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Categoria: Catolicismo

23 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de quarta_22_10_2014

João César das Neves (JCN) na homilia de quarta, denominada «sínodo em família», partilha com os crentes a pungência da dor que o dilacera: «a Igreja está dolorosamente dividida nas questões da família», temendo que desvirtue a doutrina e atraiçoe o Mestre (epíteto que no jargão de JCN designa o crucificado).

A ansiedade que o devora não é nova: «Vivemo-lo há muito tempo, durante o Concílio. O de Niceia em 325, ou qualquer um dos 21 ecuménicos, incluindo o último, Segundo do Vaticano de 1962 a 1965». Não significa que JCN tenha estado no de Niceia mas no de Trento, a avaliar pela rusticidade da sua fé, certamente esteve ou, pelo menos, bebeu aí a interpretação bíblica com a mesma fé com que os talibãs assimilam o Corão.

JCN justifica a tragédia que o atormenta, depois de citar uma epístola: « A doutrina é clara, sólida, indiscutível, vinda do mais alto dos céus. Aí não há dúvidas. A confusão está na vida, que brota do fundo do coração dos homens». Maldito coração! E tem fé: «A nossa confiança é sólida porque, além de avisados dos tumultos, fomos também informados do resultado: “Anunciei-vos estas coisas para que, em mim, tenhais a paz. No mundo, tereis tribulações; mas, tende confiança: eu já venci o mundo!” (Jo 16, 33).

JCN, apesar de afirmar o contrário, não esconde a suspeição no papa Francisco e afirma que as questões deste sínodo, questões contra as quais já manifestou mais horror do que Maomé ao toucinho, «foram muitas, difíceis e complexas. Acesso aos sacramentos por casais irregulares, acolhimento a divorciados, uniões de facto, homossexuais são dilemas pastorais profundos e espinhosos (…).

Com o cilício a sangrá-lo, os dedos doridos das contas do terço e os joelhos magoados, JCN, na sua fé tridentina, termina a homilia a louvar: “o papa Montini, a quem o Senhor confiou a Sua Igreja no último período homólogo, é, não apenas um exemplo e um mestre, mas um poderoso intercessor para os caminhos actuais da Igreja e da família».

E, à guisa de quem se dirige aos paroquianos, para repetirem com ele a jaculatória, diz:

«Beato Paulo VI, rogai por nós!»

17 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_15_10_2014

João César das Neves (JCN), ao contrário de Batista-Bastos, continua com o púlpito no DN onde as homilias passaram de segunda para quarta-feira. Hesito no título a dar à exegese a que me habituei. Talvez passe para «Momento zen de quarta», mais de acordo com as inanidades que piamente debita.

A homilia de quarta (feira) crismou-a o devoto de «Amputação» e é uma diatribe contra o divórcio, um pecado cujo pensamento lhe liquefaz os miolos e o obriga a apertar dois furos no cilício.

Para condenar o divórcio usa esta deliciosa imagem: «Tenho problemas respiratórios desde pequeno, com asma, bronquites, etc. Viver com os meus pulmões não é nada fácil, mas nunca me passou pela cabeça andar sem eles». E acrescenta: «Tenho tido problemas com a minha mulher desde que casámos (…) mas haverá alguma razão para eu pensar em viver sem ela»? A única surpresa é o masoquismo da mulher.

Não falou no problema da enxaqueca e da possibilidade de ser tão intolerável que tenha abdicado de viver sem cabeça. JCN usa imagens fortes, mas prescinde da cabeça.

Para JCN, o divórcio é uma aberração e « A aberração torna-se visível se considerarmos qualquer outra época, região ou cultura. Uma breve consulta mostra que (…) o divórcio, a existir, tem estatuto semelhante à amputação de membros». Provavelmente ainda tem os membros todos!

JCN, certamente já confessado e comungado, termina a homilia desta quarta com uma profecia: «O futuro voltará a tratar o casamento como ele realmente é: uma enxertia definitiva na árvore genealógica, onde todos somos apenas ramos, que morrem se cortados do tronco. O futuro lamentará o tempo louco que esqueceu esta verdade essencial e, pela sua desgraça, provou a toda a humanidade essa importância vital».

O homem pensa com os membros todos ou, pelo menos, com os quatro da locomoção.

15 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Bispos portugueses em sintonia com a entidade patronal

Conferência Episcopal Portuguesa admite, contudo, que assunto não é consensual

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou, esta terça-feira, em Fátima, que os bispos portugueses estão em sintonia com a linha «inclusiva e de acolhimento» em relação aos homossexuais e recasados, mas admitiu que o assunto não é consensual.

