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Categoria: Catolicismo

9 de Abril, 2008 Carlos Esperança

O clero e o divórcio

Às vezes dou por mim a pensar como pode um primata de mitra e báculo nutrir um ódio tão visceral ao divórcio, aceitar uma desgraça conjugal em vez da separação civilizada, preferir a guerra civil dentro do matrimónio desde que se partilhe a cama, de preferência castamente, do que os cônjuges se separem.

Não sei se o azedume do celibato ou a vontade de agradar ao Papa, a quem a tiara fez perder a cabeça, estão na base do modelo de casamento que o clero defende (para os outros) com agressões, insultos, difamações e mortes, até que um deles envie o outro para o alegado Criador.

Para o Sr. Jorge Ortiga, arcebispo em Braga e truculento caluniador da República, será mais aceitável uma mulher sovada pelo marido, a quem afiançou obediência na igreja, do que um divórcio que poupe as equimoses e aos filhos o espectáculo doloroso das brigas e agressões.

A Religião católica tem sobre a vida, e especialmente sobre o matrimónio, uma vontade sádica de o prolongar para além das hospitalizações resultantes das agressões. Uma vez que se casaram, aguentem. É essa a vontade de Deus, daquele ser que alimenta o fausto dos Ortigas e dos numerosos parasitas da fé.

Mas onde o descaramento dos alucinados de Deus atinge o auge é quando comparam o casamento a contratos de trabalho ou a prestações mensais da casa hipotecada ao banco, como se os contratos fossem da mesma natureza. Os alienados da fé ululam por ser mais fácil um divórcio do que o despedimento de um trabalhador ou a pausa das prestações.

De facto o clero não distingue entre trabalho e amor. Quem não conhece qualquer deles limita-se a debitar inanidades.

9 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

A Maçonaria vista pela ICAR

O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa considerou ontem que a Maçonaria europeia continua a ter “mentalidade do século XIX” e desvalorizou a reunião entre a organização e o presidente da Comissão Europeia, hoje, em Bruxelas.

O encontro entre a Maçonaria europeia e Durão Barroso é inédito para um presidente da Comissão Europeia e resulta do facto de Barroso ter enaltecido, em Setembro de 2007, no decorrer da III Assembleia Ecuménica Europeia, em Sibiu, Roménia, o papel das religiões no processo de integração europeia e no futuro da Europa. A Maçonaria europeia está preocupada com o princípio da laicidade na Europa e quer ouvir Durão. Mas, para D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, “a falta de distinção entre laicidade e laicismo é o grande problema destes debates”.

Mais: “Não vejo grande importância nesta reunião, são coisas evidentes. Há gente que continua com mentalidade do século XIX”, afirmou D. Carlos Azevedo.

O porta-voz da Conferência Episcopal sublinhou ainda que com a laicidade [prática dos princípios laicos] “estamos todos de acordo”, frisando, no entanto, que com o laicismo [doutrina que pretende dar às diversas formas da vida social um carácter não religioso] “não podemos estar”, uma vez que a sociedade deve ser respeitada pelos Governos e Estados.

“Se há dimensão religiosa em muitos cidadãos, essa dimensão é muito positiva para a vida dessas pessoas. E isto deve ser considerado como um factor positivo”, afirmou.

Fonte (via o nosso comentador, Luis Correia): Correio da Manhã, 08 de Abril de 2008.

9 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR quer integrar ciganos sem os converter

A Igreja Católica vai sensibilizar as paróquias para a integração social da comunidade cigana com acções concretas, sem que se percam as suas tradições, anunciou ontem o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. “Até agora, a Igreja tem trabalhado com os ciganos mais a nível diocesano e no apoio social” mas agora a prioridade é “ajudar os ciganos a nível pastoral”, afirmou D. António Vitalino, na véspera do início de uma conferência internacional que decorre, hoje e amanhã, no Instituto Superior de Ciências do trabalho e da Empresa, em Lisboa, sob o tema “Ciganos – territórios e habitat”.

Especialistas e responsáveis autárquicos e governamentais vão debater designadamente as estratégias de alojamento da comunidade cigana utilizadas em vários países da Europa. “A nível social temos conseguido dar muito apoio” mas “falta dar um enquadramento pastoral” às comunidades católicas e ciganas para que possam existir “parcerias e integração”, acrescentou o prelado.

“Os ciganos têm uma cultura e uma mentalidade muito diferente da nossa e muitos estão organizados numa igreja protestante pentecostal mas a nível de culto estão muito da igreja católica”, explicou D. António Vitalino. O bispo nega qualquer estratégia de conversão mas defende que as comunidades católicas têm a “responsabilidade particular” de apoiar a sua integração. Esta, “muitas vezes, é mais uma assimilação, perdendo-se as tradições e costumes do povo, mas isso não pode acontecer”, defendeu.

