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Categoria: Catolicismo

16 de Julho, 2014 Carlos Esperança

UMA PIEDOSA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Por

António Horta Pinto

Foi ontem publicada no Diário da República a Resolução n.º66/2014, que reza – nunca este termo teve tanto cabimento – apenas o seguinte:

“A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166 da Constituição, instituir o dia 13 de outubro como o Dia Nacional do Peregrino.”

Piedosa Resolução!De facto,não se compreendia que, havendo já o Dia do Beijo, o Dia do Cão, o Dia do Gato, etc., aqueles cidadãos que vemos a perturbar o trânsito dirigindo-se, a pé, para Fátima ou Santiago de Compostela, não tivessem também o seu Dia Nacional!

Não fora o voto contra de quatro deputados “desmancha-prazeres” do PS, a peregrina resolução teria sido aprovada praticamente por unanimidade, expressa ou tácita.

Com efeito os proponentes da resolução – PPD e CDS – votaram todos a favor. Os deputados do PS repartiram-se entre o voto contra dos referidos quatro, a abstenção e o voto a favor. Os do PCP, do PEV e do BE remeteram~se a uma prudente abstenção.

Dizia Marx que “a religião é o ópio do povo”. Pelos vistos, os seus alegados seguidores portugueses já não se importam que o povo se encharque naquela droga!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!

Mais prosaicamente, a realidade é esta: aqueles “heróicos revolucionários” acobardam-se perante o poder da Santa Madre Igreja!

15 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A Matança da noite de S. Bartolomeu

Por

Leopoldo Pereira

Do livro “Maria Stuart”, de Stefan Zweig, vou copiar, quase na íntegra, uma ínfima parte, que me prendeu a atenção: “…A excomunhão de Isabel (rainha de Inglaterra) em 1570 e a do Príncipe de Orange (Países Baixos) em 1580, pôs fora de lei os dois principais adversários do catolicismo e, desde que o Papa (Gregório XIII) celebrou como altamente louvável a matança de S. Bartolomeu, todos os católicos sabem que, suprimindo um dos inimigos mortais da fé, realizam um ato que não desagrada a Deus.”

S. Bartolomeu não tem nada a ver com a matança! Este apóstolo terá existido nos primórdios do Cristianismo e diz-se que teve morte trágica, em 24 de Agosto do ano 51 D.C., daí a Igreja celebrar o seu Dia em 24 de Agosto.

A Matança dos protestantes (huguenotes), ocorrida em várias cidades francesas, teve início na noite de 23 para 24 de Agosto de 1572 e foram assassinadas barbaramente inúmeras pessoas, número que pode ter chegado às 70 ou mesmo 100 mil. A responsabilidade do massacre é sobretudo da Casa Real Francesa (católica).

Como parênteses (lastimando a pouca sorte dos franceses assassinados em nome de Deus e homenageando-os) quero relembrar a célebre Cruzada Albigense (1209 – 1244), durante a qual foram eliminados muitos milhares de pessoas, não poupando velhos, mulheres e crianças. Ficou célebre a frase (não sei se do Papa Inocêncio III): “Matai-os todos, Deus reconhecerá os seus.” As operações militares e a Inquisição puseram termo aos focos de resistência.

Propunha-me desenvolver o tema da “Matança” (vastíssimo), já que entronca nas Reformas Protestante e Católica, quando na Internet deparo com um texto bastante completo sobre o assunto e, partindo do princípio que o autor não leva a mal, passo a transcrevê-lo:

“A noite de São Bartolomeu. O massacre abençoado.

Mais uma parte da história que os católicos não referem, mas que não conseguem apagar.

Data: 24 de agosto de 1572.

Fato: Mais de 3 mil protestantes foram brutalmente assassinados pelos católicos numa só noite. Estes assassinatos continuaram por meses, resultando na morte de 70 a 100 mil pessoas no total.

No século 16, quem comandava de fato a França não era o Rei, mas sim a Igreja Católica; ela estava totalmente infiltrada na nobreza. Não existia Estado Laico à época.

A reforma protestante era olhada com desconfiança pela monarquia francesa, que temia uma diminuição do poder, nas mãos dos nobres.

Ocorre que a reforma era uma contestação ao exagerado poder da Igreja Romana, que roubava tudo que podia do populacho. O aparecimento de um movimento que fizesse qualquer contestação era visto como inaceitável para os católicos franceses, que deveriam ser uns 90% da população.

Como as religiões nunca foram exemplos de tolerância nem de convivência, católicos e protestantes estavam constantemente em pé de guerra. O sonho de qualquer religião é acabar com a concorrência, já que sempre julga que a sua é a única verdadeira. Esta chance surgiu para os católicos e não foi desperdiçada.

A França era governada por um rei de 22 anos, Carlos IX, reconhecidamente incompetente, que não conseguiu resolver os conflitos religiosos e era dominado pela mãe, Catarina de Médicis, quem de fato governava.

