: Catolicismo

13 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Fátima – o destino de quem teme o futuro

Hoje, em Fátima, consumiu-se mais cera do que mel produziram as abelhas.

Fátima tem a maior área coberta da religião, em Portugal. Foi um centro de propaganda da ditadura depois de ter sido um instrumento de luta contra a República. A guerra fria deu-lhe uma enorme importância e converteu o local num centro de recolha de esmolas onde o dinheiro e o ouro abundaram. Hoje, a crise da fé e da economia tornam o sítio menos rentável, apesar das campanhas papais de marketing.

Também é verdade que os pastorinhos nunca conseguiram fazer um milagre de jeito. São mais os peregrinos que morrem na estrada do que os estropiados que se curam. Os joelhos dos devotos sangram nas maratonas beatas à volta da capelinha das «aparições» e as orações aliviam os crentes mas não produzem efeitos.

Não sei como os laboratórios farmacêuticos não usam a ave-maria como placebo nos ensaios duplo-cegos com que testam os medicamentos.

O paganismo é hoje um detonador da fé que se cultiva na Cova da Iria. Ninguém quer saber de deus, apenas a Virgem é a mascote que recebe oferendas e obriga a sacrifícios a quem se pagam promessas.

Ainda se veem velhos combatentes com a farda da guerra colonial a agradecer o retorno à Pátria. Se foi a virgem Maria que os protegeu deve haver 13 mil defuntos a sofrer em silêncio a desatenção da dita senhora que aparece em locais improváveis para alimentar a superstição e manter o negócio da fé.

Com a fome que grassa e a miséria que se instala não admira que, o desespero se torne propício às maratonas místicas que desaguam na Cova da Iria. Triste sina dos povos que veem a Terra a abandoná-los e se viram para o Céu.

9 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Deus pode esperar. O lucro não

Médicos, freiras e pais traficavam bebés comprados em Marrocos

A Guarda Civil acusou 19 pessoas desta rede internacional

Todas as crianças eram de famílias pobres para dar dinheiro ou promessa de um futuro melhor.

As redes de compra e venda de bebés que operaram em Espanha até 1990 não foram só fornecidas com os recém-nascidos no país, mas também importados do exterior.

A Guarda Civil já descobriu a existência de uma rede que captou crianças em Marrocos e, com base em Melilla, para casais espanhóis ansiosos para serem pais. Muitas dessas crianças foram entregues a famílias de Valencia, uma região que, já antes, aparecera como destinatária de muitos recém-nascidos roubados.

 

9 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Insensibilidade católica

Supremo de El Salvador vai decidir se Beatriz pode abortar

Há quase dois meses, uma junta médica em El Salvador recomendou a interrupção da gravidez como única forma de salvar a vida a Beatriz C., 22 anos, portadora de lupus e com insuficiência renal.

A vida de Beatriz C., 22 anos, em adiantado estado de gestação e mãe de uma criança de um ano de idade, continua em risco. Proibida de abortar no seu país, sob pena de ser castigada com até 50 anos de prisão, a jovem salvadorenha, portadora de lúpus e sofrendo de insuficiência renal, apresentou há quase um mês um recurso ao Supremo Tribunal (CSJ) para que a equipa médica do Hospital de Maternidade seja autorizada a interromper a sua gravidez.

8 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Espanha – Frades e freiras em vias de extinção

Numa década, caiu para metade o número de pessoas que vivem em instituições religiosas coletivas em Espanha: conventos, seminários, mosteiros, abadias e estabelecimentos similares.

Em 2001 foram 41.137 e em 2011 18.487 habitantes, segundo o Censo da População e Habitação elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Quase todos aqueles que vivem nessas instituições são mulheres (82,4%) e idosos (39,9% em 2011 tinham entre 65 e 84 anos).

5 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A Interrupção Voluntária da Gravidez e a violência do preconceito

A legalização não se destina a aprovar a IVG, pretende apenas descriminalizar o ato. A legislação permissiva não incentiva ou promove o recurso à IVG, apenas modifica a lei, a fim de evitar que mulheres sejam empurradas para a clandestinidade do vão de escada, com risco da própria vida e de perseguições policiais.

Ninguém encara levianamente um problema cujas repercussões físicas, e psicológicas são especialmente gravosas para quem vive o desespero de uma gravidez indesejada ou impossível.

São quase sempre mulheres pobres que se sujeitam ao vexame de exames ginecológicos impostos, que veem a sua vida íntima devassada, que suportam a desonra do julgamento e conhecem as agruras do cárcere. As ricas resolvem o problema e os pruridos éticos no intervalo das compras em cidades cosmopolitas.

Em S. Salvador uma mulher encontra-se grávida de um feto anencéfalo e a alternativa joga-se entre a morte de mãe e feto ou 50 anos de cárcere para a mãe.

O que está em causa não é a posição ética sobre a interrupção voluntária da gravidez, é saber quem renuncia, ou não, à perseguição das mulheres, quem quer vê-las na cadeia, quem pretende juntar ao trauma da IVG a punição da enxovia.

Em Portugal também a IVG era proibida na ditadura. Já em democracia, ainda o PSD e o CDS, em maioria, votaram contra, em casos de risco de vida para a mãe, malformação do feto e violação. Salvaram a honra do PSD Jaime Ramos, Helena Roseta e Natália Correia, de quem me recordo, e poucos mais. O CDS foi igual a si mesmo. Implacável.

O divórcio era proibido há trinta anos, Camilo esteve preso por adultério e, no entanto, as sociedades modernas souberam distinguir o crime do pecado, o direito canónico do Código Penal e separar as convicções pessoais do ordenamento jurídico.

