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Categoria: Catolicismo

8 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Bispo pior que o Papa (2)

Por

E – Pá

Temos de “congratular-nos” – pela negativa – com este acto de desobediência ao Vaticano.
Bento XVI que, pelo menos publicamente não é um negacionista, deveria saber que, a História não retrocede.

A “re-habilitação” dos chamados “integristas”, sucessores de Mons. Lefebvre , não é possível, sem ferir uma “outra Igreja”, a pós-conciliar.

É impossível, mesmo para místicos, retroceder centenas de anos.

Ele que comandou, durante 24 anos a Congregação da Doutrina da Fé, deveria ter aprendido que as chamadas heresias (sejam quais forem) não são domáveis.
Como não aprendeu, passa por mais este opróbrio.

Donde se conclui que, nem sempre, um fidelíssimo prefeito do ex-Santo Ofício (…ofício de mandar para a fogueira) será um bom chefe da Igreja. A ICAR começa, sob os auspícios de Bento XVI, a desconjuntar-se.

O que não é um acto prematuro. Dura há mais de 2.000 anos…

O bispo não abandona o Papa.
O bispo afronta o Papa, com as mesmas armas com que este afrontou outras derivas doutrinárias, como o do frade franciscano Leonardo Boff, etc.

Bento XVI, perdeu a noção do carácter universal que permitiu à Igreja sobreviver tantos séculos e está confinado a um âmbito eurocêntrico, redutor e limitadíssimo.

Não progride na América do sul onde as seitas surgem como cogumelos depois das chuvas e, no Oriente, não consegue contornar uma cultura milenar, com muitos vectores identitários, que lhe é, temporalmente, anterior.

Mas o grande embate estará a decorrer com a religião judaica, onde as declarações de Richard Williamson que, Bento XVI, não conseguiu abafar, estão a incendiar o diálogo inter-religioso.

A cometer erros deste quilate, por quanto tempo perdurará o seu magistério?

É que a ICAR apesar da sua aparente bonomia é impiedosa em resguardar-se das previsíveis hecatombes…

7 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

A evolução de Fátima

Foi colocado no arquivo da Associação República e Laicidade um ensaio sobre Fátima publicado, em Dezembro, pela revista L´Idée Libre: «Fátima e a transformação do catolicismo português». O artigo descreve a evolução de Fátima, da manifestação anti-republicana de 1917 ao actual «centro comercial da fé», passando pelo santuário anticomunista do Estado Novo.

Resumo: «As «aparições» de Fátima, entre 13 de maio e 13 de outubro de 1917, nasceram em reacção ao laicismo da República e nas circunstâncias da 1ª guerra mundial, mas o culto e o santuário ali instalados adaptaram-se facilmente ao regime reacionário de Salazar, designadamente ao seu anticomunismo, e constituem hoje o coração do catolicismo português, que seria inimaginável sem Fátima e o seu capital simbólico e financeiro».

Conclusão: «O catolicismo português, religião oficial do Estado até 1910, substituiu o apoio estatal pelo apoio na crença na visita a Portugal de uma figura celestial».

Da bibliografia consultada, foi-me particularmente útil «As “aparições de Fátima” – Imagens e Representações», de Luís Filipe Torgal (editado pela primeira vez pela Temas e Debates em 2002), na minha opinião o estudo histórico mais sério e sistemático, actualmente existente, sobre a maior aldrabice do século 20 português.

Guardado também no meu arquivo pessoal.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

5 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

Bispo católico processado na Alemanha

O bispo católico tradicionalista Richard Williamson, recentemente re-incomungado por Ratzinger, vai ser processado judicialmente, na Alemanha, por «incitação ao ódio racial» e por negação do «Holocausto». A pena máxima para estes crimes é de cinco anos de prisão. Simultaneamente, há rumores de que o governo argentino, incomodado com a presença de Williamson no seu país, prepara também uma acção judicial.

Pessoalmente, sou contrário a leis que penalizem o mero discurso, mesmo que fascista e factualmente errado, como é o caso. No entanto, concedo que na Alemanha o negacionismo, particularmente quando vindo da ICAR, possa colocar um problema de ordem pública.

Hipocritamente, Ratzinger e os seus insistem que «não sabiam» do anti-semitismo de Williamson antes da divulgação da famosa entrevista à televisão sueca. Há razões para duvidar, quanto mais não seja porque as diatribes de Williamson encontram-se pela internet, quer defendendo que os judeus têm «vocação para o domínio mundial», e que as «nações ex-cristãs» só devem «culpar o seu próprio Liberalismo por permitirem a livre circulação na Cristandade aos inimigos de Cristo» (os judeus), quer garantindo a autenticidade dos «Protocolos dos Sábios de Sião», quer ainda rejeitando a liberdade religiosa, quer considerando Ratzinger (em 1999) um «inimigo terrível da Igreja Católica» (em quem não se podia «confiar»), quer recomendando que as mulheres não vão à universidade, quer contra a mistura de sexos nas escolas, quer argumentando que a ICAR mentiu sobre o «terceiro segredo de Fátima», quer dizendo que o 11 de setembro foi orquestrado pelo governo dos EUA. Portanto, não acredito que B16 não conhecesse a fera que voltava ao redil.

