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Categoria: Catolicismo

22 de Abril, 2008 Carlos Esperança

A morte lava mais branco

O funeral do cónego Eduardo Melo, da Sé de Braga, deu origem a uma importante concentração fúnebre.

Uns foram para ter a certeza de que ficam livres de uma testemunha incómoda, outros para prestar homenagem a um homem que não hesitaria em defender a Igreja à bomba.

Não foi a devoção que o celebrizou, foi o poder que o tornou temido e respeitado. A estátua que lhe fizeram não foi uma homenagem às ave-marias que rezou, às missas que disse ou à frequência com que sacava do breviário. Foi a paga dos favores que fez, das cumplicidades que teceu, do poder que detinha. Não era homem para andar de hissope em punho a aspergir beatas que arfavam lubricamente à sua volta antes da Revolução de Abril, era um homem de acção. Do futebol à política. Do salazarismo ao MDLP.

O cónego Eduardo Melo pode não ter sido o responsável pelo assassínio do padre Max, cuja morte ficou impune embora se saiba a origem dos explosivos.

Na morte teve a acompanhá-lo o inevitável presidente da Câmara, Mesquita Machado, o Governador Civil e um secretário de Estado, além de gente anónima que aproveitou os autocarros gratuitos para ir a Braga.

O bem-aventurado cónego, que nunca renegou a sedução por Salazar e o aborrecimento pela democracia, foi a enterrar quatro dias antes do 25 de Abril que tanto detestava. Se Deus existisse tê-lo-ia deixado viver até ao 28 de Maio. Era uma data mais grata à sua alma de fascista, uma consolação para quem nunca se adaptou à democracia. 

22 de Abril, 2008 Carlos Esperança

O catolicismo sempre foi tolerante

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, inaugura terça-feira o «memorial às vítimas da intolerância» evocativo do massacre que vitimou entre 2 a 4 mil lisboetas em 1506, suspeitos de professarem o judaísmo.
(…)
O início da cerimónia está marcado para as 11h00 de terça-feira, contando com a presença do presidente da autarquia lisboeta, do cardeal-patriarca de Lisboa D. José Policarpo e do rabino de Lisboa, Eliezer Sahi Di Martino.  (SOL)

21 de Abril, 2008 Carlos Esperança

B16 regressou à toca

B16 já regressou ao antro do Vaticano depois de exibir os vestidinhos e as toucas da profissão pelo País mais poderoso do mundo. Teve a recebê-lo um presidente que já falou com Deus para desgraça do Iraque e da paz mundial.

Deus não é melhor nem pior do que eles. Apenas tem a vantagem de não existir. Já os dois cruzados, que se aliaram, existem e fazem excessivo mal à humanidade.

Os EUA constituem um país que se afastou da matriz ideológica dos seus fundadores, que fizeram uma Constituição laica, com profunda desconfiança do clero cujas tropelias conheciam da Europa. Deu-lhe para a religião como lhes dá para as armas. Gostam do que é violento. Não admira que tenham em boa conta o Antigo Testamento.

B16 lá andou de missa em missa, chegando a juntar 50 mil genuflectidos, metade dos professores que em Portugal se reúnem para contestar uma decisão ministerial. Depois de ter pedido perdão pelos ataques pedófilos dos seus padres, o papa quis convencer os americanos do martírio do seu Deus. Falou para crentes mas não reabilitou as dioceses falidas pelas indemnizações pagas pelos crimes dos seus padres.

B16 felicitou os americanos, num ataque de suprema hipocrisia, pela tolerância que têm para com todas as religiões. Fala um talibã que, quando pode, adverte que só há uma religião verdadeira. E, de facto, passe o exagero de uma a mais, só há uma verdadeira.

As religiões são o rastilho do ódio e da intolerância. A forma de nos defendermos delas não é combatê-las, é desacreditá-las.

Ámen.

20 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Bento XVI visita Ground Zero

O Papa Bento XVI visitou o Ground Zero, em Nova Iorque, para uma homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001, tendo voltado a pedir o fim dos apelos ao ódio em nome da religião.

O Papa rezou em silêncio, antes de acender um círio colocado sobre o altar improvisado em pleno Ground Zero, em sinal do renascimento da esperança.

O Sumo Pontífice rezou depois, em inglês, pelas vítimas dos atentados, as suas famílias e pediu a Deus para “trazer a paz a um mundo violento” e “fazer regressar ao caminho do amor aqueles cujos corações e espírito estão consumidos pelo ódio”.

A breve cerimónia contou com a presença do “mayor” de Nova Iorque, Michael Bloomberg, por representantes dos bombeiros e da polícia da cidade e por 16 familiares das vítimas dos atentados, recebidos no final pelo Papa.

Fonte: Público, 20 de Abril de 2008.

