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Categoria: Catolicismo

17 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Missa para 50 mil

O Papa Bento XVI celebrou hoje missa para mais de 48 mil pessoas reunidas no recém inaugurado Nationals Park Stadium, em Washington, referindo-se pela terceira vez desde o início da viagem aos EUA ao escândalo de pedofilia que abalou a Igreja católica no país, mas pedindo aos fiéis para continuarem a confiar no clero.

“Nenhuma palavra minha pode descrever o sofrimento e os danos causados por tais abusos”, declarou o Papa, referindo-se aos abusos sexuais contra menores cometidos ao longo de décadas por padres católicos. Os abusos permaneceram cobertos durante décadas, muitas vezes com a conivência da hierarquia eclesiástica, e só em 2002 a verdadeira dimensão do escândalo se tornou conhecida, levando as dioceses americanas a pagar mais de dois mil milhões de dólares em indemnizações às vítimas.

Bento XVI considera que, nos últimos anos, a Igreja católica fez grandes esforços para lidar “de forma honesta e justa” com as consequências deste escândalo, mas admite que os “danos causados na comunidade da Igreja” ainda não foram ultrapassados.

O Sumo Pontífice pede por, isso, aos católicos para apoiarem as vítimas e se reconciliarem com o clero, lembrando que a percentagem dos envolvidos no escândalo era muito pequena. “Peço-vos que ameis os vossos padres e que reconheçais o excelente trabalho que eles fazem”, apelou.

A eucaristia de hoje foi a primeira grande celebração realizada por Bento XVI desde a sua chegada a território norte-americano, na terça-feira. Amanhã, o líder da Igreja católica segue para Nova Iorque, onde no dia seguinte celebrará missa na catedral de Saint Patrick, mas o acontecimento mais mediático está agendado para domingo, altura em que visitará o Ground Zero.

Fonte: Público, 17 de Abril de 2008.

17 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Assembleia da República – Lei do divórcio aprovada

«O diploma teve o voto contra da deputada do PS Matilde Sousa Franco, a abstenção da deputada Teresa Venda e mereceu o voto favorável de sete deputados do PSD e a abstenção de 11, entre os quais Pedro Duarte, da direcção da bancada e Jorge Neto».

Uma lei que mereceu tão amplo consenso parlamentar, apesar das ameaças e chantagem do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, vem ao encontro da maioria dos portugueses. Ninguém ficará obrigado a divorciar-se mas fica atenuado o calvário a que eram submetidos os cônjuges para quem o casamento tinha terminado e ficavam reféns dos vínculos.

Não deixa de ser curioso que o PSD cujo líder não vive com a esposa, como fez questão de revelar à comunicação social, acompanhado da namorada, fosse um partido que na sua maioria se opôs à nova lei.

E, como suprema ironia, coube ao líder parlamentar, Santana Lopes, debitar esta pérola: «O PSD é contra a iniciativa que visa “tornar mais fácil e mais célere a possibilidade de dissolução dos vínculos do matrimónio” quando “faltam incentivos para apoiar a estabilidade e a continuidade” da instituição nos dias de hoje».

Ao menos podia ter-se feito substituir por um deputado com maior espírito monogâmico e menor instabilidade matrimonial.

Quando o clero, que tanto se opôs a esta lei, for autorizado a casar, o divórcio deixa de ser pecado e passa a sacramento.

15 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Momento Zen de segunda

João César das Neves (JCN), por espírito prosélito ou penitência, parece um cruzado depois de ouvir uma prédica de Urbano II ou um devoto de Santo Escrivá depois de algumas horas de cilício e oração.

O divórcio está para JCN como o Eixo do mal para Bush. É preciso exterminá-lo. JCN julga que o casamento é uma pena perpétua, que é preferível a violência doméstica à revogação do contrato, que a irredutível vontade de um dos cônjuges se doma com o chicote da lei.

«Por causa da lei agora revista, haverá lágrimas amargas, sofrimentos lancinantes, que o legislador alegremente ignora» – diz, pungente, o pio catequista. Não sei se o devoto defensor da moral já pensou nas lágrimas, sofrimento e sangue que levam ao divórcio, mas isso não lhe interessa, cuida das aparências.

Analisemos um parágrafo da sua homilia de segunda-feira:

«Durante mais de mil anos quem em Portugal casou as pessoas foi a Igreja Católica.

RE: Não havia outra forma de casamento, o divórcio era interdito e o catolicismo era obrigatório e ferozes os métodos de persuasão. É este passado de ignomínia que nos quer lembrar?

 No século XIX os laicistas e maçons fizeram da crítica a este facto uma bandeira central. (…). Os passos principais são o Decreto de 16 de Maio de 1832 de Mouzinho da Silveira e o Código Civil de 1867. Foi apenas com a República, na Lei da Família de 25 de Dezembro de 1910 que se verificou a mudança definitiva».

