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Categoria: Catolicismo

4 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

O cérebro é secundário

Em 1968, a Igreja Católica aceitou a definição, declarando-se favorável à retirada de órgãos de pacientes em estado de “morte cerebral”. Todavia, o artigo do “L’Osservatore Romano” recorda que a experiência médica, no decorrer destes anos, demonstrou que a morte cerebral não é a morte do ser humano. “A idéia de que a pessoa deixa de existir quando o cérebro pára de funcionar considera a existência do ser humano a partir apenas do funcionamento cerebral” _ afirma o artigo.

Neste caso, a “morte cerebral” entraria em contradição com o conceito de pessoa segundo a Doutrina Católica e, portanto, com as diretrizes da Igreja em relação a casos de comas profundos e prolongados.

2 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Espanha – A memória do fascismo

A cumplicidade de velhos e poderosos franquistas com a Igreja católica permitiu que, até hoje, as valas comuns onde jazem os cadáveres dos adversários jamais fossem investigadas.
A perversidade da infame ditadura franquista tem vindo a ser branqueada à medida que o tempo passa. Tal como o nazismo, também o fascismo espanhol já tem quem assevere que não foi tão cruel como se diz.
Por isso, é de saudar a ordem do juiz Baltazar Garzón para que lhe seja fornecido o número dos enterrados, durante o franquismo, no Vale dos Caídos. O conhecido juiz da Audiência Nacional, que ordenou a prisão de Pinochet, quer determinar se se considera competente para investigar tais crimes.
Segundo a Agência EFE, o referido juiz pediu ontem ao abade de Vale dos Caídos, ao Arquivo Geral da Administração, à Conferência Episcopal e ao Centro de Documentação da Memória Histórica que o informem sobre o número de desaparecidos durante a Guerra Civil e o franquismo com a finalidade de determinar se é competente para investigar esses factos.
Por seu lado, O Governo respeita a decisão do juiz Garzón e o direito das famílias a recorrer perante o juiz.
O juiz informou a Conferência Episcopal, presidida pelo inveterado franquista Rocco Varela, de que deverá permitir que a Polícia Judicial aceda a todas as paróquias de Espanha (22.827) para que lhes facilitem os livros dos defuntos de que dispõem com o fim de identificar as possíveis vítimas desaparecidas a partir daquela época.
A petição do juiz também se dirige aos autarcas de Granada, Córdova, Sevilha e Madrid, que devem informá-lo do número de pessoas enterradas em fossas comuns das suas localidades – com identificação, lugar de nascimento, residência e filiação – a partir de 17 de Julho de 1936 «como consequência directa do denominado ‘levantamento nacional’ e da situação de Guerra Civil que provocou o pós-guerra sob as ordens do novo regime em Espanha».
Concretamente, Garzón refere-se aos cemitérios de S. José (Granada), Nossa Senhora da Saúde e S. Rafael (Córdova) e S. Fernando (Sevilha) e determina que o informem sobre as circunstâncias e factos que ocorreram para estes «enterramentos maciços», assim como quando se produziram.
Nota: Este post foi elaborado a partir de um artigo, de hoje, do jornal LAVANGUARDIA.ES

1 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Bento 16 e a laicidade

O Papa, este papa, Ratzinger de seu nome, cuja santidade é estado civil e profissão, é um furioso adversário da laicidade.

Nos últimos tempos, talvez desesperado pela progressiva secularização dos países cuja tradição de vassalagem ao Vaticano era antiga, inventou a «cristofobia» como desculpa do asco que nota, do desprezo que merece, do ressentimento quer provoca.

As interferências na América latina, Espanha, Portugal, Polónia, Itália e outros antigos protectorados, não têm o êxito esperado no que diz respeito ao divórcio, ao aborto ou aos casamentos homossexuais. Na destabilização dos governos democráticos, na chantagem eleitoral e na diplomacia subterrânea averbou derrotas que lhe teriam feito perder a fé, se acaso a tivesse.

Claro que os interesses do Vaticano exigem uma agressividade comercial que o coloca numa situação detestável. Mas não é o álibi da cristofobia que pode disfarçar a aversão que os sectores laicos lhe devotam. Não é um cadáver com dois mil anos que provoca medo, tanto mais que, segundo a lenda, emigrou para o Paraíso e não voltou. Ele é que é malquerido no seu insuportável proselitismo, na sua intolerável ingerência política nos regimes democráticos, na obsessão de impor a sua doutrina a quem a não quer comprar.

Não há, pois, cristofobia. O cadáver de Cristo é um mero objecto de exploração pia, um corpo renascentista pregado num sinal mais, uma referência a um taumaturgo de que a ICAR se serviu para consolidar o Império Romano ou vice-versa.

O que há é aversão ao Papa, que não se afigura maior do que a que merecem aiatolas e outros dignitários religiosos. Quando é que os parasitas da fé, deixam a humanidade viver sem os mitos, os medos e os embustes com que fanatizam crianças e aterrorizam os povos?

31 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

O Papa repesca Martinho Lutero sem pedir perdão!

O Papa deseja reabilitar Martinho Lutero (Martin Luther), um teólogo alemão que viveu de 1483 a 1546 e é considerado o pai da Reforma Protestante. Martinho Lutero acreditava piamente na Bíblia, foi educado num mosteiro e graduou-se Doutor em Teologia que, como se sabe, não é Ciência. Foi professor, pregador e confessor.

