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Categoria: Catolicismo

2 de Junho, 2013 Carlos Esperança

Quando o preconceito e a intolerância se tornam crime

El Salvador esqueceu a conquista pelos espanhóis e os doze anos sangrentos da guerra civil, dentro da Federação Centro-Americana, até à independência em 1839. Foram mais de 100.000 as vítimas que o pequeno país sacrificou à independência.

Ficou-lhe, todavia, um paradigma que deve à evangelização espanhola – um catolicismo jurássico –, que exorna o nome do país e se exacerba no da capital, São Salvador.

El Salvador anda na comunicação social de todo o mundo por causa de uma condenação à morte de uma mulher de 22 anos que os médicos se esforçam por salvar.

A jovem, portadora de lúpus, grávida de um feto anencéfalo, incompatível com a vida, não sobreviverá sem a interrupção da gravidez mas em S. Salvador a justiça proíbe que a gravidez seja interrompida por motivos terapêuticos. O Tribunal Constitucional já decidiu que «os direitos da mãe não podem prevalecer sobre os do indivíduo que vai nascer e vice-versa» e um dos juízes conselheiros, Rodolfo Gonzalez, até declarou a sua dúvida sobre a inexorabilidade da morte da jovem no caso de a gravidez prosseguir, não obstante saber que um feto, sem cérebro, não sobreviverá certamente.

Não sei o que mais indigna, se a insensibilidade cruel dos juízes ou a demência do seu preconceito religioso.

Os médicos, na sua humanidade decidiram retirar-lhe o feto inviável por cesariana pois a lei que proíbe o aborto não se pode opor à cesariana. Valerá à jovem, que já é mãe de um bebé com 1 ano, a humanidade de «médicos de alto nível» que, de acordo com a vontade da grávida, procederão à cesariana que lhe salvará a vida pondo termo ao risco e á angústia da jovem de 22 anos a quem, por prudência, se evita divulgar o nome.

Não há mitra que se erga em defesa da vida da jovem, báculo que aponte o caminho da benevolência ou sotaina que se agite perante a decisão do Tribunal. Nem em Roma há o mais leve remorso perante a vida que o preconceito sacrifica e a angústia de uma jovem que aguardaria a morte se a deontologia médica não se sobrepusesse ao anacronismo da lei e à piedosa indiferença dos juízes.

 

28 de Maio, 2013 Carlos Esperança

A CUMPLICIDADE DA IGREJA COM O NAZI-FASCISMO

Por

João Pedro Moura

Vejamos as acções bélicas imperialistas, cometidas pelos fascistas italianos e nazis alemães e as respectivas “respostas” do Vaticano:

1- 3/10/1935: invasão da Etiópia pelas tropas italianas. Um dos actos mais imperialistas e belicistas do séc. XX. Esta invasão foi pura conquista à moda antiga, a fim de que a Itália também pudesse ter um “império” e colónias, como a França e Inglaterra, suas inimigas. Nos dias seguintes a essa invasão, a imprensa italiana rejubilava com o facto e dizia que “Já temos um império!”…

O Vaticano manifestou o seu apoio, desde a mobilização, logo no dia 2, através do toque de “todos os sinos das igrejas de Roma, incluindo os de S. Pedro” (sede do Vaticano e maior igreja do mundo).

Em 12/5/1936, uma semana após a tomada de Adis-Abeba, capital etíope, Pio XI discursou nestes termos, à abertura duma exposição de imprensa católica:

“A coincidência da data entre [este dia] e [aquele] da alegria triunfal de todo um grande e bom povo para uma paz que quer ser, que pensa ser o coeficiente válido desta verdadeira paz europeia e mundial de que a própria Exposição é o claro símbolo.”

Portanto, um palavreado bacoco, que nada objecta à invasão imperialista em curso.

A cúria romana deu cerca de 500 milhões de liras para a campanha italiana na Etiópia, de Agosto de 1935 a Junho de 1936.

2- 9/4/1939: Pio XII faz uma homilia de Páscoa, 2 dias depois da invasão da Albânia pelo banditismo militarista e imperialista italiano, omitindo este nefando acto.

