1 de Outubro, 2008 Carlos Esperança
Hospitais da Universidade de Coimbra
O convite feito pelo Conselho de Administração dos HUC a todos os funcionários para a comemoração do dia de S. Jerónimo, em que homenageia funcionários e onde não faltou a Celebração eucarística por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo de Coimbra (Capela dos HUC) foi um abuso intolerável de quem confunde obrigações institucionais com convicções pessoais.. O Diário Ateísta repudia o carácter beato das manifestações oficiais da instituição.
Subject: CONVITE do Conselho de Administração
Com os melhores cumprimentos,
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A Igreja católica, à medida que perde influência nos cidadãos, ganha poder nas instituições.
A infiltração de prosélitos nos mais altos cargos da Administração Pública tem conduzido ao esmagamento das outras religiões, ao desrespeito pelos livres-pensadores e ao ataque ao carácter laico das instituições do Estado.
Os Hospitais da Universidade de Coimbra tinham no projecto um espaço destinado aos crentes e não crentes onde, nas horas de tristeza, pudessem recolher-se para meditar ou rezar.
É um espaço amplo onde a Igreja católica, na sua insaciável gula, começou por colocar uma cruz, depois o patrono do hospital (santo certamente virtuoso) e finalmente reuniu a sagrada família. Hoje até a Senhora de Fátima jaz numa peanha a lembrar aos católicos que, se querem curas, é a ela que devem meter a cunha para o divino filho.
Há sessenta cadeiras e genuflexórios e, nos anexos, dois capelães ganham a vida a cuidar das almas. Os vencimentos dos eclesiásticos são pagos pelo Hospital. No fundo são médicos das almas sem necessidade de se submeterem a concursos públicos.
É um exagero falar de liberdade religiosa num hospital público onde o espaço de reflexão se transformou numa capela católica, onde os crucifixos sobem pelas paredes das salas de consulta, fixados com adesivo, onde o período de visita aos doentes é interrompido para a comunhão aos doentes e rezas de orações.
Como se vê, aos membros do Conselho de Administração do H.U.C. mingua o sentido da ética republicana, confundem funções públicas com devoções privadas, desconhecem a neutralidade religiosa a que os agentes do Estado são obrigados e preferem pôr-se de joelhos a viver de pé.