Para amenizar os conflitos religiosos, a Casa Real Francesa, comandada pela rainha-mãe Catarina, fez um pacto de não-agressão com os protestantes da linha Calvinista, designados por huguenotes. Neste pacote de boas intenções colocou um conselheiro calvinista, o almirante Coligny, junto do filho (Rei Carlos IX), e ofereceu a filha Margot (irmã de Carlos IX), em casamento ao protestante Henrique de Navarra. Os nobres católicos franceses observavam com muita desconfiança o casamento, que se realizou ao lado da Catedral de Notre Dame, pois o noivo, não sendo católico, não podia entrar!

Poucos dias após o casamento, a rainha e alguns nobres urdiram um atentado contra Coligny, mas não teve o sucesso esperado, já que o visado apenas ficou ligeiramente ferido.

O atentado abalou a frágil trégua alcançada e os católicos habilmente espalharam boatos que implicavam os huguenotes num atentado contra o rei, que estariam preparando para se vingarem. O rei, que antes estava do lado do seu conselheiro, ordenou a cruel execução de Coligny, por pressão da mãe.

Depois dessa execução, resolveu fazer um trabalho completo. Ao amanhecer do dia 24 de agosto, mandou Henrique de Navarra parar com a lua-de-mel e concedeu o que os religiosos chamam de livre arbítrio, escolher entre a abjuração do protestantismo ou ser atravessado por uma espada. Navarra abjurou, mas foi preso, tendo fugido da prisão passados quatro anos; os amigos que o acompanhavam foram desarmados e passados à espada.

A seguir convocou um fanático religioso chamado Claude Marcel, para organizar os chefes de bairro, de forma a não se deixar nenhum “desses ímpios” escapar.

A partir daí, Paris é palco de uma carnificina que durou até finais de Outubro de 1572 e se estendeu a outras cidades francesas.

No dia 26, dois dias depois da largada para os assassinatos em massa, o rei Carlos IX dirigiu-se ao Parlamento e foi aclamado pelos parisienses.

Decorridos dois anos, este rei morre, não de remorso, mas de tuberculose!

Henrique de Navarra, como sabemos, não teve uma lua-de-mel abençoada e viu-se obrigado (cobardemente?) a “optar” pelo catolicismo; esteve quatro anos preso no Louvre e conseguiu fugir para a Espanha. Mais tarde tornou-se rei da França e concedeu a igualdade de direitos políticos aos huguenotes.

O Papa da época, Gregório XIII, de tão feliz que ficou, agradeceu a Deus com uma missa Te Deum e mandou cunhar uma moeda comemorativa, onde mostra anjos de espada na mão, eliminando os opositores. Depois encarregou o pintor Giorgio Vasari de pintar um mural, celebrando o massacre.

E ainda há quem não queira que o Estado seja LAICO (22/08/2012)”

NOTA 1: O nome do autor constava do cabeçalho, mas não ficou na cópia. Tentei procurar de novo e já não encontrei. Peço desculpa pela omissão.

NOTA 2: A Igreja apresenta a versão do “atentado ao Rei” como desculpa para o Papa ter apoiado a perseguição movida pela Casa Real Francesa aos protestantes; o Papa só terá sido informado dos “maus” que queriam matar o Rei…

L. Pereira, 14/07/2014 – DIA DA FRANÇA

10 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A ICAR uivou de cólera

Fez ontem 50 anos que teve lugar o primeiro desfile da minissaia, uma elegante criação de Mary Quant, a quem as mulheres devem uma parte da sua emancipação e o realce da beleza.

 

mary quant 3

 

 

1 de Julho, 2014 Carlos Esperança

Citações

«Não há salvação em nenhum outro [para além de Jesus], porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devamos ser salvos». (Actos4:12).

«O Evangelho segundo São Marcos tem cerca de 40 versículos explicitamente anti-semitas. Incluem a cena teatral fictícia de Pôncio Pilatos, que foi o verdadeiro assassino de Jesus, perguntando-se inocentemente o que fez Jesus para merecer a ira dos sacerdotes e da multidão de judeus, enquanto os Judeus gritam mais de uma vez a Pilatos «crucifica-o»». (S. Marcos 15:6-15).

«O Evangelho segundo S. Lucas tem cerca de 60 versículos explicitamente anti-semitas. Apresenta João Baptista a chamar aos judeus que acreditavam que ser judeus era o caminho para Deus «raça de víboras» que iriam sofrer «com a ira que os ameaçava»». (S. Lucas 3:7-9).

«O Evangelho segundo S. Mateus tem cerca de 80 versículos explicitamente anti-semitas. Neles, São Mateus conta como João Baptista chamava aos Judeus, os chamados fariseus e saduceus, «raça de víboras», epíteto que pôs também na boca do próprio Jesus quando se dirige aos judeus que são fariseus como «raça de víboras», como podeis dizer coisas boas, vós que sois maus?». (São Mateus 3:7 e 12:34).