Defender o direito à IVG é defender a saúde da mulher. Para que o aborto clandestino deixe de ser a chaga atual em países dominados pelo clericalismo. Para que se resolva um problema que aflige milhares de mulheres. Para que as pobres não sejam ainda mais infelizes. Para que nenhuma mulher seja presa pela incúria dos que se abstêm.

Para não sentirmos vergonha ao sabermos que uma jovem mulher salvadorenha está em risco de vida ou sob ameaça de 50 anos de prisão.

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4 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Patologias da religião vistas por um padre

Por

Padre Anselmo Borges, DN

1-Não tem faltado aqui, nestas crónicas, a denúncia das patologias da religião. Como ser insensível ao sofrimento das vítimas da pedofilia do clero? Vítimas de escrúpulos, vítimas da humilhação intelectual, vítimas da intolerância religiosa, de um deus mesquinho e escravizador… O historiador católico Jean Delumeau escreveu: “As minhas investigações convenceram-me de que a imagem do Deus castigador e vingativo foi um factor decisivo para uma descristianização cujas raízes são antigas e poderosas”.

Parece que, enquanto pôde, o clero controlou a vida sexual dos fiéis, a ponto de outro historiador, Guy Bechtel, afirmar que a fractura entre a Igreja católica e o mundo moderno se deu na teoria do sexo e do amor, com uma confissão inquisitorial centrada na actividade sexual.

Será preciso lembrar os homens e mulheres que foram assados nas fogueiras da Inquisição e não só, porque tinham ideias novas? E houve o medo-pânico da mulher, que se chegou a acusar de manter relações sexuais com o diabo. E os livros considerados heréticos também foram queimados. E houve as cruzadas, as guerras de religião, a missionação forçada. Pio VI condenou essa “detestável filosofia dos Direitos do Homem”. Pio IX condenou expressamente a evolução como uma aberração. No século XX, o teólogo E. Drewermann escreveu: “Há 500 anos, a Igreja recusou a Reforma; há 200, o Iluminismo; há 100, as ciências naturais; há 50, a psicanálise. Como viver com tantas rejeições?”

(…)

26 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Guerra civil de Espanha – Guernica

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No dia de hoje, em 1937, Guernica foi bombardeada pela Força Aérea alemã, de Hitler, ao serviço das forças fascista de Francisco Franco, o genocida a quem o Papa abençoou como líder de uma «Cruzada» e a Igreja católica espanhola acompanhou nos crimes que se perpetuaram depois da vitória sobre as forças republicanas e o derrube do Governo democraticamente eleito.

19 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Milagre dos pastorinhos Jacinta e Francisco

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Lembro-me do velho Hospital Distrital de Leiria e da magnífica escadaria de mármore partida a camartelo para se proceder a obras de remodelação, depois de retirada a foto imponente do virtuoso bispo D. Manuel de Aguiar sob cujos auspícios fora construído o edifício.

No respetivo piso, entre várias enfermarias, ficavam as Medicinas. Na de «Mulheres» havia uma mesinha de cabeceira que dava nas vistas pela parafernália de senhoras de Fátima, pastorinhos e outras imagens pias que a ornamentavam. Ficava junto à cama de uma paralítica que, durante a noite, se arrastava até junto das camas de outras doentes para lhes impedir o descanso.

Gozava essa internada da fama de má e da inimizade de outras doentes mas era a dileta do Diretor do Serviço, Dr. Felizardo Prezado dos Santos, enternecido com a devoção e extasiado com as suas imagens de santos e veneráveis.

Um dia, nas suas férias, o médico José Luís Alves Pereira deu-lhe alta por entender que não padecia de qualquer moléstia do foro da medicina interna, o que, no regresso, irritou o Dr. Felizardo.

A D. Emília, Emília de Jesus, voltou à enfermaria e foi, de novo, integrada no espaço que lhe servia de asilo e de local de devoção.

As transferências para Psiquiatria, no Hospital da Universidade de Coimbra, eram reservadas a períodos de maior necessidade. Segundo o psiquiatra, Marques Pena, a D. Emília padecia de uma enfermidade que a podia conduzir à cegueira, à paralisia ou a outras mazelas, por períodos de maior ou menor duração. No respetivo processo clínico dos Hospitais da Universidade de Coimbra hão de constar dados rigorosos se, acaso, um qualquer milagre não o fez, entretanto, desaparecer.

Mas voltemos a Leiria e à D, Emília de Jesus cuja paralisia já era reincidente e que foi curada por intercessão do Francisco e da Jacinta, bem necessitados de um milagre para a beatificação.

Graças à devoção, sarou de novo e passou a andar, tendo morrido pouco tempo depois, completamente curada. O milagre, depois de averbado nas provas de beatificação dos pastorinhos, que prestaram com distinção, deixou de interessar à Igreja, sendo discreto o funeral da D. Emília onde, a título meramente particular, se integrou o bispo de Leiria, D. Serafim Ferreira e Silva.

A divulgação do milagre da paralítica foi feita com pompa e circunstância pelos canais habituais, invocando os depoimentos de três médicos diferentes, nisto a Igreja católica é muito cética, unânimes a atestar a intervenção sobrenatural.

Por divina casualidade, a certificação do milagre foi atestada pelo Dr. Felizardo Prezado dos Santos, pela Dr.ª Maria Fernanda Brum, por coincidência esposa do primeiro, e pela psiquiatra Paula Cristina Amaral Brum Prezado Santos, filha de ambos, todos da Associação dos Servitas de Nossa Senhora de Fátima.

Digam lá, leitores, se, depois do que aqui se diz, ainda há quem duvide da veracidade do milagre! É preciso ser muito desconfiado. Leiam isto enquanto há testemunhas porque, um dia, há de constar que à D. Maria Emília Santos lhe cresceu uma perna amputada.