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Categoria: Catolicismo

8 de Março, 2015 Carlos Esperança

A fé e a laicidade

O crepúsculo da fé acentua-se com as descobertas científicas, o aprofundamento das liberdades individuais e a progressiva secularização das sociedades democráticas. Ela mantém-se e exacerba-se em redutos com grandes constrangimentos sociais, fortemente dependentes do poder clerical, das hierarquias tribais e de regimes totalitários.

Carl Sagan, no seu livro «Um mundo infestado de demónios», lembra-nos que o abade Richalmus escreveu um tratado sobre os demónios, por volta de 1270. Os sedutores demoníacos de mulheres chamavam-se íncubos e os de homens, súcubos. Santo Agostinho acreditava que as bruxas eram o produto dessas uniões proibidas tal como a maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média.

Compreendem-se hoje as freiras que, num estado de confusão, viam semelhanças entre o íncubo e o padre confessor ou o bispo e que ao acordarem se sentissem conspurcadas como se se tivessem misturado com um homem, como escreveu um cronista do século XV (pág.126, ob. citada).

A fé a superstição confundem-se. Ainda hoje vemos crentes que rumam a Fátima e à Santa da Ladeira, deixando o óbolo em ambos os locais, sem dispensarem os conselhos de uma bruxa perante a adversidade.

Dir-se-á que hoje ninguém é molestado por comer presunto, trabalhar nos dias santos, desprezar os jejuns e os sacramentos mas isso só acontece onde o clero foi contido pelo poder político. É uma conquista da laicidade e não um direito outorgado pelas religiões.

6 de Março, 2015 Carlos Esperança

CASTRATI

Por

João Pedro Moura

  • A “intervenção” social de castrados tem referências bíblicas…

Em Mateus 19:12, a personagem Jesus disse:

«Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.»

Portanto, vê-se a complacência e anuência do Jesus em relação à castração e uma alusão, subentendida, a uma prática que, pelos vistos, ocorria, “in illo tempore”, isto é, havia gente que se castrava, por motivos místicos…

  • Não é por acaso que Orígenes, um teólogo e devoto cristão, em 231, quiçá num maior fervor místico, também se castrou, tendo provocado, indiretamente, a convocação do Concílio de Alexandria, nesse mesmo ano, onde foi excomungado, tamanha era a importância de tal teólogo, na segunda metade do séc. III e tamanha era a repulsa por esse mesmo ato, por parte do clero, apesar de Orígenes se ter inspirado em Mateus 19, 12, logo, em Jesus Cristo…
  • A intervenção e notoriedade social de castrados não se fica por aqui, tendo revigorado no séc. XVI, com o recrutamento de tal tipo de homens para os coros das igrejas. Assim, nabula papal, Cum pro nostri temporali munere, de 1589, o papa Sisto V aprovou o recrutamento de castrati para o coro da Basílica de S. Pedro, indiciando a indiferença da Igreja pela vida destes desgraçados, que eram normalmente castrados na infância, portanto, numa fase de maior ignorância e sujeição e uma infância de miséria e abandono, castração essa contra a qual a Igreja católica nunca se insurgira, anuindo tacitamente ou colaborando ativamente na castração desses infelizes…
  • Só a partir da unificação, laica, italiana, em 1870, que foi contra a vontade da ICAR, é que foi proibida a castração, uma prática abominável e das mais cruéis que a sociedade, com a complacência e aprovação da Igreja, engendrara.

E para se ver como a Igreja católica é extremamente lenta na compreensão e  aceitação da modernidade, só em 1902 é que o papa Leão XIII proibiu o recrutamento de novos castrati para os coros de igreja.