«Os Actos dos Apóstolos têm cerca de 140 versículos explicitamente anti-semitas. Apenas 8 dos seus 28 capítulos estão isentos de anti-semitismo».

«O Evangelho segundo S. João contém cerca de 130 versículos anti-semitas. (…). O Jesus de S. João acusa os Judeus de o tentarem matar. (…) O Jesus de S. João conclui que aqueles que o rejeitam, os Judeus, «pertencem ao (seu) pai, o Demónio»». (S. João 7:28 e 8:37-47).

«Só estes cinco livros contêm versículos explicitamente anti-semitas suficientes, num total de 450, para haver em média mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».

Fonte: A Igreja Católica e o Holocausto – Uma dívida moral, de Daniel Jonah Goldhagen.

Nota: Que fazer com um livro que prega o ódio e cujos crentes estão convencidos de conter a palavra do seu Deus?

Com estas citações espero responder aos crentes de boa fé me chamaram mentiroso pois não há na Bíblia (Novo Testamento) qualquer manifestação de anti-semitismo.

«Bem-aventurados os ignorantes porque deles é o reino do Céu».

26 de Junho, 2014 Raul Pereira

Não é o “Inimigo Público”, mas parece…

De acordo com esta notícia do Observador, os responsáveis pela abolição do feriado de 5 de Outubro acham agora muito importante discutir a instituição do “Dia Nacional do Peregrino”, a 13 do mesmo mês, pois claro!

Prepara-se, assim, o assalto final de 2017; altura em que será oficialmente instituído o “Feriado Nacional do Milagre do Sol” e onde o Presidente da República substituirá definitivamente a figura da Primeira Dama pela da Senhora de Fátima, qual D. João IV em Vila Viçosa. Também serão queimados (novamente) os livros de Tomás da Fonseca. Eu, pelo sim pelo não, já escondi os meus.

A notícia adianta ainda que também se irá discutir a criação do “Dia Nacional da Paralisia Cerebral”…

Tomás da Fonseca

15 de Junho, 2014 Carlos Esperança

Espinoza e as perseguições católicas

Por
Paulo Franco

Numa época breve mas esplêndida no séc. XVIII, a Holanda foi a anfitriã tolerante
de muitos livres-pensadores como Pierre Bayle e René Descartes (que se mudaram
para lá para se sentirem seguros).

A Holanda foi igualmente o país onde nasceu o grande Baruch Espinoza, um descendente dos judeus espanhóis e portugueses que tinham emigrado para a Holanda para se livrarem de perseguições. No entanto, sendo Espinoza um livre-pensador altamente crítico do pensamento religioso da sua época (sendo actualmente considerado o pai do criticismo bíblico), no dia 27 de julho de 1656, os anciãos judaicos da sinagoga de Amesterdão proferiram a seguinte condenação relativa ao seu trabalho:

“Com o julgamento dos anjos e dos santos excomungamos, deserdamos, amaldiçoamos e anatematizamos Baruch Espinoza, com o consentimento dos anciãos e de toda esta congregação religiosa, na presença dos livros sagrados: pelos 613 preceitos que
aqui estão escritos, com o anátema por meio do qual Josué amaldiçoou Jericó, com a praga que Elisha rogou aos seus filhos e com todas as pragas que estão escritas na lei. Amaldiçoado seja de dia e amaldiçoado seja de noite. Amaldiçoado seja a dormir e amaldiçoado seja acordado, amaldiçoado ao sair e amaldiçoado ao entrar. O Senhor não lhe perdoará, a ira e a fúria do Senhor serão doravante ateadas contra este homem, e serão lançadas sobre ele todas as pragas que estão escritas no livro da lei. O senhor destruirá o seu nome sob o sol e expulsá-lo-á de todas as tribos de Israel por toda a sua desgraça, com todas as pragas do firmamento que estão escritas na lei.”

Esta condenação múltipla, repetitiva, infantil, e maldosa terminava com uma ordem a todos os judeus para evitarem qualquer contacto com Espinosa e para se absterem, sob pena de castigo, de ler qualquer texto composto ou escrito por ele.

O Vaticano e as autoridades calvinistas da Holanda aprovaram com veemência esta histérica condenação judaica e aderiram à supressão de toda a obra de Espinosa levada a cabo na Europa.

Os aspetos mais relevantes da obra de Espinoza, que levaram as instituições religiosas a
aderir a todo este absurdo, foi o simples facto de Espinoza colocar em causa a imortalidade da alma, e de pedir a separação da Igreja e do estado.

Até hoje, nenhuma das instituições religiosas envolvidas tiveram a dignidade de pedir desculpa (que eu tenha conhecimento) por este comportamento atentatório da liberdade de pensamento.

Baruch Espinoza é hoje reconhecido como o autor da obra filosófica mais original jamais elaborada sobre a distinção entre a Mente e o corpo; e as suas meditações acerca da condição humana providenciaram mais consolo real às pessoas sérias do que qualquer religião.

NOTA: Este texto foi inspirado no livro de Christopher Hitchens “Deus não é grande”.