Lutero, em vida, tentou ser mais papista que o Papa e lançou corajosas críticas à Igreja Católica, apontando a distorção de várias verdades do Cristianismo ensinadas na Bíblia, repudiou o sistema das indulgências, que permitia às pessoas pagarem o perdão dos seus “pecados”, com entregas pecuniárias à Igreja. Condenou a avareza e o paganismo da Igreja como um abuso. Questionou a autoridade do Papa para conceder tais indulgências. Também declarava que o papado não formava parte da essência imutável da Igreja original. Negou que a salvação pertencesse à Igreja Católica ocidental sob a autoridade do Papa, mas que esta se mantinha na Igreja Ortodoxa, do Oriente. Propôs uma série de reformas, entre as quais se incluíam a abolição das rendas do Papa, o reconhecimento do governo secular, a revogação do celibato do clero e outras.

Em 1520 o Papa Leão X advertiu Lutero e ameaçou-o de excomunhão, a menos que este renunciasse às suas ideias. Lutero recusou a submissão ao ultimato do Papa e acabou por ser excomungado em 1521 e condenado por heresia.

Passados quase 500 anos, o período habitual para a ICAR tomar consciência das asneiras que faz, o Papa Bento XVI quer agora reabilitar Martinho Lutero. Vai dizer-nos que ele até era um tipo porreiro, nada herético. A final, quem estaria errado era o Papa Leão X. Esta acção de repescagem do morto Lutero pode entender-se pela tentativa de aproximação e integração com as Igrejas Protestantes, sob a égide da ICAR.

 a)  kavkaz (leitor habitual do DA)

30 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

O céu fica interdito por causa do Papa

Um decreto oficial divulgado nesta Sexta-feira proíbe sobrevoos, de 11 a 15 de Setembro a região de Lourdes pela visita de Bento XVI.

O Papa B16 vai visitar uma das mais lucrativas agências de milagres do catolicismo. A burla de Lourdes é antiga e continua a atrair multidões de pessoas que sofrem e vão em peregrinação a pedir a Deus um milagre que podia ser feito ao domicílio, um alívio que dispensasse a excursão, uma cura que se tornaria desnecessária se o deus de B16 não tivesse enviado a doença.

A ICAR tem o monopólio dos milagres e do ridículo, a propriedade dos locais e templos onde deus montou o escritório, para ouvir os pedidos dos créus, e a propriedade da água que os peregrinos levam em embalagens de vários tamanhos, consoante as posses.

Se uma religião nova aparece a explorar a credulidade das pessoas simples, é uma seita; se uma cigana se propõe fazer um milagre para caçar uns euros, para dar de comer aos filhos, é intrujona; se a ICAR alimenta a ingenuidade das pessoas e recolhe o óbolo, presta assistência espiritual.

Nos milhões de anos que o mundo leva de existência foi preciso que uma virgem parisse um deus (truque que já era velho à época) para que nascesse uma religião verdadeira. E há quem se preste a explorar a ingenuidade, a fomentar a superstição e a viver à custa da aldrabice.

Surpreende a comédia que rodeia o ditador do Vaticano. Enquanto adeja os paramentos pela cidade de Lourdes, B16 tem o direito de ver o Céu interditado à circulação aérea. É porque não acredita em anjos. Doutro modo não permitiria que o Estado laico francês, embargando a circulação aérea, impedisse que o arcanjo Gabriel ou o Espírito Santo, duas aves de longo curso, voassem sobre o palco dos espectáculos pios. Durante quatro dias.

E o Papa, sem o Espírito Santo, não passa de um primata de vestidos exóticos e ditador vitalício de um bairro de 44 hectares – o Vaticano.

29 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Fisco vende Capela de Nossa Senhora das Dores “ao preço da uva mijona”!

A vida não está fácil e nem “Nosso Senhor”, nem “Nossa Senhora” ajudam! Que o diga um amante de arquitectura sacra a quem as Finanças penhoraram a Capela de Nossa Senhora das Dores, situada na freguesia de Friões, concelho de Valpaços, distrito de Vila Real.

 O preço base da venda é de 9,40 euros. Não podiam arranjar um preço mais decente para vender uma capela de deuses? Valem tão pouco… menos do que a mudança do óleo no meu automóvel!

 a)  kavkaz (leitor habitual do DA)

29 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

A rã da discórdia

 
A rã crucificada do escultor Martin Kippenberg
Foto: REUTERS

Tal como os muçulmanos reagiram às caricaturas de Maomé, também os católicos reagiram à crucificação da rã.

29 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

México – Pesada derrota para a Igreja católica

Lei do aborto considerada constitucional

O Supremo Tribunal de Justiça do México determinou sem fundamento o pedido de inconstitucionalidade contra as reformas na Lei da Saúde e no Código Penal do México em Abril de 2007.

Estas reformas decidiram a despenalização do aborto durante as primeiras 12 semanas de gestação.

O veredicto, com 8 votos contra 3, favorável à decisão, considerou infundada a acção apresentada pelo ministro Sérgio Aguirre.

O Tribunal assinala que a Constituição e os tratados internacionais subscritos pelo México não contemplam o chamado «direito à vida desde o momento da concepção».

Trata-se de uma derrota pesada para as forças conservadoras.