RE: É verdade, até 1867 quem se quisesse casar só o podia fazer pela Igreja católica. Achará justo JCN? Ou só haverá o direito de professar a «única religião verdadeira»?

No salazarismo o divórcio passou, com a Concordata, a ser proibido para os casamentos católicos. Seria uma atitude justa de um país soberano ou uma prepotência eclesiástica, própria de um protectorado do Vaticano?

JCN pensa que a facilitação do divórcio o torna obrigatório. Esqueceu-se de que Sá Carneiro viveu amancebado com uma grande senhora, Snu Abecasis, porque a lei não lhe permitia o divórcio da primeira mulher. É com o regresso à lei a que o saudoso ministro da Justiça, Salgado Zenha, pôs termo que JCN sonha?

Por que obsessão beata quer complicar a vida aos casais que falharam o matrimónio? À democracia JCN quer opor a teocracia.

12 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Espectáculo mórbido – Papa no Ground Zero

O momento de oração em silêncio que Bento XVI viverá no Ground Zero, a base desde a qual se elevavam as Torres Gémeas, será um dos «momentos mais emocionantes e esperados» de sua visita aos Estados Unidos, constata o porta-voz Vaticano.

B16 é o artista convidado para fazer o marketing da ICAR à custa da morte e da dor.

11 de Abril, 2008 Carlos Esperança

O primeiro café cristão em Portugal

Depois dos bares de alterne, das grandes superfícies, restaurantes, casas de fado e outros locais de comércio, abriu o «primeiro café cristão em Portugal». Ao ler o título temi que o café fosse confeccionado com água benta e as bifanas fossem fritas em santos óleos.

Mais me assustei quando li que o dito café promove encontros que vão desde a oração à partilha, sabendo eu que os encontros podem ser gratificantes mas abominando essa modernice a que chamam partilha. Promiscuidade, nunca.

Ora, o café até serve missas uma vez por mês para não prejudicar clientes que procuram apenas encontros e partilha, para não interromper uma oração ao ouvido, que também dá pelo nome de canção do bandido.

“Tem tudo o que é normal num café, mas além dos sumos e dos bolos, são apresentados menus de caminhos a percorrer para nos tornarmos homens e mulheres novos, com fé sólida e esclarecida”, referem Ana e Henrique Silva.

Não sei se o café e os bolos são para antes ou depois. Com a crise da fé talvez sirvam a bica no entretanto, enquanto se passa de um mistério glorioso para outro doloroso.

A nova tasca da fé fica na paróquia da Amora, na diocese de Setúbal. è um sítio a evitar mas se deseja mesmo um «café servido com amor» não se esqueça das recomendações médicas para fazer amor: nunca se esqueça do preservativo.

Abriu Café cristão inédito na Península Ibérica
Inaugurado com presença do Bispo de Setúbal
10 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Por falar no assunto…

Um sacerdote católico foi detido na cidade chilena de Punta Arenas sob acusação de delitos de abuso sexual e violação a cinco menores, informaram quarta-feira fontes policiais e eclesiásticas.

O salesiano Jaime Low Cabezas é acusado de un caso de violação e quatro de abuso sexual, cometidos contra adolescentes entre 15 e 17 anos que participavam num grupo pastoral juvenil dirigido pelo sacerdote na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, onde era pároco.

Jaime Low Cabezas foi capturado quarta-feira de madrugada pela Brigada de Delitos Sexuais e de Menores, da Polícia de Investigações de Punta Arenas, na sequência da denúncia apresentada pela mãe de uma das vítimas.

O bispado de Punta Arenas, 2.400 quilómetros a Sul de Santiago, informou que o sacerdote foi suspenso das suas funções e que a situação foi comunicada ao Vaticano através da nunciatura apostólica.

Vários casos com estas características têm ocorrido nos últimos anos no extremo austral de Chile.

Anteriormente, o sacerdote Antonio Larraín Pérez-Cotapos foi absolvido pelo Supremo Tribunal, após ser condenado a trezentos dias de prisão por alegadamente ter abusado de una menina de 9 anos.

Outro padre da região, Víctor Hugo Cabrera, foi condenado a 541 dias de prisão por abuso de menores, enquanto em Rancagua, também a Sul de Santiago, o sacerdote Jorge Galaz Espinoza foi sentenciado a 15 anos de cárcere por violar repetidamente dois menores com atraso mental que estavam internos num lar que dirigia.

Quanto ao cura José Andrés Aguirre, cumpre uma pena de 12 anos por violação de alunas de vários colégios de Santiago de que era “assessor espiritual”.

Fonte: Agência Lusa, 10 de Abril de 2008.