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Categoria: Catolicismo

14 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Quatro séculos de obscurantismo e repressão

No dia 14 de junho de 1966, o Vaticano aboliu seu Index librorum prohibitorum, com a lista dos livros proibidos aos católicos, instituído em 1559.
Na Antigüidade, se uma obra fosse contra os preceitos dos magistrados, eles ordenavam sua destruição. Com a invenção da imprensa, entretanto, a publicação em série de obras indesejadas passou a ser proibida pela censura. Em 1487, Inocêncio 8º promulgou a primeira constituição papal, em que instituiu a censura prévia.

 

Comentário: Em Portugal, a ditadura salazarista manteve a censura até ao dia 25 de Abril de 1974.
13 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Padres querem um cardeal mais duro

As negociações entre a Igreja Católica e o Governo para a regulamentação da Concordata, da lei do divórcio e das novas regras para os ATL (Actividades dos Tempos Livres) estão a criar divisões dentro da própria Igreja.

Segundo o SOL apurou junto de fontes eclesiásticas, muitos padres gostariam que o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, fosse mais activo e «mais duro» na defesa de alguns princípios. Por considerarem que o diálogo de bastidores com o Executivo não está a ter resultados. Mas numa carta que escreveu, no mês passado, às dioceses de Lisboa, o patriarca deixou claro que é adepto do «diálogo», defendendo que a «hierarquia católica não segue normalmente o caminho de pressionar o Estado na praça pública».

Fonte: Sol, 13 de Junho de 2008.

10 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa

 

Exmo. Senhor

Professor Dr. José Policarpo

Cardeal-patriarca em Lisboa

[email protected]

Mosteiro de S. Vicente de Fora, Campo de Sta. Clara

1100-472 LISBOA

  

Excelência,

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) tomou conhecimento do telegrama da Lusa em que V. Ex.ª comenta a sua recente criação e responde à carta escrita ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) que, até ao momento, manteve o mais prudente silêncio. V. Ex.ª afirmou aos jornalistas: “Para mim o que é novo é que o ateísmo, que se afirma como uma filosofia de vida de negação, se transforme em comunidade, ateia, mas parecida com as comunidades crentes.”

O movimento ateísta internacional não é novo e, para a AAP, o ateísmo não é uma filosofia de vida de negação. O ónus da prova da existência de Deus pertence aos que o proclamam e, sobretudo, aos que vivem dele. Mas sem o menor indício da sua existência nem, da parte dele, um esforço para fazer prova de vida, o ateísmo torna-se uma filosofia de vida de afirmação: da superioridade dos factos sobre os mitos, da ciência sobre a crença, do evolucionismo sobre o criacionismo, da felicidade sobre a penitência. O ateísmo não é a negação dos deuses que, ausentes, é desnecessário negar. O ateísmo é a afirmação de alternativas racionais e fundamentadas às alegações de quem afirma saber que existe Deus.

Vinda de V. Ex.ª, poderia considerar-se lisonjeira a descoberta de «parecenças com a comunidade de crentes», pois certamente as terá em boa conta, mas é exactamente o contrário. Ao contrário das organizações de crentes, a AAP não pretende ditar orientação espiritual, rituais ou dogmas. Cada associado é um livre-pensador capaz de se responsabilizar pelos seus valores e por uma existência ética plena sem se apoiar em seres hipotéticos ou dogmas impostos.

 De algum modo todos somos ateus. V. Ex.ª nega todos os deuses, excepto o seu. Nós, ateus, apenas negamos mais um. Partilhamos com qualquer religião a descrença nas afirmações de todas as outras.

Registamos que considera o ateísmo um direito, provavelmente em contradição com o direito canónico, e estamos de acordo que o ateísmo é conhecido desde tempos muito antigos, infelizmente, em alguns, com direito a incineração dedicada e, ainda hoje, em certas latitudes, com direito a decapitação. “Cá estaremos para dialogar e respeitar, esperando ser respeitados” – disse o senhor Cardeal – afirmando uma abertura rara na Igreja católica e inadmissível na islâmica. É respondendo a esse repto, que lhe escrevemos esta carta reiterando o nosso respeito pelos crentes, por todos os crentes de qualquer religião, apreço que não dispensamos às crenças.

 Esperando que todos nos possamos rever nos princípios enunciados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem,

 Apresento a V. Ex.ª as minhas cordiais saudações.

 Odivelas, 07 de Junho de 2008

Pela Associação Ateísta Portuguesa

 a) Carlos Esperança

10 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Vaticano defende reforma agrária

O Vaticano aponta a reforma agrária e o favorecimento das populações rurais como a solução para a crise alimentar.

A posição foi manifestada pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, numa nota, por ocasião da cimeira sobre segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.

«A questão da reforma agrária nos países em vias de desenvolvimento não pode ser descurada, para que se confira a propriedade da terra aos cidadãos e se favoreça assim o uso de milhares de hectares de terra cultivável», refere a nota.