Embora a imprensa refira os dislates negacionistas de Williamson, tem-se abstido de evidenciar que entre os lefebvristas há quem defenda que a a Inquisição «deve ser reabilitada», e que os católicos «não têm nada de que se envergonhar no trabalho passado deste santo tribunal». Seria interessante que os jornalistas portugueses confrontassem a ICAR portuguesa (incluindo os seus lefebvristas) com estas (e outras) tomadas de posição.

Note-se ainda que um teólogo católico abandonou a ICAR em protesto contra a decisão papal de levantar a excomunhão aos lefebvristas, que qualifica de «grupo extremamente reacionário e profundamente anti-semita que simpatiza com ditadores e regimes direitistas». Um protesto usando a táctica oposta foi feito por um grupo católico que ordenou mulheres sacerdotisas («padresas»?), que pediu também a sua desexcomunhão. Não creio que as católicas feministas tenham o mesmo acolhimento caloroso que Ratzinger proporcionou aos fascistas da Sociedade Pio X. E do lado dos «católicos progressistas» portugueses houve-se um ensurdecedor silêncio.

Refira-se finalmente que os membros do grupo ex-cismático são claros quanto aos seus propósitos: «temos a intenção de converter Roma, isto é, trazer o Vaticano para as nossas posições». Trata-se de um regresso entendido por quem regressa como uma reconquista. Nada, repita-se, que o Diário Ateísta não tivesse previsto já em 2005. À época, os católicos insultaram-nos. Afinal, tinhamos razão.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

5 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

ICAR e obscurantismo

Basta pesquisar na NET para ver como se envergonhavam do cardeal Ratzinger os católicos que acusavam o Diário Ateísta de serem tratados como se fossem iguais a ele. Era com desprezo que se referiam ao censor anacrónico, envergonhados da imagem que transmitia da sua fé.

Aconteceu que a pomba e o Opus Dei lhe impuseram a tiara e o camauro quando lhe deviam dar a reforma. Não viram no frio pastor alemão a raiva que o corroía, o ódio que acalentava e a saudade que sentia do poder temporal dos papas.

Este papa, Ratzinger de seu nome, com o pseudónimo de Bento 16, é capaz de ir ao Inferno buscar o bispo Lefebvre para onde a excomunhão – se alguém acreditasse na alma e em excomunhões –, o devia ter enviado, e devolvê-lo ao Paraíso enquanto lhe encomenda um milagre para o colocar nos altares da tenebrosa seita que fundou.

Não se pense, porém, que foi o nazismo que o moldou, que o converteu no feroz anti-semita que cria e reabilita bispos que negam o Holocausto e semeiam a superstição. B16 é um intelectual que conhece a história da ICAR e descobriu na Bíblia o apoio para o seu anti-semitismo, a mesma Bíblia que deu origem ao cristianismo e à demência da ideologia nazi.

B16 sabe que Cristo era judeu e viveu dos milagres e da pregação – ocupação frequente naquele tempo. Sabe que foi Paulo de Tarso que fez a cisão do judaísmo e que, como todos os trânsfugas, se virou contra o judaísmo. O cristianismo transformou o assunto interno do judaísmo numa tragédia deicida que fomenta o ódio e o racismo.

Adenda: Este padre não foi excomungado.

5 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Intolerância religiosa

Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]

A igreja católica espanhola condenou como “blasfémia” e “ofensa à liberdade religiosa” a campanha publicitária de algumas associações ateias, que consiste num cartaz nos autocarros públicos, a dizer que “provavelmente Deus não existe”.

Decididamente, continua a haver sectores católicos ultraconservadores que não aceitam que a liberdade religiosa não consiste somente no direito de ter religião e de exaltar Deus, mas também no direito de não ser crente e de contestar a existência de Deus. Mal para eles: o espaço público deixou definitivamente de ser um monopólio religioso.

In Causa Nossa

4 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Vaticano – Dono da ética

ROMA – O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella, condenou a decisão da justiça italiana de permitir a interrupção da alimentação artificial de Eluana Englaro e ratificou que “estamos diante de um caso de eutanásia em todos os efeitos”.

Comentário: Como Estado totalitário o Vaticano não se limita a impor a sua vontade aos crentes, quer decidir sobre a consciência dos outros.