20 de Abril, 2008 Carlos Esperança

De visita ao patrão

O cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, de 72 anos, presidente do Pontifício Conselho para a Família, morreu neste sábado em Roma de uma infecção pulmonar, informou a clínica romana Pío XI.
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López Trujillo defendeu com firmeza no Conselho Pontifício para a Família a condenação do aborto, da homossexualidad, do feminismo e do uso de preservativos.

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O cardeal colombiano foi um dos ferrenhos perseguidores, ao lado do então cardeal alemão Joseph Ratzinger, atualmente Papa Bento XVI, da Teologia da Libertação pregada pelo brasileiro Leonardo Boff, o salvadorenho Jon Sonbrino e o peruano Gustavo Gutiérrez. AFP 

19 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Purificação na catedral

O Papa pediu hoje na catedral de S. Patrício, em Nova Iorque, para a Igreja Católica norte-americana iniciar uma “era de purificação”, depois do escândalo de abusos sexuais cometidos por clérigos pedófilos locais.

Na homilia, insistiu no escândalo dos sacerdotes pedófilos que, frisou, “tanto sofrimento” causaram.

O bispo de Roma recordou que durante esta viagem já fez pelo menos em cinco ocasiões menção aos “danos” – derivados daquele escândalo – infligidos à Igreja Católica.

Joseph Ratzinger centrou a intervenção nos desafios que a igreja romana em geral e a norte-americana em particular têm de enfrentar.

Entre eles, salientou o imperativo de entregar uma mensagem de esperança para combater o “egocentrismo, avidez, violência e cinismo que parecem sufocar, amiúde, o coração das pessoas”.

Na terça-feira, Bento XVI admitiu a “vergonha” que sentia pelo escândalo e garantiu que a Igreja Católica “fará todo o possível” para sarar as feridas causadas nas vítimas desses crimes.

Um dia depois, num discurso proferido perante prelados norte-americanos, reconheceu que a polémica foi “por vezes muito mal gerida” e pediu “compaixão e atenção para com as vítimas”, chamando igualmente a atenção para a “pornografia” e “violência” omnipresentes na sociedade.

Bento XVI voltou a falar no assunto durante uma missa oficiada no National Park Stadium de Washington, onde assegurou que já foram desenvolvidos “grandes esforços para resolver honestamente e com lealdade a trágica situação”.

O escândalo de padres pedófilos nos Estados Unidos estalou em 2002, em Boston, trazendo a público o comportamento de centenas de sacerdotes que, ao longo de várias décadas, abusaram sexualmente de milhares de crianças e adolescentes.

A Igreja Católica tem a intenção de avançar com uma reforma das leis canónicas, para penalizar os prelados que abusem sexualmente de menores.

Fonte: RTP, 19 de Abril de 2008.

19 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Cónego Melo segundo o CDS-PP

O deputado CDS-PP Nuno Melo recordou “com respeito” o cónego Melo, que hoje morreu aos 80 anos, pelo “papel activo, à sua escala, na implantação da democracia que hoje existe em Portugal”.

“O cónego Melo foi uma personalidade com um papel activo, à sua escala, para a implantação da República tal como hoje a vivemos”, afirmou Nuno Melo.

Para este deputado eleito por Braga, que conheceu o ex-vigário da arquidiocese, o cónego Melo “foi uma voz forte na luta contra do PREC [Processo Revolucionário em Curso, em 1975], em que alguns quiserem impor um regime diferente daquele que hoje temos”.

Eduardo Melo atingiu notoriedade no período mais conturbado do pós-25 de Abril de 1974 ao manifestar-se contra o movimento político comunista.

Fonte: Agência Lusa, 19 de Abril de 2008.

19 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Associação Industrial do Minho quer estátua do cónego

O presidente da Associação Industrial do Minho defendeu hoje ser “altura de reerguer” o processo de colocação de uma estátua em Braga ao cónego Melo, que hoje faleceu em Fátima.

“Defendo que aqueles que se bateram pela homenagem ao cónego Melo, lembrando a sua vida e obra numa praça de Braga, têm, agora, de retomar o processo”, sustentou António Marques.

Em 1993, um grupo de bracarenses mandou fazer uma estátua do cónego, que pretendiam fosse colocada na rotunda de Monte de Arcos em Braga, mas a ideia foi abandonada devido à contestação de forças políticas de esquerda, nomeadamente, PCP e Bloco de Esquerda, tendo a escultura sido guardada.

O empresário sublinha que, “independentemente da perspectiva de vida que cada um tenha, é indiscutível que o cónego foi um homem que marcou a vida da igreja, do país e da cidade”.

“A Associação Industrial do Minho não esquece que foi o cónego quem defendeu a liberdade e a iniciativa privada, contra ventos e marés, numa altura conturbada da vida do país”, afirmou, numa alusão à luta que a Igreja de Braga liderou contra a alegada tentativa de tomada do poder pelo PCP e pela extrema-esquerda política e militar em 1975.

Fonte: Agência Lusa, 19 de Abril de 2008.