Maldita Igreja católica, mais os seus crimes abomináveis e imperdoáveis!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Castrato

http://www.academia.edu/4647763/Os_Castrati_a_pr%C3%A1tica_da_castra%C3%A7%C3%A3o_para_fins_musicais

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5 de Março, 2015 Carlos Esperança

Um talibã romano

“El feminismo ideológico es un paso en el proceso de deconstrucción de la persona”
El obispo de Alcalá, ahora contra las mujeres después de cargar contra los homosexuales

El obispo de Alcalá, Juan Antonio Reig Plà. EFE/Archivo

El obispo de Alcalá de Henares, Juan Antonio Reig Pla, ha vuelto con declaraciones insultantes, esta vez contra el “feminismo”, que ve como “un paso en el proceso de deconstrucción de la persona”.

Sus ataques contra los homosexuales
Reig Pla, que ha generado polémica en los últimos dos años por sus ataques contra los homosexuales, a los que ha vinculado con la corrupción y la prostitución, así como sobre el aborto, ha cargado contra lo que ha calificado de “feminismo ideológico” y “radical”, durante su intervención en la presentación del libro La teología feminista, significado y valoración (BAC), del profesor Manfred Hauke, en la Universidad Francisco de Vitoria, este miércoles.

La deconstrucción de la persona
“Conviene indicar que el feminismo ideológico no es más que un paso en el proceso de deconstrucción de la persona. De hecho, los argumentos que sustentan el pensamiento feminista, en sucesivas evoluciones, han propiciado la ideología de género y las teorías Queer y Cyborg”, ha afirmado el obispo, informa Europa Press.

17 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

Portas, Machete e a dama do véu

Um luzido séquito, capitaneado pelo vice-PM e coordenador dos assuntos económicos e canónicos, assistiu anteontem no Vaticano à criação do único cardeal português dentro do prazo e que, sob o pretexto de haver em Lisboa um cardeal com direito a voto, manteve adiado o barrete cardinalício. Só agora, após o passamento do cardeal Policarpo, logrou aconchegar o cocuruto com o ambicionado adereço.

A tradição de criar cardeal o patriarca de Lisboa é um costume do rito romano da ICAR que vem do século XVIII, um estatuto conferido por inerência de funções numa diocese patriarcal. Que desta vez o Governo tenha mandado Paulo Portas, carregado com o casal Machete e o pio secretário de Estado da Cultura, em vez de um elefante com ouro, como fez D. João V, é sinal de penúria e da degradação zoológica da comitiva.

Surpreende que um país, com graves problemas financeiros, mantenha a embaixada do Vaticano, com a de Itália a poucas centenas de metros, num Estado onde, por falta de espaço, a representação diplomática está domiciliada fora.

Quanto à ida de Paulo Portas nada há a dizer. Salvo os colegas do Opus Dei, afligidos com cilícios e mais horas de genuflexão, poucos têm tantas missas no currículo e tanta devoção exibida.

O que surpreende num país laico, onde a Constituição obriga à separação da Igreja e do Estado, é o convite ao Papa para vir a Portugal no centenário das ‘aparições de Fátima’, como se o acesso à agência lhe fosse vedado, e como se o ministro tivesse competência para certificar a Cova da Iria como local de ‘aparições’, anjódromo ou laboratório para acrobacias solares.

O Sr. Duarte Pio descobriu que os cavalos de D. Nuno se ajoelhavam em Fátima quando as cabras não tinham ainda a guardá-las crianças com queda para a santidade. Agora é o imutável Paulo Portas que certifica a beatitude do local e as aparições que o Vaticano, para evitar o ridículo, prefere qualificar de ‘visões’.

Esta gente é mais dada à fé do que à realidade e às orações do que ao sentido de Estado.

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13 de Fevereiro, 2015 Carlos Esperança

A Irmã Lúcia e o Quincas – no 10.º aniversário do passamento da primeira

A Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, Lúcia para os amigos, íntima da Senhora de Fátima, morreu carregada de anos e de visões a 13 de fevereiro de 2005.

Em 19 de fevereiro de 2006 foi trasladada para a Basílica de Fátima onde foi sepultada junto dos primos, Francisco e Jacinta, adiantados no processo de santidade devido à precocidade na defunção. Chovia. As bátegas não pararam de fustigar os peregrinos. As novenas dos padres não conseguiram que S. Pedro contrariasse a meteorologia.