A Santa Sé considera que a escalada dos preços dos bens alimentares «poderia transformar-se numa oportunidade de crescimento para os países mais pobres do mundo», desde que as nações mais ricas se empenhem no seu «desenvolvimento agrícola»

O Conselho Pontifício Justiça e Paz revelou-se igualmente preocupado com a eventual redução da área de cultivo face à produção de biocombustíveis.

«Não se pode pensar em diminuir a quantidade de produtos agrícolas destinados ao mercado de alimentos, ou às reservas de emergência, a favor de outros fins que, mesmo se pertinentes, não satisfazem um direito fundamental como o da alimentação, assinala a nota.

O Vaticano lamenta ainda a especulação financeira sobre as matérias-primas, pedindo a «regulação» de preços.

Fonte: Sol, 05 de Junho de 2008.

8 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Vaticano – Forças Armadas de prevenção

A polícia do Vaticano, que junto à Guarda Suíça se encarrega da segurança do Papa, reforçou recentemente o seu dispositivo antiterrorista com a criação de dois serviços especiais, informou um oficial neste sábado. (AFP)

Comentário: O Papa não confia na protecção divina.

CE

8 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Saudades do cárcere

Duas freiras italianas idosas acorrentaram-se a um poste de luz diante do Vaticano no domingo, afirmando terem sido injustamente expulsas de seu convento e pedindo ajuda ao papa Bento 16 para retornarem à clausura. (Reuters)

CE

7 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Jesuítas capitulam perante o Papa

Jesuítas pedem perdão por desobediência aos Papas

 
A Companhia de Jesus pediu “perdão ao Senhor pelas vezes em que os seus membros lhe faltaram com amor, discrição ou fidelidade durante o serviço eclesiástico”. É isto que se lê nos “decretos” conclusivos da Congregação Geral dos Jesuítas, que decorreu no início deste ano, em Roma, e que foram agora publicados.

Carlos Esperança

5 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Carta da AAP ao Presidente da CEP

Exmo. Senhor                       (Carta registada em 2 de Junho de 2008)

Dr. Jorge Ortiga

Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa

Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE

 

 

 

Excelência:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), recentemente constituída, felicita V. Ex.ª pela recente reeleição como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e aproveita para lhe expor alguns pontos de vista susceptíveis de corrigir tomadas de posição com que, talvez por desconhecimento, alguns bispos têm atacado o ateísmo e os ateus, embora lhes respeite o direito de expressão constitucionalmente consagrado.

A AAP revê-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa. Defende a liberdade, sem privilégios para qualquer religião, bem como o direito à crença, não-crença ou, mesmo, à anti-crença e exige a neutralidade do Estado em matéria confessional.

A AAP assegura a V. Ex.ª que defenderá qualquer religião que, eventualmente, venha a ser perseguida por religiões concorrentes ou por algum Estado ateu que venha a surgir, tão perverso como os confessionais. O Estado deve ser neutro.

Dividem-nos profundas divergências de carácter filosófico e uma visão antagónica da Criação, pensando os ateus que foram os homens que criaram Deus e a ICAR que foi o contrário, mas nada justifica que não possamos ter uma relação urbana entre adversários que, jamais, devem ser inimigos.

Da AAP pode a ICAR contar com a ausência de proselitismo, a não admissão de sócios menores de 18 anos e a renúncia à excomunhão de qualquer opção religiosa, filosófica ou política. Os ateus são tolerantes e cultivam o pluralismo.

Recentemente, o senhor Patriarca Policarpo considerou o ateísmo o «maior drama da humanidade», afirmação de rara benevolência para com as religiões e cujo excesso não se justifica com os habituais exageros publicitários. Para nós, ateus, homens e mulheres que vivemos bem sem Deus, os grandes dramas são a fome, as doenças, as guerras, o terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e os cataclismos naturais. Nunca veríamos nas religiões ou numa corrente filosófica «o maior drama da humanidade», e sabemos como as primeiras os provocaram e ainda provocam.

No dia 13 de Maio, o senhor cardeal Saraiva Martins, pesquisador de milagres e criador de beatos e santos, presidiu em Fátima à «peregrinação contra o ateísmo na Europa». Sem aumento de orações ou sacrifícios podia ter incluído mais quatro continentes mas, Excelência, por que motivo a peregrinação foi «contra o ateísmo» e não a favor da fé? É o espírito belicista dos cruzados que ainda corrói a mente do vetusto cardeal da Cúria?

Nós, ateus, somos a favor da liberdade, da democracia, do livre-pensamento e da ciência, contra o obscurantismo, a mentira, o medo e o pensamento único. Somos contra a xenofobia, o racismo, o anti-semitismo e qualquer forma de violência ou de discriminação por questões de raça, religião, nacionalidade ou sexo.

Se V. Ex.ª partilhar algum ou alguns dos nossos pressupostos éticos ou filosóficos pode contar com a nossa solidariedade.

Apresento-lhe as minhas cordiais saudações

 

Pela Direcção da Associação Ateísta Portuguesa   

Carlos Esperança