A Pastoral dos Ciganos tem investido na formação de leigos, de etnia cigana e não só, que funcionem como “intermediários para que haja uma integração e uma aceitação”, para que os ciganos “possam viver em paz a sua identidade” mas “respeitando as regras da sociedade” em geral.

Fonte: Jornal de Notícias, 08 de Abril de 2008.

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

O divórcio, o PS e a ICAR

O PS quer ouvir a hierarquia da Igreja Católica na discussão parlamentar sobre a nova lei do divórcio.

A disponibilidade geral para ouvir “todas as correntes de opinião” foi ontem anunciada na sede do partido, em conferência de imprensa, por Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, que falou na qualidade de membro do secretariado nacional do PS.

Posteriormente, o deputado Mota Andrade, vice-presidente da bancada, questionado especificamente sobre a disponibilidade do PS para ouvir a hierarquia católica no processo legislativo, adiantou: “Ouviremos toda a gente que quiser ouvida.” “Estamos sempre abertos a todos os contributos, mesmo de quem não pensa como nós. Há disponibilidade para ouvir toda a gente”, disse o deputado.

Augusto Santos Silva recordou que o seu partido vai levar o seu projecto-lei sobre divórcio – formalmente, ainda não apresentado – a discussão no Parlamento no próximo dia 16.

O dirigente socialista, que se escusou a comentar as críticas da hierarquia católica às ideias socialistas, disse ser “estruturante”, do ponto de vista do partido, a intenção de acabar, no divórcio litigioso, com o conceito de incumprimento dos deveres conjugais (vulgo: noção de culpa).

Sem o assumir, deixou no ar a certeza de que esta parte do diploma será inegociável. Reafirmou, por outro lado, que o PS está contra a ideia do Bloco de Esquerda do “divórcio a pedido” (a iniciativa unilateral de um dos cônjuges seria suficiente para decretar o divórcio).

“Iremos ponderar todas as observações críticas. Haverá tempo no processo legislativo. Mas ponderar não significa aceitar”, disse ainda Augusto Santos Silva.

A hierarquia da Igreja Católica já reagiu com muita dureza às anunciadas intenções do PS. Em 28 de Março passado, D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal (o “governo” da Igreja em Portugal) disse ao DN que o projecto socialista e os do BE visavam “armar o desejo em lei”. “Não se pode considerar que o facilitismo seja construtor de uma sociedade melhor”, disse o prelado.

Dois dias depois, o mesmo bispo considerou que “há forças dentro do Governo que têm uma postura de ataque à Igreja Católica”. D. Carlos Azevedo criticou directamente José Sócrates: “Penso que falta, da parte do primeiro-ministro, uma vigilância coordenadora de actos e medidas avulsas que ferem e atingem quem há muito que anda a servir a população.”

Fonte: Diário de Notícias, 08 de Abril de 2008.

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR de Braga contra a fome

A Arquidiocese de Braga da Igreja Católica vai criar um Banco Alimentar Contra a Fome, com um armazém para os produtos recolhidos e a instalação de uma câmara frigorífica para os bens perecíveis, anunciou hoje o arcebispo-primaz de Braga.

D. Jorge Ortiga adiantou que o projecto, que funcionará em cooperação com o Banco Alimentar Contra a Fome, vai complementar a actividade já desenvolvida pela Caritas diocesana que apoia algumas dezenas de famílias e cidadãos da região.

“A comunidade cristã não pode ficar indiferente às situações de pobreza, sobretudo as de pobreza escondida, que existem na diocese de Braga”, acentuou o prelado.

O arcebispo-primaz salientou ainda que o Banco Alimentar a nível nacional “tem uma estrutura laica e não confessional, pelo que, “o de Braga irá funcionar com uma estrutura autónoma, mas no quadro de uma parceria com aquela organização”.

O prelado acrescentou que o processo está a correr, “embora nem sempre com a celeridade necessária, dada a importância do problema” e adiantou que a Arquidiocese tem já, em vista, um local que possa ser utilizado para o armazenamento dos bens.

Fonte: Agência Lusa, 08 de Abril de 2008.

6 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Livro negro da República

A reeleição do bispo de Braga, Jorge Ortiga, para presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é o prenúncio de uma guerrilha clerical, à semelhança da que Rouco Varela lançou em Espanha com o apoio explícito do núncio apostólico e a bênção do Papa.

Decididamente, em Portugal e Espanha, o clero mais conservador ganhou a luta interna para as presidências das respectivas Conferências Episcopais. Bastava a cumplicidade da Igreja católica nos silêncios, omissões e activismo nas perseguições aos adversários das ditaduras ibéricas para que o exame de consciência bem feito e um leve remorso a afastasse do caminho da vingança.