3- 20/4/1939: Pio XII enviou, com transmissão pessoal do núncio apostólico, Cesare Orsenigo, em Berlim, um telegrama de felicitações pelo 50º aniversário de Hitler (que desfaçatez!). Isto após a invasão da Checoslováquia e seu despedaçamento, em Março de 1939, pelas tropas nazis, que levantou um grande clamor entre os democratas europeus e provocou um toque a rebate de preparação para a guerra, por parte do Reino Unido e França.

4- Em 1/9/1939, começou oficialmente a 2ª Guerra Mundial com o ataque alemão à Polónia. Pio XII começou a receber, pouco depois, informações da própria igreja polaca, como foi o caso das religiosas do comité de socorros de Nazaré, contando-lhe as atrocidades que os nazis faziam à população civil, mas, tal pio papa nada fez para denunciar tais crueldades, oficialmente…

…Antes procurou justificar e compreender o ataque alemão dizendo que “A Polónia infelizmente tinha atraído contra ela o ataque alemão devido a certos excessos cometidos contra as populações germânicas”…

…Mas o cardeal Montini (futuro papa Paulo VI), admitiu, no início de Dezembro, que o papa Pio XII estava “plenamente instruído sobre as atrocidades que os alemães cometiam na parte da Polónia ocupada por eles”…

Em 30 de Setembro, tendo que dizer qualquer coisa, Pio XII discursou na presença do embaixador polaco no Vaticano, cardeal-patriarca e padres polacos, “exortando os polacos à aceitação cristã do sacrifício” e ao perdão das ofensas, rematando: “vós viestes, não para formular reivindicações, nem para exalar lamentações barulhentas, mas para Nos pedir (…) uma palavra de consolação e de reconforto no sofrimento.”

Pio XII nem disse nada sobre a invasão soviética do lado oriental da Polónia, desencadeada em 17 de Setembro, pois que esta dupla invasão, alemã e soviética, havia sido acordada no Pacto Germano-Soviético de 23 de Agosto de 1939, 9 dias antes da invasão alemã…

5- Acrescente-se a cumplicidade activa do Vaticano, através de associações católicas como o Instituto de S. Jerónimo e de organizações afectas à ICAR, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha, na organização da fuga para a América do Sul por parte de criminosos nazis croatas e alemães, sobretudo, com passaportes da Cruz Vermelha…

Não foi por acaso que o nazi “monsenhor” Alois Hudal, adjunto de Pio XII, e em cooperação com o cardeal Montini (futuro papa Paulo VI), que dirigiu a operação de reciclagem e fuga de carrascos nazis, revelou no seu livro, “Römische Tagebücher. Lebensbeichte eines alten Bischofs”, (“Diário Romano. Confissões de Vida dum Velho Bispo”), de 1976:

“Agradeço ao céu por me ter aberto os olhos e dado a graça de ter podido visitar nos seus cárceres e campos tantas vítimas do pós-guerra, para os consolar, os ajudar e provê-los de falsos papéis, permitindo-lhes fugir para um país mais feliz.”

E foi assim que este facínora do Hudal safou Franz Stangl, antigo comandante dos campos de concentração de Sobibor e Treblinka, entregando-lhe um passaporte da Cruz Vermelha, sob beneplácito americano…

E mais haveria para dizer, mas chega…

… Mas a ICAR sempre colaborou com todos os Estados e poderes monárquicos, absolutistas, totalitários e repressivos com que se mancomunou, ao longo da sua história, sobretudo desde o Édito de Salónica, no ano de 380…

Já são 16 séculos de torpezas, de opressão antidemocrática, antiliberal e anticientífica.

As citações que referi neste artigo foram retiradas do melhor livro de referência, em matéria de relações entre a ICAR e Estados europeus no séc. XX:

“LE VATICAN, L`EUROPE ET LE REICH – DE LA PREMIÈRE GUERRE MONDIALE À LA GUERRE FROIDE, Annie Lacroix-Riz, Ed. Armand Colin, Paris, 1996

(http://www.amazon.fr/exec/obidos/ASIN/2200216416/qid=1107294697/ref=sr_8_xs_ap_i1_xgl/171-8994719-2751445)

ADENDA

E mesmo agora, em pleno liberalismo político e social em que vivemos, mais ou menos, a ICAR continua com as suas manias conservadoras, disparatadas e opressivas:

A Igreja é contra o divórcio, contra a união de facto, contra os contraceptivos, contra o coito sem casamento (como se uma pessoa precisasse de se casar para poder fornicar…), contra a masturbação, contra o aborto (mesmo que a grávida corra risco de vida, tivesse sido violada, fosse vítima de incesto ou o feto estivesse gravemente malformado), contra a eutanásia, contra o nudismo, contra os homossexuais, contra o casamento de homossexuais, contra a investigação em células estaminais, contra o sacerdócio feminino, contra o casamento dos padres (a única Igreja do mundo que proíbe o casamento dos seus padres…) …

São também a favor da discriminação entre rapazes e raparigas nos colégios católicos, sobretudo os da Opus Dei e Companhia de Jesus, pois que, não só, não admitem turmas mistas, como também não admitem sequer turmas de sexos diferentes na mesma escola, contrariando a livre convivência entre pessoas, mais do que entre sexos.

Acrescente-se a mania obsessiva da obrigação de usar fardeta, por parte dos alunos desses colégios, uniformizando-os, em atitude própria de maníacos da unicidade e do dogma, violando, opressivamente, a individualidade de cada aluno e o seu livre uso de roupas.

E fazem isto tudo, não porque se queiram aureolar de impolutos, sexualmente falando, mas sim porque têm uma mente e uma doutrina obcecadas com sexo, doentiamente obcecadas, por mais contrários ao mesmo que se aparentem mostrar.

São tarados sexuais.

Só assim é que se compreende a tamanha quantidade de padres que, apesar do voto tresloucado, estúpido e antinatural da castidade, que tiveram que fazer, aparecem em inúmeros casos de fornicação, homossexualidade e pedofilia. Não é um, mas sim 3 “pecados”!

Apelo aos católicos, que lêem este Diário de Uns Ateus, para que reflictam seriamente sobre a doutrina e história da Igreja Católica e que deixem o… catolicismo…

Com a ajuda deste Diário, o resto virá depois.

podres-nazistas-catolicos

22 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Uma condenação suspeita

Advogado condenado por ofensas ao Santuário

Para fundamentar a condenação, o tribunal considerou que as declarações do arguido foram “ofensivas”, punham em causa a e foram proferidas de “forma livre e deliberada”, e sem mostrar “qualquer arrependimento”.

Recorde-se que as declarações de Cândido Oliveira contra o Santuário de Fátima e a Igreja Católica surgiram numa contestação no âmbito de um processo movido contra a Câmara de Ourém em que o Santuário reclama a posse de uma parcela de terreno em Fátima, que o município diz ser do domínio público.

No documento, Cândido Oliveira teceu várias considerações sobre o santuário, acusando-o de “ganância desmedida, ocupando tudo de borla e deixando as pessoas na miséria”.

Diário de uns Ateus – Não se impede o direito de defesa do que a ICAR considera os seus direitos mas causa perplexidade a criminalização das ofensas à  “doutrina defendida pela igreja”. O Santo Ofício não está de regresso.

16 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Fátima, troika e milagres

Naquele tempo a Lúcia – segundo afirmou – não sabia ler nem escrever, nem, ao menos, contar os anos, meses ou dias, mas já reconhecia «o anjo que aparecia em forma de um jovem transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol», que lhe surgiu pela primeira vez na Loca do Cabeço.

O Francisco e a Jacinta, que insondáveis desígnios, adiantaram no caminho da santidade não eram tão perspicazes nas visões nem tão apurados de ouvido.

Era pela Lúcia que sabiam que «Nosso Senhor» andava muito zangado e que a Senhora de Fátima, incomodada com os estados de alma do divino filho, aproveitava para dizer aos pastorinhos que pusessem toda a gente a rezar o terço e para pedirem ao Papa que consagrasse o Mundo ao seu (dela, Senhora de Fátima) coração imaculado.

Em vez de rebuçados caramelizados, embrulhados em papel, a Senhora surgia para lhes dar recados. A princípio, quando as pessoas descriam de tanta aparição, era a República que preocupava a celeste visita mas, com o tempo, depois de 1926, era já a conversão da Rússia que perturbava a Senhora de branco. E a arma para tal desígnio era ainda o terço, como poderoso demífugo capaz de afugentar o comunismo.

Certo, certo, foi o facto de a senhora de Fátima, pseudónimo com que se apresentou na Cova da Iria, ter surgido 7 vezes, a última das quais em rigoroso exclusivo para a Lúcia.

