3 de Março, 2008 Carlos Esperança
BCP – Banco ou caixa de esmolas?
Bancária-catequista acusada de desviar 10 milhões em poupanças
Bancária-catequista acusada de desviar 10 milhões em poupanças
Num consistório ordinário público para algumas causas de canonização, Bento XVI anunciou, esta manhã (1 de Março), o nome dos futuros santos: Caetano Errico; Maria Bernarda Butler; Alfonsa da Imaculada Conceição e Narcisa de Jesus.
Nota: Na lotaria da santidade três dos quatro santos saíram à casa, foram missionários.
Bento XVI convida jovens a construírem uma ‘civilização do amor’
O papa Bento XVI convidou neste sábado em uma mensagem retransmitida a estudantes de dez universidades da Europa e da América do Norte e do Sul, inclusive no Brasil, a construir juntos uma “civilização do amor”.
A igreja era a única construção sólida da aldeia. Os meus pais viriam a erguer uma casa de raiz para poupar os filhos ao frio que entrava pelas frinchas das paredes e aos pedaços de telha-vã que acontecia soltarem-se em noites de vendaval na casa que conseguiram. Eram poucas as janelas e os vidros que se partiam eram supridos por tábuas ou cartolina até chegar um novo, com tamanho aproximado, que acertasse no caixilho.
A escola viria a cair um dia, durante a noite, por milagre do Senhor, que soía colher os louros das desgraças que podiam ser piores. Se o milagre ocorresse durante as aulas era tragédia e caber-me-ia a perda precoce da mãe e do irmão mais novo, acompanhados de meia centena de crianças que ocupavam o espaço para onde desabaram três paredes e o telhado.
A Junta de Freguesia reduzia-se a um carimbo e um livro onde a professora escrevia e assinava a rogo de quem devia e não o sabia fazer. Pode dizer-se que a autarquia funcionou nas escadas das casas do Sr. António Bernardo e do Sr. José Simão, quando necessário; fora disso jazia em alguma gaveta, misturada com garfos e colheres de ferro ou de alumínio – já que o talher, com inclusão da faca para cada comensal, era desconhecido e supérfluo nesses anos e nesses sítios –, ou sobre a mesa por entre malgas e outra louça de barro. Julgava eu, então, que a Junta de Freguesia era o sítio onde se guardavam os boletins de voto dos vivos e mortos que no dia das eleições eram metidos na urna pelos eleitores que apareciam ou pelo Sr. António Bernardo quando faltavam, sobretudo os mortos, cujo exercício da vontade cabia ao presidente da mesa, sem pasmo nem reclamações.
A pobreza da aldeia só é imaginável, hoje, percorrendo países do terceiro mundo. Os ventres dilatados de várias crianças eram fruto de carências proteicas; e os olhos, que ameaçavam saltar das órbitas quando viam comida, denunciavam a fome que as consumia. Valeu a Cáritas, em meados do século XX, ter começado a distribuir leite em pó, farinha, queijo e marmelada. Só voltei a ver uma fome assim, então sem apoio de qualquer organização humanitária ou instituição governamental, em finais dos anos sessenta do século passado, em Moçambique.
Mas era da igreja que ia falar, da sua torre de dois sinos que tangiam desde a manhãzinha até às trindades, sempre aptos a anunciar as cerimónias litúrgicas e as orações que faziam correr aflitos os paroquianos, não fosse o atraso fazer perigar o destino da alma ou atrair a recriminação do padre, ou mesmo do sacristão e de algum zelador mais beato, por se sentirem investidos do prolongamento da autoridade sacerdotal e se anteciparem ao padre na admoestação.
A igreja era assaz grande para nela caber a população da paróquia e sobrar espaço. Podia proceder-se ao recenseamento durante a missa se lhe acrescentassem o meu pai e o Sr. Morgado, cujas ausências me intrigavam e algumas vezes me afligiram quando o Sr. padre verberava ateus, mações, comunistas e judeus e os condenava às perpétuas penas do Inferno, onde só havia choro, ranger de dentes e azeite fervente onde as almas frigiam.
Durante a catequese, que era ministrada à noite, aprendia-se a doutrina da única religião verdadeira, a que conduzia à salvação da alma, e decoravam-se as orações ensinadas num autêntico curso de terrorismo religioso que induzia terrores nocturnos e intensa xenofobia nas pobres crianças. É difícil perceber como duas catequistas tão doces e analfabetas tinham uma imaginação tão fértil e perversa.
A Igreja era varrida uma vez por semana e lavada de longe em longe por mulheres que mudavam as toalhas do altar e a farpela aos santos, esfregavam as pedras onde os devotos se ajoelhavam e limpavam as paredes com um pano húmido na ponta de um enorme varapau. A pia de água benta era lavada com a vulgar água da fonte de mergulho e sabão, depois de acesas discussões teológicas para tentar concluir se a água benta que nela restava podia deitar-se fora sem cometimento de pecado ou se o uso do sabão não seria sacrilégio perante a bênção dessa água, que até a alma lavava. Valia a decisão da senhora Deolinda, que, sem conversas, alheia a preocupações metafísicas, encharcava um pano seco e o torcia na rua a escorrer água negra do lodo depositado e que a bendição não lograra tornar alvo, até enxugar a pia e proceder, depois, à lavagem com água e sabão azul.
As festas canónicas eram no Verão. Talvez o frio não desse saúde aos santos que saíam em passeio a ver a aldeia e a arejar ao som de cânticos, sem música, que a banda ia de graça mas era preciso alimentar os músicos e matar-lhes a sede. Vinha um pregador de fora, pago a peso de ouro, para exaltar a santidade do bem-aventurado que servia de pretexto à festa e, só isso, era um sério encargo para os paroquianos e preocupação para os mordomos.
Assisti a sermões empulgantes. Não, não eram empolgantes, como o leitor já pensará, imaginando-me um prevaricador ortográfico que deixou escorrer a nódoa para o pano da crónica. Os sermões, a missa, o terço e as novenas eram deveras empulgantes por causa do calor e dos animais com que as pessoas conviviam – fora da igreja, claro.
A fé era retribuída com pulgas cujas picadas espalhavam o prurido, independentemente do ar empolgado dos devotos enquanto ouviam as palavras rebarbativas do pregador, justificativas dos honorários, possuídos do mesmo êxtase místico com que ouviam o latim da missa, que sempre os maravilhava.
Talvez, quem sabe, esse deslumbramento tenha guiado Bento XVI no regresso ao latim.
O Papa Pio XII (1939-1958) escreveu que em 1950, enquanto passeava pelos jardins do Vaticano, e um dia antes de proclamar o dogma mariano da Assunção, assistiu ao “milagre” do “sol que dança”, o mesmo fenómeno que a Igreja Católica diz ter acontecido após as aparições de Nossa Senhora de Fátima.
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A conversão permite descobrir que Deus é amor, considera Bento XVI.
ROMA (Reuters) – Autoridades cubanas prometeram ao segundo homem mais importante do Vaticano que abrirão mais a mídia local para a Igreja, informou ontem a agência católica de notícias SIR.
O jornal vaticano, “L’Osservatore Romano“, publicou na sua edição desta segunda-feira uma crítica à noite do Oscar, em Hollywood, e a visão “decididamente pessimista que os Estados Unidos dão de si mesmos”.
Jovem padre suspeito de desviar cem mil euros
E Deus não se queixou! Quem sabe se não foi o Deus de Aguiar da Beira que disse ao padre: «eu não preciso de dinheiro, gasta-o tu com as samaritanas (neste caso, paroquianas) que encontrares».
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.