Não foi a inutilidade das rezas ou a ausência de Deus que dissuadiu os crentes, alagados de fé e chuva até aos ossos, de estarem presentes na segunda edição do funeral de Lúcia.
Não houve na repetição das exéquias fúnebres a saudade genuína das prostitutas de S. Salvador da Baía a passearem o cadáver do Quincas Berro D’Água, nas ruas em cujos botequins devorou cachaça com a mesma sofreguidão com que as beatas chupavam hóstias.

A freira, a quem o terrorismo religioso do catecismo induziu alucinações, nunca terá um Jorge Amado que a celebre em «A morte e a morte da Irmã Lúcia, vidente».

O Quincas, quando devorou, de um só trago, água em vez de cachaça, deu tal berro que passou a ser carinhosamente tratado por «Berrinho» e fez-se personagem de romance. Lúcia comungava por hábito e obrigação pia, mantinha olhos vagos e a postura de quem vive morta por dentro envergando como mortalha o hábito.

Quincas é o delicioso personagem que diverte e comove o leitor de «A morte e a morte de Quincas Berro D’Água», marginal que viveu a vida, pecador que amou e foi amado.
Lúcia é o exemplo trágico de criança pobre, fanatizada com orações e amedrontada pelo Inferno, que sonhou virgens nas azinheiras, cambalhotas do Sol no caminho das cabras, profecias de conversão da Rússia e churrascos de almas para absentistas da missa.

A criança amestrada com pios embustes sobre o divino tornou-se cadáver de estimação, acolitada pela força pública, a viajar com padres, bispos, freiras e romeiros, num cenário com quatro missas, orações pias e um futuro promissor de oferendas de gente aflita.

Não foi o final da história de uma encarcerada de Deus, foi o início da caminhada para a santidade, à espera de milagres e oferendas que hão de alimentar funcionários de Deus e manter Fátima como uma das mais lucrativas sucursais do Vaticano.

A fraude não acabou, começou um novo ciclo. Faz hoje 10 anos que iniciou a etapa da santidade.

24 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

A castidade não impediu a gravidez

Freira que foi ao hospital com dores de barriga saiu de lá com um filho nos braços

por DN.pt

Freira que foi ao hospital com dores de barriga saiu de lá com um filho nos braços
Fotografia © REUTERS/Gregorio Borgia

É o segundo caso do género em apenas um ano registado em Itália. Freira garante que não sabia que estava grávida.

Uma freira do convento de San Severino Marche, em Itália, foi na semana passada hospitalizada com fortes dores abdominais. Suspeitava de um grave problema de intestinos, mas uma ecografia revelou que estava grávida. Deu à luz no domingo, de parto natural, sem complicações de maior, foi hoje revelado.

24 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

Uma no cravo outra na ferradura

Uma no cravo outra na ferradura

Tive um amigo que dizia, bem humorado, que dos três filhos só o primeiro era dele, sendo o segundo filho do Ogino-Knaus, aliás dois, Hermann Knaus e Kyusaku Ogino, e o terceiro da sogra. O último resultara do método que a sogra ensinara à filha e que não se revelou mais eficaz na contraceção do que o método das temperaturas.

É da saudar a abertura do papa Francisco para a limitação da natalidade no planeta, que já não suporta a população atual. Dizer aos casais católicos, nos outros terá ainda menos influência, que devem ser conscientes e não se reproduzirem como coelhos, é acertado e revela consciência social.

As Igrejas são instituições difíceis de compreender e de difícil compreensão do mundo.

Não se pode exigir a um homem solteiro, por mais amparo que tenha do Espírito Santo, pai uma só vez, de forma exótica, que seja uma autoridade em contraceção e que rompa com os preconceitos da sua Igreja.

Francisco esteve bem na advertência à proliferação humana, condenando o fenómeno mimético com a cunicultura, mas esteve mal quando, manteve a tradição de aconselhar os métodos caseiros do meu amigo e, pior, quando apelou à abstinência, um método tão infalível, é certo, como o do copo de água. Em vez de.

Esqueceu o apelo das hormonas.