Foi a partir da coincidência e da confirmação do Sr. Presidente da República, alertado pela Sr.ª D. Maria, que eu acreditei no milagre de Fátima na aprovação da 7.ª avaliação do programa de ajustamento português.

Se com 7 aparições a Virgem converteu a Cova da Iria, de manhosos terrenos rústicos, de fraca valia para o setor primário, no promissor setor terciário, no sentido do jargão económico e no místico, dedilhar do terço com os mistérios do rosário, é de crer que a 7.ª aparição da troika fosse o milagre que faltava para tornar a vida dos portugueses num inferno. A Senhora de Fátima estava ao serviço do Céu mas a Troika, não.

14 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Cavaco Silva, a troika e a Senhora de Fátima

A realidade é sempre pior do que a notícia. Cavaco Silva prestou-se a ser presidente da Comissão de Honra da canonização de Santo Pereira, a forma de desacreditar um herói nacional, Nun’Álvares Pereira, com o milagre pífio da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe.

Um presidente que se presta a rubricar a cura milagrosa do olho esquerdo da cozinheira de Ourém, para fazerem santo um guerreiro com seis séculos de defunção, é alguém que prefere a oração ao colírio e que confia mais em Fátima do que na virtude dos enviados da troika, embora, neste caso, haja razões para desconfiar de todos.

Ao comprometer a Senhora de Fátima na aprovação da sétima avaliação do programa de ajustamento português, Cavaco revela que perdeu a confiança no Governo e vira-se para a Cova da Iria. Tal como Portas, notabilizado por mobilizar a marinha de Guerra contra um barco armado com pílulas abortivas, que ameaçava interrupções da gravidez da Gala a Buarcos, e que atribuiu à Senhora de Fátima a orientação dos ventos e marés que depositaram nas costas da Galiza resíduos tóxicos do naufrágio do petroleiro Prestige, o PR insiste na proteção divina, desígnio de que a exonera do estado a que chegámos.

Sabendo-se que o seu humor está ao nível do das vaquinhas dos Açores, os portugueses veem no PR, não o economista eleito PR, por milagre, mas o devoto capaz de anunciar aos portugueses: “Penso que foi uma inspiração da nossa Senhora de Fátima”.

Vi e ouvi o inspirado crente, com a colher da sopa suspensa entre o prato e a boca. Se a notícia fosse apenas do jornal certamente que teria duvidado. Não sei como não meti o cotovelo no prato.

13 de Maio, 2013 Carlos Esperança

Fátima – o destino de quem teme o futuro

Hoje, em Fátima, consumiu-se mais cera do que mel produziram as abelhas.

Fátima tem a maior área coberta da religião, em Portugal. Foi um centro de propaganda da ditadura depois de ter sido um instrumento de luta contra a República. A guerra fria deu-lhe uma enorme importância e converteu o local num centro de recolha de esmolas onde o dinheiro e o ouro abundaram. Hoje, a crise da fé e da economia tornam o sítio menos rentável, apesar das campanhas papais de marketing.

Também é verdade que os pastorinhos nunca conseguiram fazer um milagre de jeito. São mais os peregrinos que morrem na estrada do que os estropiados que se curam. Os joelhos dos devotos sangram nas maratonas beatas à volta da capelinha das «aparições» e as orações aliviam os crentes mas não produzem efeitos.

Não sei como os laboratórios farmacêuticos não usam a ave-maria como placebo nos ensaios duplo-cegos com que testam os medicamentos.

O paganismo é hoje um detonador da fé que se cultiva na Cova da Iria. Ninguém quer saber de deus, apenas a Virgem é a mascote que recebe oferendas e obriga a sacrifícios a quem se pagam promessas.

Ainda se veem velhos combatentes com a farda da guerra colonial a agradecer o retorno à Pátria. Se foi a virgem Maria que os protegeu deve haver 13 mil defuntos a sofrer em silêncio a desatenção da dita senhora que aparece em locais improváveis para alimentar a superstição e manter o negócio da fé.

Com a fome que grassa e a miséria que se instala não admira que, o desespero se torne propício às maratonas místicas que desaguam na Cova da Iria. Triste sina dos povos que veem a Terra a abandoná-los e se viram para o Céu.