O exemplo do cardeal Taracón, de Madrid, e do Bispo Ferreira Gomes, do Porto, não são modelos que os bispos actuais queiram seguir. Incitados pelo Papa Ratzinger para combaterem o laicismo e o secularismo, convictos de que as leis dos homens se devem subordinar à vontade de Deus, segundo a interpretação do velho inquisidor, os bispos portugueses já entraram nos ataques à República e nas ameaças ao Governo.

Quando o presidente da CEP considera o Estado português «militantemente ateu» diz bem do rigor intelectual por que se pauta e dos atropelos à verdade de que é capaz para conseguir pôr de joelhos os governantes. Não é uma atitude ética, é um desafio ao poder democrático por um herdeiro do concílio de Trento.

O anunciado lançamento do «Livro Negro da República» não pretende ser o contributo sério para a história, é uma provocação à democracia e um aviso sobre o rol de calúnias, mentiras e meias verdades com que a Igreja católica pretende denegrir o passado, julgar os mais impolutos governantes de então e desafiar as forças liberais e democráticas.

Quem conhece o seu passado e não vê quantas bibliotecas encheria com os livros negros da sua história milenar, é capaz de provocar tensões na sociedade portuguesa mas não se livra de ver denunciadas na praça pública a sua conivência com o salazarismo, a história de Fátima e a cumplicidade com a guerra colonial, bem como os nomes dos padres que pertenceram á Comissão de Censura e os que foram informadores da PIDE.

4 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Os homens naturalmente nascem solteiros

A iniciativa legislativa no sentido de facilitar o divórcio provocou um enorme alarido nos paços episcopais e uma grande agitação nas sacristias.

Das sotainas assomam rostos coléricos e ouvem-se, por entre o ranger de dentes, ameaças ao poder. Estremecem as mitras, agitam-se os báculos e os beatos temem beijar o anelão de ametista, receosos de quer a ira episcopal dê lugar a um gesto desabrido que lhes rasgue os beiços, durante o ósculo.

Ora, a lei que se adivinha não torna a separação obrigatória, só se divorcia quem quer e, sobretudo, quem já não aguenta o matrimónio e é curioso que sejam mais tolerantes os casados do que os que o múnus condena ao celibato.

O homem naturalmente nasce solteiro e o matrimónio é o primeiro passo e condição sine qua non para o divórcio. Para evitar este, deve actuar-se a montante e dificultar aquele. É o facilitismo do casamento que o torna precário, a leviandade com que se juntam os trapos e as contas bancárias que leva à breve separação dos copos de dentes e dos pijamas.

Os senhores bispos podem manifestar azedume e vociferar contra as leis da família, sendo certo que lhes mingua a experiência e a autoridade se reduz aos católicos.

A única possibilidade de acautelar divórcios é evitar os casamentos. Os efeitos combatem-se eliminando as causas, a profilaxia faz-se na origem.

4 de Abril, 2008 Hacked By ./Localc0de-07

The Blair Witch Project

Segundo a BBC, Tony Blair quer que a fé tenha o papel principal na resolução dos problemas do mundo.

Mais de 1 milhão de mortos depois na guerra do Iraque, eis que um dos cruzados deixa cair a fachada política e emancipa a sua fé cristã, Tony Blair recém convertido ao Catolicismo por similaridades óbvias, assume-se como um dos mais importantes porta-vozes dos homens que usam saias e pêndulos ao pescoço. Blair decidiu fazer finalmente um discurso referente às suas convicções pessoais, às suas crenças cristãs de paz, acompanhado por uma harmoniosa vigila pela paz com Pax Christi, uma organização católica pacifista.

O discurso foi feito na catedral de Westminster, perante 1600 devotos, onde assumiu a razão das suas acções, explicando que “se és uma pessoa com fé, esta é o foco das tuas convicções na vida, é impossível que isso não afecte as tuas políticas.“, acrescentando que “a religião é fundamental para moldar valores que guiam o mundo moderno, pode e deve ser uma força no progresso.“.

Blair irá inaugurar uma fundação religiosa ainda este ano, seguindo o seu percurso religioso às claras, agora que não precisa de fachadas políticas.

Terry Sanderson, da National Secular Society, resumiu bastante bem a missa de Blair, “ter a religião a desempenhar o papel principal nos assuntos mundiais é como tentar apagar um fogo com gasolina.“.

A bem da paz, mais de 1 milhão de mortos recompensados com vigilias da Pax Christi, ou meros efeitos colaterais a bem da fé e da paz religiosa. As armas de destruição maciça aparecem mais tarde ou mais cedo, vulgarmente definidas por fé.

Links úteis:
Orb: More than 1,000,000 Iraqis murdered
Iraq Body Count
Just Foreign Policy: Iraquianos mortos devido à invasão Americana
BBC: Blair urges bigger role for faith
BBC: Tony Blair joins Catholic Church