No final do Conselho Permanente da CEP, ao comentar o documento que o sínodo dos bispos sobre a família está a preparar para entregar ao papa Francisco, o padre Manuel Barbosa disse que os bispos portugueses estão numa «linha inclusiva» e de «acolhimento».

«Não pode ser numa linha de rejeição, pura e simples. Não se pode rejeitar ninguém, tem que ser acolhida, na variedade da sua forma de ser ou de estar», declarou o sacerdote, acrescentando: «Não é só pelo papa Francisco – e bem – nos ter apelado a isso, mas tem que ser [uma atitude] de inclusão e de acolhimento, de perceber as situações e de ver que caminho também de ajuda podemos ter perante essas situações».

Manuel Barbosa declarou que «a Igreja em Portugal, naturalmente, sintoniza com esta posição».

13 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Era assim na ditadura clerical-fascista

Reportagem sobre católicos portugueses e Igreja no Estado Novo vence Prémio

Igreja Estado_NovoDa autoria de Joaquim Franco, Jornalista da SIC e investigador em Ciência das Religiões na ULHT, a reportagem Esplendores, que retrata a relação entre Igreja, Estado e sociedade, venceu o 17º Prémio Orlando Gonçalves.

A reportagem (que pode ser vista aqui) faz uma ponte de 60 anos: em 1953, o poder político, local e nacional, convivia confortavelmente com o poder eclesiástico, numa cumplicidade quase inquestionável. Vários grupos de católicos e os movimentos de Acção Católica politizavam-se e desenhavam já um compromisso social nem sempre em sintonia com uma hierarquia maioritariamente comprometida com a situação.

Era uma sociedade estratificada e conservadora. A economia do país começava a recuperar, mas havia perseguição e censura. Acentuava-se a emigração e o êxodo para o litoral.

Toda a informação em RELIGIONLINE

8 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

O que os espera…

Primeiro congresso de homossexuais católicos começa hoje em Portimão

Primeiro congresso de homossexuais católicos começa hoje em Portimão

O primeiro congresso de homossexuais católicos começa hoje em Portimão com representantes de várias associações estrangeiras, que querem promover o debate sobre a homossexualidade na Igreja Católica e criar uma organização mundial que os represente no Vaticano.

No encontro será ainda debatido e aprovado um documento, a enviar à Santa Sé, que pede à Igreja que promova o acolhimento dos homossexuais e a sua integração nas comunidades e paróquias.

Em declarações à agência Lusa, José Leote, da associação Rumos Novo – Homossexuais Católicos, que organiza o congresso, defendeu «a necessidade urgente de uma mudança de atitude por parte da hierarquia católica no sentido de que haja um verdadeiro acolhimento [dos homossexuais] ».

1 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

1 de outubro – efeméride

1936 – «Por la Gracia de Dios», eufemismo que cunhou a cumplicidade papal e do clero espanhol, o líder da revolta antidemocrática, Francisco Franco, foi nomeado chefe de Estado. Com a ajuda da Alemanha nazi, do fascismo italiano de Mussolini e do obsoleto ditador português, Salazar, viria a ser o caudilho vitalício de Espanha e um dos maiores genocidas do século XX.

29 de Setembro, 2014 Carlos Esperança

Os talibãs católicos em El salvador

Quinta, 25 Setembro 2014 15:04

El Salvador: proibição total do aborto está a matar e a prender mulheres

Quem se lembra de Beatriz? Aos 22 anos quase morreu no hospital quando as autoridades de El Salvador rejeitaram a interrupção da gravidez essencial para lhe salvar a vida. A pressão internacional levou o governo a abrir uma exceção, mas poucas têm a mesma sorte. A repressiva e retrógrada proibição total do aborto vigente no país está a tirar a vida a muitas mulheres, reitera a Amnistia Internacional num relatório lançado esta quinta-feira, 25 de setembro.

El Salvador é um dos países mais restritivos em matéria de legislação relacionada com a interrupção da gravidez. O aborto é proibido em toda e qualquer circunstância. No relatório “On the brink of death: Violence against women and the abortion ban in El Salvador” (“À beira da morte: Violência sobre as mulheres e a proibição do aborto em El Salvador”), a Amnistia Internacional demonstra como a lei restritiva se traduz na morte de centenas de mulheres e raparigas.