7 de Agosto, 2013 Carlos Esperança
Fátima – capital da superstição e mealheiro da ICAR
http://www.diarioleiria.pt/noticias/santa-se-analisa-dois-milagres-da-irma-lucia
A Virgem Maria, farta das companhias e do Céu, onde subiu em corpo e alma, aborrecida do silêncio e da disciplina, cansada de quase vinte séculos de ociosidade e virtude, esgueira-se às vezes pela porta das traseiras e desce à Terra.
Traz a ladainha do costume, a promoção do terço de que é mensageira e ameaças aos inocentes. Poisa em árvores de pequeno porte, sobe aos montes de altitude moderada e atreve-se em grutas, pouco recomendáveis para a virgindade e o reumatismo, sempre com o objetivo de promover a fé e os bons costumes, de abominar o comunismo e anatematizar os pecados do mundo.
A receita é sempre a mesma: rezar, rezar muito, rezar sempre, que, enquanto se reza não se peca. Não ajuda a humanidade mas beneficia o destino da alma e faz a profilaxia das perpétuas penas que aos infiéis são reservadas no Inferno.
Surpreende que, sendo tão vasto o mundo, a Virgem Maria só conheça os caminhos dos seus devotos e abandone os que adoram um Deus errado e desprezam o seu divino filho que veio ao mundo para salvar toda a gente.
Fica-se pela Europa, em zonas não contaminadas pela Reforma, aventura-se na América Latina, eventualmente visita a África e nunca mais voltou a Nazaré e àqueles sítios onde suportou os maus humores do seu divino filho e as desconfianças do marido. Ficando-lhe as viagens de graça, por não precisar de reabastecer o combustível, não se percebe que não volte aos sítios da infância, não vá em peregrinação ao Gólgota, não deambule pela Palestina e advirta aqueles chalados de que o bruto e ignorante Maomé é uma desgraça que se espalhou pela zona como outrora a peste, que a única e clara verdade é o mistério da Santíssima Trindade.
Por ter hora marcada ou para não se deixar seduzir pelas tentações do mundo, a virgem Maria regressa ao Céu, depois de exibir uns truques e arengar uns conselhos, sem dar tempo que alguém de são juízo a interrogue, lhe pergunte pela saúde do marido e do menino e lhe mande beijos para os anjos e abraços aos bem-aventurados.
Um dia a Virgem Maria, com mais tempo e autonomia de voo, encontra um ateu e fica à conversa. Há de arrepender-se dos sustos que prega, das mentiras que divulga e chegar à conclusão de que o terço faz mal às pessoas, estimula o ódio às outras religiões e agrava as tendinites aos fregueses.
João César das Neves (JCN) na homilia desta segunda-feira, certamente sobrecarregado de pecados, regressou aos temas da moral da sua Igreja e à interpretação da vontade do Deus do Papa Francisco, embora desconheça a interpretação do atual mandatário.
JCN aponta o ano de 2006 como a data em que Portugal foi conduzido «ao extremo desmiolado na regulamentação familiar», dando como exemplos «a lei da reprodução artificial», seguida da «banalização do divórcio», «educação sexual laxista» e, rangendo os dentes, as leis do «casamento entre pessoas do mesmo sexo» e a da «mudança do sexo».
A estas leis chama JCN, na devota crispação, «o triunfo súbito do fundamentalismo extremista», com que «a sociedade assustada adotou a posição cómoda e irresponsável de tolerar a libertinagem». Nota-se-lhe o corpo dorido, com fratura exposta e a sangrar por dentro, quando confessa que «As forças de defesa da família, em particular a Igreja Católica, suportaram derrota atrás de derrota fragorosa».
Para o bem-aventurado «Portugal tornou-se um paraíso mundial de comportamentos desviantes e perversos», justificando « o colapso do casamento, ausência de fertilidade, envelhecimento galopante, multiplicação de patologias sociais». Faz chorar as pedras quando lastima que «em 2011 os casamentos foram só mais 34% que os divórcios» e ameaça que «sorveremos a infâmia até à última gota». Segundo JCN, especialista em água benta, incenso e moral familiar, «a escalada não abranda, atingindo já os temas de requinte, como a co-adoção por casais do mesmo sexo». «A espiral devoradora exige-o, como exigirá as vergonhas seguintes» – garante o bem-aventurado.
Finalmente, antes das orações do dia, termina em tom profético com um assomo de otimismo: «Resta-nos o consolo de o futuro vir a aprender com os nossos horrores».
«Não existem apenas fundamentalistas religiosos. Também existem fundamentalistas ateus e sem religião. Também existem ateus sem religião que combatem o fundamentalismo de um ateísmo ignorante». (Frei Bento Domingues).
Ateus sem religião deve ser o oposto de crentes com religião. Os crentes sem religião são supersticiosos não filiados.
Os ateus não têm livros sagrados nem são incitados a combater os fiéis. Ao contrário dos crentes, não têm o Paraíso à espera. Não os aguardam setenta virgens nem rios de mel em recompensa de atos terroristas; não ascendem aos Céus por participarem em cruzadas; não comprazem Deus a carrear lenha para queimar hereges.
É verdade que os ateus se livram do Purgatório, sítio mal frequentado, com aposentos despojados de qualquer eletrodoméstico, sem divertimentos nem conforto, donde se sai à custa de missas de quem tem cabedais e devoção para mandar rezar.
Também o Inferno é reservado aos crentes que discordam da teologia do latex, comem carne de porco à sexta-feira, faltam à santa missa e amam sem intuitos exclusivamente reprodutivos.
O ateísmo pode ser ignorante, ao contrário da fé. Fr. Bento lê o Diário de uns Ateus e tem-nos em má conta. Mas pensar que a fé é esclarecida e que a devoção não é ignara, é miopia ou necessidade de preservar o futuro da ICAR, os seus ativos financeiros e os negócios do Vaticano.
http://www.elmundo.es/america/2013/07/06/noticias/1373086303.html
A Igreja católica protegeu os seus fundos das condenações por abusos sexuais.
Este artigo do NYT é a prova cabal de que a preocupação da igreja católica, não foi e não é, com as vitimas da pedofilia. A sua real preocupação é salvar o dinheiro, fugindo com ele, com a “bênção” do Vaticano. A acrescentar a má fé do desvio de dinheiro e encobrimento dos padres pedófilos, o Vaticano, elevou o Bispo Dolan a Cardeal.
Se o encobrimento e crime, a fuga as responsabilidades e igual senão maior. UMA PULHICE. E chama-se a si mesma a Igreja de….Cristo. (L. Carvalho)
O Governo irlandês concordou em conceder uma compensação entre 11.500 e 100.000 euros para algumas mulheres que foram enlausuradas nos anos sessenta e setenta, nas lavandarias Madalena, em Dublin.
Algumas passaram vários meses e anos enclausuradas em instituições quase sempre dirigidas pela Igreja Católica. A grande maioria nem sabia porquê ou por quanto tempo estariam presas. As causas podem ser muito diferentes: a pobreza de famílias, abusos sexuais, terem um filho fora do casamento, a morte da mãe, um defeito físico …
Ler mais em El País…
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.