Prisioneiros republicanos construindo o Vale dos Caídos |
20 de Março, 2016 Carlos Esperança
Vale dos Caídos
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Prisioneiros republicanos construindo o Vale dos Caídos |
Um novo escândalo de pedofilia no seio da Igreja Católica francesa encostou esta terça-feira à parede o cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, depois de o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, lhe ter pedido que “assuma as suas responsabilidades”.
A declaração de Manuel Valls, que pediu ao cardeal “não apenas palavras, mas actos”, acentuou a pressão sobre monsenhor Philippe Barbarin, uma das personalidades mais influentes da Igreja francesa, acusado por vítimas de padres pedófilos de não ter denunciado estes actos dos quais tinha conhecimento.
“Nunca encobri o menor acto de pedofilia“, declarou no entanto o cardeal Barbarin pouco tempo depois, numa conferência de imprensa improvisada em Lourdes, onde está reunida a Conferência Episcopal Francesa.
Em Espanha a Igreja católica paga com dinheiros públicos as suas campanhas contra o aborto, o financiamento dos órgãos de comunicação social e os emolumentos das beatificações.
A herança franquista permanece viva.
in El País
A nova aplicação do Santuário de Fátima ajuda os mais novos a celebrarem o centenário das aparições. No ‘Jogo dos Pastorinhos’, uma aplicação para dispositivos móveis, podemos escolher um dos videntes da Cova da Iria e “chegar primeiro ao Coração de Jesus”.
Os cartazes do BE não são felizes nem originais, mas, em vez de se discutir o bom ou o mau gosto, é a liberdade que se contesta.
Não são felizes, por trazerem ruído e virem perturbar o debate sobre a eutanásia, que se quer sereno; e não são originais, porque ‘Jesus tem dois pais’ é o slogan do movimento internacional cristão pela igualdade, deixando implícita a aceitação do mito, herdado de outros deuses, sobre a virgindade da mãe de Jesus, a crença pueril que Pio IX converteu em dogma; mas o que está em causa é a liberdade de expressão, conquista irrenunciável perante quem se sente ofendido. Seria horrível viver num país onde fossem proibidos os cartazes ou o direito ao protesto de bispos e crentes.
Grave é a convergência de partidos políticos, da Conferência Episcopal, do patriarca de Lisboa e de outros grupos da Igreja católica numa petição para a “retirada dos cartazes blasfemos e ofensivos”, num apelo à censura. A blasfémia é um crime medieval, do foro da Inquisição, que não pode estar sujeito aos humores do clero e às sanções penais.
A liberdade de expressão existe para se poder dizer publicamente o que desagrada e não para se dizer o que é consensual. A Igreja ofendeu-se mais com Giordano Bruno do que com o BE, mas custou demasiado sangue evitar a reincidência no método de dissuasão.
Umberto Eco entendia que “se os católicos se ofendem por lhes ofenderem a Virgem, devem respeitar-se os seus sentimentos e pode sempre escrever-se um ensaio histórico sensato que ponha em causa a reencarnação, e se os católicos dispararem sobre quem ofenda a Virgem [então] combatam-nos por todos os meios.”
Apesar do respeito pela dimensão cultural, ética e intelectual do notável pensador, não o acompanho, porque é difícil perceber, numa sociedade pluriétnica, como a europeia, que valores de uns não ofendem outros, e só há uma forma de manter a paz – a exigência de respeito pela laicidade.
Hoje, os católicos ofendem-se com a troça à virgindade da mãe do seu Deus e, ainda há poucos anos se ofendiam com o planeamento familiar, o uso da pílula, o casamento gay ou a IVG. Nunca se sabe o que ofende ou não os crentes de cada religião.
Em nome da liberdade e, sobretudo, da civilização, é um dever combater a lapidação de adúlteras, o esclavagismo, a desigualdade de género, a excisão do clitóris, a decapitação de infiéis, a moral herdada da Idade do Bronze e todas as formas de superstição que nos envenenam. Exige-se respeito pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e não se podem aceitar limitações à liberdade de expressão que excedam as do Código Penal e, mesmo essas, desejavelmente, cada vez mais brandas e escassas.
Censura, Não! Obrigado.
PARA A IGREJA CATÓLICA, TUDO O QUE DIZ E FAZ É INDISCUTÍVEL, MESMO QUE CONTRADIGA OS TEXTOS SAGRADOS
– comentário de Alfredo Barroso (em 28/02/2016)
Em verdade vos digo que, quando começamos a calcular o que dizemos distorcendo ou escondendo o que pensamos – só porque tememos as consequências de falar claro, sem ambiguidades nem equívocos – acabamos, regra geral, por claudicar perante qualquer diabo que a Igreja Católica ou a direita mais reaccionária nos façam sair ao caminho, a chantagear-nos, a insultar-nos e a ameaçar-nos com as penas do Inferno.
Quando se trata de enfrentar a Igreja e a direita católica mais reaccionária, o pior que pode suceder a um homem de esquerda – ainda por cima agnóstico, como eu – é recuar com medo das consequências. Esquecendo que, para a Igreja Católica, textos como, por exemplo, a Bíblia ou o Catecismo – por mais que convoquem a discussão e a crítica em relação a muitas das suas passagens – são textos sagrados que, como tal, «revelam» uma «verdade absoluta» e, por isso, indiscutível.
Vejamos, através de um simples exemplo, a hipocrisia de tudo isto.
Existe uma organização católica muito poderosa reconhecida pelo Vaticano ao mais alto nível, concretamente, pelo Papa João Paulo II: a Opus Dei. Trata-se de uma organização que congrega gente muito rica – banqueiros, gestores, empresários, em suma, plutocratas em geral – cujo objectivo é serem bem sucedidos nos negócios, acumulando lucros e riquezas. Pergunta: será legítimo chamar-lhes «fariseus, hipócritas»? Reposta: parece que não! No entanto, bastará folhear os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, e reflectir sobre o que, às tantas, Jesus diz aos seus discípulos:
– «Filhos, quão difícil é para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus!
– «É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus!».
Mas este é apenas um dos muitos e flagrantes exemplos das contradições e hipocrisias que caracterizam a Igreja Católica.
Antes de publicar a minha opinião sobre o cartaz do Bloco de Esquerda, deixo hoje aqui a de Alfredo Barroso, político, jornalista e jurista:
«Sinceramente, não vejo onde está a «blasfémia» neste cartaz do Bloco de Esquerda. Tanto quanto se sabe, e está escrito na Bíblia, o carpinteiro José, marido de Maria, era pai de Jesus Cristo (o menino exposto nas palhinhas do Presépio, em Belém) embora seja dito que Maria, mulher de José, tenha concebido sem pecado (ou seja, sem que José a tenha fecundado num acto sexual).
Por outro lado, a Santíssima Trindade é constituída pelo Pai (sem dúvida Deus), o Filho (que só pode ser Jesus Cristo, que morreu pregado na cruz, isto é, crucificado) e o misterioso Espírito Santo (a quem muitos atribuem a responsabilidade pelo facto de Maria ter sido concebida sem pecado).
Assim sendo, Jesus poderá ter tido, não apenas dois mas três Pais: S. José, o Pai e o divino Espírito Santo. E venha agora alguém explicar-me onde é que está a «blasfémia» em toda esta encenação em torno da paternidade de Jesus…».
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.